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AO EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE

PIRAQUARA – PR.

Processo 0008797-75.2019.8.16.0034

JONAS BARROSO LUZ NETO, brasileiro, casado, autônomo, titular do


RG 1254339 PI, inscrito no CPF n 514.789.513-20, com endereço à Rua Gabriel Ferreira,
1809, Teresina/PI, via do advogado signatário, com endereço profissional conforme
instrumento de mandato em anexo, vem propor a presente

AÇÃO COM PEDIDO DE GUARDA UNILATERAL

Da menor ISIS BARROSO DE SOUZA LUZ ARAGÃO, menor incapaz, em face de ANA
LUIZA DE SOUZA ARAGÃO, brasileira, titular do RG 2.866.727 PI, inscrita no CPF
045.964.183-22, com endereço, pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir expostos:

1. EXPOSIÇÃO FÁTICA

Os pais firmaram acordo (cópia em anexo) em relação à pensão


alimentícia e guarda da menor ISIS, que previa a guara unilateral em favor da mãe,
pensão alimentícia como obrigação do pai no valor de R$ 300,00 (trezentos reais), e ficou
estabelecido também que a menor passaria as férias de julho e as de finais de ano com o
requerente, que seria o responsável pelo transporte de ida e volta da menor, com início
desde dezembro de 2019.

Em que pese o firmado acima, as atitudes da genitora da menor vão de


encontro a tudo que se tem por adequado desenvolvimento da criança, conforme se
prova com áudios e telas de conversas as tentativas de diálogo entre o requerente e a
menor, bem como com a requerida.

A requerida muito além de simplesmente descumprir o acordo judicial


firmado acerca das férias, tem ido bem mais longe, dificulta o contato da menor ISIS com
o pai/requerente até por telefone, expõe a menor a riscos decorrentes da prática de
abandono de incapaz e impõe à menor atitudes (respostas via whatsapp e não
atendimento de ligações) que sabidamente decorrem de opressões e imposições
abusivas.

Colacionamos áudios de ligações onde a menor relata ficar sozinha em


casa durante as idas da mãe ao trabalho. No mencionado áudio são relatados os
procedimentos que devem ser adotados pela menor quando da chegada de pessoas à
residência (um procedimento/código a ser pronunciado para que a criança abra a porta
ou não), e relacionados à alimentação, onde a menor é responsável pela sua própria
sobrevivência, mesmo tendo apenas 10 anos de idade

Há também telas com as inúmeras tentativas de contato com a menor e


com a requerida, onde o requerente tenta saber notícias da filha e encontra barreiras.

Diante de várias frustrações chegou a ir ver a filha pessoalmente (notas


da hospedagem e conversas que comprovam a viagem ao Paraná), para obter notícias.

Quando da ida até a menor, no dia em que visitou a residência constatou


que a menor estava na companhia de pessoa (homem) desconhecida do pai, haja vista a
genitora nunca ter informado acerca do convívio da menor com terceiros (que aparentou
ser companheiro da requerida).

O fato de o requerente ter ido ao encontro da filha piorou e muito a


postura da requerida, pois, desde quando saiu do mencionado Estado o requerido nunca
mais teve nenhum retorno nas tentativas de contato, inclusive na data de aniversários
desta não foi respondido ou atendido.

Não é nem de longe crível que a mesma criança que conversa através de
mensagens de áudio e ligações em anexo teria de forma espontânea a atitude de
simplesmente ignorar o pai a partir de então.

Somando-se ao acima exposto, segue carreado á esta inicial laudo


psicológico elaborado por profissional habilitada, onde se constatou o seguinte:

