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Acórdãos TRC Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra

Processo: 2057/08.7TBACB-F.C1
Nº Convencional: JTRC
Relator: JACINTO MECA
Descritores: FUNDO DE GARANTIA SALARIAL
INSOLVÊNCIA DA ENTIDADE EMPREGADORA
SUB-ROGAÇÃO
Data do Acordão: 30-11-2010
Votação: UNANIMIDADE
Tribunal Recurso: ALCOBAÇA – 2º JUÍZO
Texto Integral: S
Meio Processual: APELAÇÃO
Decisão: REVOGADA
Legislação Nacional: DL Nº 219/99, DE 15/06 (REVOGADO PELA LEI Nº 35/2004, DE 29/07); ARTºS 322º E 380º
DO RGT (REGULAMENTO DO CÓDIGO DO TRABALHO), APROVADO PELA LEI Nº
35/2004, DE 29/07.
Sumário: I – O Fundo de Garantia Salarial (FGS), criado pelo DL nº 219/99,
de 15/06 – que foi revogado pela Lei nº 35/2004, de 29/07 -,
assegura o pagamento de créditos emergentes de contrato de
trabalho em casos de incumprimento por parte das entidades
empregadoras, especificando também como abrangidas as
situações de insolvência.
II - O requerimento instruído por parte do credor/trabalhador e
dirigido ao FGS (Fundo de Garantia Salarial) para lhe serem pagos
os créditos salariais em débito pela insolvente, representa uma
clara manifestação de vontade de pretender ser pago através do
mecanismo legal previsto nos artºs 316º e segs. da Lei nº 35/2004, de
29/07 (aprovou o Regulamento do Código do Trabalho).
III – Paga a quantia devida ao trabalhador, o FGS fica sub-rogado
nos direitos de crédito que àquele cabiam – artº 322º, nº 1, do RCT.
IV – Sendo a sentença de graduação e verificação de créditos de
22/09/2008 e tendo o pagamento do crédito por parte do FGS ao
trabalhador ocorrido em Março de 2010, não é através do incidente
de habilitação de adquirente, nos termos do artº 376º, nº 1, do CPC,
que o FGS pode substituir o trabalhador/credor na dita graduação,
por falta de verificação de pressuposto essencial que se prende com
a inexistência de litígio sobre a quantia paga pelo FGS.
V – Havendo já uma sentença de verificação e graduação já
transitada em julgado, no processo de insolvência, não há qualquer
modificação subjectiva na lide, na medida em que nessa sentença o
credor continua a ser o trabalhador/credor da insolvente.

VI – Pago o débito que a insolvente tinha para com o seu


trabalhador, fica, por via desse pagamento, o FGS sub-rogado nos
poderes que ao trabalhador competiam – artº 593º do CC – e é
nessa qualidade que se dirige ao tribunal onde corre o processo de
insolvência, o que pode fazer mediante requerimento autónomo
devidamente instruído.
Decisão Texto Integral: Acordam os Juízes que constituem o Tribunal das Relação de Coimbra.
1. Relatório
Por sentença datada de 22 de Setembro de 2008 foi declarada a
insolvência de A....Unipessoal, Lda. nos autos de insolvência que
correram termos sob o nº 2057/08.7TBACB de que os presentes são o
apenso “F”.
            Junta a lista de credores foram os créditos verificados e
graduados por sentença de folhas 12 a 17, na sequência da qual o
Fundo de Garantia Salarial atravessou nos autos o requerimento de
folhas 18 a 20, no qual invocando o preceituado nos artigos 316º,
322º e 324º do Regulamento do Código do Trabalho peticionou que
fosse declarado subrogado nos direitos e privilégios do trabalhador na
medida dos pagamentos efectuados, acrescidos de juros de mora que
se venham a vencer e em consequência, graduando estes créditos
subrogados no lugar que lhes competir ou caso se tenha operado a
graduação e verificação dos mesmos, se determine que sejam tomados
em consideração em todas as operações de satisfação de créditos a que
haja lugar, designadamente, no rateio e pagamento.
Conclusos os autos veio a ser proferida decisão que declarou nulo o
requerimento apresentado pelo Fundo de Garantia Salarial escudando
o seu entendimento na seguinte argumentação:
            No caso sub judice o Fundo de Garantia Salarial enquanto
subrogado (por força da lei artigo 322º do Regulamento do Código do
Trabalho) terá que habilitar-se como substituto legal para intervir nos
autos, através do incidente de habilitação e tendo utilizado um
requerimento onde pede apenas que seja declarado subrogado nos
direitos e privilégios da trabalhadora, ocorreu um erro na forma do
processo.
Dispõe o artigo 199º do Código de Processo Civil que o erro na
forma de processo importa unicamente a anulação dos actos que não
possam ser aproveitados, devendo praticar-se os que forem
estritamente necessários para que o processo se aproxime, quanto
possível, da forma estabelecida. Conclui-se pois que o erro na forma
do processo implica em princípio somente a anulação dos actos que
não possam ser praticados. Acontece que, no caso sub judice o erro na
forma do processo implica que todo o processado seja anulado uma
vez que o requerimento apresentado pelo Fundo de Garantia Salarial
não se pode aproveitar como petição inicial no incidente de
habilitação, pois o incidente de habilitação deve ser instaurado contra
a parte contrária nos autos – artigo 376º, nº 1 do CPC – o que não
sucedeu. Estipula o artigo 202º do Código de Processo Civil, quanto à
nulidade mencionada no artigo 199º, que o tribunal dela pode
conhecer oficiosamente.

