Você está na página 1de 11

EXCELENSÍTIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE

FAMÍLIA DA COMARCA DE CRUZ DAS ALMAS/BA

KARINA ALMEIDA BARBOSA, brasileira, solteira,


autônoma, inscrita no CPF/MF sob nº 019.937.055-97 e RG nº
66600462, residente e domiciliada à Rua Raimundo Leite, Centro, Cruz
das Almas/BA CEP: 44380-000, por seus advogados e procuradores ao
final assinando, com escritório à Avenida Luiz Viana Filho, nº 6462,
Wall Street Empresarial, Sala 1502, Paralela, Salvador/BA, CEP:
41730-101, vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência
ajuizar AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO
ESTÁVEL C/C PENSÃO ALIMENTÍCIA em face de SAMUEL
CONCEIÇÃO NUNES, brasileiro, empresário, solteiro, inscrito no
CPF/MF sob o n°149.799.425-04, residente e domiciliado em
Avenida Luiz Viana Filho, S/N, Paralela (Le Parc),
Salvador/BA - CEP: 41.680-100, nos termos adiante expendidos:
DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE

Requer a concessão dos benefícios da gratuidade,


tendo em vista a impossibilidade da requerente arcar com as custas
processuais.

I – DA UNIÃO ESTÁVEL

A requerente e o requerido iniciaram uma relação de


convivência pública, estável, duradoura e com objetivo de constituição
de família no ano de 2010.

Na época em que as partes se conheceram, a


requerente contava com apenas 26 anos de idade.

A partir de então, as partes mantiveram um convívio


de união estável, como se casados fossem, com afetividade mútua,
demonstrando estabilidade no relacionamento e com propósito de uma
vida em comum. Amolda-se ao que registra a Legislação Substantiva
Civil. (CC, art. 1.723, caput).

Assim, a requerente sempre estava junto com o


requerido em ambientes públicos, seja nas escolas das quais ele é
proprietário, seja em passeios, restaurantes e consultas médicas.
Em razão do relacionamento junto a requerido, a
requerente ficou impossibilitada de se qualificar profissionalmente e se
inserir no mercado de trabalho, haja vista que ficava integralmente à
disposição do seu companheiro, que fazia questão de custear sozinho
as despesas da família.

Além do custeio das despesas, o requerido assumiu


o papel de pai da filha da requerente, que no início do relacionamento,
contava com apenas 04 anos de idade.

Neste passo, o requerido sempre supriu as


necessidades de índole financeira da família, que mantinha um padrão
alto de vida, sendo certo que o mesmo custeou cirurgias que a
requerente realizou no corpo, comprou carro e efetuava mensalmente
valores para serem gastos com a enteada e os seus de ordem
particular.

Nos anos de 2014/2016 as moraram juntos no


Ondina Apart Hotel, sendo certo que referido empreendimento é de
propriedade do requerido.

As partes terminaram o relacionamento em setembro


de 2021 por iniciativa do requerido, ou seja, há aproximadamente 11
meses o requerido deixou a requerente totalmente desemparada.

A requerente tentou entrar em um consenso com o


requerido, no sentido de formalizarem o reconhecimento e dissolução
da União Estável, porém, houve a negativa por parte do requerido.
Assim sendo, não restou outra alternativa a
requerente senão o ajuizamento da presente ação.

II- PARTILHA DE BENS

Conforme explanado acima, o casal-convivente, pois,


por todos esses anos foram reconhecidos pela sociedade como um
casal, com os mesmos sinais exteriores de um casamento.

No mais, em que pese a legislação não exigir


qualquer período mínimo de convivência, verifica-se que essa fora
estável, com duração prolongada por cerca de 12 anos de
relacionamento.

As partes adquiriram bens na constância da União


Estável, quais sejam:

1- CONDOMINIO LE PARC RESIDENTIAL RESORT -


Avenida Luiz Viana Filho, S/N, Paralela,
Salvador/BA - CEP: 41.680-100

2- COLÉGIO ACADÊMICO LTDA (FILIAL PITUBA) –


SITUADO NA: TV DOUTOR ARTUR NAPOLEAO
CARNEIRO REGO, 228, AMARALINA, SALVADOR - BA,
CEP: 41.900-295, COLÉGIO ACADÊMICO LTDA
Nesse compasso, seguindo as mesmas disposições
atinentes ao casamento, da união estável em relevo resulta que a
requerente faz jus à meação dos bens adquiridos na constância da
relação, presumidamente adquiridos por esforço em comum.

A propósito, reza o Código Civil que: “Art. 1.725 –


Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros,
aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime de
comunhão parcial de bens”.

Desse modo, sobre esses bens, e outros a serem


destacados eventualmente durante a instrução processual, a autora
faz jus à meação, maiormente porquanto não houvera entre os ora
litigantes quaisquer acerto contratual que dispunha sobre a divisão dos
bens.

III - DA PENSÃO

Conforme dito, em razão do relacionamento com o


requerido, a requerente ficou impossibilitada de se inserir no mercado
de trabalho, haja vista que ficava integralmente à disposição do seu
companheiro.

O requerido fazia questão de custear sozinho as


despesas da família, até porque, sempre gozou de excelentes
condições financeiras, posto que é sócio proprietário da SOCIEDADE
EDUCACIONAL FEIRENSE LTDA, UNIDADE DE ENSINO, PESQUISA E
EXTENSAO DE CRUZ DAS ALMAS LTDA, COLEGIO ACADEMICO LTDA -
EPP, ONDINA APART HOTEL E LE PARC RESIDENCIAL.

