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ALINE DIAS

ADVOGADA
TEL: 11 94982-7227
E-MAIL: alinediass91@gmail.com

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO


TRABALHO DA ______ª VARA DO TRABALHO DE SANTO
ANDRÉ/ SP

**URGENTE**

LUANA NAKAMURA DE OLIVEIRA, brasileira, amasiada,


desempregada, portadora da cédula de identidade sob o nº 50.009.053-1-
SSP/SP, e do CPF/MF sob o nº 231.851.328-74, residente e domiciliada na
Rua Buruti, nº 131, Vila Linda, Santo André SP – CEP 09175-660, por sua
advogada que esta subscreve, conforme instrumento procuratório em anexo
(DOC. 01/02), vem, à presença de Vossa Excelência propor

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de INFINITA ODONTOLOGIA LTDA, pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob o nº 42.274.553/0001-82, localizada na Avenida
Dom Pedro II, nº 709, Jardim, Santo André/ SP – CEP 09080-110, pelos
fundamentos fáticos e jurídicos que a seguir passará a expender:

DAS INTIMAÇÕES

PRELIMINARMENTE, requer-se a Vossa Excelência, que as intimações


alusivas ao presente feito, sejam dirigidas EXCLUSIVAMENTE à Advogada
Aline Dias, inscrita na OAB/SP sob o nº 377.933, sob pena de nulidade.

DA JUSTIÇA GRATUITA

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ALINE DIAS
ADVOGADA
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A nossa Carta Magna assegura às pessoas o acesso ao Judiciário,


senão vejamos:

CF/ 88 – Art. 5º, LXXIV – o Estado prestará


assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos.

Neste caminho a Lei 1.060/50, garante a assistência judiciária à parte


processual, in verbis:

Art. 4º - A parte gozará dos benefícios da


assistência judiciária, mediante simples afirmação,
na própria Petição Inicial, de que não está em
condições de pagar à custa do processo e os
honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou
de sua família.

Verifica-se, pois, do cotejo dos dispositivos legais acima transcritos, com


a declaração de hipossuficiência financeira, de que a Autora tem direito e assim
requer os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, pois encontra-se desempregada
e não possui condições para, sem o prejuízo de sua manutenção e de sua
família, arcar com as custas do processo (artigo 98 e 99, caput e parágrafo 3º
do CPC c/c artigo 5, LXXIV, da CFB/88).

I – DOS FATOS

A Reclamante foi admitida pela empresa Reclamada na qualidade de


‘Gerente Administrativo’, aos 22.08.2022, sendo que só teve a sua CTPS
anotada aos 01.09.2023, conforme verifica-se na inclusa conversa via
whatsapp, onde a obreira confirma o dia e horário de início do seu contrato
laboral.

A sua jornada diária se iniciava às 09h até umas 20h/ 21h, de segunda a
sexta-feira, usufruindo de 01 (uma) hora diária para descanso e alimentação.

Pelo labor exercido a Reclamante recebia como remuneração mensal a


quantia de R$ 4.000,00 (quatro mil reais).

Por iniciativa da Reclamada (dispensa sem justo motivo), a relação


havida entre as partes foi extinta em 27.07.2023, com projeção do aviso prévio
para 27.08.2023 – indenizado.

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II - DO EMBASAMENTO JURÍDICO

II. A) DA ESTABILIDADE DA GESTANTE

A Reclamante recebeu comunicação do aviso prévio em 25.07.2023,


ou seja, foi demitida sem justa causa, desligando-se da empresa
em 25.08.2023, haja vista a projeção do aviso prévio.

Ocorre que, no momento da demissão, a Reclamante encontrava-se


grávida, conforme os documentos que são juntados aos autos, sendo assim,
detentora do direito à estabilidade gestacional.

O art. 10 inciso II alínea b do Ato das Disposições Constitucionais


Transitórias, garante estabilidade do emprego da empregada gestante, desde
a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

Conforme se depreende dos documentos juntados aos autos, a


Reclamante fora demitida enquanto estava gravida, sendo que tal
procedimento é expressamente vedado ao empregador, ficando este sujeito a
proceder à reintegração da empregada, ou, conforme o caso, ao pagamento
de indenização substitutiva.

