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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO


FORO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
2ª VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES
Rua Gaivotas, nº 359 – CEP: 09126-000, Fone: (11) 4342-1249
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SETOR TÉCNICO – AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA - LAUDO

Processo Digital nº: 0324947-17.2022.5.19.0001


Classe - Assunto Procedimento Comum Cível - Destituição de Paternidade Biológica /
Reconhecimento de Paternidade Socioafetiva
Requerente: Maristela Pereira dos Santos e outro
Requerido: Antônio Joaquim Santos

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

I IDENTIFICAÇÃO

Juliana Siqueira, Psicóloga Judiciária, CRP 18/28622, Especialista em Psicologia Clínica, em


cumprimento à determinação de V.Exa., vem apresentar relatório de Avaliação Psicológica,
exclusivamente referente à demanda da presente ação, visando subsidiar decisão judicial, tendo a
Psicanálise como referencial teórico.

II DEMANDA

Avaliar se o vínculo entre as partes corresponde à paternidade socioafetiva.

III PROCEDIMENTOS

Entrevistas individuais com a requerente e requerido, realizadas no dia 27/05/2022.

IV ANÁLISE

I Entrevista com a requerente:

Maristela Pereira dos Santos, 30 anos, natural de São Paulo/SP, noiva, Engenheira de Automação,
trabalha há 05 anos na empresa Atala Engenharia e Manutenção Predial. A requerente reside em
casa própria, com a mãe, padrasto e o noivo, no endereço constante nos autos.

Questionada a respeito sobre como teria sido sua infância, a requerente verbaliza que sua mãe
juntamente com Felipe, tiveram participação na sua infância, sendo essa de extrema importância em
sua vida. Demonstra que quando criança o relacionamento em família se perpetuava no amor,
alegria e paz, em convívio com os avós inclusive. Relata que não tem lembranças de Joaquim com
ela nesta fase.
Narra que Felipe sempre foi ativo na sua educação, auxiliava nos custos da família, todavia jamais
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tirando a hierarquia existente de sua mãe.


Questionada, sobre ter tido vontades de ver seu pai durante a infância e juventude, admite que após
atingir a maioridade teve vontade de procurar seu pai biológico, e que sua mãe em nenhum
momento a proibiu ou dificultou em buscar informações referente a seu pai mesmo este sendo
ausente, contudo já tinha em Felipe a imagem e acolhimento paterno, desta forma considerava o
vínculo com Joaquim desnecessário, pois apenas existia o vínculo consanguíneo.
Verbaliza que, talvez por orgulho deixou de procurar seu pai biológico, por entender que ele é quem
deveria ter procurado por ela, uma vez que, quem a abandonou, foi ele.
Relata que teve uma ajuda financeira simbólica de seu pai biológico até os 16 anos.
A requerente se mostra tranquila e verbaliza que não faz questão da permanência do nome de seu
pai biológico em seu registro, porém anseia por inserir o nome de seu padrasto Felipe.
A requerente diz que não sabe a real situação de seu pai biológico, pois este recentemente a
contatou através de redes sociais, não a procurando pessoalmente.
Questionada sobre qual sentimento tem pelo seu pai biológico, afirma que não o ama, que não tem
lembranças, mas que o considera, apenas por ser seu pai biológico.
A requerente esclarece que devido a convivência no seu âmbito familiar e juntamente com sua mãe,
optou por ter como sobrenome o de Felipe, pois este sempre esteve presente em sua vida e sendo
essa mais uma forma de demonstrar a relação afetiva entre a família, sendo de forma totalmente
clara, considera Felipe como seu pai.

II Entrevista com o requerido:

Antônio Joaquim Santos, 67 anos, natural de São Caetano do Sul/SP, divorciado, Coletor de Lixo -
Aposentado há 3 anos. O requerido reside só, em casa própria, no endereço constante nos autos.

Questionado a respeito das razões que levaram ao divórcio com Luana, o requerido verbaliza que
após o nascimento de Maristela as brigas e discussões tornaram-se frequentes entre o casal, tendo
como consequência o divórcio, que a este atribui a questões relacionados a seu emprego, condições
financeiras, contudo afirma que tiveram uma separação amigável.
Questionado sobre uma possível alienação parental, afirma que sempre tentou se aproximar de sua
filha, porém a genitora fazia de todas as formas que tal feito não acontecesse.
Relata que sempre auxiliou a filha com uma pequena ajuda de custo mensal, pois não se beneficiava
de altos valores mensais, devido sua profissão.
Reconhece que Felipe participou ativamente da vida de Maristela, não contestando qualquer vínculo
afetivo que germinou entre ambos, contudo não considera que tenha abandonado sua filha
voluntariamente, trazendo consigo que a genitora sempre impossibilitou tal aproximação.
Cita que, após a separação, sentiu-se chateado por não poder conviver com a filha, e que hoje a
admira.
Questionado se teria outros filhos e qual sua relação com eles, afirma que sim, tem um filho, hoje
com 32 anos e que possuem boa convivência.
O requerido esclarece que, somente agora procurou por Maristela, com ajuda de amigos, através das
redes sociais para pedir-lhe auxílio financeiro, por estar debilitado, com problemas de saúde,
havendo gastos com medicamentos, o que sua renda humildade não suporta.
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V CONCLUSÃO

Conforme avaliado, S.M.J., sob o aspecto psicológico, consideramos que não existe vínculo filial de
Maristela em relação ao requerido, e este também não demonstra afeto pela filha biológica.
Consideramos sim, haver vínculo socioafetivo entre a requerente e o segundo requerente, Sr. Felipe.

À apreciação de V.Exa.

São Bernardo do Campo, 29 de maio de 2022.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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