Você está na página 1de 9

Centro Universitário Presidente Antônio Carlos

UNIPAC – Campus Barbacena


Recredenciado pela Portaria do Ministro da Educação nº1.532, de 14/12/2017,
publicado no D.O.U. de 15/12/2017, Seção 1, p.27.

AO JUÍZO DA VARA DE FAMÍLIA, SUCESSÕES E PRECATÓRIAS CRIMINAIS


DA COMARCA DE BARBACENA/MG

RAQUEL MARIA MOREIRA, brasileira, em união estável, do lar, nascida aos


01/03/1950, em Barbacena/MG, filha de Pedro Moreira e Josina Franquilina Moreira,
inscrita no CPF sob o n° 101.940.076-50 e RG MG- 15.150.355, expedido aos 19/02/2004
pela SSP/MG, residente e domiciliada na Rua Maria Saviote Bertolin (Rua Araceli), nº
4999, Distrito da Colônia Rodrigo Silva, Barbacena/MG, CEP 36201-150, não possui
endereço eletrônico, por intermédio de sua procuradora, Dra. Cristina Prezoti, inscrita na
OAB/MG , portadora de e-mail ...... e telefone ......., onde recebe intimações, (procuração
anexa), vem perante V. Exª., observando o procedimento comum, propor:

AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃOESTÁVEL C/C


ALIMENTOS E PARTILHA DE BENS

em face de EDSON DE LIMA, brasileiro, em união estável, servente de pedreiro,


nascido aos 19/06/1977, filho de João Batista de Lima e Maria da Glória de Lima, inscrito
no CPF sob o n° 055.904.106-30 e RG MG-15.221.268, SSP/MG, residente e domiciliado
na Rua Maria Saviote Bertolin (Rua Araceli), nº 4999, Distrito da Colônia Rodrigo Silva,
Barbacena/MG, CEP 36201-150, demais dados desconhecidos, pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas:
Centro Universitário Presidente Antônio Carlos
UNIPAC – Campus Barbacena
Recredenciado pela Portaria do Ministro da Educação nº1.532, de 14/12/2017,
publicado no D.O.U. de 15/12/2017, Seção 1, p.27.

I - DOS FATOS

A requerente manteve com o requerido um relacionamento por um período de mais


de 24 (vinte e quatro) anos, sob o ângulo jurídico de união estável, de forma exclusiva,
pública, e continuada, com o objetivo de constituir família.

Durante a convivência marital sob a condição de união estável, os conviventes


conceberam 05 filhos (conforme documentos anexos). Nomes dos filhos e idades
Na constância da união construíram um imóvel localizado no endereço Rua Maria
Saviote Bertolin (Rua Araceli), nº 4999, Distrito da Colônia Rodrigo Silva, nesta cidade e
Comarca, com o esforço de ambos.
Ocorre que desde janeiro do corrente ano (há cerca de 5 meses) estão separados de
fato, tendo permanecido a autora na referida em companhia ?????????
Importa ressaltar que os conviventes sempre se comportaram como se casados
fossem, pois frequentaram durante anos, ambientes e locais públicos. demonstrando
estabilidade no relacionamento de forma afetiva e mútua, que notadamente era visível ao
público, seus vizinhos, amigos e seus parentes.
A requerente quando passou a conviver maritalmente com o requerido sempre foi
uma companheira dedicada ao trabalho em conjunto com seu companheiro. Sempre foi
cuidadosa, zelosa, amorosa e ainda cuidava dos afazeres do lar, além, é claro, de ser apoio
constante para seu companheiro nos momentos de alegria e de tristeza.
Desta forma, insta reafirmar que o casal mantinha um relacionamento estável,
público, contínuo e duradouro, conforme preceitua o artigo 1° da Lei 9.278/96, o qual teve
por duração por de mais de 24 (vinte e quatro) anos, com objetivo de constituição de
família, e portanto devendo este ser reconhecido como união estável pela convivência
havida entre a requerente e o requerido, sendo que há por reconhecer nos termos dos Artigo
226 paragrafo 3 da Constituição Federal e Artigo 1723 do Código Civil.
Centro Universitário Presidente Antônio Carlos
UNIPAC – Campus Barbacena
Recredenciado pela Portaria do Ministro da Educação nº1.532, de 14/12/2017,
publicado no D.O.U. de 15/12/2017, Seção 1, p.27.