*
            Notificado da decisão, o FGS interpôs recurso que instruiu com
as suas doutas alegações que rematou formulando as seguintes
conclusões:
[…...........]
*
            Não houve contra-alegações.
*
            Por despacho de folhas 48, o recurso foi admitido como
apelação, com subida imediata e em separado e com efeito meramente
devolutivo.
*
2. Delimitação do objecto do recurso
            As questões a decidir na apelação e em função das quais se fixa
o objecto do recurso sem prejuízo daquelas cujo conhecimento
oficioso se imponha, nos termos das disposições conjugadas do nº 2 do
artigo 660º e artigos 661º, 664º, 684º, nº 3 e 685ºA, todos do Código
de Processo Civil, são as seguintes:
            2.1 – Caracterização e finalidades do Fundo de Garantia
Salarial; pagamento de créditos laborais nos termos do artigo 323º do
RCT.
            2.2 – Sub-rogação do FGS nos créditos pagos a trabalhadores
cuja empresa foi declarada insolvente.
            2.3 – Intervenção do FGS em processo de insolvência:
incidente de habilitação; incidente atípico.

            3. Colhidos os vistos, aprecia-se e decide-se


            Para um melhor entendimento do que se discute neste recurso,
entendemos fixar alguns factos que delimitando a questão lhe
conferem uma maior percepção e consequente entendimento.
1. Em 22 de Setembro de 2008 foi declarada a insolvência de A...
Unipessoal, Lda.
2. Junta aos autos a lista definitiva de credores – artigo 129º do CIRE –
encontra-se reconhecido, por referência ao trabalhador B..., a quantia
de € 6.375,58.
3. O crédito referido em 2, foi por sentença datada de 8 de Maio de
2009, foi graduado em 1º lugar quanto aos bens móveis apreendidos.
4.   N a sequência de requerimento a que alude o artigo 323º do RCT e
instruído nos termos do artigo 324º do mesmo Regulamento, o FGS
efectuou o pagamento da quantia de € 4.519,72 a B..., a título de
férias não gozadas, remunerações, subsídios de alimentação, férias e
Natal.
5. A quantia referida em 4 foi processada em 18 de Março de 2010.
6. O requerimento dirigido ao Tribunal deu entrada em 3 de Agosto
de 2010 e foi instruído com certidão emitida pelo FGS comprovativa
do pagamento e da pretendida sub-rogação do crédito pago.

