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esses conceitos jurídicos mais gerais e simples são resultado de uma elaboração
lógica das normas de direito positivo e representam um produto superior e mais recente
de uma criação consciente, quando comparados com as relações jurídicas que se
formam espontaneamente e as normas que as expressam. P. 67
Uma teoria geral do direito que não pretende explicar nada, que, de antemão, recusa a
realidade factual, ou seja, a vida social, e lida com as normas, não se interessando nem
por sua origem (uma questão metajurídica!) nem pela ligação que estabelecem com
certos materiais de interesse, só pode, evidentemente, pretender o título de teoria no
mesmo sentido usado, por exemplo, para se referir à teoria do jogo de xadrez. Tal teoria
não tem nada a ver com ciência. Ela não se ocupa de examinar o direito, a forma
jurídica como uma forma histórica, pois, em geral, nãotem a intenção de pesquisar o
que está acontecendo. Por isso, podemos dizer,usando uma expressão vulgar, que
“desse mato não sai coelho”. P. 71
Do mesmo modo que a riqueza da sociedade capitalista assume a forma de uma enorme
coleção de mercadorias, também a sociedade se apresenta como uma cadeia ininterrupta
de relações jurídicas. P. 97
O método jurídico formal que concerne somente às normas, somente àquilo “que está de
acordo com o direito”, pode preservar sua autonomia apenas dentro delimites bastante
estreitos, e precisamente apenas enquanto a tensão entre o fato e a norma não
ultrapassar um grau máximo determinado. Na realidade material, a relação prevalece
sobre a norma. Se nenhum devedor pagasse suas dívidas, a regra correspondente
deveria, então, ser considerada realmente inexistente, e se quiséssemos, a qualquer
custo, sustentar sua existência, deveríamos, de uma maneira ou de outra, fetichizar essa
norma. Fetichizações assim são abundantes nas diversas teorias do direito e se baseiam
em reflexões metodológicas extremamente sutis. P. 98
O capital financeiro valoriza muito mais o poder forte e a disciplina do que “os direitos
eternos e inalienáveis da pessoa humana e do cidadão”. O proprietário capitalista, que se
transforma em um entesourador de dividendos e de lucros da Bolsa, não pode tratar sem
certa dose de cinismo “o sagrado direito à propriedade”. P. 110