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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DE TRABALHO DA COMARCA DE


PETRÓPOLIS/RJ

AMANDA RIBEIRO FONTES, brasileira, solteira, portadora da carteira de


identidade de nº xxxxxxxxxxxxxxx inscrita no CPFsob nº xxxxxxxx, residente e
domiciliada à Rua Santo Agostinho, Gulf, Comendador Levy Gasparian/RJ, vem, por
intermédio de seus advogados, com endereço profissional sito à xxxxxxxxxxxxxx, nº xxx,
xxxxx, xxxxxxxxx, respeitosamente perante Vossa Excelência propor a presente:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Em face de BEBIDAS ITAIPAVA LTDA, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob número xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, com endereço à
Avenida BR 040, KM 233, número 75, Itaipava, Petrópolis/RJ, o que faz de acordo com
os fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expostos:

I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Cumpre salientar que a reclamante se encontra desempregada, possui renda


inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
Sendo assim, requer a concessão do benefício da justiça gratuita, nos termos do
artigo. 790 § 3º da CLT. Para comprovar tal situação, o obreiro junta aos autos, cópia de
sua Carteira de Trabalho e previdência social.

II. DOS FATOS

O contrato de trabalho entabulado entre as partes teve início no dia 16/04/2019,


com todo a trâmite legal sendo respeitado, no que se refere aos prazos para anotação
na CTPS, previsto no Art. 29, CLT.

A reclamante exercia a função de auxiliar administrativo. Sua jornada de trabalho


era compreendida das 08:00 às 17:00, segunda à sexta, com uma hora de intervalo para
refeição e descanso.

O valor recebido a título de remuneração mensal era em média de R$ 2.300 (dois


mil e trezentos reais).
Por iniciativa da reclamada o contrato de trabalho foi interrompido, sem justa
causa, em 22/01/2022, com o devido pagamento das verbas rescisórias e também o
aviso prévio, que neste caso foi indenizado, portanto, pode-se afirmar que a efetivação
da dispensa da empregada seu deu após a expiração do prazo, que se deu no dia
27/02/2022, observando-se o Art. 1º, Parágrafo único da Lei 12.506/2011, popularmente
conhecida como lei do aviso prévio.

Acontece que, após a realização de alguns exames feitos pela reclamante, no dia
24/03/2022, a mesma veio a descobrir que estava grávida de 4 semanas, ou seja, havia
concebido a gravidez no dia 25/02/2022, ENQUANTO AINDA ESTAVA NO AVISO
PRÉVIO INDENIZADO, COM A VIGÊNCIA DO CONTRATO DE TRABALHO ATIVA.

Além disso, é oportuno mencionar que a filha da reclamante veio a nascer no dia
25/11/2022, com nome Camile.

III. DO DIREITO PLEITEADO NA PRESENTE DEMANDA

III.1. DA ESTABILIDADE DA GESTANTE

A reclamante recebeu comunicação do aviso prévio em 22/01/2022, ou seja, foi


demitida sem justa causa, desligando-se da empresa em 27/02/2022 haja vista a
projeção do aviso prévio.

Ocorre que, no momento da demissão, a reclamante encontrava-se grávida.


Conforme os documentos que são juntados aos autos, datado de 24/03/2022, a mesma
já nutria uma gestação de 4 semanas, com parto previsto para, aproximadamente, o mês
de novembro.

Dessa forma, quando fora demitida (27/02/2022), a obreira era gestante de,
aproximadamente, 4semanas, sendo assim, detentora do direito à estabilidade
gestacional.

O art. 10 inciso II alínea b do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,


garante estabilidade do emprego da empregada gestante, desde a confirmação da
gravidez até cinco meses após o parto.

Conforme se depreende dos documentos juntados aos autos, a reclamante fora


demitida enquanto estava gravida, sendo que tal procedimento é expressamente vedado
ao empregador, ficando este sujeito a proceder à reintegração da empregada, ou,
conforme o caso, ao pagamento de indenização substitutiva.