Frisa-se que a residência em questão atualmente encontra-se sem fornecimento de


energia elétrica e água dada a ausência de pagamento, cujos débitos somados até a presente
data totalizam o valor de R$..........

I. I – DOS ALIMENTOS

Com o passar do tempo, os conviventes por questões de divergências pessoais,


inclusive, envolvendo família, trabalho e o constante consumo de drogas por parte do
requerido, passaram a sofrer atritos entre si, começando assim um desentendimento
frequente de forma que veio a prejudicar a relação do casal, afetando os sentimentos de
cada um, enfraquecendo a vida em comum do casal.

As frequentes desavenças culminaram com a ruptura do relacionamento para


continuidade da vida em comum, com saída do requerido da residência, importa ressaltar
que as partes conviventes já se encontram separados de fato desde janeiro do presente ano.

Ocorre Excelência, que desde então o requerido deixou seu filho de um ano de dez
meses e sua companheira sem assistência financeira. A requente possui quadro clínico de
depressão, como atesta os documentos juntados em anexo, estando desempregada, não
tendo nenhuma condição de arcar com as despesas da casa integralmente.

A casa em que reside teve a energia elétrica cortada, uma vez que o requerido não
vem pagando as contas, nem permite que vizinhos lhe prestem qualquer ajuda. Ainda, a
casa sofreu um incêndio recentemente, estando mãe e filho em situação periclitante.

Importante frisar que a requerente nunca se lançou ao mercado de trabalho pois


durante os 24 (vinte e quatro) anos em que conviveu com o requerente sempre se dedicou
Centro Universitário Presidente Antônio Carlos
UNIPAC – Campus Barbacena
Recredenciado pela Portaria do Ministro da Educação nº1.532, de 14/12/2017,
publicado no D.O.U. de 15/12/2017, Seção 1, p.27.

aos cuidados com a casa e os filhos do casal, se preocupando com os afazeres domésticos e
com a educação dos filhos.

O requerido, por sua vez é servente de pedreiro, percebendo uma boa renda
mensalmente, ainda assim, mesmo tendo um rendimento fixo mensal, o mesmo até a
presente data não oferece um único centavo à requerente, pelo contrário, ainda a deixa sem
água e luz!

Ínclito julgador, é inadmissível que essa situação de penúria perdure. Se faz


necessária uma intervenção imediata do judiciário a fim de estabelecer um valor digno em
favor da requerente, que lhe permita viver com dignidade, assim como determina a Carta
Magna brasileira em seu art. 1º. III CF/88.

Sabe-se que a obrigação alimentar advém do caráter de solidariedade ínsito ao


direito de família, mas também do trinômio NECESSIDADE + POSSIBILIDADE +
PROPORCIONALIDADE. Não há nenhuma objeção quanto ao fato da possibilidade de
prestar alimentos por parte do requerido.

Desta forma, tendo em vista a inegável a situação de carência pela qual vive a
requerente, que vive da comiseração de seus parentes que a ajudam a ter uma vida
minimamente decente, torna-se salutar a fixação de pensão alimentícia em favor da mesma
no importe de 40% (quarenta por cento) do salário-mínimo vigente.

II - DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL

A União Estável encontra-se resguardada no ordenamento jurídico brasileiro na Lei


n° 9278/96 e no artigo 1723 e seguintes do Código Civil vigente. O artigo 1723 dispõe:

Art. 1.723. “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre


homem e mulher, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento,
Centro Universitário Presidente Antônio Carlos
UNIPAC – Campus Barbacena
Recredenciado pela Portaria do Ministro da Educação nº1.532, de 14/12/2017,
publicado no D.O.U. de 15/12/2017, Seção 1, p.27.

configurada pela convivência pública, contínua e duradoura estabelecida


com o objetivo de constituição de família”.

Requerente e requerido viveram juntos como marido e mulher durante 25 (vinte e


cinco) anos.

Dessa relação, o casal teve 05 (cinco) filhos, sendo a mais velha com 25 anos e o
mais novo com 01 ano e 10 meses.

Além disso, os companheiros tiveram uma relação duradoura, pública e com


finalidade de constituir família, requisitos exigidos pelo Código Civil e por isso deve ser
reconhecida por esse D. juízo.

III – DOS ALIMENTOS

Quando se trata de alimentos, deve ser observado o binômio possibilidade x


possibilidade, e no caso percebe-se que a requerente possui uma situação financeira muito
inferior à do requerido. Necessitando de sustento, habitação roupas e principalmente
alimentos e remédios.

Neste sentido preleciona o artigo 1694 do Código civil afirma que os cônjuges
possuem o direito de pedir alimentos reciprocamente, quando for necessário para atender e
manter a mesma condição.

Conforme o princípio da igualdade de direitos entre homens e mulheres, quando um


dos cônjuges não puder se sustentar ou quando um deles sofrer prejuízo será cabível
alimentos.

Desta forma preleciona o artigo 1.695 do Código Civil.

Artigo 1695: São devidos os alimentos quando quem os


pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu
Centro Universitário Presidente Antônio Carlos
UNIPAC – Campus Barbacena
Recredenciado pela Portaria do Ministro da Educação nº1.532, de 14/12/2017,
publicado no D.O.U. de 15/12/2017, Seção 1, p.27.

trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam,


pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.

O pagamento da pensão neste caso visa conceder um pouco de dignidade a


requerente, que além de ter um bebê de 01 ano de 10 meses de vida, possui quadro clínico
de depressão, não tendo condições de trabalhar e promover por si só o seu sustento.

Neste sentido entendeu o Tribunal de Justiça de Minas Gerais;

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - ALIMENTOS


PROVISÓRIOS - EX-CÔNJUGE - FUNDAMENTO -
SOLIDARIEDADE HUMANA - ONUS DA PROVA DA
ALIMENTADA - DEMONSTRAÇÃO DA NECESSIDADE E
INCAPACIDADE DE AUTOSUBSISTÊNCIA.
- Os alimentos entre ex-cônjuges fundamentam-se no dever de
solidariedade familiar e de mútua assistência, objetivando garantir o
mínimo existencial quando demonstrada a efetiva necessidade e
dependência econômica - na forma prevista no art. 1.694 do Código Civil.
- Havendo elementos que indiquem a necessidade alimentar e a
incapacidade para suprir por esforço próprio o seu sustento, justifica-se a
concessão de alimentos ao ex-cônjuge/companheiro.  (TJMG -  Agravo de
Instrumento-Cv  1.0000.21.090821-6/001, Relator(a): Des.(a) Renato
Dresch , 4ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 02/12/2021, publicação da
súmula em 03/12/2021).

Diante o exposto requer desde já o deferimento do pedido de pensão alimentícia em favor


da requerente no valor de 40% do salário mínimo. Tendo em vista que a mesma não tem
condições de trabalhar e de sustentar.

IV – DA PARTILHA

Nos termos do art. 1725 do Código Civil, quando não houver disposição escrita em
contrato pelas partes, aplicar-se-á às relações patrimoniais o regime da comunhão parcial de
bens.
Centro Universitário Presidente Antônio Carlos
UNIPAC – Campus Barbacena
Recredenciado pela Portaria do Ministro da Educação nº1.532, de 14/12/2017,
publicado no D.O.U. de 15/12/2017, Seção 1, p.27.

