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Mascaro aborda essencialmente o que é o direito, além de sua origem e sua clara relação com
o capitalismo. O autor inicia explicando por que compreender o direito é uma tarefa complexa,
destacando que os juristas muitas vezes tentam interpretar o direito moderno com uma
perspectiva contemporânea, criando definições idealistas e vagas que são então adaptadas à
realidade atual, muito ocorre também dos mesmos tratarem o direito como normas isoladas,
sendo necessário uma visão do todo. No entanto, para compreendê-lo verdadeiramente, é
necessário olhar para o passado e analisar sua origem. Ao investigar sua gênese, é possível
adotar uma abordagem mais concreta, permitindo definições objetivas. Por isso, o estudo da
história desempenha um papel fundamental nesse processo de compreensão.
Mascaro argumenta que o direito pode ser dividido em dois ramos: direito quantitativo
e direito qualitativo. O direito quantitativo refere-se a tudo que é influenciado pelo direito e,
por sua vez, também influencia o direito. São questões que não são exclusivamente legais, mas
são afetadas por elas. No entanto, o direito qualitativo, de maior importância, trata das questões
específicas do direito, como a estrutura capitalista.
A estrutura capitalista é considerada específica do direito, pois é dela que surge o direito
qualitativo. O autor explica que o direito, entendido como uma relação de poder, anteriormente
era exercido mediante a força, o que ele chama de dominação direta. No entanto, com o
advento do capitalismo na era moderna, o poder passou a ser exercido de forma indireta, por
meio de contratos e negociações, ou seja, por meio do direito. Mascaro destaca a relação
intrínseca entre o direito e a totalidade social, especialmente a estrutura capitalista. Para ele, o
direito é a ferramenta do capitalismo que fortalece o Estado, mantenedor desse sistema, e é por
meio desse poder que somos compelidos a explorar ou sermos explorados, resultando na
transformação de todas as coisas e todos os seres humanos em mercadorias pelo capitalismo.
Assim, para Alysson Mascaro, a única forma de alcançar uma sociedade justa e livre de
exploração e divisões de classes, que não desumanize as questões sociais, é superando o
capitalismo por meio da construção de uma nova sociedade socialista, onde o direito se tornaria
uma verdadeira forma de arte, julgando as situações com base na justiça.
Já no segundo capítulo, o autor discute a evolução do fenômeno jurídico ao longo da
história, destacando a mudança nas concepções e práticas jurídicas de sociedades pré-
capitalistas para sociedades capitalistas. Ele ressalta que o que é considerado "direito" varia de
acordo com as estruturas sociais e históricas, não sendo um conceito fixo e universal.
Essa mudança reflete uma transformação nas formas de relação social: enquanto o
direito pré-capitalista tratava diretamente das coisas e das situações, o direito capitalista lida
com essas questões por meio de institutos jurídicos e normas estatais. A universalidade do
fenômeno jurídico no capitalismo não está na cobertura de todos os temas, mas sim nas formas
e técnicas consideradas universais na sociabilidade jurídica capitalista.