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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL

DO FORO CENTRAL CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP.

FRANCISCO RICARDO MELO DE ANDRADE FILHO, brasileiro, engenheiro,


divorciado, inscrito no CPF sob o nº: 950.488.472-53, residente e domiciliado na Rua Célio Brasil Girão,
1000, Engenheiro Luciano Cavalcante, 60813-725, Fortaleza, Ceará, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, por intermédio do seu causídico subscritor (procuração em anexo), com fulcro nos arts.
6º, inc. VI, e 14, ambos do Código de Defesa do Consumidor, propor a presente

AÇÃO DE CONHECIMENTO

em face de TAP TRANSPORTES AÉREOS PORTUGUESES S.A., pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob o nº 33.136.896/0001-90, com sede na Avenida Paulista, 453, 14º Andar,
CEP 01311-000, Bela Vista, São Paulo/SP, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas.

I. DOS FATOS

O Autor adquiriu passagens aéreas da companhia Ré, com partida de Munique (MUC),
conexão em Lisboa (LIS) e destino final a Fortaleza (FOR), conforme o seguinte itinerário:

VOO ORIGEM DESTINO PARTIDA CHEGADA


TP 555 Munique Lisboa 17h30 19h45
(MUC) (LIS) (5.1.2024) (5.1.2024)

VOO ORIGEM DESTINO PARTIDA CHEGADA


TP 37 Lisboa Fortaleza 22h25 3h10
(LIS) (FOR) (5.1.2024) (6.1.2024)

Contudo, ao chegar no aeroporto, o consumidor foi surpreendido com o cancelamento do


voo (TP 37), o que frustrou a sua legítima expectativa de viajar conforme o contratado.

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Não obstante, ao desembarcar em Lisboa (LIS), o passageiro procurou a empresa Ré e
descobriu sua realocação, – de forma unilateral – em um itinerário extremamente inconveniente e tardio,
com saída somente no dia seguinte.

Confira a nova programação:

VOO ORIGEM DESTINO PARTIDA CHEGADA


TP 2518 Lisboa Fortaleza 12h 16h45
(LIS) (FOR) (6.1.2024) (6.1.2024)

Nota-se a exorbitante diferença de horas entre o voo original e aquele que o Autor se viu
obrigado a embarcar. Desse modo, o consumidor se sentiu lesado em face da conduta desleal e
desorganização operacional da companhia Ré.

Infelizmente, a realocação se mostrou extremamente inconveniente aos interesses do


passageiro devido ao embarque ser apenas no dia seguinte, o qual não teve o devido auxílio material e
resultou em prejuízos emocionais e físicos.

Ademais, o Autor não foi devidamente informado do cancelamento, – não recebeu um e-


mail ou comunicado –, vez que o mesmo ficou ciente apenas quando chegou ao aeroporto.

Com se não fosse suficiente todo transtorno vivenciado, a mala do consumidor foi
extraviada – conforme anexo –, chegando apenas no dia seguinte.

Desta forma, o passageiro precisou custear produtos de higiene pessoal para passar a noite
– que, infelizmente, não é possível comprovar em juízo –, logo que os itens essenciais estavam na bagagem
despachada.

Além disso, o Autor teve gastos com o deslocamento de ida e volta à hospedagem que,
infelizmente, não é possível comprovar em juízo.

Em suma, devido ao cancelamento e chegada tardia, o consumidor não pôde comparecer


em seu compromisso pessoal que estava marcado para a manhã do dia 6 de janeiro.

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É evidente que todos os acontecimentos narrados trouxeram significativo desgaste ao
passageiro, sobretudo pela realocação tardia e assistência precária. Não obstante, o Autor apenas chegou
ao destino final com mais de 13 (TREZE) HORAS DE ATRASO:

Chegada prevista Chegada real


(destino final) (destino final)
3h10 16h45
(6.1.2024) (6.1.2024)

É importante sintetizar todas as adversidades ocorridas no presente caso, que, por certo,
intensificam o desgaste vivenciado pelo consumidor:

I. O cancelamento do voo de conexão;


II. A realocação tardia, inconveniente e unilateral, em completo descaso com os
interesses do passageiro;
III. O extravio da bagagem;
IV. A ausência do devido auxílio material;
V. A desorganização operacional da companhia Ré;
VI. A perda do compromisso pessoal;
VII. A chegada tardia ao destino final.

