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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE GOIÁS

ACÓRDÃO

PRESTAÇÃO DE CONTAS (11531) - PROCESSO Nº 0602124-19.2018.6.09.0000


GOIÂNIA - GOIÁS
RELATOR: JESUS CRISÓSTOMO DE ALMEIDA
REQUERENTE: ELEICAO 2018 LUIZ GUSTAVO NUNES DE ARAUJO DEPUTADO
ESTADUAL
ADVOGADO: RUPERT NICKERSON SOBRINHO - OAB/GO35050
ADVOGADO: HUMBERTO MARQUES DA COSTA PINTO - OAB/GO44417
REQUERENTE: LUIZ GUSTAVO NUNES DE ARAUJO
ADVOGADO: RUPERT NICKERSON SOBRINHO - OAB/GO35050
ADVOGADO: HUMBERTO MARQUES DA COSTA PINTO - OAB/GO44417

EMENTA

PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CANDIDATO. ELEIÇÕES 2018. INTEMPESTIVIDADE NA


ENTREGA DOS RELATÓRIOS FINANCEIROS DE CAMPANHA. OMISSÃO DA
APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS NO FORMATO PADRÃO DE
RECONHECIMENTO ÓTICO DE CARCTERES (OCR). AUSÊNCIA DA
COMPROVAÇÃO DA PROPRIEDADE DE VEÍCULOS LOCADOS PARA A CAMPANHA.
AUSÊNCIA DA COMPROVAÇÃO DA PROPRIEDADE DE IMÓVEL DOADO À
CAMPANHA. CONSTATAÇÃO DE INCONSISTÊNCIAS NAS INFORMAÇÕES
RELATIVAS A DOAÇÕES RECEBIDAS DE OUTROS CANDIDATOS. DESPESAS
REALIZADAS E NÃO DECLARADAS NA PRESTAÇÃO DE CONTAS PARCIAL.
OMISSÃO NA COMPROVAÇÃO DE DESPESA COM IMPULSIONAMENTO DE
CONTEÚDO NA INTERNET. INDÍCIOS DE OMISSÃO DE RECEITAS E GASTOS
ELEITORAIS. RECEBIMENTO DE RECURSOS DE ORIGEM NÃO IDENTIFICADA.
FALHAS DE NATUREZA FORMAL E DE PEQUENA MONTA QUE, CONJUNTAMENTE
CONSIDERADAS, NÃO COMPROMETEM A REGULARIDADE DAS CONTAS.

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PERCENTUAL INSIGNIFICANTE NO CONTEXTO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS.
APROVAÇÃO COM RESSALVAS, NOS TERMOS DO ART. 77, II, DA RESOLUÇÃO TSE
23.553/2017.
- A prestação de contas de campanha deve ser aprovada com ressalvas quando: a) não há provas de
abusos e ilicitudes no lançamento das receitas e despesas de campanha; b) são inexpressivas as
irregularidades remanescentes, levando-se em conta o conjunto das contas prestadas ou o total dos
recursos arrecadados e despesas realizadas pelo candidato; c) ausência de má fé por parte do
candidato ao declarar gastos com campanha eleitoral; d) são constatados vícios de natureza formal
que, na essência, não comprometem a fiscalização das contas pela Justiça Eleitoral e permitem a
verificação da origem e destinação dos recursos aplicados, mormente diante da constatação da
inexistência de indícios de recebimento de recursos de fonte vedada.

- Contas aprovadas com ressalvas.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Na 124ª sessão ordinária,


realizada em 17.12.2018, o Procurador Regional Eleitoral, Doutor Alexandre Moreira Tavares dos Santos,
ratificou o parecer escrito. Em seguida, o Relator proferiu seu voto e ACORDARAM os Membros do
Tribunal Regional Eleitoral de Goiás, por unanimidade, em JULGAR APROVADAS COM
RESSALVAS AS CONTAS de campanha 2018 do candidato LUIZ GUSTAVO NUNES DE ARAUJO,
nos termos do voto do Relator. Decisão publicada em sessão, nos termos do art. 81 da Resolução TSE n.
23.553/2017..

Goiânia, 17/12/2018

JUIZ JESUS CRISÓSTOMO DE ALMEIDA


Relator

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RELATÓRIO

Trata-se da Prestação de Contas da Campanha Eleitoral de LUIZ


GUSTAVO NUNES DE ARAUJO (Requerente), candidato eleito para o cargo de
deputado estadual na Eleição de 2018.

Em segundo parecer conclusivo lançado aos autos, a Assessoria de Exame


de Contas Eleitorais e Partidárias (ASEPA) manifesta-se pela desaprovação das
contas, ao tempo em que indica a necessidade de recolhimento ao Tesouro Nacional
da quantia de R$ 49.000,00 (quarenta e nove mil reais), a título de recurso de origem
não identificada (ID 1482440).

Na mesma linha de entendimento, a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE)


pugna pela “desaprovação das contas, com a determinação de recolhimento dos
recursos de origem não identificada, no montante de R$ 49.000,00 (quarenta e nove mil
reais) (item 5.6), ao Tesouro Nacional (art. 22, I, §§ 1º e 3º, e 34, § 1º, I, ambos da
Resolução TSE nº 23.553/2017)” (ID 1510790).

É o Relatório.

VOTO

A Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias (ASEPA)


manifesta-se pela desaprovação das contas, em razão da constatação de algumas
irregularidades não sanadas ou insanáveis, as quais passo a analisar em seguida.

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1. Intempestividade na entrega dos Relatórios Financeiros de
Campanha.

No item 1.1 do parecer técnico conclusivo consta que houve


descumprimento quanto à entrega dos relatórios financeiros de campanha no prazo
estabelecido pela legislação eleitoral, com relação a doações recebidas de outros
candidatos que perfazem o montante de R$ 43.111,70 (quarenta e três mil cento e onze
reais e setenta centavos), conforme discriminado em quadro demonstrativo inserto no
Parecer Conclusivo (ID 1414490).