V – Conclusão

De acordo com os dados alcançados verificou-se dinamicidade e


expansividade no comportamento da criança, amadurecimento para a
sua faixa etária, sensibilidade sensorial a afetiva, criticidade em relação
a temas atuais e raciocínio lógico satisfatório. Constatou-se ainda, a
presença do comportamento agressivo, alterações de humor, tristeza,
falta de segurança nas relações familiares e estresse referente à
problemática atual, bem como, a tentativa de adequação a algumas
situações, a falta de habilidade emocionais. A queixa trazia pela figura
paterna relacionada ao comportamento da criança fora confirmada. Na
interpretação e avaliação de desenho cinético da família fora possível
concluir um quadro de angústia na criança. Diante do exposto indico a
criança para o acompanhamento psicoterápico como forma de
intervenção preventiva, pelos dados referentes à figura materna indico
a mãe para o aconselhamento psicológico, para que seja realizada a
orientação familiar, no sentido de sensibilizar a mãe quanto ao
desempenho do seu papel, e às questões referentes ao desenvolvimento
psicoemocional da filha.

2. DO DIREITO

A Constituição Federal (art. 229), o Código Civil (1.589), a Lei 6.515/77


(art. 15) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 22) anotam disposições que
demonstram uma via de mão dupla no que respeita os deveres e direitos dos pais e dos
filhos acerca do cuidado mútuo.

No presente caso o objeto se define em torno do melhor interesse da


menor ISIS, que pela idade, está na fase importantíssima de lapidação de caráter, e
notadamente já tem consciência suficiente para adquirir sensações e experiências que
influíram no seu desenvolvimento, e podem acarretar problemas ou frustrações a serem
ou não expressadas no futuro.

Não é incomum ser ter menores que são filhos de pais que nunca
conviveram ou que estão separados após certo lapso convivência. Porém, tal fato, por
força de lei inclusive, não deve refletir no menor, vez que a obrigação dos genitores é
pensar no saudável desenvolvimento da criança.

A atitude da requerida se amolda ao que vem insculpido no art. 2º da Lei


12.318/2010, mais especificamente nos incisos II, III, IV e V, ferindo direito fundamental
da criança tal qual descrito no art. 3º da mencionada Lei, que dispôs sobre alienação
parental.

Não obstante a conduta acima narrada, acerca da alienação parental, o


áudio em anexo demonstra a conduta anotada como infração administrativa descrita no
art. 240 da Lei 8.069/90 (ECA) perpetrada pela requerida, e tipificada como abandono
de incapaz (art. 133 do Código Penal).
A criança narra no mencionado áudio como funciona quando está
sozinha na residência.

Os fatos narrados supra, aliados ao arcabouço probatório que segue


carreado à inicial, além das provas a serem produzidas demonstram e demonstrarão que
a atual forma de convívio da menor é prejudicial ao seu desenvolvimento.

Há a nítida necessidade de se averiguar a possível responsabilização da


requerida em relação ao abandono acima mencionado, bem como direcioná-la a
acompanhamento psicológico.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Douto juízo, o art. 300 do Código de Processo Civil aponta a possibilidade


da concessão de tutela de urgência e condiciona o seu deferimento à demonstração de
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

No presente caso estão preenchidos os requisitos autorizadores da


medida abaixo suplicada.

A probabilidade do direito está demonstrada através da cópia da


sentença homologatória do acordo firmado, e tentativas de contato sem sucesso durante
o período em que era para a criança estar na companhia do pai (telas das conversas).

De igual modo, também demonstrado o perigo de dano, através de


áudios de conversas com a criança relatando permanecer sozinha em casa, telas com as
conversas que demonstram a ampla dificuldade de sucessos nas tentativas de contato
empreendidas pelo requerente, fatos que põe claramente em risco a criança.

É medida que se impõe a concessão de tutela de urgência, sem ouvir a


outra parte, para que a guarda da menor ISIS seja deferida de forma unilateral ao
requerente até que se tenha um desfecho da presente ação.

Pelo que se tem das provas, o pai/requerente detém melhores condições


de garantir melhor desenvolvimento à criança, que, não precisaria passar pelos riscos do
abandono imposto pela requerida ao sair para trabalhar, além de ter acesso aos meios de
desenvolvimento regulares como convívio com irmãs e demais parentes de forma
contínua, saindo do isolamento consequente do ritmo de vida da mãe que sai pela manhã
de casa e somente retorna no fim da noite, impondo severas privações e solidão que em
absolutamente nada coopera para o bem estar físico e emocional da menor.

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