Você está na página 1de 11

SUSPENSÃO,

INTERRUPÇÃO E
CESSAÇÃO DO CONTRATO
DE TRABALHO
ÍNDICE
1.  SUSPENSÃO X INTERRUPÇÃO.........................................................................................3
Conceitos de Suspensão e Interrupção do Contrato de Trabalho................................................................... 3

2.  HIPÓTESES DE INTERRUPÇÃO........................................................................................4


Hipóteses de Interrupção do Contrato de Trabalho...............................................................................................4

3.  HIPÓTESES DE SUSPENSÃO............................................................................................ 7


Suspensão do Contrato de Trabalho.............................................................................................................................7
Hipóteses de suspensão....................................................................................................................................................7

4.  CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO...................................................................8


Rescisão indireta................................................................................................................................................................... 9
Rescisão por culpa recíproca........................................................................................................................................... 9
1.  Suspensão x Interrupção
Conceitos de Suspensão e Interrupção do Contrato de
Trabalho
Os institutos da suspensão e da interrupção do contrato de trabalho  estão previstos na
Consolidação das Leis de Trabalho, nos arts. 471 a 476-A.

INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO


Na interrupção do contrato de trabalho, o empregado continua recebendo sua remuneração
e persiste a contagem do tempo de serviço. É o caso, portanto, de uma pausa, uma
paralisação temporária na prestação do serviço com a permanência da remuneração do
empregado e dos efeitos do contrato trabalhista. 

SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO


Por outro lado, na suspensão, o pagamento de salário não deve continuar e também não se
computará o tempo de afastamento como tempo de serviço. A CLT dispõe:

Art. 476-A. O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois a cinco meses, para
participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador, com
duração equivalente à suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho
e aquiescência formal do empregado, observado o disposto no art. 471 desta Consolidação.

www.trilhante.com.br 3
2.  Hipóteses de Interrupção
Hipóteses de Interrupção do Contrato de Trabalho
O art. 473 da CLT apresenta as hipóteses em que, ainda que o empregado falte ao serviço, o
empregador terá obrigação de remunerá-lo. Vejamos:

Art. 473. O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário:

I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou
pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica;

II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento;

III - por cinco dias consecutivos, em caso de nascimento de filho; (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.116,
de 2022)

IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente
comprovada;

V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos têrmos da lei respectiva.

VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra “c” do art. 65
da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar).

VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em
estabelecimento de ensino superior.

VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo.

IX - pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver
participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro.

X - dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para acompanhar sua esposa ou companheira em
até seis consultas médicas, ou exames complementares, durante o período de gravidez; (Redação dada pela
Medida Provisória nº 1.116, de 2022)

XI - por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica.

XII - até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de realização de exames preventivos de
câncer devidamente comprovada.

Parágrafo único. O prazo a que se refere o inciso III do caput será contado a partir da data de nascimento do filho.
(Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)

O art. 473 da CLT é extremamente claro, mas algumas observações precisam ser feitas:
1. Quanto ao inciso III, tal direito aplicava-se por um dia, porém foi ampliado para cinco
dias, conforme o art. 10, § 1º do ADCT, que culminou na licença-paternidade, concedi-
da pela Constituição Federal de 1988 em seu art. 7º, XIX.
2. Quanto ao inciso VI, as exigências de serviço militar referidas no disposto são refe-
rentes à apresentação para o serviço militar e documentação, não à hipótese de

www.trilhante.com.br 4
serviço integral, guerra, etc.
3. Além das hipóteses apresentadas no art. 473 da CLT, existem, ainda, algumas outras
situações específicas previstas na legislação, como, por exemplo, o art. 395 da CLT que
trata do aborto não-criminoso.
Vejamos o último item:

Art. 395 - Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá um repouso
remunerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de
seu afastamento.

Note-se que o repouso será pago pela Previdência Social, e não pelo empregador, sob
forma de salário-maternidade correspondente a duas semanas, como dispõe o art. 93, §
5º do Decreto 3048/99.

Atenção: Pode-se dizer que o pagamento será feito diretamente pelo empregador, mas
verdadeiramente (indiretamente) pela Previdência, que realizará os devidos repasses.

A MP nº 1116/22 alterou o art, 473, III e parágrafo único. Atualmente, ele prevê que o empregado
poderá deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário, por 5 dias consecutivos
em caso de nascimento de filho. Também prevê a dispensa pelo tempo necessário para
acompanhar a esposa ou companheira em até 6 consultas ou exames complementares
durante a gravidez (inciso X).

Existem, ainda, as possibilidades de interrupção por afastamento por doença, acidente


de trabalho e férias anuais remuneradas. Na primeira hipótese, o empregador terá a
obrigação de pagar o empregado afastado por doença por até 15 dias, sendo esse período
computado como interrupção. Após o décimo quinto dia, o responsável pelo pagamento será
o INSS, tornando-se essa uma suspensão do contrato de trabalho, como consequência do
não pagamento de salários e recebimento do benefício previdenciário.