Importa mencionar que a Reclamante, no momento da dispensa,


desconhecia a sua gravidez, porém, tal fato não obsta a busca pelo direito por
ora pleiteado, pelo contrário, encontra amparo no entendimento já fixado pelo
Supremo Tribunal Federal e Súmula 244 do Tribunal Superior do Trabalho in
verbis:

GESTANTE. ESTABILIDADE
PROVISÓRIA (redação do item III alterada na
sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012)
- Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e
27.09.2012
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo
empregador não afasta o direito ao pagamento
da indenização decorrente da estabilidade (art.
10, II, b do ADCT). (grifou-se)
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a
reintegração se esta se der durante o período de
estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se
aos salários e demais direitos correspondentes ao
período de estabilidade.

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III - A empregada gestante tem direito à


estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II,
alínea b, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, mesmo na hipótese de admissão
mediante contrato por tempo determinado.

RE 629053: Julgado mérito de tema com


repercussão geral - STF TRIBUNAL PLENO
Decisão: O Tribunal, apreciando o tema 497 da
repercussão geral, por maioria, negou provimento
ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "A
incidência da estabilidade prevista no art. 10, II,
do ADCT somente exige a anterioridade da
gravidez à dispensa sem justa causa", vencido o
Ministro Marco Aurélio. Redator para acórdão o
Ministro Alexandre de Moraes. Impedida Rosa
Weber. Ausentes, justificadamente, os Ministros
Celso de Mello e Cármen Lúcia. Falou pela
recorrente o Dr. Flávio Calichman. Presidência do
Ministro Dias Toffoli. Plenário, 10.10.2018.

Dessa forma, o não conhecimento da gravidez, seja pela


gestante, seja pelo empregador, não atinge o direito à
estabilidade gestacional, que tem como fundamento
primordial a proteção integral à gravidez e à saúde da
gestante e da criança.

Assim sendo, ocorrendo a demissão da obreira sem justa causa no


momento em que encontrava-se gravida, tem essa, incontestavelmente,
direito à estabilidade gestacional.

II. B) DA INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA – INVIABILIDADE DA


REINTEGRAÇÃO AO TRABALHO

Desde já a obreira informa que não deseja retornar ao trabalho, tal fato
se dá por diversos motivos, que por várias vezes, lhe causaram considerável
prejuízo, tudo em virtude da inobservância da Reclamada no tocante às
obrigações legais.

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Como narrado inicialmente na presente, o contrato de trabalho não fora


anotado na CTPS da Reclamante conforme dispõe o art. 29 da CLT, tendo a
reclamada procedendo as anotações quase 01 (um) mês após o efetivo início
do pacto laboral.

Ainda, era contumaz a realização de horas extras pela Reclamante,


porém, tais horas não eram computadas e devidamente pagas, não
constavam no contracheque e não refletiam nas demais verbas trabalhistas,
ou seja, de outra forma a trabalhadora era prejudicada.

Além de todo o acima narrado, a Reclamante não deseja retornar ao


trabalho haja vista o tratamento ríspido e descortês que recebia por parte da
representante da Reclamada, sentia-se pressionada, intimidada, com baixa
estima, tudo em virtude do modo como o labor era supervisionado.

Excelência, todos os fatos acima narrados serão devidamente


comprovados durante a instrução processual, através da oitiva das
testemunhas que já se comprometeram em comparecer em juízo.

Não obstante o acima exposto, importante mencionar que a recusa da


empregada em retornar ao trabalho, não retira da mesma o direito ao
recebimento à indenização substitutiva, pois, conforme sabido, tal instituto
visa, acima de tudo, o bem estar, saúde e vida da gestante e da criança.
Onde se verifica a existência de prejuízos à gestação, a reintegração se torna
inviável e contrária a função social que o instituto da estabilidade se propõe a
cumprir.

