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DIREITO DO TRABALHO II

MÓDULO 3

GARANTIA DE EMPREGO E DO TEMPO DE SERVIÇO

1. Garantia de emprego

- É um mecanismo genérico para proteger o empregado contra a iniciativa de


despedir.

 Básica: É reconhecido como um simples entrave para a rescisão do


contrato. Funciona como um desestímulo.
 Especiais: É um impeditivo do desligamento. É a estabilidade.

2. Histórico

 1ª Etapa (1943-1966) – Estabilidade Decenal

- Na CLT original havia uma fórmula legal que dizia que o empregado que
conta com mais de 10 anos de serviço na mesma empresa, não poderia ser
demitido a não ser em caso de falta grave ou força maior comprovada (Art. 492
/ CLT)

- Para quem fosse despedido antes dos 10 anos, deveria receber uma
indenização de uma remuneração por cada ano trabalhado.

 2ª Etapa (1966-1988) – FGTS com a lei nº 5.107/66


- No Regime Militar surge o FGTS para acabar com a estabilidade decenal
– precarizando as relações de emprego pela perda da estabilidade.

- O FGTS era opcional ao empregado.

- Dessa forma, mensalmente recebia 8% de seu salário para caso fosse


demitido, pudesse sacar.

- É 8% porque 13 (salários) vezes 8 (%) = 104 (%), ou seja,


aproximadamente um salário por ano, equivalente ao regime anterior.
Entretanto o dinheiro fica depositado e guardado.

 3ª Etapa (Pós 1988)

- O que era opcional se torna obrigatório – FGTS com o art. 7º, III da CF.

- A lei nº 8.036/90 substituiu a antiga lei.

3. Espécies de garantia de emprego

3.1 Garantia de emprego em sentido estrito

3.1.1 Estabilidade provisória

a) Dirigente Sindical (Art. 8º, VIII / CF)

- É vedada a dispensa do empregado a partir do registro de candidatura a


cargo de dirigente sindical.

- Se eleito, mesmo que suplente, tem estabilidade de até 1 ano após o


mandato, salvo se cometer falta grave.

- A estabilidade cessa se perder a eleição.


- Em caso de membro do conselho fiscal, ele não será detentor da estabilidade,
visto que, segundo entendimento do TST, ele não atua na defesa direta dos
membros da categoria.

365. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DE CONSELHO FISCAL DE SINDICATO.


INEXISTÊNCIA (DJ 20, 21 e 23.05.2008)

Membro de conselho fiscal de sindicato não tem direito à estabilidade prevista nos arts. 543, §
3º, da CLT e 8º, VIII, da CF/1988, porquanto não representa ou atua na defesa de direitos da
categoria respectiva, tendo sua competência limitada à fiscalização da gestão financeira do
sindicato (art. 522, § 2º, da CLT).

29/11/2019

- Para realizar o enquadramento sindical do trabalhador é considerada a


atividade preponderante da empresa (Categoria profissional)

- A lei estabelece algumas outras formas de enquadramento (Categorias


Diferenciadas) de acordo com a função exercida na empresa pelo trabalhador.

Súmula nº 369 do TST


DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item I alterada
na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em
25, 26 e 27.09.2012
I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a
comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo
previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio,
ocorra na vigência do contrato de trabalho.
II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada,
assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual
número de suplentes.
III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se
exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi
eleito dirigente.
IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não
há razão para subsistir a estabilidade.
V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de
aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra
do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho.
 Categoria Diferenciada

Exemplo: Um médico é dirigente sindical dos médicos (protegido pela


estabilidade) e também trabalha como professor na Bahiana. Ele possui a
proteção nessa empresa também?

- Se na Bahiana ele for somente professor, não terá proteção. Entretanto ele
exercer a função de professor e médico do hospital da faculdade, ele será
protegido.

- Esse tópico só serve para as categorias especiais.

 Extinção de atividade

Exemplo: Um cidadão é presidente sindical da categoria de uma determinada


empresa e essa empresa acaba sendo extinta. Ele continua com a
estabilidade?

- Se a finalidade deixa de existir, não havendo mais representados, ele não


goza mais de estabilidade.

 Aviso prévio

Exemplo: A empresa resolve despedir um funcionário, que recebe o aviso


prévio e depois disso se candidata a dirigente sindical.

- Entende-se que ele não goza de estabilidade no período eleitoral. Entretanto


há decisões em contrário.

Súmula nº 379 do TST


DIRIGENTE SINDICAL. DESPEDIDA. FALTA GRAVE. INQUÉRITO JUDICIAL.
NECESSIDADE (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 114 da SBDI-1) - Res.
129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em
inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, §3º, da CLT.
Se o presidente sindical fizer uma justa causa, poderá ser despedido por
inquérito de apuração por falta grave (processo judicial), se houver
comprovação judicial, tendo, durante o processo, o contrato suspenso.

b) Outros detentores de estabilidade específica

 Cipeiro (ADCT art. 10, II, a c/c Súmula 339/TST)

Súmula nº 339 do TST


CIPA. SUPLENTE. GARANTIA DE EMPREGO. CF/1988 (incorporadas as Orientações
Jurisprudenciais nºs 25 e 329 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - O suplente da CIPA goza da garantia de emprego prevista no art. 10, II, "a", do ADCT a
partir da promulgação da Constituição Federal de 1988. (ex-Súmula nº 339 - Res. 39/1994, DJ
22.12.1994 - e ex-OJ nº 25 da SBDI-1 - inserida em 29.03.1996)
II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as
atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de ser quando em atividade a
empresa. Extinto o estabelecimento, não se verifica a despedida arbitrária, sendo impossível a
reintegração e indevida a indenização do período estabilitário.

Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da
Constituição:

II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:

do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de


a
prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após
)
o final de seu mandato;

- Assim como o dirigente sindical se inicia com o registro de candidatura e se


encerra em 1 ano após o mandato.

- A estabilidade só é garantida aos membros da CIPA que representam os


trabalhadores.
- No caso do cipeiro, a própria CLT estabelece os critérios para que ele possa
ser demitido:

Art. 165 - Os titulares da representação dos empregados nas CIPA (s) não poderão sofrer
despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar,
técnico, econômico ou financeiro.

Parágrafo único - Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso de


reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar a existência de qualquer dos motivos
mencionados neste artigo, sob pena de ser condenado a reintegrar o empregado.

- O que fazer com o suplente da CIPA? Eles estão cobertos pela estabilidade?

Tanto os titulares quanto os suplentes são protegidos pela estabilidade.

- Extinto o estabelecimento, subsiste a estabilidade?

Não haverá mais estabilidade, porque ela não é uma vantagem pessoal.

 Gestante (ADCT art. 10, II, b c/c Súmula 244/TST)

Súmula nº 244 do TST


GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item III alterada na sessão do
Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e
27.09.2012
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento
da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período
de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos
correspondentes ao período de estabilidade.
III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II,
alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de
admissão mediante contrato por tempo determinado.

Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da
Constituição:

II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:


b da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses
) após o parto.

- A estabilidade é estabelecida desde a confirmação da gravidez até 5 meses


após o parto.

Exemplo: A mulher está grávida, bem no inicio da gravidez e ainda nem sabe.
Se ela for despedida deverá receber a indenização por conta da estabilidade.

Em caso de demissão, se a decisão judicial ocorrer no período da estabilidade,


ou seja, até 5 meses após o parto, cabe a reintegração. Se a decisão for após
esse período, deverá receber a indenização.

- Há estabilidade, inclusive, para os contratos por tempo determinado.

 Acidentado (Lei nº 8.213/91, art. 118 c/c Súmula 378/TST)

Súmula nº 378 do TST


ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº
8.213/1991. (inserido item III) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade
provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado
acidentado. (ex-OJ nº 105 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997)
II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a
conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida,
doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego.
(primeira parte - ex-OJ nº 230 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)
III - O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da garantia
provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho prevista no n no art. 118 da Lei nº
8.213/91.

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de
doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do
auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.

- Deve ser acidente de TRABALHO


- Garantido pelo prazo mínimo de 12 meses após a volta ao trabalho para
evitar discriminações.

- Se for acidente comum, o contrato fica suspenso até ele voltar. Quando ele
voltar pode ser demitido imediatamente.

- Há a discussão de sua constitucionalidade, visto que a norma deveria ser por


lei complementar e não por lei ordinária, como foi feita.

Entretanto, o TST considerou constitucional, porque o artigo 7º, I é uma


garantia genérica, que alcance todos os trabalhadores. Desse modo, por essa
ser uma garantia específica aos acidentados, não é necessário editar uma Lei
Complementar.

- TST entende que há estabilidade mesmo para aqueles que não receberam
auxilio doença acidentário**

- TST entende que os aposentados por invalidez, que estejam aptos para voltar
ao trabalho, gozam de estabilidade por 1 ano**

- Quando o INSS libera o trabalhador para exercer suas atividades, mas no


exame admissional da empresa ele não é aprovado, a situação é chamada de
limbo previdenciário.

A alternativa é um pedido de revisão ou recurso à decisão do INSS.

Para que o trabalhador possa se sustentar nesse período, o empregador deve


pagar o salário do empregado, visto que assumiu o risco da situação, podendo
requerer a quantia de volta ao INSS.

 Diretor de cooperativa de empregados (Lei nº 5.764/71, art. 55)


 Membro trabalhador do conselho de previdência social (Lei nº
8.213/91, art. 3º, §7º)
 Representante dos empregados da comissão de conciliação prévia
(Art. 625-B, §1º / CLT)
 Representante dos empregados do conselho curador do FGTS (Lei
do FGTS – Lei nº 8.036/90, art. 3º, §9º)

3.1.2 Estabilidade Geral Definitiva (Cessou com a CF/88)

 Empregado Público: Após o estágio probatório de 3 anos, eles gozam


de estabilidade.
Entretanto, não se enquadram na estabilidade geral definitiva.

Súmula nº 390 do TST


ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF/1988. CELETISTA. ADMINISTRAÇÃO DIRETA,
AUTÁRQUICA OU FUNDACIONAL. APLICABILIDADE. EMPREGADO DE
EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. INAPLICÁVEL
(conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 229 e 265 da SBDI-1 e da Orientação
Jurisprudencial nº 22 da SBDI-2) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário
da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJs nºs 265 da SBDI-1 - inserida em
27.09.2002 - e 22 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)
II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido
mediante aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da
CF/1988. (ex-OJ nº 229 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

- Empregado não possui estabilidade do art. 41/CF, entretanto o STF decidiu


que as demissões necessitam de motivação.

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