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Parecer Jurídico 01/2022

Parecerista: ...

Consulente: Rede Globo Ltda.

Ementa: GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DESCONHECIMENTO


DA GRAVIDEZ QUANDO DA RESCISÃO DO CONTRATO. REINTEGRAÇÃO.
INDENIZAÇÃO.

1) A Sra. Ana Maria tem direito ao retorno de trabalho?

A legislação brasileira, através da Consolidação das Leis do Trabalho,


buscou garantir à gestante estabilidade provisória, não podendo-se então, demitir a
gestante, a não ser por justa causa. Ao informar a empresa sobre a gravidez, a
empregada deverá ser imediatamente reintegrada ao quadro, como tal fato se deu após
a demissão, deve ser recontratada pela empresa.
Sendo que, inclusive nesse tempo em que a gestante ficou fora da empresa,
deverá ser ressarcida de seu salário e benefícios que lhe couberem.

2) Como proceder em relação a sua carteira de trabalho?

Após a comunicação, a empresa deverá anular a demissão e reintegrar a


gestante no cargo anteriormente ocupado ou em outro cargo garantindo a isonomia
anterior. Não sendo possível ou não desejada a reintegração, a empresa deverá
indenizar o período de estabilidade.

3) Qual a fundamentação legal?

Temos como fundamentações legais o Artigo 391-A, da CLT:

“A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de


trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante
à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art.
10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Lei nº 12.812,
de 2013)

Além disso, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) editou uma Súmula, de


número 244, que soluciona diversas dúvidas a respeito da estabilidade da gestante. (7)
Os incisos I e II da Súmula nº 244 indicam o entendimento de que há direito à
estabilidade e consequentemente à reintegração ou ao menos indenização no caso de
ciência da gravidez após a demissão.

SÚMULA Nº2444 DO TST:


“GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item III
alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res.1855/2012,
DEJT divulgado em 252666 e 27.09.2012

I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o


direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, b do
ADCT).

II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se


der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários
e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade.

III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no


art. 10, inciso II, alínea b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado.”

“EMPREGADA GESTANTE. DIREITO À ESTABILIDADE. SÚMULA


Nº 244, DO C. TST. DISPENSA NULA. DESNECESSIDADE DO
CONHECIMENTO DA GRAVIDEZ PELO EMPREGADOR. É vedada a dispensa
arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez
até cinco meses após o parto, não impondo nenhuma restrição quanto à modalidade de
contrato de trabalho. Não havendo dúvida de que a concepção se deu no curso do
contrato de trabalho, como no caso, é devido o pagamento da indenização decorrente
da estabilidade da gestante, independentemente do conhecimento do estado gravídico
pelo empregador ou até mesmo pela gestante, como se posiciona o C. TST.
Ressalvado meu entendimento pessoal em sentido contrário. (...)” (TRT-1 - RO:
01003562220185010033 RJ, Relator: MARCOS PINTO DA CRUZ, Data de
Julgamento: 13/03/2019, Gabinete do Desembargador Marcos Pinto da Cruz, Data de
Publicação: 19/03/2019)

4) Existe algum tipo de estabilidade após, ou antes do nascimento da


criança?

Toda trabalhadora tem direito a uma estabilidade provisória do momento da


concepção do bebê (confirmação da gravidez) até 05 meses após o parto, e ainda tem
direito ao salário-maternidade. Isso está previsto no artigo 10, inciso II, letra b do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias.

5) No caso de retorno ao trabalho, quando será possível demitir a


trabalhadora?

Respeitados os prazos previstos pelo Art. 10, inciso II do ADCT, a


empregada terá estabilidade por até 5 meses após o nascimento, portanto, somente
após esse período é que poderá ser demitida.

Sendo este o parecer.


Blumenau, 06 de maio de 2022.

Advogado ...
OAB nº ...

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