Pertinente citar:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA
EMPREGADA GESTANTE. RECUSA DE
RETORNAR AO TRABALHO. AUSÊNCIA DE
RENÚNICA À ESTABILIDADE. Constatada a
aparente violação do art. 10, II, b, do ADCT da
CF/88, dá-se provimento ao agravo de instrumento
a fim de se determinar o exame da revista. Agravo
de Instrumento provido. II – RECURSO DE
REVISTA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA
EMPREGADA GESTANTE. RECUSA DE
RETORNAR AO TRABALHO. AUSÊNCIA DE
RENÚNCIA À ESTABILIDADE. Conforme tem
reiteradamente decidido esta Corte Superior, o
direito à garantia provisória da gestante é
irrenunciável, pois sua instituição não visa

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apenas proteger a trabalhadora, mas tem por


destinatário o nascituro. Assim, ainda que haja
recusa, pela reclamante, à reintegração ao
emprego, como no caso em exame, e não esteja
configurada a má-fé do empregador, ao rescindir o
contrato de trabalho sem ciência da gravidez, tais
fatos não eliminam a ilegalidade da denúncia
unilateral desmotivada do contrato de trabalho, fato
gerador da garantia prevista no art. 10, II, b, do
ADCT. Cabível, assim, a indenização
substitutiva. Precedentes desta Corte. Recurso de
Revista parcialmente provido. (TST – RR:
4926020125020011, Data de Julgamento:
25/02/2015, Data de Publicação: DEJT 27/02/2015)
– grifei.

A Reclamante não vê possibilidade de retornar ao trabalho, tudo em


virtude dos diversos acontecimentos acima narrados. Dessa forma, busca na
presente demanda, exclusivamente, a condenação da reclamada ao
pagamento de indenização substitutiva correspondente ao período
compreendido da data da propositura da presente ação, até 05 (cinco)
meses após o parto, totalizando uma média de 15 (quinze) meses.

Ou seja, considerando o último salário percebido pela obreira, à


indenização substitutiva, se dá no importe de R$ 60.000,00 (sessenta mil
reais).

III - DA ESTIMATIVA DO VALOR DA CAUSA

Com a redação do § 1º do art. 840 da CLT, faz-se imprescindível a


parte Autora apresentar um valor aproximado da causa, para no trânsito em
julgado da sentença condenatória, requerer a apuração e liquidação da
quantia correta da verba deferida.

O referido inciso dispõe que a reclamação escrita prescinde do pedido


certo e determinado com a indicação do valor da causa, observa-se aqui MM.
Juiz, que o legislador não impôs a liquidação de cada pedido, mas a
indicação do valor, ao passo que interpretação do Diploma legal faz crer na
imposição de uma estimativa de valores, que aplicados a causa alcançam o
quantum das verbas trabalhistas devidas ao empregado.

Neste feito, leciona Humberto Theodoro Junior:

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O valor da causa não corresponde


necessariamente ao valor do objeto imediato
material ou imaterial, em jogo no processo, ou
sobre o qual versa a pretensão do autor perante o
réu. É o valor que se pode atribuir à relação jurídica
que se afirmar existir sobre tal objeto. [...]
Determina-se, portanto, o valor da causa apurando-
se a expressão econômica da relação jurídica
material que o autor quer opor ao réu. O valor do
objeto imediato pode influir nessa estimativa, mas
nem sempre será decisivo (THEODORO JUNIOR,
Humberto. Curso de direito processual civil. Rio de
Janeiro: Forense, 2002. p. 251).

Seria incoerente exigir da Reclamante a quantia exata da importância


devida a título de verbas trabalhistas, uma vez que a quantificação depende
não só de dados exatos do contrato de trabalho, como também dos juros que
irão incidir no valor final, razão pela qual essa projeção é a medida que se
impõe.