Nos termos do art. 50, inc. I, da Resolução TSE 23.553/2017, os partidos


políticos e os candidatos são obrigados, durante as campanhas eleitorais, a entregar à
Justiça Eleitoral, para divulgação em página criada na internet para esse fim (Lei nº
9.504/1997, art. 28, § 4º), os dados relativos aos recursos financeiros recebidos para
financiamento de sua campanha eleitoral, em até 72 (setenta e duas) horas contadas
do recebimento.

O intuito do legislador foi o de permitir o controle concomitante da obtenção


de recursos e gastos de campanha eleitoral, bem como permitir a fiscalização social,
tanto que, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas do recebimento destes dados, estes
já são informados na página do Tribunal Superior Eleitoral na internet (art. 50, § 3º, Res.
TSE n. 23.553/2018), ocasião em que poderão ser divulgados também os gastos
eleitorais declarados, bem como as doações estimáveis em dinheiro.

Não obstante viole a legislação eleitoral, a intempestividade na entrega dos


relatórios financeiros durante o período da campanha não impede a fiscalização das
contas pela Justiça Eleitoral, sendo, portanto, considerada pelos tribunais eleitorais
apenas uma irregularidade formal, "especialmente quando todas as receitas
arrecadadas e as despesas realizadas são devidamente registradas na contabilidade
final apresentada à Justiça Eleitoral" (TRE-SC. Ac. 30.273, de 26.11.2015, Rel. Juiz
Sérgio Roberto Baasch Luz).

No mesmo sentido é o entendimento recente desta e. Corte Eleitoral, a


exemplo do acórdão proferido na Prestação de Contas nº 2431-70, de minha relatoria,
julgada em 6.12.2018.

No caso, tendo em vista que o candidato, na Prestação de Contas Final,


indicou os recursos recebidos e despesas efetuadas, entendo que a irregularidade em
comento constitui apenas vício formal, razão pela qual não caracteriza causa suficiente
para desaprovação das contas.

2. Omissão da apresentação de documentos obrigatórios (extratos


bancários e comprovantes de despesas) no formato padrão exigido (em OCR)

No item 1.2 (a e b) do parecer conclusivo, a Unidade Técnica informa que


“o candidato realizou a juntada dos extratos bancários das contas: 300003833-0,
300003855-1, e 300003856-0 no SPCE, com inconformidade ao formato padrão
exigido, em OCR, previsto no art. 56, inciso II, § 1°, da Res. TSE n° 23.553/2017”.

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Ressalta, ainda que “as despesas efetuadas pelo candidato também não
foram apresentadas no formato OCR, conforme determinada o artigo 56, inciso II, §
1º da Res. TSE n. 23.553/2017 e ainda, exibe documentos, supostamente
comprobatórias, ilegíveis, fato esse que inviabiliza os procedimentos de cotejamento
quanto a regularidade do gasto e seu pagamento” (sic).

Ao teor do disposto no parágrafo único do art. 4º da Portaria TSE n. 1.143,


de 17 de novembro de 2016, no Sistema Processo Judicial Eletrônico (PJe) na Justiça
Eleitoral, o peticionamento dos processos é realizado mediante a anexação de todos os
documentos em PDF, com a anotação de que os arquivos deverão ser digitalizados
com Reconhecimento Ótico de Caracteres (OCR), de maneira a permitir a leitura por
pessoas com deficiência visual.

Consta no parágrafo único do art. 1º da Portaria TSE n. 1.216, de 13 de


dezembro de 2016, que para efeito de utilização do PJe, os arquivos deverão ser
digitalizados no formato Optical Character Recognition (OCR), reconhecimento
óptico de caracteres, tecnologia que torna os dados pesquisáveis e editáveis, de
maneira a possibilitar a leitura dos documentos por pessoas com deficiência.

Já a Resolução TSE n. 23.553, de 2 de fevereiro de 2018, que dispõe


sobre a prestação de contas nas eleições, ordena no §1º do art. 103 que “os
documentos integrantes da mídia eletrônica a que se refere o § 1º do art. 56 desta
resolução devem ser digitalizados pelo prestador de contas, observando-se o
disposto no art. 4º da Portaria-TSE nº 1.143, de 17 de novembro de 2016, e os
requisitos previstos nas Portarias-TSE nº 886, de 22 de novembro de 2017, e nº
1.216, de 13 de dezembro de 2016, e incluídos no Processo Judicial Eletrônico (PJe).”

No caso, é importante considerar que foram incluídos no SPCE e no PJe os


extratos bancários das contas de campanha (ID 984340), bem como os documentos
comprobatórios das despesas declaradas na prestação de contas (ID 984240).

Dessa forma, não obstante tenha havido a apresentação dos extratos


bancários e das despesas efetuadas em desconformidade com o formato eletrônico
padrão exigido pela legislação de regência, conforme apontou o órgão técnico, trata-se
de falha meramente formal, que não impede a análise e o conhecimento da
documentação apresentada pelo Requerente, ensejando, nesse item, a aprovação com
ressalvas das contas.

3. Ausência da comprovação da propriedade de veículos locados para


a campanha do candidato.

Consta no item 1.2.b do Parecer Técnico Conclusivo que foram detectadas


locações de veículos, sem comprovação da respectiva propriedade no campo
estabelecido pelo SPCE.

Em sua manifestação, o Requerente argumenta que apresentou todos os


contratos e documentos comprobatórios relativos às locações de veículos contratados
para sua campanha.

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Segundo a legislação eleitoral, os bens e serviços estimáveis em dinheiro,
doados exclusivamente por pessoas físicas, devem constituir produto de seu próprio
serviço, de suas atividades econômicas e, no caso dos bens, devem integrar seu
patrimônio.

Entretanto, no caso dos autos, não se trata de doação ou cessão


temporária de uso dos veículos, mas de contratação de serviço de locação de veículos
para uso na campanha eleitoral do Requerente, devidamente documentada pelos
contratos de locação e respectivos comprovantes de pagamentos.