Assim, uma vez verificada a existência da união estável, os bens adquiridos na


constância da relação deverão ser partilhados ao término do vínculo, conforme dispõe o art.
1658 do Código Civil.

No caso dos autos as partes adquiriram onerosamente durante a convivência, um


imóvel situado na Rua Maria Saviote Bertolin (Rua Araceli), nº 4999, Distrito da Colônia
Rodrigo Silva, nesta cidade de Barbacena/MG, além dos móveis e utensílios que
guarnecem a residência, sendo esta atualmente habitada exclusivamente pela requerida e
pelo filho menor do casal.

Desse modo, sobre esses bens, e outros a serem destacados eventualmente durante a
instrução processual, a requerente faz jus à meação, maiormente porquanto não houvera
entre os ora litigantes qualquer acerto contratual que dispunha sobre a divisão dos bens.

De igual modo, temos que no regime de comunhão parcial, as dívidas comuns são
partilháveis, conforme o disposto nos artigos 1.663, parágrafo 1º, e 1.664, ambos do
Código Civil, in verbis:

"Art. 1.663. A administração do patrimônio comum compete a qualquer


dos cônjuges.

§ 1º As dívidas contraídas no exercício da administração obrigam os bens


comuns e particulares do cônjuge que os administra, e os do outro na
razão do proveito que houver auferido.

(...)

Art. 1.664. Os bens da comunhão respondem pelas obrigações contraídas


pelo marido ou pela mulher para atender aos encargos da família, às
despesas de administração e às decorrentes de imposição legal".
Centro Universitário Presidente Antônio Carlos
UNIPAC – Campus Barbacena
Recredenciado pela Portaria do Ministro da Educação nº1.532, de 14/12/2017,
publicado no D.O.U. de 15/12/2017, Seção 1, p.27.

No caso dos autos, os débitos oriundos do fornecimento de luz e água foram


contraídos em prol da entidade familiar, de modo que devem ser igualmente partilhados,
por constituir obrigação de ambos os companheiros.

V – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto requer:

a) A concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, com base na Lei


1.060/50 e no art. 98 do NCPC, por ser a requerente pessoa juridicamente pobre
(declaração de hipossuficiência de renda, em anexo);

b) A especial designação de audiência conciliatória, nos termos do art. 334 do CPC;

c) A intimação do ilustre representante do Ministério Público, nos termos expressos da


lei;

d) A citação do Requerido no endereço especificado no preâmbulo desta


peça vestibular, para, querendo, contestar a presente ação, no prazo legal, sob pena
de serem presumidos como verdadeiros os fatos articulados na presente peça
processual;

e) A PROCEDÊNCIA dos pedidos formulados nesta oportunidade, em todos os seus


termos, com o reconhecimento da união estável havida entre as partes e sua
posterior dissolução a partir de janeiro de 2022;

f) A fixação de pensão alimentícia em favor da requerente no valor de 40% do salário


mínimo;
Centro Universitário Presidente Antônio Carlos
UNIPAC – Campus Barbacena
Recredenciado pela Portaria do Ministro da Educação nº1.532, de 14/12/2017,
publicado no D.O.U. de 15/12/2017, Seção 1, p.27.

g) A declaração judicial dos direitos da autora relativos aos bens havidos durante a
união e a sua partilha, bem como a partilha das dívidas existentes;

h) A condenação do réu ao pagamento das custas judiciais e honorários advocatícios


de sucumbência no importe de 20% sobre o valor da causa.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial prova testemunhal e documental.

Dá-se a causa o valor de R$....

Nestes termos, pede deferimento.

Barbacena/MG, 03 de junho de 2022.

ROL DE TESTEMUNHAS:

CRISTINA PREZOTI
OAB/MG 107.968

Você também pode gostar