Neste contexto, não há dúvidas de que as atribulações e os incômodos sofridos pelo Autor
extrapolam em muito o mero dissabor do cotidiano, configurando extraordinária ofensa ao âmago de sua
personalidade.

Logo, face à consecutiva violação moral, resultante dos acontecimentos relatados acima,
não restou alternativa ao consumidor, senão a busca pela justa reparação do dano sofrido.

II. DO DIREITO

A. DA RELAÇÃO DE CONSUMO

O artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor (CDC) dispõe que “toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final” é considerada consumidora.

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Por outro lado, fornecedor é caracterizado como “toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados”, que comercialize produtos ou
desenvolva atividade de prestação de serviços, conforme o artigo 3º do mesmo diploma legal.

Nesse descortino, o serviço se apresenta como “qualquer atividade fornecida no mercado


de consumo, mediante remuneração (...)”, nos ditames do § 2º do referido dispositivo.

Portanto, visto que o Autor figura como adquirente e usuário final do serviço de transporte
aéreo prestado pela companhia Ré, mostra-se clara a relação de consumo estabelecida entre partes.

B. DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O Supremo Tribunal Federal (STF), em sede de análise do Recurso Extraordinário


636.331/RJ, posicionou-se, em 2017, pela preponderância da Convenção de Montreal em relação ao Código
de Defesa do Consumidor nos casos de transporte aéreo internacional, especificamente no que diz respeito
aos danos materiais.

Em dezembro de 2022, o Pleno do STF, a partir do julgamento do Recurso Extraordinário


1.394.401 (Tema 1.240), reforçou expressamente, por unanimidade, que a aplicação dos tratados
internacionais se limita aos casos de indenização por danos materiais.

Significa dizer que, na hipótese de afronta aos direitos de personalidade, o passageiro


internacional não se restringe aos limites indenizatórios impostos pela Convenção de Montreal, devendo
observar a efetiva reparação preceituada pelo CDC.

Por sua vez, na esfera do transporte aéreo doméstico, o STF não mudou o seu entendimento:
o Código de Defesa do Consumidor prevalece integralmente em eventual conflito com o Código Brasileiro
da Aeronáutica (Lei nº 7.565/86), pelo fato das normas protetivas estarem em plena harmonia com a
intenção basilar do constituinte.

Hipoteticamente, ainda que se considere inaplicável o Código de Defesa do Consumidor


no presente caso, o que se admite apenas para fins de argumentação, a responsabilização da parte Ré é
devida, uma vez que a companhia aérea agiu de forma manifestamente ilícita, restando irrefutável a
configuração da responsabilidade civil em todos seus elementos.

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C. DA RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR

O Código de Defesa do Consumidor adotou a teoria do risco empresarial, segundo o qual


aqueles que auferem vantagem econômica no mercado de consumo são responsáveis pelos vícios e/ou
falhas decorrentes do produto ou serviço prestado, independentemente de culpa, a título de responsabilidade
objetiva.

Na hipótese, cuida-se de responsabilidade por fato do serviço, ou seja, quando há prestação


defeituosa do serviço ao ponto de gerar ofensa tanto à saúde e segurança (integridade física e psíquica),
quanto ao patrimônio material do consumidor. É o que estabelece o art. 14 do CDC:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,


pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.

Adicionalmente, o § 3º, inc. II, do referido artigo, estipula que “o fornecedor de serviços
só não será responsabilizado quando provar a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro”.

No presente caso, todos os danos sofridos pelo Autor foram exclusivamente causados
pela companhia aérea, sem que concorresse, em momento algum, para o seu acontecimento. Caso assim
não seja, cabe à Ré a prova do contrário, tendo em conta a necessidade de inversão do ônus da prova ante
a vulnerabilidade do consumidor na produção probatória.