Não se pode deixar de considerar que a propriedade dos bens móveis se


transfere pela simples tradição, nos termos do artigo 1.267 do Código Civil/2002, sendo
que, no caso de veículos automotores, o registro no DETRAN é mero ato de controle
administrativo.

Deste modo, não se verifica na Res. TSE n. 23.553/2017 vedação à


contratação de serviço de locação de veículo sob a propriedade de terceiro, ou seja,
não se exige que o bem locado integre o patrimônio do locador.

Em síntese, neste ponto, não subsiste a irregularidade apontada.

4. Ausência da comprovação da propriedade de imóvel doado à


campanha.

No item 2.1 do Parecer Técnico Conclusivo consta que não houve a devida
comprovação da propriedade de imóvel doado por ARNALDO LOPES AVELAR
JUNIOR à campanha do Requerente, bem como a apresentação de documentos que
demonstrem que as doações estimáveis tiveram seus valores declarados com base nos
preços praticados no mercado no momento de sua realização.

Com efeito, as referidas informações são necessárias para comprovar a


regularidades das despesas estimáveis em dinheiro, nos termos dos artigos 56 e 61 da
Resolução TSE 23.553/2017:

Art. 56. Ressalvado o disposto no art. 65 desta resolução, a prestação de contas, ainda
que não haja movimentação de recursos financeiros ou estimáveis em dinheiro,
deve ser composta, cumulativamente:

I – pelas seguintes informações:

d) receitas estimáveis em dinheiro, com a descrição:

1. do bem recebido, da quantidade, do valor unitário e da avaliação pelos preços


praticados no mercado, com a identificação da fonte de avaliação;

2. do serviço prestado, da avaliação realizada em conformidade com os preços


habitualmente praticados pelo prestador, sem prejuízo da apuração dos preços
praticados pelo mercado, caso o valor informado seja inferior a estes;

Art. 61. As doações de bens ou serviços estimáveis em dinheiro ou cessões


temporárias devem ser avaliadas com base nos preços praticados no mercado no
momento de sua realização e comprovadas por:

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I – documento fiscal ou, quando dispensado, comprovante emitido em nome do doador ou
instrumento de doação, quando se tratar de doação de bens de propriedade do doador
pessoa física em favor de candidato ou partido político;

II – instrumento de cessão e comprovante de propriedade do bem cedido pelo doador,


quando se tratar de bens cedidos temporariamente ao candidato ou ao partido político; III
– instrumento de prestação de serviços, quando se tratar de produto de serviço próprio ou
atividades econômicas prestadas por pessoa física em favor de candidato ou partido
político.

§ 1º A avaliação do bem ou do serviço doado de que trata o caput deve ser feita
mediante a comprovação dos preços habitualmente praticados pelo doador e a sua
adequação aos praticados no mercado, com indicação da fonte de avaliação.

§ 2º Além dos documentos previstos no caput e seus incisos, poderão ser admitidos
outros meios de prova lícitos para a demonstração das doações, cujo valor probante será
aferido na oportunidade do julgamento da prestação de contas. (Original sem grifos).
(Original sem grifos).

No caso, entretanto, verifica-se que houve o devido registro da receita


eleitoral questionada (cessão de espaço para instalação de Comitê Eleitoral) na
prestação de contas, no valor estimado de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), mediante a
emissão do correspondente Recibo Eleitoral, devidamente preenchido e assinado pelo
doador (ID 984390).

A ausência de comprovação da propriedade do imóvel doado e da


apresentação da avaliação de preços praticados no mercado macula, mas não
inviabiliza o controle da prestação de contas. As regras pertinentes à declaração de
receitas, sobretudo as receitas estimáveis em dinheiro, devem ser ponderadas caso a
caso, interpretando-se com razoabilidade e visando à finalidade da norma.

No caso, a situação irregular constatada pelo órgão técnico (omissão de


receita no valor estimado de R$ 5.000,00), embora fira a legislação regente, alcança
percentual baixo das receitas declaradas na campanha eleitoral do Requerente,
aproximadamente 1,7% (um virgula sete por cento) do total dessas receitas, que
alcançou o montante de R$ 287.846,89 (duzentos e oitenta e sete mil oitocentos e
quarenta e seis reais e oitenta e nove centavos). A irregularidade é incapaz,
portanto, de comprometer a análise do conjunto global das contas prestadas.

Deste modo, em que pese a irregularidade da situação, não subsiste


robustez a ensejar a sua desaprovação, razão pela qual, neste ponto também, deve
motivar a ressalva.

5. Constatação de inconsistências nas informações relativas a


doações recebidas de outros candidatos.

No item 3.1 do parecer técnico conclusivo consta que foram identificadas


doações estimadas recebidas de outros candidatos ou partidos políticos com
informações divergentes nas prestações de contas dos doadores, revelando
inconsistência nas informações declaradas na prestação de contas em exame.

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Em análise ao quadro demonstrativo apresentado pela ASEPA no segundo
parecer conclusivo (ID 1482440), verifica-se que o candidato requerente declarou o
recebimento de receitas estimadas no valor total de R$ 4.900,00 (quatro mil e
novecentos reais). De outro lado, o candidato doador (José Nelto Lagares das Mercês)
declarou em sua prestação de contas a realização de doações à campanha do
requerente no valor total de R$ 2.450,00 (dois mil quatrocentos e quarenta e cinco
reais).

Em consulta ao SPCE e aos documentos comprobatórios juntados no PJe


(ID 984390), percebe-se que se tratam de doações de materiais de campanha
(santinhos e adesivos) compartilhados com outro candidato (José Nelto Lagares).

Assim, considerando que todo o material compartilhado e os gastos


totalizaram R$ 4.900,00, o correto seria atribuir a metade desse valor a cada candidato,
como fez o doador. No caso, entretanto, o prestador de contas, ao invés de declarar a
metade desse valor como receita estimada, lançou o valor total dos gastos com o
referido material de campanha compartilhado. Em outras palavras, houve apenas erro
formal na declaração da receita estimada em questão.