            Através do DL nº 219/99, de 15.6[1], o Governo


compatibilizou o direito português com o regime constante da
Directiva nº 80/987/CEE que visava a aproximação legislativa dos
Estados Membros em matéria de protecção dos trabalhadores em caso
de insolvência das entidades patronais. Na concretização de tal
desiderato foi criado/instituído o FGS que passou a assegurar o
pagamento de créditos emergentes de contrato de trabalho em casos
de incumprimento por parte das entidades empregadoras,
especificando também como abrangidas as situações de insolvência –
artigos 1º e 2º – para no seu artigo 6º, nº 1 especificar que fica sub-
rogado nos direitos e privilégios creditórios dos trabalhadores e na
medida dos pagamentos efectuados acrescidos de juros de mora que se
venham a vencer, para ele – FGS – revertendo os valores obtidos por
via da sub-rogação.
            A Lei nº 35/2004, de 29.7 que regulamentou a Lei nº
99/2003, de 28.8 que aprovou o Código do Trabalho cujo artigo 380º
declara: a garantia de pagamento dos créditos emergentes do contrato
de trabalho e da sua violação ou cessação, pertencentes aos
trabalhadores, que não possam ser pagos por motivos de insolvência
(…) é suportada pelo Fundo de Garantia Salarial que disciplina nos
artigos 316º a 326º da Lei nº 35/2004 as situações e créditos
abrangidas, a forma a usar quando se pretenda a intervenção do FGS,
para no seu artigo 322º declarar:
            O Fundo de Garantia Salarial fica sub-rogado nos direitos de
crédito e respectivas garantias, nomeadamente os privilégios
creditórios dos trabalhadores, na medida dos pagamentos efectuados
acrescidos de juros de mora vincendos.
            Ora, é justamente alcandorado nesta norma que o FGS vem
pela via da sub-rogação e na medida do pagamento que efectuou ao
trabalhador B... reclamar, no processo de insolvência, o pagamento da
quantia documentada/certificada de €4.519,72 que pagou, nos
termos da legislação que regula a intervenção do FGS, àquele
trabalhador.
            Sabemos que o Tribunal a quo raciocinando a partir da
substituição processual desencadeada pela sub-rogação, esta
substituição levaria a que o Fundo usasse o incidente de habilitação
para poder intervir no processo de insolvência e reclamar a quantia a
que, por lei, tem direito. Como não usou tal incidente, considerou
existir erro na forma do processo e declarou nulo o requerimento –
artigos, 367º, nº 1, 199º e 202º, todos do CPC.
            Será de acolher esta posição?
            Não se suscitam dúvidas em face da resenha de factos
evidenciada no item 3 que a intervenção do FGS se ficou a dever ao
facto do credor/trabalhador ter, na eminência de pouco ou nada
receber no âmbito do processo de insolvência, entendido lançar mão
do mecanismo legal de substituição vazado na Lei nº 35/2004 e
reclamado junto do FGS a quantia, ou parte dela, a que tinha direito
em virtude do não pagamento de salários e subsídios em dívida por
parte da sua entidade patronal entretanto declarada insolvente. Da
conjugação do disposto n o artigo 322º do Regulamento do Código do
Trabalho e do prescrito nos artigos 589º, 592º, nº 1 e 593º do CC, foi
à aqui apelante transmitida pelo trabalhador/credor a transmissão do
crédito ou parte dele que tinha sobre a devedora insolvente A....
Transmitido o crédito e pago ao trabalhador/credor por parte da FGS
o crédito que detinha sobre a insolvente, configura tal situação uma
transmissão legal do crédito de € 4.097,98 que faz com que o sub-
rogado FGS adquira os poderes que ao credor/trabalhador competiam
– artigo 593º do CC – ficando, assim, investido na posição jurídica até
aí pertencente ao credor/trabalhador pago.
            Questão que nos é colocada pela decisão recorrida prende-se
com a forma/meio processual que a lei coloca ao dispor do FGS, agora
investido na posição do credor originário, para reclamar o respectivo
pagamento. Defende o Tribunal a quo que a via seria através do
incidente de habilitação que não foi respeitado e daí ter declarado
nulo o requerimento por erro na forma de processo 199º, nº 1 e 202º,
ambos do CPC.
            Vejamos se com razão.
            Determina o artigo 376º do Código de Processo Civil
            1. A habilitação do adquirente ou cessionário da coisa ou
direito em litígio, para com ele seguir a causa, far-se-á nos termos
seguintes:
            a) Lavrado no processo o termo de cessão ou junto ao
requerimento de habilitação, o que será autuado por apenso, o título
de aquisição ou da cessão, é notificada a parte contrária para
contestar: na contestação pode o notificado impugnar a validade do
acto ou alegar que a transmissão foi feita para tornar mais difícil a sua
posição no processo.
            b) Se houver contestação, o requerente pode responder-lhe e
em seguida, produzidas as provas necessárias, se decidirá; na falta de
contestação verificar-se-á se o documento prova a aquisição ou a
cessão e, no caso afirmativo, declarar-se-á habilitado o adquirente ou
cessionário.
            2. A habilitação pode ser promovida pelo transmitente ou
cedente, pelo adquirente ou cessionário, ou pela parte contrária; neste