Desta feita, a condenação da Ré pelos danos morais sofridos pelo Autor é medida que se
impõe, notadamente em virtude da inequívoca falha na prestação de serviço, independentemente da
existência de culpa, por parte da companhia aérea.

D. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

A partir do momento em que as frustrações experimentadas pelo consumidor extrapolam


aquilo que legitimamente se espera ao se deparar com a falha na prestação do serviço, é devida a
indenização (compensação) por danos morais, a ser fixada em observância aos princípios da razoabilidade
e proporcionalidade.

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A ilegalidade da conduta reside, em poucas palavras, no/na: (i) cancelamento do voo de
conexão; (ii) realocação tardia, inconveniente e unilateral, em completo descaso com os interesses do
consumidor; (iii) extravio da bagagem; (iv) ausência do devido auxílio material; (v) desorganização
operacional da companhia Ré; (vi) perda do compromisso pessoal; (vii) e chegada tardia ao destino final.

Este cenário indica absoluto descaso da companhia, o que culminou na ofensa à


integridade psíquica do consumidor, ensejando a indenização por danos morais.

É preceito básico do Código de Defesa do Consumidor “a efetiva prevenção e reparação de


danos patrimoniais e MORAIS” (ex vi, art. 6º, inciso VI).

Cumpre observar que a falha na prestação do serviço, que enseja responsabilização por
parte da Ré, sucedeu-se com o cancelamento do voo de conexão. Em virtude disso, transcorreu-se um
atraso de mais de 13 (TREZE) HORAS da chegada originalmente prevista.

Paralelamente, a AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL - ANAC determina que,


em casos de cancelamento de voos, às companhias aéreas são imputadas algumas obrigações:

Art. 12. As alterações realizadas de forma programada pelo transportador, em especial


quanto ao horário e itinerário originalmente contratados, deverão ser informadas aos
passageiros com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas.

Art. 20. O transportador deverá informar imediatamente ao passageiro pelos meios


de comunicação disponíveis:
I - que o voo irá atrasar em relação ao horário originalmente contratado, indicando a nova
previsão do horário de partida; e
II - sobre o cancelamento do voo ou interrupção do serviço.
§ 1º O transportador deverá manter o passageiro informado, no máximo, a cada 30 (trinta)
minutos quanto à previsão do novo horário de partida do voo nos casos de atraso.

Art. 21. O transportador deverá oferecer as alternativas de reacomodação, reembolso e


execução do serviço por outra modalidade de transporte, devendo a escolha ser do
passageiro, nos seguintes casos:
I - atraso de voo por mais de quatro horas em relação ao horário originalmente contrado;
II - cancelamento de voo ou interrupção do serviço;
III - preterição de passageiro; e
IV - perda de voo subsequente pelo passageiro, nos voos com conexão, inclusive nos
casos de troca de aeroportos, quando a causa da perda for do transportador.

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Art. 26. A assistência material ao passageiro deve ser oferecida nos seguintes casos:
I - atraso do voo;
II - cancelamento do voo;
III - interrupção de serviço; ou
IV - preterição de passageiro.

Art. 28. A reacomodação será gratuita, não se sobreporá aos contratos de transporte já
firmados e terá precedência em relação à celebração de novos contratos de transporte,
devendo ser feita, à escolha do passageiro, nos seguintes termos:
I - em voo próprio ou de terceiro para o mesmo destino, na primeira oportunidade;
ou
II - em voo próprio do transportador a ser realizado em data e horário de
conveniência do passageiro.

No presente caso, ao chegar no aeroporto, o consumidor foi surpreendido com o


cancelamento do voo (TP 37). Em função disso, a empresa Ré não cumpriu com a antecedência mínima
de 72 (setenta e duas) horas, de informar o passageiro sobre o cancelamento do itinerário.