Por outro lado, mediante uma verificação atenta das normas que
regulamentam a análise contábil das contas de campanha, depreende-se que o
material de propaganda conjunto entre candidatos fica dispensado de comprovação
pelo candidato donatário, bastando o respectivo registro, conforme teor dos art. 9º, § 6º,
II e § 7º, II c/c art. 63, § 3º, II, ambos da Resolução TSE n. 23.553/2018, in verbis:

Art. 9º Deverá ser emitido recibo eleitoral de toda e qualquer arrecadação de recursos:

I – estimáveis em dinheiro para a campanha eleitoral, inclusive próprios; e

II – por meio da internet (Lei nº 9.504/1997, art. 23, § 4º, III, b).

§ 6º Não se submetem à emissão do recibo eleitoral previsto no caput:

II – doações estimáveis em dinheiro entre candidatos e partidos políticos decorrentes do


uso comum tanto de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto
deverá ser registrado na prestação de contas do responsável pelo pagamento da
despesa;

§ 7º Para os fins do disposto no inciso II do § 6º, considera-se uso comum:

II – de materiais de propaganda eleitoral: a produção conjunta de materiais


publicitários impressos.

Art. 63. A comprovação dos gastos eleitorais deve ser feita por meio de documento fiscal
idôneo emitido em nome dos candidatos e partidos políticos, sem emendas ou rasuras,
devendo conter a data de emissão, a descrição detalhada, o valor da operação e a
identificação do emitente e do destinatário ou dos contraentes pelo nome ou razão social,
CPF ou CNPJ e endereço.

(...)

§ 3º Ficam dispensadas de comprovação na prestação de contas:

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(...)

II – as doações estimáveis em dinheiro entre candidatos ou partidos decorrentes do


uso comum tanto de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto
deverá ser registrado na prestação de contas do responsável pelo pagamento da
despesa; (Original sem grifos).

As regras pertinentes à declaração de gastos devem ser ponderadas caso


a caso, interpretando-se com razoabilidade e visando à finalidade da norma.

No caso, tendo em vista que não houve omissão do prestador de contas no


registro das doações e que o próprio órgão técnico informa que o doador do recurso,
responsável pelo pagamento da despesa ou doação, declarou em sua prestação de
contas a doação efetuada ao candidato, ora requerente, não vejo irregularidade no
presente item.

6. Despesas realizadas e não declaradas na prestação de contas


parcial.

Consta no item 4.1 do Parecer Técnico Conclusivo que foram detectados


gastos eleitorais realizados em data anterior à entrega da relação de contas parcial,
mas não informados à época, no valor de R$ 125.476,00.

Em relação à omissão, na prestação de contas parcial, quanto aos gastos


de campanha realizados em desatenção ao disposto no inc. II do art. 50 da Res. TSE n.
23.553/2017, tem-se que constitui irregularidade meramente formal,
independentemente do valor omitido na ocasião, principalmente quando todas as
despesas da campanha foram devidamente registradas na contabilidade final
apresentada à Justiça Eleitoral.

A jurisprudência também não autoriza a desaprovação das contas em


razão desta falha. Veja-se:

1. RECEITAS

[...]

1.3 Foram detectadas doações recebidas em data anterior à entrega da segunda


prestação de contas parcial, ocorrida em 02/09/2014, mas não informada à época.

[...]".

3. Por conseguinte, infere-se do acórdão regional que as falhas constatadas não


possuem força para tornarem inaptas as contas apresentadas pela Agravada nem,
consectariamente, para atrair o julgamento de não prestação, máxime porque não se
pode depreender do decisum objurgado a ausência de documentos essenciais que
inviabilize em absoluto a aferição da movimentação financeira de campanha.

(TSE, REspe n. 86193, Rel. Min. Luiz Fux, publicado no DJE em 6/12/2016);

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ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL.
PRESTAÇÃO DE CONTAS. DEPUTADO ESTADUAL. APROVAÇÃO COM RESSALVAS.
VALOR DIMINUTO. MÁ-FÉ NÃO VERIFICADA. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA
RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. NÃO COMPROMETIMENTO DA
REGULARIDADE DAS CONTAS. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO.
MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. DESPROVIMENTO.

(...)

2. In casu,

a) a omissão de despesas com a contratação de serviços de assistência jurídica e de


contabilidade, bem como de doações recebidas em data anterior à entrega da
segunda prestação de contas parcial e inconsistências referentes aos

valores de tais doações, não têm o condão de macular a confiabilidade das contas;

(...)

3. Agravo regimental desprovido.

(TSE, REspe n. 82988, Rel. Min. Luiz Fux, publicado no DJE em 23/2/2017)

ELEIÇÕES 2016. RECURSO ELEITORAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS. CANDIDATOS


AOS CARGOS DE PREFEITO E VICE-PREFEITO. DESAPROVAÇÃO. PRELIMINARES:
AUSÊNCIA DE INTERESSE JURÍDICO RECURSAL. AFASTADA. MÉRITO. OMISSÃO
NA ENTREGA DE PRESTAÇÃO DE CONTAS PARCIAL E AUSÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO DA CAPACIDADE ECONÔMICA DE DOADORES. IDENTIFICAÇÃO
DE DOADORES. PRESUNÇÃO DA NECESSIDADE DE AVERIGUAÇÃO PELO
CANDIDATO DA CAPACIDADE ECONÔMICA DO DOADOR. IMPOSSIBILIDADE.
APROVAÇÃO DAS CONTAS COM RESSALVAS. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.

(TRE-GO, RE n 40857, ACÓRDÃO n 749/2017 de 27/7/2017, Rel. Marcelo Arantes de


Melo Borges publicado no DJ em 8/8/2017)

RECURSO ELEITORAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS. ELEIÇÕES 2016. CANDIDATO A


VEREADOR. LEI Nº 9.504, DE 30.9.1997. RESOLUÇÃO TSE Nº 23.463, DE 15.12.2015.
PRESTAÇÃO DE CONTAS PARCIAL. OMISSÃO. EXTRATO SEM VALOR LEGAL.
VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES. IRREGULARIDADES FORMAIS .
CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO RECURSO. CONTAS APROVADAS COM
RESSALVAS.