A forma deduzida do valor da causa, não vai de encontro com o


Princípio da Congruência ou Adstrição segundo o qual o magistrado deve se
ater a lide nos limites objetivado pelas partes, pois no momento da liquidação
da sentença será verificado e posto tudo a que a Reclamante tenha direito,
não incorrendo em sentença extra, citra ou ultra petita. A discussão encontra
amparo na jurisprudência do Colendo TST:

[...] Diante da complexidade que envolve os


cálculos trabalhistas, além das inúmeras
discussões doutrinárias e jurídicas acerca da
incidência de reflexos, seria desarrazoado atribuir,
ao valor do pedido lançado na petição inicial, a
certeza absoluta de um mesmo valor que se fixa,
por exemplo, no caso de uma execução de um
título extrajudicial. Não se exige, no Processo do
Trabalho, a mesma indicação "precisa" a que
referia o CPC de 1939, nem tampouco o
refinamento na individualização do valor da causa,
disciplinado nos artigos 42 a 49 do CPC de 1939.
3. O valor atribuído pelo reclamante, no caso dos
autos, representou mera estimativa, simplesmente
para a fixação de alçada (artigo 852-B, I, da CLT),
não servindo como limite ao valor efetivamente
auferido, após regular procedimento de liquidação
de sentença. 4. Ao deixar de limitar a condenação
aos respectivos valores indicados na reclamação

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trabalhista, o juiz de primeiro grau não violou o


princípio da congruência, como reconhecido pelo
Tribunal Regional, razão pela qual, impõem-se a
reforma do julgado, afim de se restabelecer o
critério de liquidação indicado na sentença. [...]
(TST, Recurso de Revista 110642320145030029,
julgamento: 21.07.2017).

Desta forma, não há que se falar em sucumbência recíproca quando a


importação do valor dado a causa refere-se à mera projeção de valores e não
liquidação propriedade dita. Ainda, por oportuno, caso V. Exa., entenda
necessário a correção, a requer por meio da emenda a inicial garantido pelo
art. 321 do CPC com a indicação exata que se refere a Súmula 263 do TST.

IV. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, REQUER:

a) Os benefícios da Justiça Gratuita, pois, como atesta, a Reclamante não


tem condições de arcar com as custas do processo sem prejuízo próprio
e de sua família, nos termos da Lei;

b) A citação da empresa Reclamada, para, querendo, comparecer à


audiência e apresentar defesa, sob pena de revelia e confissão ficta;

c) Em atenção à estabilidade gestacional da obreira, a condenação da


Reclamada ao pagamento de indenização substitutiva relativa ao
período de duração da estabilidade gestacional, qual seja, desde o
ajuizamento da presente demanda até 05 (cinco) meses após a data do
parto, totalizando R$ 60.000,00 (sessenta mil reais);

d) A TOTAL PROCEDÊNCIA da presente ação trabalhista, condenando a


Reclamada em todo o requerido, tudo conforme for apurado em
liquidação de sentença, corrigido monetariamente, acrescido de juros,
custas e demais despesas;

e) A condenação da Reclamada ao pagamento de honorários advocatícios


sobre o valor atualizado da condenação;

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f) Requer ainda seja a Reclamada compelida a apresentar toda a


documentação referente ao contrato de trabalho do empregado, sob as
penas do artigo 359 do CPC.

Por fim, protesta pela produção de todos os meios de provas em direito


admitidas, especialmente pelo depoimento pessoal do representante legal da
empregadora, sob pena de confissão ficta, oitiva de testemunhas, juntada e
solicitação de outros documentos e todas as demais medidas que
necessitarem na forma do artigo 397 do CPC.

V - DO VALOR DA CAUSA

Atribui à causa o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).

Importa destacar, que os valores aqui indicados não representam


limitação ao quantum efetivamente devido, tendo em vista que a liquidação do
feito dar-se-á em momento processual oportuno, conforme preceitua o artigo
840, §1º da CLT, que não exige a liquidação dos pedidos, mas apenas sim sua
indicação. No mesmo sentido é a instrução normativa 41/18 do C. TST, editada
pela Resolução 221/2018, art. 12, §2º.

Nestes termos,
Espera DEFERIMENTO.

São Paulo, 06 de setembro de 2023.

ALINE DIAS
OAB/SP 377.933

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