caso, aplica-se o disposto no número 1, com as adaptações
necessárias.
            Como se constata desta norma, o incidente de habilitação
configura uma modificação subjectiva da lide – artigo 270º do CPC –
verificando-se, deste modo, mais uma excepção ao princípio da
estabilidade da instância a que alude o artigo 268º do CPC.
            A primeira realidade que importa evidenciar prende-se com
um dos pressupostos que regula este incidente – coisa ou direito em
litígio – o que claramente não sucede no caso em apreço por duas
ordens de razão: a primeira a que já aludimos prende-se com o facto
de ter sido o credor/trabalhador a reclamar junto do instituto com
poderes para tal – FGS – o pagamento de determinada quantia que a
sua entidade patronal/insolvente lhe devia. Existe uma clara e
expressiva declaração de vontade consubstanciada em requerimento
instruído por parte do credor/trabalhador e dirigido ao FGS para lhe
serem pagos os créditos salariais em débito, o mesmo é dizer que o
credor/trabalhador se valeu dos mecanismos que a lei coloca ao seu
dispor, respeitados determinados pressupostos, para que o FGS lhe
pagasse os seus créditos. Esta manifestação de vontade por parte do
trabalhador/credor afasta, na relação trabalhador/FGS, a existência
de qualquer litígio sobre a quantia que lhe fora entregue na
pendência do processo de insolvência e daí que se não verifique o
pressuposto essencial da habilitação de adquirente; mas existe uma
segundo aspecto, este situado no âmbito do Código da Insolvência e da
Recuperação de Empresas que afasta qualquer litigiosidade quanto «à
coisa», na medida em que tratada da questão – reconhecimento/não
reconhecimento – no momento processual próprio – artigo 130º do
CIRE a inclusão ou exclusão dos créditos não pode deixar de ser
respeitada pelo Tribunal na medida em que, ultrapassado o prazo
indicado naquele artigo., fica precludida toda e qualquer possibilidade
de impugnar os créditos reconhecidos ou não reconhecidos,
limitando-se a sentença a homologar a lista de credores reconhecidos
e elaborada pelo administrador da insolvência, procedendo de seguida
à sua graduação – nº 4 do artigo 130º do CIRE.
            Significa isto que verificado e graduado na sentença o crédito
do trabalhador passa-se, normalmente, para o pagamento dos
credores – artigos 173º e seguintes do CIRE – o mesmo é dizer que
reconhecido o crédito é pago nos termos consignados na lei. Ora, a
sentença de graduação e verificação de créditos é de 22 de Setembro
de 2008, o pagamento do crédito por parte do FGS ao trabalhador foi
processado em 18 de Março de 2010, ou seja, num momento em que
o crédito estava mais do que estabilizado no âmbito do processo de
insolvência.
            Perguntar-se-á que mecanismo coloca a lei ao dispor do FGS
para exercer o direito de sub-rogação consagrado no artigo 322º do
Regulamento do Código do Trabalho?
            Em nossa modesta opinião, não é seguramente através do
recurso ao incidente de habilitação de adquirente nos termos vazados
no artigo 376º, nº 1 do CPC por falta de verificação de pressuposto
essencial e que se prende com a falta de litígio sobre a quantia paga
pelo FGS.
Mas como se processará esta modificação subjectiva na lide?
Salvo o devido respeito, pensamos que a situação, considerando a fase
processual da insolvência, não há qualquer modificação subjectiva na
lide na medida em que na sentença de verificação e graduação de
créditos, o credor continua a ser o trabalhador da insolvente. O que o
Fundo de Garantia Salarial vem dizer, escudado em requerimento
instruído com a respectiva certidão de pagamento da dívida ao
trabalhador, é que pago o débito que a insolvente tinha para com o
seu trabalhador, fica/ficou por via desse pagamento sub-rogado nos
poderes que ao trabalhador competiam – artigo 593º do CC – e é
nessa qualidade que, dirigindo-se ao tribunal onde corre o processo
de insolvência, requer que fosse declarado subrogado – FGS – nos
direitos e privilégios do trabalhador na medida dos pagamentos
efectuados, acrescidos de juros de mora que se venham a vencer e em
consequência, graduando estes créditos subrogados no lugar que lhes
competir ou caso se tenha operado a graduação e verificação dos
mesmos, se determine que sejam tomados em consideração em todas
as operação de satisfação de créditos a que haja lugar,
designadamente, no rateio e pagamento.
Prosaicamente, o que o FGS vem dizer é o seguinte: quando se entrar
na fase de pagamento ao trabalhador B... eu encontro-me sub-rogado
– artigo 322º do RCT – por via de lhe ter pago a quantia de €
4.519,72. Considerando que estamos no âmbito de um processo de
insolvência em que o crédito foi relacionado, verificado e graduado,
pensamos não fazer sentido a notificação do devedor/insolvente nos
termos do artigo 585º do CC porque há muito que decorreu o
processo de impugnação, encontrando-se o crédito estabilizado e a
intervenção do FGS só ocorre, a pedido do credor, em momento
temporal, seguramente, bastante posterior à data do trânsito em
julgado da sentença de verificação e graduação de créditos.