(TRE-GO, RE n. 54784, ACÓRDÃO n. 665/2017 de 17/7/2017, Rel. Fernando de Castro


Mesquita publicado no DJ em 21/7/2017)

Deste modo, em que pese a irregularidade da situação, não subsiste


robustez a ensejar a desaprovação das contas, razão pela qual, neste ponto também,
deve motivar a ressalva.

7. Omissão na comprovação de despesa com impulsionamento de


conteúdo na internet declarada na prestação de contas.

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Número do documento: 18121711413223700000001581717
No item 5.1 do parecer técnico conclusivo constou, inicialmente, que não foi
apresentada Nota Fiscal referente à despesa com impulsionamento de conteúdo pela
internet, realizada junto ao fornecedor ADYEN BRASIL LTDA, no valor de R$ 1.954,00
(um mil, novecentos e cinquenta e quatro reais).

Contudo, na justificativa apresentada, o candidato afirma que retificou o


lançamento realizado com “erro de digitação” e que o valor correto das despesas é de
R$ 1.000,00 (hum mil reais). Para comprovar suas alegações, juntou aos autos cópias
da boleta bancária e do cheque no valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais), tendo como
beneficiária a empresa ADYEN A SERVIÇO DE FACEBOOK ADS BR, exatamente
conforme informado.

De outro lado, em resposta à diligência demandada nos autos, a empresa


FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA encaminhou 3 (três) notas fiscais,
com os seguintes valores: NF n° 04123001 – R$ 334,90, data emissão 05/10/2018; NF
n°04144514 – R$ 10,61, data emissão 05/10/2018; e NF n° 04683046 – R$ 499,15,
data emissão 03/11/2018; sendo o total dos gastos R$ 844,66 (oitocentos e quarenta
e quatro reais e sessenta e seis centavos), cujo pagamento foi realizado pelo candidato
com a fonte “Outros Recursos”.

Nesse item, o órgão técnico considera parcialmente sanada a


irregularidade devido a diferença de valores dos serviços prestados versus o valor pago
“a maior” ao Facebook de R$ 155,34 (cento e cinquenta e cinco reais e trinta e
quatro centavos).

Ao teor do disposto no inc. I do § 2º do art. 56 da Res. TSE n. 23.553/207,


para subsidiar o exame das contas prestadas, a Justiça Eleitoral poderá requerer a
apresentação de documentos fiscais e outros legalmente admitidos que comprovem a
regularidade dos gastos eleitorais.

Por seu turno, encontra-se expresso no § 1º do art. 63 da Resolução nº


23.553/2017, que, “além do documento fiscal idôneo a que se refere o caput, a Justiça
Eleitoral poderá admitir, para fins de comprovação de gasto, qualquer meio idôneo de
prova, inclusive outros documentos, tais como: I - contrato; II - comprovante de entrega
de material ou da prestação efetiva do serviço; III - comprovante bancário de
pagamento; ou IV - Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações da Previdência
Social (GFIP)”. (Sem grifos no original)

Na hipótese, importa considerar que foi juntado pelo prestador de contas o


comprovante de pagamento bancário ao beneficiário ADYEN DO BRASIL LTDA (CNPJ
n. 14.796.606.0001-90), no valor de R$ 1.000,00, na data de 25/9/2018, o que
demonstra que o pagamento do serviço contratado (impulsionamento de conteúdo na
internet) se deu de forma antecipada, conforme informado pelo candidato.

Dessa forma, a contratação do FACEBOOK e o respectivo pagamento


ficaram comprovados e foram lançados na prestação de contas. Assim, o candidato
cumpriu o que determina a legislação eleitoral, não havendo irregularidade quanto à
contratação e lançamento do gasto de campanha.

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Por outro lado, a diferença financeira, de R$ 155,34 (cento e cinquenta e
cinco reais e trinta e quatro centavos), decorrente da não execução da totalidade dos
serviços contratados junto à empresa, não deve implicar impropriedade das contas
prestadas, uma vez que o custeio da despesa se deu com dinheiro particular
proveniente da conta de “Outros Recursos”, ou seja, esse valor não adveio de recursos
públicos.

Nesse contexto, ainda que haja supressão na comprovação da


regularidade dos gastos eleitorais do Requerente, não há elementos razoáveis a
ensejar a sua desaprovação, razão pela qual, neste ponto, deve se motivar a ressalva.

8. Indícios de omissão de receitas e gastos eleitorais

Nesse tópico, a ASEPA destaca que a) “não há registro de receitas ou


despesas, estimáveis ou em dinheiro, relativas a gastos com produção de jingles,
vinhetas, slogans ou vídeos” (item 5.2); b) “não houve a comprovação de eventuais
despesas com transporte/deslocamento (09 veículos), uma vez que esta apresenta-se
diminuta em relação ao montante de gastos com combustíveis, R$ 20.765,71 (vinte mil,
setecentos e sessenta e cinco reais e setenta e um centavos)” (item 5.3); c) não houve
a apresentação de planilha explicativa decorrentes das despesas realizadas com
pessoal durante toda a campanha (item 5.4).

Sobre o item 5.2, o candidato afirma que os gastos com produção de


jingles, vinhetas, slogans ou vídeos foram objeto de doação de recurso estimável em
dinheiro efetuada pelo compositor Pedro Marques, código UBC 83472453, código
ECAD 2094266, no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).

Embora não tenha havido a juntada do correspondente recibo eleitoral da


doação, conforme exige o art. 9º, inc. I, da Resolução TSE 23.553/2017, trata-se de
omissão de receita estimada de valor ínfimo no contexto da prestação de contas, pois
representa apenas 0,39% do valor total das despesas declaradas na prestação de
contas (R$ 250.114,70), portanto, não enseja a desaprovação das contas.