Em seguida, o Autor descobriu sua realocação – de forma unilateral – em um voo


extremamente inconveniente e tardio, com saída somente no dia seguinte, o qual não teve o devido auxílio
material.

Em conformidade com a Resolução 400/16 da ANAC, a reacomodação não cumpriu as


exigências necessárias, haja vista ter sido tardia e insuficiente, no que tange ao atendimento das
necessidades do consumidor, pois foi obrigado a cumprir itinerário diverso do contratado.

Ademais, a mala do passageiro foi extraviada, chegando apenas no dia seguinte, desta
forma, o Autor precisou custear produtos de higiene pessoal para passar a noite. Além disso, teve gastos
com o deslocamento de ida e volta à hospedagem.

Em suma, o consumidor não pôde comparecer em seu compromisso pessoal que estava
marcado para a manhã do dia 6 de janeiro.

Nunca é demais lembrar que, ao adquirir a passagem aérea, o passageiro passou a ter a
legítima expectativa de ser transportado no horário e na forma com que anuiu ao contratar o itinerário. A
quebra de tal expectativa lhe gerou significativo desgaste físico e emocional, pois se sentiu lesado e
completamente desamparado.

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Os fatos narrados e praticados pela Ré contrariam o Sistema de Proteção ao Consumidor,
além de alimentar a cultura enraizada, nas relações de consumo brasileiras, do descaso, desrespeito e
constantes práticas ilícitas e desleais ao consumidor.

Assim, encontram-se presentes os pressupostos normativos para que haja a devida


condenação da Ré pelos danos morais experimentados pelo passageiro.

Neste sentido, veja-se entendimento do Tribunal de Justiça de São Paulo em casuísticas


análogas à espécie, no sentido de que o consumidor lesado pela atuação defeituosa da empresa, faz jus à
reparação moral:

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. TRANSPORTE AÉREO. Sentença que


reconheceu a falha na prestação do serviço por descumprimento do dever de
informação e condenou a requerida ao pagamento de indenização por dano moral.
Ausência de recurso da companhia aérea. Antecipação do horário previamente previsto
para o voo contratado, em razão de reestruturação da malha viária. Não comprovada a
comunicação à passageira, quanto à alteração do horário do voo, com antecedência
mínima de 72 horas, conforme determina a Resolução 400 da ANAC. Majoração do
valor da indenização por dano moral, fixado originalmente em R$3.000,00, para
R$10.000,00. Verbas de sucumbência carreadas à requerida. Procedência dos pedidos
iniciais. Condenação em quantia inferior ao pleiteado na inicial não importa em
sucumbência recíproca (Súmula 326, Superior Tribunal de Justiça). Sentença reformada.
RECURSO PROVIDO.
(TJSP; Apelação Cível 1003603-59.2020.8.26.0068; Relator (a): Afonso Bráz; Órgão
Julgador: 17ª Câmara de Direito Privado; Foro de Barueri - 4ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 03/03/2021; Data de Registro: 03/03/2021);

Apelação. Ação indenizatória. Transporte aéreo nacional. Danos morais e materiais.


Sentença de improcedência. Aquisição de passagem aérea, entre Confins (MG) até
Araguaína (TO), com conexão em Brasília. Cancelamento do voo inicial, pela re,́ por
motivo de intenso tráfego aéreo, com perda da conexão pela autora. Viagem concluída,
na etapa final, por via terrestre, chegando ao destino com mais de dez horas de atraso,
e durante a madrugada. Verificação de danos morais. Manifesta ofensa aos direitos da
personalidade. Fixação dos danos morais em R$10.000,00, diante da peculiaridade dos
fatos narrados nos autos. APELO PROVIDO.
(TJSP; Apelação Cível 1011491-80.2020.8.26.0003; Relator (a): Ramon Mateo Júnior;
Órgão Julgador: 15a Câmara de Direito Privado; Foro Regional III - Jabaquara - 1a Vara
Cível; Data do Julgamento: 19/11/2020; Data de Registro: 19/11/2020)

