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I- DOS FATOS
A parte Autora é segurada da previdência social como contribuinte
individual, conforme demostram os documentos anexados à presente inicial. No
dia 19 de setembro de 2017 a Autora requereu a concessão do benefício de salário
maternidade junto ao Instituto Réu, em razão do nascimento de sua filha que
ocorreu no dia 4 de julho de 2017, no Hospital Evangélico Goiano.
A Autora teve seu pedido indeferido, mesmo após recurso ordinário,
segundo o órgão previdenciário, por não afastamento do trabalho, devido a
Autora não ter paralisado com os pagamentos mensais das guias de recolhimento
do INSS. A Autora, sem as necessárias informações, continuou com os
pagamentos com receio de perder a qualidade de segurada da previdência social,
pois no momento do atendimento para requerimento da concessão do benefício,
não lhe foi informado que deveria paralisar com os pagamentos.
Ressalta-se que o fato de autora continuar realizando o pagamento mensal
das guias de recolhimento do INSS não significa que tenha continuado suas
atividades suas atividades laborativas, prova disso é que o Instituto Réu não
possui nenhuma prova nesse sentido.
II- DO DIREITO
PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE.
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. PRESENÇA DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. Salário-
maternidade é o benefício previdenciário a que faz jus a segurada
gestante, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período
entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência deste,
podendo este prazo ser aumentado em até duas semanas,
mediante comprovação médica. O pedido para reconhecimento
da atividade exercida na lavoura, para fins de salário-
maternidade funda-se em documentos, dentre os quais destaco o
RG da filha da autora, demonstrando o nascimento em
27/04/2015; comprovante de inscrição no CNPJ demonstrando, é
empresária individual e guias de recolhimento de tributos como
microempreendedor individual, efetuados pela autora. O INSS
juntou documentos do CNIS, demonstrando que a requerente
recolheu contribuições ao RGPS, na qualidade de contribuinte
individual, no Plano Simplificado de Previdência Social. IREC-LC
123, no período de 01/01/2013 a 31/05/2016. Constatado o
recolhimento de contribuições individuais, no período de
01/01/2013 a 31/05/2016 e verificado o nascimento de sua filha em
27/04/2015, a qualidade de segurada restou demonstrada, nos
termos do art. 15, inc. II e § 3º, da Lei 8.213/91, que prevê a
manutenção dessa condição perante a Previdência Social, no
período de até 12 meses, após a cessação das contribuições,
quando deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração. Cumprido o período de carência, que consiste no
recolhimento de 10 contribuições ao RGPS. A alegação do INSS
de que a autora estava trabalhando no período do
nascimento da criança e nos meses subsequentes não foi
demonstrada nos autos. O recolhimento de contribuições
naquele período foi realizado para assegurar a qualidade de
segurada da requerente, não podendo ser interpretado em
seu desfavor. O termo inicial será mantido na data do
requerimento administrativo, à míngua de apelo. Os índices de
correção monetária e taxa de juros de mora, deve observar o
julgamento proferido pelo C. STF na Repercussão Geral no
Recurso Extraordinário nº 870.947, bem como o Manual de
Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal
em vigor por ocasião da execução do julgado. Apelação do INSS
não provida.
(TRF03 - AP/REM: 00097037620184039999, Relator: TANIA
MARANGONI, OITAVA TURMA, Data de Publicação:
11/07/2018)
Não há dúvidas diante da exposição dos fatos e do direito que a Autora
somente teve o intuito de garantir sua qualidade de assegurada. Desta forma, a
alegação do INSS apenas no fato da continuidade do pagamento das guias de
recolhimento como causa de indeferimento ao salário maternidade deverá ser
desconsiderada, pois o mesmo nem sequer apresentou outra prova de que a
Autora teria permanecido no trabalho no período de licença a maternidade. A
Autora preenche os requisitos legais de assegurada na qualidade de contribuinte
individual, tendo assim o direito de concessão do benefício ao salário
maternidade.