Quanto ao item 5.3, o candidato argumenta que foram locados para a


campanha 02 (dois) ônibus de grande porte, 04 (quatro) veículos de passeio, cedidos
mais 04 (quatro) veículos de passeio e 01 (um) mini-trio à gasolina, de modo que o
valor de gastos declarados com combustíveis, no valor de R$ 20.765,71, encontra-se
plenamente compatível com a grande quantidade de veículos utilizados e declarados na
prestação de contas.

Não obstante, a Unidade Técnica entende que “o prestador de contas não


oportunizou os esclarecimentos necessários para eliminar as críticas apontadas, o que
indica indício de omissão de receitas e gastos eleitorais”.

Neste ponto, a análise da ASEPA deve ser desconsiderada porque


extrapola seus limites técnicos ao fazer ilações carregadas em juízo de valor. O
montante declarado e comprovadamente gasto com combustível integra os autos. Não
há porque perquirir se esse valor é ou não demasiadamente alto para abastecer os
veículos declarados na prestação de contas, tampouco pressupor fraude. Inexistem
elementos que evidenciem má-fé do prestador, a qual jamais pode ser presumida.

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Quanto à planilha explicativa (item 5.4), entendo como um elemento
facilitador da análise das contas, mas não obrigatório. Sua não apresentação é incapaz
de configurar irregularidade apta a macular a prestação de contas.

Sendo assim, é plenamente possível a adoção dos princípios da


razoabilidade e da proporcionalidade para afastar eventual desaprovação das contas
com base nos motivos apontados. Neste sentido:

EMENTA - RECURSO ELEITORAL - ELEIÇÕES 2016 - PRESTAÇÃO DE CONTAS -


VEREADOR - RESOLUÇÃO TSE Nº 23.463/15 E LEI Nº 9.504/97 - OMISSÃO DE
GASTOS. DESPESA QUITADA COM RECURSO ORIUNDO DE FONTE VEDADA.
GASTO COM COMBUSTÍVEIS QUITADA, POR EQUÍVOCO, POR PESSOA JURÍDICA
DE PROPRIEDADE DO MARIDO DA CANDIDATA. IRREGULARIDADE QUE NÃO
COMPROMETE A ANÁLISE DAS CONTAS E CORRESPONDE A 4,31% DO TOTAL DE
DESPESAS DECLARADAS. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE PARA APROVAR AS CONTAS COM RESSALVAS.
DETERMINAÇÃO, DE OFÍCIO, DE RECOLHIMENTO AO ERÁRIO DOS VALORES
IRREGULARES, NOS TERMOS DO ART. 72 DA RESOLUÇÃO TSE Nº 23.463/15.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

(...)

3. Ausência de má-fé e declarações que não impedem a verificação efetiva das


contas, possibilitando a aplicação dos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, pois o valor da despesa irregular, representa apenas 4,31% do
total dos recursos contabilizados.

(...) 5. Recurso conhecido e provido para aprovar as contas com ressalvas.

(TRE – PR - RECURSO ELEITORAL n 35564, ACÓRDÃO n 53767 de 29/01/2018,


Relator ANTÔNIO FRANCO FERREIRA DA COSTA NETO, Publicação: DJ - Diário de
justiça, Data 02/02/2018).

Em suma, as irregularidades, isoladamente, não alcançam percentual


suficiente para justificar a desaprovação das contas.

9. Recebimento de recursos de origem não identificada.

No item 5.6 do Parecer Técnico Conclusivo consta que foram verificados o


ingresso de receitas, mediante 6 (seis) depósitos em dinheiro na conta de campanha,
no valor total de R$ 49.000,00 (quarenta e nove mil reais), sem a identificação do
CPF/CNPJ, impossibilitando a aferição da identidade dos doadores declarados,
obstando a aferição da exata origem do recurso recebido, podendo caracterizar o
recurso como de origem não identificada. Sendo assim, a Assessoria de Exame de
Contas Eleitorais e Partidária (ASEPA) sinaliza para a necessidade de recolhimento ao
erário do mencionado valor, conforme previsto no art. 22, § 3º, da Resolução TSE
23.553/2017.

O prestador de contas, por sua vez, argumenta que se trata de doações


efetuadas por meio de depósito em conta corrente, oriundas dos seguintes doadores
(pessoas físicas): 12/09/18 – RAIMUNDO BATISTA BASTOS, inscrito no CPF nº
275.323.561-91, R$ 13.000,00, Recibo eleitoral nº 190000700000GO000028E; 12/09/18

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– ELISIO GUIMARÃES GONÇALVES, inscrito no CPF nº 634.378.481-00, R$
10.000,00, Recibo eleitoral nº 190000700000GO000019E; 12/09/18 – GEOVANE
RODRIGUES DE OLIVEIRA, inscrito no CPF nº 397.808.301-97, R$ 14.000,00, Recibo
eleitoral nº 190000700000GO000017E; 17/09/18 – MARIA HELENA DE ALCANTARA,
inscrita no CPF nº 476.715.641-68, R$ 12.000,00, Recibo eleitoral nº
190000700000GO000024E; 24/10/18 – AGOSTINHO COLEONE FRANZOL, inscrito
no CPF nº 047.667.648-70; 26/10/18 - AGOSTINHO COLEONE FRANZOL, inscrito no
CPF nº 047.667.648-70.

Em análise às justificativas e documentos apresentados, a ASEPA pondera


que, “embora transpareçam identificados, não foi possível a confirmação da origem dos
créditos efetuados, uma vez que os mesmos foram realizados via depósito em dinheiro
não sendo tal modalidade apta a lastrear a real origem dos recursos”.

A matéria encontra-se disciplinada na Resolução TSE 23.553/2017, nos


seguintes termos:

Art. 9º Deverá ser emitido recibo eleitoral de toda e qualquer arrecadação de recursos:

I – estimáveis em dinheiro para a campanha eleitoral, inclusive próprios; e

II – por meio da internet (Lei nº 9.504/1997, art. 23, § 4º, III, b).