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APELAÇÃO. Indenização por Danos Morais. Transporte aéreo nacional.
Cancelamento de voo pela companhia aérea. Atraso de mais de 12 (doze) horas na
chegada ao destino. Empresa que alegou a ocorrência de "problemas operacionais".
Configurada a falha na prestação dos serviços. Danos morais in re ipsa. Quantum
indenizatório. Fixação que deve ser compatível com o dano e atender aos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade. Indenização arbitrada em R$ 10.000,00 (dez mil
reais). Sentença reformada. RECURSO PROVIDO.
(TJSP; Apelação Cível 1006377-29.2021.8.26.0003; Relator (a): Flávio Cunha da Silva;
Órgão Julgador: 38ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional III - Jabaquara - 2ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 10/10/2022; Data de Registro: 10/10/2022)

De modo efetivo, o dano moral se impõe, inclusive, como forma de punição capaz de inibir
a prática desse tipo de conduta, que demonstra um total descumprimento dos direitos do consumidor.

Ante ao exposto, é inegável o direito do Autor a uma justa indenização pelos danos que
sofreu, na módica e razoável quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais), levando-se em consideração o poderio
econômico do Réu e a reprovabilidade da ofensa sofrida.

Na remota hipótese de arbitramento do quantum indenizatório em valor inferior ao


suscitado, necessário enfatizar a impossibilidade de atrair a sucumbência recíproca, conforme disposição
do enunciado de Súmula 326 do Superior Tribunal de Justiça: “na ação de indenização por dano moral, a
condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca”.

E. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Dentre os direitos básicos do consumidor, o CDC estabelece, em seu artigo 6º, inciso VIII,
que a defesa de seus direitos deve ser facilitada mediante a inversão do ônus da prova a seu favor, ficando
o fornecedor responsável pela produção probatória. Para que isso ocorra, basta que o juízo verifique a
verossimilhança da alegação ou a hipossuficiência do sujeito.

A verossimilhança, no caso em comento, se consubstancia na leitura do itinerário original


em conjunto com o realocado.

Já a hipossuficiência, em breve síntese, é a dificuldade, no caso concreto, do consumidor


de provar todas as circunstâncias fáticas que integram a causa de pedir.

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Portanto, requer seja concedida a inversão do ônus da prova em favor do Autor, ou seja,
que se considerem verdadeiros os fatos narrados na presente inicial, salvo comprovação de elementos
impeditivos, modificativos ou extintivos do direito.

III. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) Seja recebida a presente inicial, com a citação da empresa Ré no


endereço indicado;

b) Seja deferida a inversão do ônus da prova em favor do Autor, nos


termos do artigo 6º, inc. VIII, do Código de Defesa do
Consumidor;

c) Seja a Ré condenada a indenizar o Autor pelos danos morais no


montante de R$ 8.000 (oito mil reais) ou valor diverso a ser
arbitrado por Vossa Excelência, que atenda perfeitamente aos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, levando-se em
consideração, ainda, a condição financeira das partes, a
reprovabilidade da conduta, bem como o caráter punitivo,
compensatório e pedagógico da condenação;

d) Seja a Ré condenada ao pagamento das custas e dos honorários


sucumbenciais, estes arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre
o valor da causa, respeitando-se a Súmula 326 do STJ;

e) Sejam todas as publicações feitas em nome de Leonardo Henrique


D’Andrada Roscoe Bessa, OAB/SP 450.955, sob pena de
nulidade.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos, especialmente
pelos documentos em anexo, resguardando a possibilidade de produzir outras, caso necessárias ao deslinde
do feito.

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Por fim, informa que não possui interesse na realização de audiência de conciliação,
como determina o art. 319, inc. VII, do CPC.

Dá-se a causa o valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).

Termos em que pede procedência.


Brasília/DF, 5 de fevereiro de 2024.

Leonardo Henrique D’Andrada Roscoe Bessa Alan Bittar Prado


OAB/SP nº 450.955 OAB/SP n° 438.847

Khadja Samyr Adnan Mustafa


Estagiária

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