Ainda neste sentido, a CLT nos traz expressamente no seu artigo 391-A:

Artigo 391-A: A confirmação do estado de gravidez


advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que
durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou
indenizado, garante à empregada gestante a
estabilidade provisória, no mínimo, por 6 (seis) meses
após o final do período de licença-maternidade.

Importa mencionar que a reclamante, no momento da dispensa, desconhecia a sua


gravidez, porém, tal fato não obsta a busca pelo direito por ora pleiteado, pelo contrário,
encontra amparo no entendimento já fixado pelo Supremo Tribunal Federal e Súmula
244 do Tribunal Superior do Trabalho in verbis:

GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item


III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em
14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e
27.09.2012
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador
não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente
da estabilidade (art. 10, II, b do ADCT).

II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a


reintegração se esta se der durante o período de estabilidade.
Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais
direitos correspondentes ao período de estabilidade.

III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória


prevista no art. 10, inciso II, alínea b, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão
mediante contrato por tempo determinado.
III.2. DA INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA EM DECORRÊNCIA DA QUEBRA DA
ESTABILIDADE

Embora não faça jus a reclamante à reintegração ao trabalho, entende-se que, no


presente caso, a reclamante faz direito à indenização.

Como narrado inicialmente na presente, o contrato de trabalho fora encerrado no


dia da expiração do aviso prévio, portanto, os meses em que a gestante faria jus a
estabilidade não foram anotados, muito menos pagos, não referentes somente ao
salário, mas também a todos seus reflexos.

Ainda, como mencionado, o valor pago à reclamante era o de R$ 2.300,00 (dois mil
e trezentos reais). Neste sentido, o valor é oportuno ressaltar que desde que a
reclamada fora despedida, todas as verbas dos meses em que deveria estar empregada,
deixaram de ser recolhidas, tais como férias, 13º salário, férias com adicional de um terço
e FGTS, além da multa de 40%, prevista no Artigo 18 da lei 8.036/90.

III.2.1 DO SALDO SALÁRIO

Neste sentido, como o salário recebido pela reclamante era de R$ 2.300 (dois mil e
trezentos reais), pode-se apreender que o valor a ser recebido pela reclamante, no que
tange às verbas salariais não recebidas é de R$ 32.200 (trinta e dois mil e duzentos reais),
visto a conta básica, 14 x 2.300,00.

III.2.2 DO FGTS

É sabido que o FGTS é devido pelos empregadores, tendo que ser depositado
mensalmente, no valor de 8% do salário bruto recebido pelo trabalhador, que no caso em
tela, corresponde à R$ 184,00 (cento e oitenta e quatro reais) mensais, perfazendo, na
totalidade dos meses, o valor de R$ 2.576 (dois mil quinhentos e setenta e seis reais).

III.2.3 DAS FÉRIAS + 1/3

A reclamante faz jus também as férias do período de estabilidade, acrescidas de 1/3,


conforme abaixo:

- Férias integrais período de 28/02/2022 a 27/02/2023: R$ 2.300,00


- Férias proporcionais a 02/12 avos: R$ 191,67

- 1/3 sobre as férias integrais: R$ 766,67

- 1/3 sobre as férias proporcionais: R$ 63,89

Total de férias a indenizar: R$ 3.322,23

III.2.4 DO 13º SALÁRIO

A gratificação natalina é uma garantia constitucional assegurada pelo artigo 7º,


inciso VII, da Carta Magna brasileira.

Havendo extinção do contrato de trabalho antes do pagamento da referida


gratificação, o empregador fica obrigado a pagá-la proporcionalmente aos meses de
serviço, conforme artigo 3º, da Lei 4.090/62, a saber:

Art. 3º - Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de


trabalho, o empregado receberá a gratificação devida nos
termos dos parágrafos 1º e 2º do art. 1º desta Lei, calculada
sobre a remuneração do mês da rescisão.

