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SPVV Instituto Vida

Rua Manuel Gadelho, 44 – Penha


Telefone: 3554-4043
E-mail: spvvpenha@gmail.com

São Paulo, 25 de fevereiro de 2021.

Ofício: ____/2021

SPVV Instituto Vida

Ao CREAS Penha
Em solicitação: Foro Regional VI – Penha de França
1ª Vara da Família e Sucessões
Identificação: Emanuela Bressan Garbulio
Dat. Nasc.:25/03/2012 – 08 anos
Filiação: Ricardo Bolognato Garbulio e Fernanda Bressan Junges

Proc. Digital nº: 1007695-48.2015.8.26.0006


Classe – Assunto: Procedimento Comum - Guarda
Requerente: Ricardo Bolognato Garbulio
Requerida: Fernanda Bressan Junges

Relatório Circunstanciado
Conforme contato telefônico com o Srº Frederico Dentello, psicólogo
judiciário, o SPVV PENHA INSTITUTO VIDA, - Serviço de Proteção a Crianças
e Adolescentes, vítimas de violências, supervisionado pelo CREAS,
representado pelas Técnicas: Jacyra Mota – Assistente Social e Sandra Vieira
Barros – Psicóloga, encaminham o presente relatório.
A criança Emanuela, bem como sua genitora, Srª Fernanda, são
acompanhadas no Serviço de Proteção às Vítimas de Violência – SPVV desde
2014, quando este era administrado pela extinta Rede Criança; dando
continuidade a partir de 2018, pelo Instituto Vida São Paulo.
O acompanhamento se fez necessário devido ao suposto abuso sexual
perpetrado pelo genitor da criança, Sr. Ricardo, o trabalho vem sendo realizado
desde então com o objetivo de que a criança ressignifique a possível violência
sofrida. No período de 2018 e até o momento, foram trabalhados com a
Emanuela e sua genitora temas relacionados à violência e diversos outros para
efetivar de fato essa ressignificação .
Entendemos que o longo período de atendimento deu-se em decorrência da
mudança de instituição, bem como de profissionais, além da oscilação da
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demanda, pois com o tempo, aventou-se a possibilidade da criança estar


vivenciando Alienação Parental.
Ocorre que em seu discurso a Emanuela constantemente expressa desejo
desfavorável para visitar, pernoitar ou, mesmo ver o seu genitor. Chamando à
atenção o fato de com o decorrer dos atendimentos esta situação se agravar a
ponto desta, recentemente, quando pensamos na possibilidade de atendermos
o Sr. Ricardo e ao compartilharmos essa intenção com ela perguntando se ela
gostaria que disséssemos algo a ele, ela pedir que falemos sobre o seu medo
de ir à casa dele.
Em outros momentos, este temor aparece na criança, em forma dela
expressar que o genitor teria dito, em uma das visitas monitoradas (momento
em que a genitora, que estava acompanhando-a, teria ido tomar água), que
faria tudo novamente (suposto abuso sexual) com ela. Acrescentou ainda que
preferia “morrer” do que ir para casa do “Ricardo” (SIC).
Percebemos também que a Emanuela traz detalhes da violência, que teria
ocorrido antes mesmo dela completar dois anos de idade, o que causa
admiração por ela trazer lembranças tão concretas de tenra idade. Entretanto,
não temos como descartar a possibilidade de que esta violência tenha ocorrido.
Outro fator que apareceu durante o acompanhamento, é a possibilidade da
criança vivenciar situações entendidas como alienação parental, pois a
genitora sempre traz elementos desfavoráveis no que se refere à conduta do
genitor com a Emanuela; no entanto, também não temos dados suficientes
para afirmar tal fato.
Contudo, o que observamos é que a Emanuela demonstra distanciamento
afetivo do genitor, sempre que se refere a ele o faz pelo nome “ o Ricardo”
(SIC) e isto se estende a outros familiares paternos, como a avó e a irmã (a
qual se refere como “a filha do Ricardo”); apresentando sempre recusa em
estar com qualquer um deles, pois, no caso da avó paterna, refere que a teria
lhe agredido também.
Observamos ainda que quando tentamos trabalhar a relação pai e filha, a
criança se mostra bastante retraída, o que pode ser natural frente as
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circunstâncias apresentadas do caso, porém, a emoção demonstrada aparenta


mais de tristeza do que de medo.
No tocante, à relação mãe e filha, Emanuela demonstra bastante afeto pela
genitora e pela sua avó materna.
Destacamos ainda que no último atendimento presencial, (26/01/2021)
Emanuela mostrou-se bastante resistência para ir até a sala de atendimento,
(comportamento esse que não é de costume) somente fazendo-o quando sua
genitora interveio, por mais de uma vez.

Genitor: Sr. Ricardo Bolognato Garbulio.

