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AO JUÍZO DA VARA FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA COMARCA

DE JUIZ DE FORA/MG

PRIORIDADE – PACIENTE ONCOLÓGICO

NB: 631.511.084-7

LUCIANA VERONICA BATISTA TEIXEIRA, brasileira, atendente, divorciada, RG MG


5 845 765 SSP MG, CPF 720 274 286 15, residente e domiciliada à Rua Nossa
Senhora Aparecida, 816, Bairro Nossa Senhora Aparecida, Juiz de Fora/MG, CEP
36052-030, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por meio de seu
procurador constituído que tem escritório profissional à Av. Rio Branco, 1871, Sl. 1814,
Edifício Rossi, Juiz de Fora/MG, Centro, ajuizar a presente AÇÃO DE CONVERSÃO
DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ em face do Instituto
Nacional de Seguro Social – INSS, na pessoa de seu representante legal da
procuradoria federal da autarquia previdenciária, com os seguintes fundamentos
fáticos e jurídicos a serem deduzidos a seguir:

DO INTERESSE E DA LEGITIMIDADE
O segurado que ingressa com ação para converter o auxílio-doença em aposentadoria
por invalidez tem legitimidade, pois está buscando um direito legítimo previsto na
legislação, bem como possui interesse, uma vez que o seu objetivo é obter um
benefício mais vantajoso do que aquele que recebe atualmente.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Requer o autor os benefícios da assistência judiciária gratuita, nos moldes do art. 98,
do NCPC, por não ter condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo de
manter seu sustento. Requer, portanto, a gratuidade de justiça.

DAS COMUNICAÇÕES DOS ATOS PROCESSUAIS


Requer sejam todos os atos processuais comunicados ao patrono da parte autora, nos
termos do art. 272, §5º, NCPC, sob pena de nulidade quando não atendido este
pedido.
DOS FATOS
A Autora teve um câncer de mama operado em 2010 e está atualmente em tratamento
de quimioterapia.

Desde o aparecimento da neoplasia ela se submete a quimioterapia no Instituto


Oncológico desta cidade.

Devido à doença, ela tem tido dificuldade em se alimentar, o que lhe ocasionou
anorexia. Por causa da anorexia a Autora chegou a perder 17kg.

Além destas moléstias, a Autora desenvolveu depressão grave e sente parestesia no


membro superior esquerdo

A Autora costumava trabalhar como atendente no comércio varejista, mas em virtude


da doença que lhe acometeu, não apresentou mais condições laborais.

O último dia de trabalho da autora foi há mais de 10 anos, em 28 de setembro de


2010. Desde então, ela tem estado sob o amparo da previdência social, porquanto sua
doença é altamente incapacitante.

A requerente ainda está sob o amparo do auxílio-doença previdenciário e sem


previsão de alta, pois ela ainda se submete a tratamento para evitar nova proliferação
de células cancerígenas.

Considerando todo o contexto social e patológico da autora, improvável que ela venha
a recuperar sua capacidade laborativa: ela tem atualmente 56 anos, padece de câncer
desde 2010 e tem uma baixa formação escolar, sem nível superior, o que a torna
invisível ao mercado de trabalho.

Além do câncer, a autora desenvolveu depressão por causa do agressivo tratamento a


que ela se submeteu para debelar a doença. Os danos psicológicos da doença
também devem ser levados em consideração.

A autora apresenta os seguintes diagnósticos:

CID 10

• F 31 Transtorno afetivo bipolar


• F41.0 Transtorno de pânico (ansiedade paroxística episódica)
• K43.9 Hérnia ventral sem obstrução ou gangrena
• CID 10 - C50 Neoplasia maligna da mama

Considerando todo este contexto, não é exagero dizer que a autora não apresenta
mais capacidade laborativa em definitivo, pois é improvável que consiga trabalhar
satisfatoriamente após anos de tratamento contra câncer e uma grave depressão.
Ademais, mesmo que ela seja considerada apta para o trabalho, é altamente provável
que ela, aos olhos do empregador, seja preterida, pois uma pessoa com esta idade –
quase 60 anos – e em tratamento de câncer é sempre vista como um potencial risco
para o negócio, o que diminui drasticamente suas chances de emprego e,
consequentemente, de sustentar-se a si mesmo.

DO DIREITO
A lei 8213/91 dispõe sobre a aposentadoria por invalidez:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso,
a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de
auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o
exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga
enquanto permanecer nesta condição.

A autora encontra-se, atualmente, em gozo de auxílio-doença, não aparentando


chances de ser declarada susceptível à reabilitação em visa de sua grave patologia,
somando-se a depressão severa que lhe acomete, bem como seu baixo grau de
instrução formal e idade (cinquenta e seis anos no momento do protocolo desta
exordial).

