DA GRAVIDEZ QUANDO DA RESCISÃO DO CONTRATO. REINTEGRAÇÃO. INDENIZAÇÃO.
1) A Sra. Ana Maria tem direito ao retorno de trabalho?
A legislação brasileira, através da Consolidação das Leis do Trabalho,
buscou garantir à gestante estabilidade provisória, não podendo-se então, demitir a gestante, a não ser por justa causa. Ao informar a empresa sobre a gravidez, a empregada deverá ser imediatamente reintegrada ao quadro, como tal fato se deu após a demissão, deve ser recontratada pela empresa. Sendo que, inclusive nesse tempo em que a gestante ficou fora da empresa, deverá ser ressarcida de seu salário e benefícios que lhe couberem.
2) Como proceder em relação a sua carteira de trabalho?
Após a comunicação, a empresa deverá anular a demissão e reintegrar a
gestante no cargo anteriormente ocupado ou em outro cargo garantindo a isonomia anterior. Não sendo possível ou não desejada a reintegração, a empresa deverá indenizar o período de estabilidade.
3) Qual a fundamentação legal?
Temos como fundamentações legais o Artigo 391-A, da CLT:
“A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de
trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Lei nº 12.812, de 2013)
Além disso, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) editou uma Súmula, de
número 244, que soluciona diversas dúvidas a respeito da estabilidade da gestante. (7) Os incisos I e II da Súmula nº 244 indicam o entendimento de que há direito à estabilidade e consequentemente à reintegração ou ao menos indenização no caso de ciência da gravidez após a demissão.
SÚMULA Nº2444 DO TST:
“GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res.1855/2012, DEJT divulgado em 252666 e 27.09.2012
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o
direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, b do ADCT).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se
der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade.
III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no
art. 10, inciso II, alínea b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado.”
“EMPREGADA GESTANTE. DIREITO À ESTABILIDADE. SÚMULA
Nº 244, DO C. TST. DISPENSA NULA. DESNECESSIDADE DO CONHECIMENTO DA GRAVIDEZ PELO EMPREGADOR. É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, não impondo nenhuma restrição quanto à modalidade de contrato de trabalho. Não havendo dúvida de que a concepção se deu no curso do contrato de trabalho, como no caso, é devido o pagamento da indenização decorrente da estabilidade da gestante, independentemente do conhecimento do estado gravídico pelo empregador ou até mesmo pela gestante, como se posiciona o C. TST. Ressalvado meu entendimento pessoal em sentido contrário. (...)” (TRT-1 - RO: 01003562220185010033 RJ, Relator: MARCOS PINTO DA CRUZ, Data de Julgamento: 13/03/2019, Gabinete do Desembargador Marcos Pinto da Cruz, Data de Publicação: 19/03/2019)
4) Existe algum tipo de estabilidade após, ou antes do nascimento da
criança?
Toda trabalhadora tem direito a uma estabilidade provisória do momento da
concepção do bebê (confirmação da gravidez) até 05 meses após o parto, e ainda tem direito ao salário-maternidade. Isso está previsto no artigo 10, inciso II, letra b do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
5) No caso de retorno ao trabalho, quando será possível demitir a
trabalhadora?
Respeitados os prazos previstos pelo Art. 10, inciso II do ADCT, a
empregada terá estabilidade por até 5 meses após o nascimento, portanto, somente após esse período é que poderá ser demitida.