§ 1º As doações financeiras devem ser comprovadas, obrigatoriamente, por meio


de documento bancário que identifique o CPF dos doadores, sob pena de
configurar o recebimento de recursos de origem não identificada de que trata o art.
34 desta resolução.

Art. 22. As doações de pessoas físicas e de recursos próprios somente poderão ser
realizadas, inclusive pela internet, por meio de:

I – transação bancária na qual o CPF do doador seja obrigatoriamente identificado;

(...)

§ 1º As doações financeiras de valor igual ou superior a R$ 1.064,10 (mil e sessenta


e quatro reais e dez centavos) só poderão ser realizadas mediante transferência
eletrônica entre as contas bancárias do doador e do beneficiário da doação.

§ 2º O disposto no § 1º aplica-se também à hipótese de doações sucessivas realizadas


por um mesmo doador em um mesmo dia.

§ 3º As doações financeiras recebidas em desacordo com este artigo não podem


ser utilizadas e devem, na hipótese de identificação do doador, ser a ele restituídas
ou, se isso não for possível, recolhidas ao Tesouro Nacional, na forma prevista no
caput do art. 34 desta resolução.

§ 4º As consequências da utilização dos recursos recebidos em desacordo com


este artigo serão apuradas e decididas por ocasião do julgamento da prestação de
contas.

(...)

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Art. 34. Os recursos de origem não identificada não podem ser utilizados por partidos
políticos e candidatos e devem ser transferidos ao Tesouro Nacional por meio de Guia de
Recolhimento da União (GRU).

§ 1º Caracterizam o recurso como de origem não identificada:

I – a falta ou a identificação incorreta do doador; e/ou

II – a falta de identificação do doador originário nas doações financeiras recebidas de


outros candidatos ou partidos políticos; e/ou

III – a informação de número de inscrição inválida no CPF do doador pessoa física ou no


CNPJ quando o doador for candidato ou partido político. (Original sem grifos).

Em resumo, as doações financeiras provenientes de pessoas físicas acima


de R$ 1.064,10 (mil e sessenta e quatro reais e dez centavos) somente poderiam ser
realizadas mediante transferência eletrônica entre as contas bancárias do doador e do
beneficiário da doação.

Destaque-se que o objetivo central da regra em referência é evitar o


financiamento de campanhas com recursos obtidos de fonte vedada ou ilícita, tornando
mais rígida a fiscalização da origem dos recursos.

No caso, em consulta ao SPCE e aos documentos comprobatórios juntados


no PJe (ID 984390), verifica-se que o prestador de contas apresentou os recibos
eleitorais referentes às doações questionadas, devidamente preenchidos e assinados
pelos doadores, acompanhados dos respectivos comprovantes de depósitos, onde
consta a indicação do nome e do CPF dos doadores.

Dessa forma, embora tenha havido o recebimento de doação mediante


depósito bancário e não por transferência eletrônica, todos os recursos questionados
estão devidamente identificados, tornando possível a aferição da procedência dos
valores.

A finalidade da norma restou atendida. Logo, as doações apontadas não


podem simplesmente ser consideradas como recursos de origem desconhecida por
terem sido realizadas via depósito em dinheiro e não transferência eletrônica.

Nesse sentido é o entendimento desta e. Corte Eleitoral e dos demais


tribunais regionais eleitorais pátrios, conforme ementas adiante transcritas, na parte que
interessa:

RECURSO ELEITORAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS. ELEIÇÕES 2016. RECURSOS


PRÓPRIOS. AUSÊNCIA DE BENS E RENDA. IRREGULARIDADE. OMISSÃO DE
RECEITAS. CONTAS DESAPROVADAS. RECURSOS DE ORIGEM IDENTIFICADA.
DESNECESSIDADE DE RECOLHIMENTO AO TESOURO NACIONAL.

(...)

3. Doações efetuadas mediante depósito em dinheiro, mas que contêm a


identificação do doador, com o registro de seu CPF e emissão dos recibos
eleitorais, não podem ser consideradas como recursos de origem desconhecida.

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4. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

(TRE-GO - RECURSO ELEITORAL n 28741, ACÓRDÃO n 160/2018 de 16/04/2018,


Relatora NELMA BRANCO FERREIRA PERILO, Publicação: DJ - Diário de justiça, Tomo
72, Data 24/04/2018, Página 19/22);

RECURSO ELEITORAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS. ELEIÇÕES 2016. CANDIDATO A


VEREADOR. LEI Nº 9.504, DE 30.9.1997. RESOLUÇÃO TSE Nº 23.463, DE 15.12.2015.
DOAÇÕES REALIZADAS VIA DEPÓSITO BANCÁRIO IDENTIFICADO. FINALIDADE
DA NORMA ALCANÇADA. DOCUMENTAÇÃO COMPROVANDO A ORIGEM DA
RECEITA FINANCEIRA. IRREGULARIDADE MERAMENTE FORMAL. NOTA FISCAL
EMITIDA POR TERCEIRO. GASTOS COM COMBUSTÍVEIS NÃO DECLARADOS.
OMISSÃO DE DESPESA. IRRELEVÂNCIA DO VALOR. CONHECIMENTO E
PROVIMENTO DO RECURSO. CONTAS APROVADAS COM RESSALVAS;

(TRE-GO - RECURSO ELEITORAL n 54390, ACÓRDÃO n 647/2017 de 29/06/2017,


Relator FERNANDO DE CASTRO MESQUITA, Publicação: DJ - Diário de justiça, Tomo
128, Data 19/07/2017, Página 13-16).

Recurso. Prestação de contas. Eleições 2016. Candidata ao cargo de Prefeito.


Desaprovação. Irregularidade Elidida. Colaborações para a campanha. Identificação
dos doadores. Provimento parcial. Aprovação com ressalvas.

Dá-se provimento parcial ao recurso, aprovando as contas com ressalvas, tendo


em vista que a irregularidade atinente ao recebimento de doação por depósito
bancário e não por transferência foi superada mediante apresentação de outros
meios de prova, aptos a revelar a origem e destinação dos valores empregados na
campanha da promovente.