No que diz respeito ao Sr. Ricardo Bolognato Garbulio, ele compareceu


neste Serviço na data de 18/10/18, “sob o relato que a Assistente Social do
Fórum Sra. Shirley, havia lhe sugerido que viesse ao Serviço para falar sobre o
desenvolvimento e acompanhamento da Emanuela”.
Informamos que não poderíamos passar essas informações, pois
nosso Serviço é sigiloso, seguimos a Norma Técnica e Tipificação
estabelecida, pontuamos que a criança passava em atendimento
periodicamente, caso desejasse mais informações somente via Judicial.
Conforme a Norma Técnica, esta modalidade de Serviço não comporta o
atendimento do “suposto agressor”, diante do encaminhamento inicial não
realizamos nenhum outro atendimento a não ser este de busca espontânea por
parte do genitor.
Porém, diante dos últimos acontecimentos envolvendo a integridade e
segurança da criança, buscamos o contato com o genitor, com o intuito de
entendermos melhor o contexto, para que possibilite levantar a história da
família de origem paterna da criança bem como sua estrutura e
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funcionamento, mas até momento não conseguimos êxito nas tentativas de


contato telefônico.

Genitora: Fernanda Bressan Jungles.

A genitora desde 2018 faz o acompanhamento junto com sua filha


Emanuela neste Serviço. Durante alguns atendimentos fala demasiadamente
sem parar, e de forma ansiosa sobre a situações de supostas violências
ocorridas com a filha, no momento em que esta visita o pai aos finais de
semana.
Segundo a genitora, a criança não gosta do pai, não gosta das visitas e
não o chama de pai, só de “Ricardo”. Em relação aos espaços de convivência
Sra. Fernanda diz que a filha interage bem com seus deveres escolares e que
é sociável, tem algumas amizades e possui bom comportamento. Ressalta que
o que deixa a filha triste e sem motivação são as visitas a casa do pai (SIC).
Em 15/01/21 realizamos contato telefônico com a genitora, a pedido dela,
durante a conversa ela mencionou que o pai da criança havia conseguido um
mandado de busca e apreensão de Emanuela, situação esta que deixou a
criança em pânico,” verbalizando preferir a morte a ter que ir com o pai” (SIC).
No dia 26/01/21 realizamos o atendimento presencial com a genitora e a
criança, durante o atendimento a genitora trouxe o quão desgastante foi a
tentativa de visita do genitor a criança, onde a infante se trancou no quarto se
recusando a ir com ele. Este solicitou apoio policial, mas quando os policiais
chegaram ao local, diante da resistência da criança conversarem com a
Emanuela (que verbalizou novamente preferir a morte a ter que ir com o pai),
perceberam que não tinha condições emocionais da criança ir com o genitor,
porém, diante da insistência deste em levá-la; orientaram a que lavrasse o
Boletim de Ocorrência (SIC).
No que diz respeito as intervenções junto a famíliarealizada
anteriormente por outro profissional, segundo registros, foram atendimentos
individuais e grupais com a proposta de levar informação e reflexão, visando
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provocar mudanças (valores, modos de vida), fortalecendo os vínculos


familiares.
Nossas reflexões sobre os atendimentos até o momento referente a
genitora, são que ela demonstra capacidade de entendimento dos fatos vividos,
demonstra afetividade e vínculo com a filha. No que diz respeito ao seu ex-
companheiro, Sr. Ricardo, demonstra muito sofrimento, isso é notável em sua
fala, fator esse que acaba influenciando a convivência da infante com o pai.
Ressaltamos que a partir do momento que o SPVV, tomou
conhecimento das últimas decisões judiciais, não medimos esforços para
contatar o genitor, com a finalidade de fazer a escuta do mesmo e também
trabalhar com ambos os genitores a necessidade de preservar a criança de
uma “violência psicológica”. Apesar das várias tentativas, não conseguimos
entrar em contato com o genitor, mas em relação a genitora, estamos
enfatizando a necessidade de entender que a criança é o foco, explicando e
advertindo sobre as consequências de uma suposta alienação parental.
Por avaliação da equipe técnica deste serviço seguiremos com
acompanhamento da infante e sua genitora nesse 1° semestre de 2021, com
devolutiva a família prevista de para cada três meses e se avaliado
necessidade o acompanhamento poderá se estender por mais um determinado
período.
Diante do exposto, concluímos que devido a talvez não ter se criado o
mínimo de vínculo possível entre a criança e o genitor ou, destes estarem
fragilizados, e ainda a forma “brusca”, (através de mandato de busca e
apreensão/intervenção policial) que as visitas paternas estão sendo realizadas,
conforme nos foi relatado, a criança esteja vivenciando situações de extrema
tensão, as quais são inadequadas para o seu desenvolvimento integral
saudável. Portanto, vimos respeitosamente sugerir uma oitiva com ambos
genitores e, se necessário com a criança.
Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Atenciosamente,
SPVV Instituto Vida
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OBS: Inserimos falas da criança no relatório devido à complexidade do caso,


contudo, para preservar o vínculo de confiança profissional-criança, esta foi
informada de que tomaríamos esta providência.

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