Conforme pode-se apreender, a reclamada não pagou o 13º salário na sua


integralidade, somente tendo pago 2/12 na dispensa, ficando pendentes 10/12 do saldo de
13º, portanto, no que se diz ao saldo de 2022, a reclamante tem o direito de receber R$
1916,66 (hum mil novecentos e dezesseis reais e sessenta e seis centavos).

Além disso, é oportuno mencionar o saldo de 13º do ano de 2023, que corresponde
a 4/12, perfazendo o total de R$ 766,66 (setecentos e sessenta e seis reais e sessenta e
seis centavos).

Portanto, o saldo final de 13º pendente de pagamento para a reclamada é de R$


2.683,32 (dois mil seiscentos e oitenta e três reais e trinta e dois centavos).
III.3. DA RETIFICAÇÃO NA CTPS

Como já exaustivamente demonstrado, o vínculo empregatício entre as partes teria


que ter se estendido até o dia 25/04/2023.

Faz jus, então, que seja proferida a devida retificação na CTPS da reclamante,
obrigando a reclamada a retificar a data de demissão, para o devido mês, que neste
caso será o o dia 25/04/2023.

III.4 MULTA DOS 40%

Por fim, como já é sabido, nos casos de demissão sem justa causa, o empregado
faz jus ao pagamento da multa de 40%, prevista no artigo 18 da lei 8.036/90 e pela
Constituição Federal no artigo 7, inciso I.

Portanto, ainda há que acrescentar o valor da multa, que perfaz o montante de R$


1.030,40

IV. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) Seja deferido o benefício da assistência judiciária gratuita, por não ter a reclamante
condições de suprir com as despesas do processo sem prejuízo próprio;

b) Seja notificado a reclamada para, querendo, comparecer à audiência designada e


contestar, sob pena de revelia e confissão ficta da matéria dos fatos;

c) Seja reconhecida a estabilidade gestante provisória da reclamante e o seu direito à


indenização;

d) Seja feita a retificação na CTPS da reclamante, obrigando a reclamada a realizar a


anotação tendo como termo final do vínculo empregatício a data de 25/04/2023;
e) Seja a reclamada condenada ao pagamento da indenização substitutiva pela quebra
da estabilidade gestante pelo período da descoberta da gravidez, em 13/02/2017, até
cinco meses após o parto, que perfazem o valor de R$ 41.811,95, conforme abaixo:

- 14 meses de salário, no valor de R$ 32.200,00;

- FGTS: R$ 2.576;

- Férias integrais período de 28/02/2022 a 27/02/2023: R$ 2.300,00

- Férias proporcionais a 02/12 avos: R$ 191,6

- 1/3 sobre as férias integrais: R$ 766,67

- 1/3 sobre as férias proporcionais: R$ 63,89

- 13º salário referente a 10/12 do ano de 2022: R$ 1916,66

- 13º salário referente a 04/12 do ano de 2023: R$ R$ 766,66

- Multa de 40% do FGTS: R$ 1.030,40

f) Seja condenada a reclamada a pagar as verbas incontroversas na primeira audiência,


sob pena de pagá-las com o acréscimo de 50%, nos termos do artigo 467 da CLT;

g) Seja ao final julgada procedente a presente reclamatória trabalhista, condenando a


reclamada ao pagamento das verbas pleiteadas, acrescidas de juros de mora e correção
monetária;

h) seja a reclamada condenada ao pagamento dos honorários advocatícios, nos termos


do artigo 791-A da CLT, no importe de 15% sobre o valor que resultar da liquidação;

i) Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito.


Dá-se à causa o valor de R$ 41.811,95 (quarenta e um mil, oitocentos e onze reais e
noventa e cinco centavos).

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Três Rios, 28 de novembro de 2023.

ADVOGADOS

OAB XXXX

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