(TRE-BA - RECURSO ELEITORAL n 29931, ACÓRDÃO n 769 de 26/07/2017, Relator


GUSTAVO MAZZEI PEREIRA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data
07/08/2017);

- ELEIÇÕES 2016 - PRESTAÇÃO DE CONTAS - CANDIDATO AO CARGO DE


VEREADOR - DESAPROVAÇÃO - RECURSO ELEITORAL.

- DOAÇÃO DE DINHEIRO MEDIANTE DEPÓSITO BANCÁRIO, E NÃO


TRANSFERÊNCIA ELETRÔNICA - POSSIBILIDADE DE IDENTIFICAR A ORIGEM E
DESTINAÇÃO DO RECURSO - FALHA MERAMENTE FORMAL.

(...) (TRE-SC - RECURSO CONTRA DECISOES DE JUIZES ELEITORAIS n 41898,


ACÓRDÃO n 32312 de 21/02/2017, Relator ANTONIO DO RÊGO MONTEIRO ROCHA,
Publicação: DJE - Diário de JE, Tomo 27, Data 03/03/2017, Página 2);

No caso, a origem dos recursos questionados encontra-se


satisfatoriamente identificada, não havendo, em consequência, a necessidade de
recolhimento desses valores ao erário, conforme sinalizado pelo órgão técnico.

Nos termos do § 2º-A do art. 30 da Lei 9.504/97, “erros formais ou materiais


irrelevantes no conjunto da prestação de contas, que não comprometam o seu
resultado, não acarretarão a rejeição das contas".

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Por outro lado, o Colendo Tribunal Superior Eleitoral já firmou entendimento
de "ser possível a aprovação das contas com ressalvas quando as irregularidades
alcançarem montante diminuto em relação ao total arrecadado pelo candidato - seja do
ponto de vista absoluto, seja do ponto de vista relativo e em termos percentuais - e
desde que não esteja evidenciada a má-fé" (AgR-REspe 274-09, de minha relatoria,
DJe de 10.11.2017).

Em conclusão, as irregularidades remanescentes não comprometem a


fiscalização das contas pela Justiça Eleitoral, razão pela qual devem ser aplicados os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade para se aprovar com ressalvas as
contas do candidato, na forma do art. 77, II, da Resolução TSE nº 23.553/2018, in
verbis:

Art. 77. Apresentado o parecer do Ministério Público e observado o disposto no parágrafo


único do art. 76 desta resolução, a Justiça Eleitoral verificará a regularidade das
contas, decidindo (Lei nº 9.504/1997, art. 30, caput):

(...)

II – pela aprovação com ressalvas, quando verificadas falhas que não lhes
comprometam a regularidade;

Por todo o exposto, aprovo com ressalvas as contas apresentadas (art.


77, II, da Resolução TSE 23.553/2018).

Publique-se em Sessão, nos termos do art. 81, caput, da Resolução TSE


23.553/2018.

É como voto.

Goiânia, 17/12/2018

Assinado eletronicamente por: JESUS CRISÓSTOMO DE ALMEIDA - 17/12/2018 11:41:32 Num. 1606640 - Pág. 17
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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE GOIÁS

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

PROCESSO: PRESTAÇÃO DE CONTAS - 0602124-19.2018.6.09.0000

ORIGEM:GOIÂNIA - GOIÁS

PAUTA: 17 de Dezembro de 2018

RELATOR: JUIZ JESUS CRISÓSTOMO DE ALMEIDA

PRESIDENTE: DESEMBARGADOR CARLOS HIPOLITO ESCHER

PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL DR. ALEXANDRE MOREIRA TAVARES DOS SANTOS

AUTUAÇÃO

PRESTAÇÃO DE CONTAS Nº 0602124-19.2018.6.09.0000


REQUERENTE: ELEICAO 2018 LUIZ GUSTAVO NUNES DE ARAUJO DEPUTADO ESTADUAL
ADVOGADO: RUPERT NICKERSON SOBRINHO - OAB/GO35050
ADVOGADO: HUMBERTO MARQUES DA COSTA PINTO - OAB/GO44417
REQUERENTE: LUIZ GUSTAVO NUNES DE ARAUJO
ADVOGADO: RUPERT NICKERSON SOBRINHO - OAB/GO35050
ADVOGADO: HUMBERTO MARQUES DA COSTA PINTO - OAB/GO44417

CERTIDÃO

Certifico que o egrégio Tribunal Regional Eleitoral de Goiás, ao apreciar o processo em epígrafe, em
Sessão realizada em 17 de Dezembro de 2018 , proferiu a seguinte decisão:

Na 124ª sessão ordinária, realizada em 17.12.2018, o Procurador Regional Eleitoral, Doutor Alexandre
Moreira Tavares dos Santos, ratificou o parecer escrito. Em seguida, o Relator proferiu seu voto e
ACORDARAM os Membros do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás, por unanimidade, em JULGAR

Assinado eletronicamente por: Maria Selma Teixeira - 17/12/2018 13:15:42 Num. 1609040 - Pág. 1
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Número do documento: 18121713154284300000001583567
APROVADAS COM RESSALVAS AS CONTAS de campanha 2018 do candidato LUIZ GUSTAVO
NUNES DE ARAUJO, nos termos do voto do Relator. Decisão publicada em sessão, nos termos do art.
81 da Resolução TSE n. 23.553/2017.

Votação definitiva (com mérito):

DESEMBARGADOR ZACARIAS NEVES COÊLHO E JUÍZES LUCIANO MTANIOS HANNA,


JESUS CRISÓSTOMO DE ALMEIDA, RODRIGO DE SILVEIRA, MARCUS DA COSTA FERREIRA
E VICENTE LOPES DA ROCHA JÚNIOR.

O referido é verdade. Dou fé.


Goiânia, 17 de dezembro de 2018.

Maria Selma Teixeira

Secretária de Sessões

Assinado eletronicamente por: Maria Selma Teixeira - 17/12/2018 13:15:42 Num. 1609040 - Pág. 2
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