*
            Concluindo:
1. O requerimento instruído por parte do credor/trabalhador e
dirigido ao FGS para lhe serem pagos os créditos salariais em débito
pela insolvente, representa uma clara manifestação de vontade de
pretender ser pago através do mecanismo legal previsto nos artigos
316º e seguintes da Lei nº 35/2004, de 29 de Julho.
2. Paga a quantia devida ao trabalhador, o FGS fica sub-rogado nos
direitos de crédito que àquele cabiam – 322º, nº 1 do RCT.
3. A sentença de graduação e verificação de créditos é de 22 de
Setembro de 2008, o pagamento do crédito por parte do FGS ao
trabalhador foi processado em 18 de Março de 2010, ou seja, num
momento em que o crédito estava mais do que estabilizado no âmbito
do processo de insolvência.
4. Não é seguramente através do recurso ao incidente de habilitação
de adquirente nos termos vazados no artigo 376º, nº 1 do CPC, que o
FGS pode vir substituir-se ao trabalhador/credor por falta de
verificação de pressuposto essencial e que se prende com a
inexistência de litígio sobre a quantia paga pelo FGS.

5. Considerando a fase processual da insolvência[2], não há qualquer


modificação subjectiva na lide na medida em que na sentença de
verificação e graduação de créditos, o credor continua a ser o
trabalhador da insolvente.
6. Pago o débito que a insolvente tinha para com o seu trabalhador,
fica por via desse pagamento o FGS sub-rogado nos poderes que ao
trabalhador competiam – artigo 593º do CC – e é nessa qualidade que
se dirige ao tribunal onde corre o processo de insolvência, o que pode
fazer mediante requerimento autónomo devidamente instruído.

*
            Decisão
            Nos termos e com os fundamentos expostos, acorda-se em
conceder provimento ao recurso e consequentemente revoga-se a
decisão recorrida que é substituída por outra que declare que o FGS se
encontra sub-rogado nos direitos e privilégios creditórios do
trabalhador pelo valor de € 4.519,72, acrescido de juros de mora que
se venham a vencer, valor este a ser tomado em consideração em
todas as operações, designadamente, no rateio e pagamento.

*
            Sem custas.
*
            Notifique.
*
Jacinto Meca (Relator)
Falcão de Magalhães
Gregório Silva Jesus

[1] Alterado pelo DL n º 139/2001 e revogado pela Lei nº 35/2004 de


29.7
[2] Sentença de verificação e graduação já transitada em julgado.

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