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E AUTISMO
Uma história real
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Copyright © 2020 by Marcio de Castro
O QUE É CULPA?
É um sentimento presente em todo e qualquer ser humano
que tenha uma relação social e/ou familiar com outras pessoas.
SÓ ALGUMAS PESSOAS SE
SENTEM CULPADAS?
Não. Ninguém está sozinho neste sentimento. Todos, de um
jeito ou de outro expressam a culpa. Alguns podem se sentir
estressados, outros se afastam, outros podem se viciar em algo,
etc. As formas de expressar a culpa são muitas.
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A CULPA ESTÁ RELACIONADA
COM O QUÊ?
Com a dificuldade de perdoar os outros ou a si mesmo.
Muitos de nós nos sentimos culpados por algo que alguém
tenha feito a nós, mesmo que não sejamos culpados pelo que
aconteceu; e outros também se sentem culpados por algo que
fizeram ou que aconteceram a outras pessoas.
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QUEM SOFRE MAIS COM O
SENTIMENTO DE CULPA?
Muitas pessoas que tiveram uma infância mais rígida,
controladora e com “vista grossa” tendem a sofrer mais com isso,
pois o perdão para elas é quase uma palavra que não cabe em
seu vocabulário.
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O QUE ESSA FALTA DE
PERDÃO OCASIONA?
Isso tende a gerar um sentimento de auto culpa muito
grande nas pessoas, pois nunca experimentam a experiência
libertadora do “eu te perdoo”. Assim sendo, os erros cometidos
na vida adulta tendem a se arrastar por muito tempo, tendo a
tendência a carregar fardos pesados durante anos.
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TODO SENTIMENTO DE CULPA É IGUAL?
Isso não se constitui uma regra geral, visto que existem pessoas
que não passaram por situações semelhantes as que foram citadas,
porém, ao viverem uma experiência (ou um conjunto delas) que
trouxe um trauma pessoal, onde decisões geraram consequências,
pode ocorrer sentimento de culpa carregado.
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UMA HISTÓRIA COMO MUITAS OUTRAS
Joana mora em Juazeiro da Bahia, uma cidade que fica a
mais ou menos 500km de Salvador. Ela tem 42 anos e tem duas
filhas. Está em seu segundo casamento com quem é casada
com Paulo há 15 anos. Paulo é natural da cidade onde moram e
trabalha como mecânico numa oficina de caminhões.
Para ajudar nas contas de casa, Joana decidiu parar de
frequentar o curso de Pedagogia numa universidade próxima e
começou a trabalhar dentro de casa.
Joana é mãe e esposa dedicada. Não deixa faltar nada para
suas filhas e é estimada pelas pessoas do bairro aonde mora.
Das duas filhas de Joana, uma se chama Sara. Sara tem 22
anos e é fruto do primeiro casamento de Joana.
Sua segunda filha se chama Carla. Carla tem 13 anos de
idade e é filha de Paulo, com quem Joana é casada atualmente.
Sara, a filha mais velha de Joana, aos 4 anos de idade
começou a apresentar os primeiros sintomas de Transtorno do
Espectro do Autismo.
A menina não se expressava verbalmente, falando apenas
poucos conjuntos de sílabas e palavras, não demonstrando
avanço com o decorrer da idade.
O comportamento da filha era sempre de isolamento,
não gostando de estar em espaços com muitas pessoas, não
interagindo com amigos da escola, mas sempre fugindo e tendo
comportamentos repetitivos dentro da sala de aula.
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A relação de Sara com as professoras era de desvio e
desinteresse, sempre dando preferência para atividades que
envolvessem música, pintura e desenhos.
Assim, despertando a curiosidade, a mãe começou uma
trajetória de consultas e atendimnetos com muitos especialistas que
estivessem associados com o desenvolvimento infantil, voltando
seus esforços, recursos, fé e tempo para a situação da filha.
Contudo, o seu primeiro marido não lhe dava força na
caminhada, reclamando que o casamento estava desgastado e
insustentável devido tudo o que os rodeava. Seu marido decidiu
arranjar uma amante e quebrar a aliança eterna que haviam feito
no altar, negando-a a fidelidade na saúde e doença.
Assim, a descoberta do diagnóstico do Transtorno do
Espectro Autista da Sara foi carregado de marcas na vida da Joana,
questões que se somaram e a fizeram criar maus pensamentos a
respeito do mundo, sobre si mesma e das pessoas.
Depois que esses eventos começaram a ocorrer, Joana sofreu
com sintomas depressivos constantes por muito tempo, sintomas
que ainda se refletem na sua afeição e postura corporal cotidiana.
Ela teve dificuldades financeiras pelo rompimento com o
marido, bem como a separação de bens que ocorreu devido ao
divórcio.
Todos esses elementos juntos foram como um furacão que
atravessou a vida estável que estava tendo, permitindo que ela
visse a filha como a culpada pela reviravolta que ocorreram em
sua vida.
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Muitas vezes Joana se pegava em choros, lágrimas e gritos
no seu quarto da nova casa alugada, reclamando aos céus o
porquê de todas essas coisas estarem acontecendo com ela.
Joana se considerava uma pessoa que sempre foi de boa
índole e moralidade, porém sempre se levantava do chão sem
respostas. Assim, viveu por muitos anos até uma situação que
mudou a sua vida.
Três semanas antes de conhecer Paulo, Joana estava
caminhando nas ruas do centro de Juazeiro a fim de comprar
material escolar para Sara. Nesse trajeto, ela vislumbrou uma
mulher que estava em uma papelaria.
