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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DO

____ JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA COMARCA DE


XXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXX, brasileira, solteira, autônoma, portadora do RG


nº. XXXXXXXXXXXX, inscrita no CPF sob o nº. XXXXXXXXX, com endereço
residencial na Rua XXXXXXXXXXXXXX, vem à presença de Vossa Excelência, por
intermédio de sua procuradora constituída, propor a presente AÇÃO PARA
CONCESSÃO DO BENEFÍCO DE LICENÇA A MATERNIDADE contra
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e
fundamentos que a seguir aduz:

I- DOS FATOS
A parte Autora é segurada da previdência social como contribuinte
individual, conforme demostram os documentos anexados à presente inicial. No
dia 19 de setembro de 2017 a Autora requereu a concessão do benefício de salário
maternidade junto ao Instituto Réu, em razão do nascimento de sua filha que
ocorreu no dia 4 de julho de 2017, no Hospital Evangélico Goiano.
A Autora teve seu pedido indeferido, mesmo após recurso ordinário,
segundo o órgão previdenciário, por não afastamento do trabalho, devido a
Autora não ter paralisado com os pagamentos mensais das guias de recolhimento
do INSS. A Autora, sem as necessárias informações, continuou com os
pagamentos com receio de perder a qualidade de segurada da previdência social,
pois no momento do atendimento para requerimento da concessão do benefício,
não lhe foi informado que deveria paralisar com os pagamentos.
Ressalta-se que o fato de autora continuar realizando o pagamento mensal
das guias de recolhimento do INSS não significa que tenha continuado suas
atividades suas atividades laborativas, prova disso é que o Instituto Réu não
possui nenhuma prova nesse sentido.
II- DO DIREITO

O benefício de salário maternidade é uma garantia constitucional para que


a segurada da previdência social, devidamente vinculada, possa dispor de certo

tempo para atender suas as necessidades e as do recém-nascido. O art. 71 da lei


8.213/91 concede o direito as seguradas da previdência social de gozarem do
benefício de salário-maternidade. Vejamos:
Art. 71. O salário-maternidade é devido à segurada da
Previdência Social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início
no período entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a data de
ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas
na legislação no que concerne à proteção à maternidade. 

No intuito de regulamentar a concessão do benefício de salário


maternidade, a Lei 8.213/91 estabeleceu requisitos para sua concessão, dentre eles
o preenchimento da carência para o benefício para certas seguradas, é o que diz
art. 25 da referida Lei:
Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral
de Previdência Social depende dos seguintes períodos de
carência, ressalvado o disposto no art. 26:
(...)
III - salário-maternidade para as seguradas de que tratam os
incisos V e VII do art. 11 e o art. 13: dez contribuições mensais,
respeitado o disposto no parágrafo único do art. 39 desta Lei.

Importante ressaltar também, que a Constituição Federal, assegura, em


seu artigo 7º, inciso XVIII, licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
salário, senão vejamos:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
com a duração de cento e vinte dias;
(...)

É incontestável que a Autora possui a qualidade de segurada da


Previdência Social, conforme o extrato previdenciário do Cadastro Nacional de
Informações Sociais retirado pela Autora no órgão da previdência social, que
comprova o pagamento das contribuições superior ao limite mínimo de 10 meses
anterior a época do nascimento de sua filha.
Firmando ainda mais esse entendimento o Tribunal Regional Federal da 1ª
Região, proferiu decisão favorável a contribuinte individual, reconhecendo sua
qualidade de segurada, vejamos:
PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE.
TRABALHADORA URBANA. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.
QUALIDADE DE SEGURADA E PERÍODO DE CARÊNCIA
COMPROVADOS. PEDIDO PROCEDENTE. 1. O salário-
maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante
120 (cento e vinte) dias, com início no período entre 28 (vinte e
oito) dias antes do parto e a data de ocorrência deste, conforme
estabelecido pelo art. 71 da Lei 8.213/91. 2. Independe de carência
a concessão do salário maternidade para as seguradas
empregadas, trabalhadoras avulsas e empregadas domésticas
(art. 26, Vl, da Lei 8.213/91), exigindo atenção ao período de
carência apenas em se tratando de seguradas contribuinte
individual e facultativa (art. 25, III, c/c art. 26, Vl, da Lei 8.213/91),
que será de 10 meses, podendo ser reduzido na exata
correspondência do número de meses em que o parto foi
antecipado (Parágrafo único do Inciso III do art. 25 da Lei
8.213/91). 3. No caso dos autos, comprovado que à época do
nascimento de seu filho, a autora mantinha a qualidade de
segurada na condição de contribuinte individual e cumprido o
requisito carência, assiste-lhe o direito à obtenção do referido
benefício. 4. Apelação do INSS desprovida.
(TRF01 - AC: 00639232420164019199, Relator: AILTON
SCHRAMM DE ROCHA, PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicação: 17/05/2017)