Note-se ainda que ele apresenta qualidade de segurada – recebe atualmente o


auxílio- doença previdenciário –, já cumpriu carência do benefício, o que permite sua
conversão em aposentadoria por invalidez. Ela satisfaz, portanto, os requisitos para a
concessão da aposentadoria por invalidez.

TUTELA DE URGÊNCIA
ENTENDE O DEMANDANTE QUE A ANÁLISE DA MEDIDA ANTECIPATÓRIA
PODERÁ SER MELHOR APRECIADA EM SENTENÇA.

O novo Código de Processo Civil estabeleceu em seu art. 300 que “A tutela de
urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”. Nesse sentido, o
novo diploma legal exige para
a concessão da tutela de urgência dois elementos, quais sejam o
fumus bonis iuris e o periculum in mora.

Nesse sentido, findada a instrução, ficará claro que a parte Autora preenche todos os
requisitos necessários para o deferimento da Antecipação de Tutela, estando
comprovado assim o fumus bonis iuris. O periculum in mora é evidente em face do
caráter alimentar do benefício.

De qualquer modo, as moléstias incapacitantes e o caráter alimentar do benefício


traduzem um quadro de urgência que exige pronta resposta do Judiciário, tendo em
vista que nos benefícios por incapacidade resta intuitivo o risco de ineficácia do
provimento jurisdicional final, exatamente em virtude do fato da parte estar afastada do
mercado de trabalho e, consequentemente, desprovida financeiramente, motivo pelo
qual se tornará imperioso o deferimento deste pedido antecipatório em sentença.

DA PROVA PERICIAL
Primeiramente, em face da pandemia de vírus chinês, pede-se, para que não haja
prejuízo ao direito do autor, que a perícia seja realizada no consultório particular
do médico perito, evitando, também, risco de contágio à autora.

Em segundo lugar, considerando que a prova pericial é fundamental para o deslinde


das questões ligadas aos benefícios por incapacidade e para uma adequada análise
do nexo de causalidade e da consequente incapacidade, faz-se mister que o Médico
Perito observe o Código de Ética da categoria, e especialmente em relação ao tema, a
Resolução nº 2.183/2018 do CFM, que dispõe sobre as normas específicas de
atendimento a trabalhadores.

A recente resolução abarca dois pontos fundamentais:

1. a necessidade do Perito analisar o histórico clínico e laboral do segurado, além de


seu local e organização de trabalho (incorporando a antiga Resolução nº
1.488/98), e

2. que o perito fundamente eventual discordância com parecer emitido por outro
médico, incorporando o Parecer nº 10/2012 do CFM.

Igualmente, também deve ser observado o Manual de Perícias do INSS (2018), que
prevê em seu Anexo I diversos pareceres que se aplicam às perícias previdenciárias,
dentre os quais o Parecer CFM nº 05/2008, que estabelece que quando houver
discordância do médico perito com o médico assistente, aquele deve fundamentar
consistentemente sua decisão.

Ainda, o item 2.4 do Manual ordena que “O Perito necessita investigar


cuidadosamente o tipo de atividade, as condições em que é exercida, se em pé, se
sentado, por quanto tempo, com qual grau de esforço físico e mental, atenção
continuada, a mímica profissional (movimentos e gestos para realizar a atividade,
etc.)”, além das condições em que esse trabalho é exercido.

Portanto, REQUER a Parte Autora que, quando da realização da prova pericial, sejam
observadas as referidas disposições legais, uma vez que se tratam de normas
cogentes e – portanto – vinculam a atividade do médico, sob pena de nulidade do
laudo pericial.

DOS PEDIDOS
Ex positis, requer-se:

1. A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, pois a parte Autora não tem


condições de arcar com as custas processuais sem o prejuízo de seu sustento e de
sua família;

2. O recebimento e o deferimento da presente petição inicial;


3. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo, contestar;

4. A produção de todos os meios de prova, principalmente pericial, documental e


testemunhal. Com relação à prova pericial, REQUER seja observada a Resolução nº
2.183/2018 do CFM e o Parecer nº 10/2012 CFM do Conselho Federal de Medicina e
que ela seja realizada em consultório do médico perito;

5. O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:

1. Converter o benefício de auxílio por incapacidade temporária em aposentadoria por


incapacidade permanente a partir da data da efetiva constatação da total e
permanente incapacidade;

2. Pagar as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas desde o


respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes até a data
do efetivo pagamento.

3. Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários advocatícios, eis que


cabíveis em segundo grau de jurisdição, com fulcro no art. 55 da lei 9.099/95 c/c art. 1º
da Lei 10.259/01.

Provará o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 9.251,75 (nove mil duzentos e cinquenta e um reais e


setenta e cinco centavos).

Termos em que pede deferimento.

JUIZ DE FORA, 22.02.2021.

ARTHUR SILVA MENDONÇA, OAB MG 158915.

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