Ela estava vestida com um vestido azul marinho e rasteirinha,
tendo uma criança gritando ao seu lado, sentada repetindo a
palavra “luz” e um comportamento de movimentação do corpo.
O olhar de Joana foi diretamente para a maneira como a mãe
estava conduzindo aquela situação, sem apresentar espantos ou
agitação pelo desconforto social presente na situação.
Isso a impactou e a levou a reconhecer as ações da criança
como sendo os mesmos que ela via em casa todos os dias.
Ela então esperou a mulher finalizar as atividades que fazia
na loja e a abordou logo na saída.
Joana se apresentou e perguntou o que havia acontecido ali.
A mulher, com a mesma naturalidade que estava na situação
anterior, se referiu a ela se apresentando e explicando que o
filho era autista.
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Diante disso, Joana inquieta, fez a pergunta que tanto lhe
interessava:
- Como você conseguiu reagir daquele jeito?
A mulher fechou os olhos, fazendo uma expressão pensativa
e silenciosa...
- Já tive muitos problemas com isso no passado. Já chorei, gritei
e reclamei pelas situações que me aconteceram, pelas oportunidades
perdidas devido a realidade que vivo com o meu filho.
- Hoje eu tenho consciência de que essa é a minha realidade,
não posso alterá-la. Eu amo esse menino mais do que minha
própria vida. Aquela cena na loja foi apenas uma situação em
que meu filho se sentiu desconfortável, por causa disso ele
reage assim.
- Ele é assim, eu o amo assim. É meu filho. Já sofri muito
colocando a culpa em mim, em Deus, meu marido, na genética
da família, etc. Decidi viver a realidade que tenho pensando que
vivê-la e aproveitá-la e lutar por uma vida melhor para mim e
para meu filho.
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A HISTÓRIA DE JOANA SE
PARECE COM A SUA?
Joana teve uma filha com TEA, fator este que ela não pôde
escolher, tendo influência genética, bem como de outros fatores
orgânicos. Assim, ela não tinha mínimas condições de controlar
isso, sendo algo que fugia das mãos dela.
Além disso, também não tinha condições de supor que
seu marido iria deixá-la, confirmando que a culpa em momento
algum foi dela sobre o término do casamento.
Ela não é culpada da incapacidade do marido de assumir
a posição de cônjugue. Logo, Joana não tem culpa da série de
eventos que se sucederam na sua vida.
Devido ao contexto em que estava envolvida, é natural que
ela analisasse tudo de forma emocional e não racionalmente,
sendo levada pelo sentimento de culpa e tristeza.
Isso favoreceu que Joana olhasse para Sara como a ocasionadora
do “vendaval” de mudanças que ocorreram na vida da família.
Com isso, joana têm probabilidades maiores de fazer más
interpretações da vida que está levando.
Isso vai afetar as ideias que ela tem sobre a filha (“Foi a Sara
que começou tudo”), sobre o futuro dela (“não serei nada”) e
sobre ela mesma (“sou uma fracassada”), desmontrando que o
sentimento de culpa se relaciona com outras áreas da sua vida.
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FATORES QUE NOS AJUDAM A
TER SENTIMENTOS DE CULPA
A falta de conhecimento sobre o Autismo atrapalha na
resolução de muitos problemas com relação à culpa.
Isso se deve a vários fatores, como a falta de conscientização
da população sobre o assunto, a necessidade de políticas de
ensino para esse público específico, a dificuldade de profissionais
da educação identificarem sintomas do TEA, etc.
Portanto, perceba que o sentimento de culpa da mãe de
Sara é compreensível a julgar pelo sofrimento que viveu.
Por isso, é muito importante pensar sobre o que você está
sentindo neste momento, já que possivelmente você terá uma
interpretação do que está acontecendo parecida com a que
Joana estava tendo.
As pessoas não tem o hábito de pensar sobre aquilo que
estão sentindo.Muitas pessoas quando se sentem culpadas, vão
tentar se distrair de diversas maneiras. Algumas tentam preencher
essa lacuna em festas, passeios, trabalho, álcool, vícios, etc.
O fato é que por mais que você tente esquecer esse
sentimento, a tendência é você se sentir cada vez mais culpada
ou culpado, fracassada ou fracassado.
O ideal é você refletir sobre aquilo que está sentindo e
procurar maneiras de se entender e resolver a questão.
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Não faça de conta que o problema não existe. Todos passam
por problemas grandes ou pequenos e existem pessoas e
profissionais sérios que estão esperando você abrir seu coração
e desabafar com eles.
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SOMENTE DEUS PODE FAZER ISSO.
Para algumas pessoas que tenham sentimentos e pensamentos
comuns a Joana, recomenda-se que tenham uma experiência de
terapia psicológica com um profissional, visto que nessa relação,
aspectos mais profundos podem ser abordados e trabalhados.
Isso permitirá, que a pessoa tenha um espaço de acolhimento
sem preconceitos e onde possa ser sincera nas suas colocações,
nos seus medos, seus pensamentos e desenvolver novos objetivos.
Isso irá gerar novos caminhos para que essa culpa que
tanto a consome, seja transformada numa renovação emocional,
espiritual e física.
Lembre-se: Você nunca está sozinha ou sozinho. Deus
está querendo ouvir sua voz e espera que você entregue seus
problemas a Ele, pois Ele cuida de você.
“Não tenha medo, porque Eu estou contigo; não fique
assustado porque Eu Sou o teu Deus; eu te fortaleço e te ajudo;
e te sustento com a mão direita da minha justiça”. Isaías 42:10
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