O motivo alegado pelo o INSS para o indeferimento do pedido do


benefício do salário a maternidade, foi o não afastamento do trabalho durante o
período de licença a maternidade, porém tal alegação foi firmada apenas na
continuidade da Autora aos pagamentos das guias de recolhimento de
contribuições, sendo que a parte Autora somente continuou com os pagamentos
com o intuito de garantir sua qualidade de assegurada, não tendo nenhuma
condições de prosseguir com seu trabalho, visto que, a Autora precisou passar por
uma cirurgia cesariana para garantir o nascimento saudável de sua filha.
Sendo assim, o estado de saúde da Autora, após o parto através de cirurgia
cesariana, era de extrema cautela, cuidados, tanto com ela como com sua filha, e
que precisava de repouso, conforme o atestado medico afirmando sua
necessidade de afastamento do trabalho.
Nesse sentido, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região emitiu decisão
reconhecendo o pedido de benefício a segurada contribuinte individual, vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE.
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. PRESENÇA DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. Salário-
maternidade é o benefício previdenciário a que faz jus a segurada
gestante, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período
entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência deste,
podendo este prazo ser aumentado em até duas semanas,
mediante comprovação médica. O pedido para reconhecimento
da atividade exercida na lavoura, para fins de salário-
maternidade funda-se em documentos, dentre os quais destaco o
RG da filha da autora, demonstrando o nascimento em
27/04/2015; comprovante de inscrição no CNPJ demonstrando, é
empresária individual e guias de recolhimento de tributos como
microempreendedor individual, efetuados pela autora. O INSS
juntou documentos do CNIS, demonstrando que a requerente
recolheu contribuições ao RGPS, na qualidade de contribuinte
individual, no Plano Simplificado de Previdência Social. IREC-LC
123, no período de 01/01/2013 a 31/05/2016. Constatado o
recolhimento de contribuições individuais, no período de
01/01/2013 a 31/05/2016 e verificado o nascimento de sua filha em
27/04/2015, a qualidade de segurada restou demonstrada, nos
termos do art. 15, inc. II e § 3º, da Lei 8.213/91, que prevê a
manutenção dessa condição perante a Previdência Social, no
período de até 12 meses, após a cessação das contribuições,
quando deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração. Cumprido o período de carência, que consiste no
recolhimento de 10 contribuições ao RGPS. A alegação do INSS
de que a autora estava trabalhando no período do
nascimento da criança e nos meses subsequentes não foi
demonstrada nos autos. O recolhimento de contribuições
naquele período foi realizado para assegurar a qualidade de
segurada da requerente, não podendo ser interpretado em
seu desfavor. O termo inicial será mantido na data do
requerimento administrativo, à míngua de apelo. Os índices de
correção monetária e taxa de juros de mora, deve observar o
julgamento proferido pelo C. STF na Repercussão Geral no
Recurso Extraordinário nº 870.947, bem como o Manual de
Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal
em vigor por ocasião da execução do julgado. Apelação do INSS
não provida.
(TRF03 - AP/REM: 00097037620184039999, Relator: TANIA
MARANGONI, OITAVA TURMA, Data de Publicação:
11/07/2018)
Não há dúvidas diante da exposição dos fatos e do direito que a Autora
somente teve o intuito de garantir sua qualidade de assegurada. Desta forma, a
alegação do INSS apenas no fato da continuidade do pagamento das guias de
recolhimento como causa de indeferimento ao salário maternidade deverá ser
desconsiderada, pois o mesmo nem sequer apresentou outra prova de que a
Autora teria permanecido no trabalho no período de licença a maternidade. A
Autora preenche os requisitos legais de assegurada na qualidade de contribuinte
individual, tendo assim o direito de concessão do benefício ao salário
maternidade.

IV- DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) O deferimento dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98 e


seguintes do CPC/2015;
b) A designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do
art. 319, VII, do CPC/2015;
c) A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo,
responder à presente demanda, no prazo legal;
d) A condenação do INSS a concessão do benefício de salário maternidade
pelo período determinado na legislação previdenciária de 120 dias,
conforme o art. 71 da lei 8.213/91, contados a partir de 28 dias antes da data
do parto;
e) A condenação do INSS ao pagamento das parcelas vencidas ,
monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de
juros de mora, incidentes até a data do efetivo pagamento;
f) A condenação do INSS ao pagamento de custas, despesas e de honorários
advocatícios, na base de 20% (vinte por cento) sobre as parcelas vencidas e
as doze vincendas, apuradas em liquidação de sentença, conforme
dispõem o art. 55 da Lei nº 9.099/1995 e o art. 85 § 3º, do Código de
Processo Civil / 2015.

Dar-se-á o valor da causa de R$ 3.816,00 (três mil oitocentos e dezesseis


reais)

Nesses termos, pede e espera deferimento.

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