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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2018.0001017151

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2171002-77.2018.8.26.0000, da Comarca de Jaú, em que é agravante MUNICIPIO DE
JAHU, é agravado LUIZ FREDERICO RANGEL DE FREITAS.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 18ª Câmara de Direito Público


do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento ao
recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores BEATRIZ BRAGA


(Presidente) e CARLOS VIOLANTE.

São Paulo, 19 de dezembro de 2018.

Ricardo Chimenti
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto n. 12251
Ano 2018

Agravo de Instrumento n. 2171002-77.2018.8.26.0000


Comarca: Jaú
Agravante: Município de Jahu
Agravado: Luiz Frederico Rangel de Freitas

Agravo de Instrumento. Cumprimento de Sentença em


embargos à execução fiscal. Alegação de erro material no
ofício requisitório. Decisão que indeferiu o pedido de correção
formulado pelo município executado e determinou o
cumprimento do ofício. Pretensão à reforma. Acolhimento.
Exequente que, ao informar dados para expedição do RPV,
equivocou-se quanto à data-base para correção monetária.
Matéria que não foi atingida por eventual preclusão,
considerando que não houve contraditório quanto à declaração
prestada unilateralmente pelo exequente. Decisão reformada,
com determinação de expedição de novo ofício requisitório,
corrigindo-se as informações inexatas. Recurso provido.

I Relatório

Trata-se de agravo de instrumento, com pedido liminar, interposto


pelo Município de Jahu contra a r. decisão copiada à p. 144, a qual, nos autos do
cumprimento de sentença n. 1005239-42.2017.8.26.0302/00001 promovido por Luiz
Frederico Rangel de Freitas para a cobrança de custas judiciais e honorários
advocatícios, indeferiu o requerimento de correção do termo inicial da atualização
monetária, formulado pelo Município após a expedição do RPV, sob o argumento de
que a impugnação é intempestiva, haja vista que tal fase já encontra-se superada.
Argumenta o Município agravante, em síntese, que não se trata de
nova impugnação aos cálculos homologados, mas apenas de pedido de correção para
que seja realizado o exato cumprimento da decisão homologatória proferida no

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processo principal, haja vista que foi indicada data-base equivocada para a atualização
dos valores devidos. Assim, requer o provimento do recurso e a reforma da decisão
agravada (p. 01/06).
O efeito suspensivo foi deferido (p. 149/150).
Contraminuta às p. 153/156, com considerações no sentido de que
(i) desde 4 de abril, ao menos, o agravante tinha ciência do valor devido e do
detalhamento da conta apresentada, mas apenas após 5 meses veio contestar os
cálculos; (ii) ainda que se admita ter o agravante razão em sua impugnação, constata-se
que ao final a diferença apurada perfaz a quantia ínfima de R$ 2,34.

II Fundamentação

O recurso, tempestivo e preparado, comporta provimento.


Cuida-se, na origem, de cumprimento de sentença contra a Fazenda
Pública, oriundo dos embargos à execução fiscal opostos por Luis Frederico Rangel de
Freitas, visando à satisfação de créditos relativos a honorários advocatícios
sucumbenciais.
Homologados os cálculos (p. 27 dos autos n.
1005239-42.2017.8.26.0302), foi apresentado o termo de declaração para expedição do
RPV pelo agravado/exequente (p. 02/05 dos autos
1005239-42.2017.8.26.0302/50001).
O juízo concordou com as informações inseridas pelo agravado e
determinou a expedição do ofício requisitório (p. 06 dos autos do RPV), o qual se
encontra juntado às p. 07/08.
Todavia, infere-se que, de fato, o agravado, ao informar os dados
para expedição do RPV, equivocadamente considerou a data do trânsito em julgado da
sentença dos embargos (22.03.2017) para a fixação do termo inicial da correção

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monetária (23.03.2017 p. 88 destes autos), enquanto que a requisição foi feita em


04.04.2018 (data apontada como trânsito em julgado do processo de conhecimento).
Assim, tendo em vista que esta inexatidão material verificada no
RPV poderá influenciar na apuração da correção monetária, bem como que a
insurgência do Município não pode ser considerada uma impugnação aos cálculos, já
que inexistiu oportunidade de manifestação da Fazenda quanto à declaração de p.
02/05 dos autos nos quais foi formada a RPV, não se pode admitir a ocorrência de
preclusão, razão pela qual deve ser reformada a r. decisão agravada a fim de acolher a
impugnação da Fazenda e determinar a expedição de novo ofício requisitório, com a
correta inserção dos dados, na forma consignada.
Por derradeiro, com o intuito de evitar o ritual de passagem
estabelecido no artigo 1.025 do CPC/2015, a multiplicação dos embargos de
declaração prequestionadores e os prejuízos dele decorrentes, nos termos dos artigos 8º
(em especial dos princípios da razoabilidade e da eficiência) e do art. 139, II (princípio
da duração razoável do processo), ambos do CPC/2015, para fins de
“prequestionamento ficto” desde logo consideram-se incluídos neste acórdão os
elementos suscitados nas razões recursais.

III Conclusão

Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso, na forma


explicitada.

RICARDO CHIMENTI
Relator
(Assinatura Eletrônica)

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