Ao revés, é importante ressaltar que a requerente


nunca trabalhou e atualmente possui 38 (trinta e oito anos) de idade,
de modo que encontra dificuldade de se inserir no mercado de trabalho.

Ademais, a requerente tem uma patologia congênita,


que causa baixa visão, sendo certo que há cerca de 05 (cinco) anos
teve uma piora significativa na sua visão, estando praticamente sem a
visão no olho direito.

A deficiência visual aliada à ausência de experiência


profissional e formação acadêmica superior ou técnica, tem tornado
quase que inviável a inserção da requerente no mercado de trabalho.

Prevê o artigo 1694 do Código Civil que: “Podem os


parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível
com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação”.

Elucida, Yussef Said Cahali, em seu livro Dos


Alimentos, 4.ª ed., RT, p. 15, que : “O ser humano, por natureza,
é carente desde a sua concepção; como tal, segue o seu fadário
até o momento que lhe foi reservado como derradeiro; nessa
dilação temporal – mais ou menos prolongada –, a sua
dependência dos alimentos é uma constante, posta como
condição de vida. Daí a expressividade da palavra ‘alimentos’
no seu significado vulgar: tudo aquilo que é necessário à
conservação do ser humano com vida...”

Ora Excelência, a requerente não busca mais que


um direito, mas também busca viver com a dignidade que merece.

Segue abaixo a planilha, sendo considerado o alto


padrão de vida ostentando pela alimentada, a qual se dedicou
integralmente ao alimentante por longos anos, sendo justo que a
mesma tenha ainda que parcialmente o seu padrão de vida mantido.

Frise-se que o requerido é empresário bem


sucedido no ramo imobiliário, bem como acadêmico, sendo sócio
proprietário de hotel e escolas particulares.

Resta claro e cristalino na presente hipótese, a


existência do binômio necessidade/possibilidade, uma vez que a
requerente, que nunca trabalhou, precisa da importância alimentar e
o requerido possui plenas condições de fornecê-los.
Dessa forma, requer a fixação da pensão
alimentícia mensal, no equivalente ao valor de R$ 12.000,00 (doze mil
reais).

IV - DOS FILHOS

Da União Estável não sobreveio filhos.

V - DA TUTELA DE URGÊNCIA

Deverá ser concedida a tutela de urgência incidental,


nos termos do artigo 300 do NCPC.

Os requisitos para concessão da tutela de urgência


incidental estão previstos no artigo 300 do NCPC, quais sejam, a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.

Neste sentido ensinam Nelson Nery Junior e Rosa


Maria Andrade Nery (in Código de processo civil comentado e legislação
extravagante processual civil em vigor, 4º edição, São Paulo: Revista
dos Tribunais, p. 911): “A tutela específica pode ser adiantada,
por força do CPC 461 §3° desde que seja relevante o
fundamento da demanda (fumus boni juris) e haja justificado
receio de ineficácia do provimento final (periculum in mora). É
interessante notar que para o adiantamento da tutela de
mérito, na ação condenatória de obrigação de fazer ou não
fazer, a lei exige menos do que para mesma providência na ação
de conhecimento tout court (CPC 273). É suficiente a mera
probabilidade, isto é, a relevância do fundamento da demanda,
para concessão da tutela antecipatória da obrigação de fazer ou
não fazer, ao passo que o CPC 273 exige, para demais
antecipações de mérito: a) a prova inequívoca; b) o
convencimento do juiz acerca da verossimilhança da alegação;
c) ou o periculum in mora (CPC 273 I) ou o abuso do direito de
defesa do réu (CPC 273 II).”

A probabilidade do direito resta devidamente


comprovada, pois os alimentos são necessários ao sustento da
requerente.

Outrossim, resta claro o perigo de dano ou o risco


ao resultado útil do processo, pois na ausência da concessão da medida
liminar, a requerente continuará com inúmeras privações, pois nunca
trabalhou ao longo relacionamento com o requerido e está com
dificuldade de se inserir no mercado de trabalho.

Portanto, requer a V. Excelência, que determine os


a fixação de alimentos provisórios, no valor de R$ 12.000,00 (doze mil
reais).

VI - DOS PEDIDOS

Ante ao exposto, requer:


A) A concessão dos benefícios da gratuidade
financeira, em razão da impossibilidade de arcar com as custas e
despesas processuais, nos termos do artigo 98 do NCPC;

B) A citação do requerido no endereço


mencionado para responder à presente, querendo, sob pena de sofrer
os efeitos da revelia;

C) Seja deferido LIMINARMENTE A TUTELA DE


URGÊNCIA, para determinar a fixação de alimentos provisórios, no
valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais);

D) Que ao final seja julgada TOTALMENTE


PROCEDENTE a ação, para converter os alimentos provisórios em
definitivos, bem como seja reconhecida e dissolvida por sentença a
união estável, com a expedição de mandado de averbação e formal de
partilha nos termos da lei;

E) A partilha dos bens dos conviventes, com as


necessárias averbações, na proporção de 50% para cada um em
relação aos bens adquiridos onerosamente na constância da União
Estável, conforme descriminado no Item II;

F) A condenação do requerido ao pagamento das


custas processuais e honorários advocatícios;

Protesta provar o alegado por todos os meios de


prova em direito admitidos, especialmente oitivas de testemunhas,
perícias, juntada de novos documentos e demais provas permitidas em
lei.
Dá-se a causa o valor de R$ 144.000,00 (cento e
quarenta e quatro mil reais.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Salvador, 02 de agosto de 2022.

GABRIEL DA CUNHA BOMFIM


OAB/BA 33.864

Você também pode gostar