Na segunda hipótese (acidente de trabalho), o raciocínio é o mesmo: os primeiros 15 dias


são hipótese de interrupção do contrato de trabalho, sendo o empregador o responsável
pelo pagamento do funcionário afastado. Após esse prazo, a responsabilidade passa a ser
do INSS. Todavia, existe uma pequena diferença relevante e que pode ser objeto de questão
em provas: durante esse período em que o INSS arca com os custos, persiste a contagem
do tempo de serviço (art. 4º, §1º da CLT) e o empregador continua obrigado a depositar o
FGTS durante o afastamento do empregado (art. 15, §5º da Lei 8036/90).

www.trilhante.com.br 5
Por fim, as férias anuais remuneradas se enquadram na hipótese de interrupção do contrato
de trabalho. Durante o período de férias, o empregado recebe a remuneração acrescida
de um terço, como prevê a CRFB/88 no art. 7º, XVII. Adicionalmente, o repouso semanal
remunerado (sábado e domingo, geralmente) trata-se de hipótese típica de interrupção do
contrato de trabalho, como disposto na Constituição, no art. 7º, XV, vez que o empregado
não trabalha mas o empregador deve obrigatoriamente pagar o salário correspondente.

www.trilhante.com.br 6
3.  Hipóteses de Suspensão
Suspensão do Contrato de Trabalho
Analisaremos agora as principais de causas de suspensão do contrato de trabalho que, como
aprendemos anteriormente, são as causas que levam ao não pagamento do salário pelo
empregador durante o período em que o empregado está afastado.

Hipóteses de suspensão
1. Suspensão disciplinar: nos termos do art. 474 da CLT, é a hipótese em que o em-
pregado comete uma falta dentro do emprego e o empregador pode suspendê-lo dos
serviços e tarefas que executa por um tempo determinado como forma de punição, e
esses dias de afastamento não são remunerados.
2. Falta injustificada no serviço: situação em que o empregado deixa de comparecer
por um ou mais dias para executar suas tarefas sem dar qualquer justificativa, sendo
esses dias descontados de seu pagamento.
3. Aposentadoria por invalidez: é também uma causa de suspensão que perdura
indefinidamente no tempo, ou seja, é somente causa de suspensão do contrato, não
podendo este ser rescindido independentemente do decurso de tempo.
4. Prisão preventiva ou temporária do empregado: apesar de não consolidado isto
na legislação trabalhista, também é forma de suspensão do contrato de trabalho, situa-
ção em que o empregador não é obrigado a pagar a remuneração do empregado du-
rante toda sua ausência.

Observe que, nessas condições, ainda não é possível que o empregado seja demitido por
justa causa.

5. Condenação com trânsito em julgado: não sendo o trabalhador beneficiário da


suspensão da execução da pena (art. 482, “d” da CLT), está possibilitada a dispensa por
justa causa do contrato de trabalho.
6. Curso profissional: a última hipótese de suspensão do contrato de trabalho é o caso
em que o empregador promove algum curso profissional para participação do empre-
gado (art. 476-A, CLT). Nesses casos, o empregador não poderá despedir o empregado
desde o afastamento até 3 meses após o retorno, sob pena de arcar com multa, em
favor do empregado, com valor previsto em convenção ou acordo coletivo, sendo o mí-
nimo aquilo que for correspondente à última remuneração mensal anterior à suspensão
do contrato do empregado, além de verbas rescisórias.

www.trilhante.com.br 7
4.  Cessação do Contrato de Trabalho
O contrato por prazo determinado (aquele que já nasce com data específica de término) não
entra no que será estudado neste tópico, sendo um caso à parte.

Agora analisaremos somente os contratos por prazo indeterminado.

A cessação do contrato de trabalho é o momento em que o contrato termina, estando


configurado o fim do vínculo empregatício com a extinção das obrigações para ambos os
contratantes.

O empregador ou empregado poderão fazer cessar o contrato de trabalho em certos casos,


sendo os mais comuns a dispensa sem justa causa ou o pedido de dispensa pelo próprio
empregado que não quer mais continuar a trabalhar para determinado empregador.

Além das hipóteses de imposição da vontade sem razão grave que a isso dê causa, como
mencionado no parágrafo anterior, existem causas mais graves ou mais improváveis que
possuem previsão legal.

Nesse sentido, temos a dispensa do empregado que comete falta grave, ou seja, com justa
causa, nos termos do art. 482 da CLT (recomenda-se a leitura):

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:

a) ato de improbidade; [basicamente se veda a conduta inidônea]

b) incontinência de conduta ou mau procedimento; [ofensa ao pudor e à moral]

c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de
concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; [ocupação profissional
paralela]

d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução
da pena;

e) desídia no desempenho das respectivas funções; [desleixo]

f) embriaguez habitual ou em serviço;

g) violação de segredo da empresa;

h) ato de indisciplina ou de insubordinação;

i) abandono de emprego;

j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas
mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores
hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

l) prática constante de jogos de azar.

www.trilhante.com.br 8
m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência
de conduta dolosa do empregado. 

Assim, diante de alguma das hipóteses enumeradas, estará configurada a justa causa, sendo
derivada do procedimento incorreto por parte do empregado, tipificado em lei, que dá ensejo à
ruptura do vínculo empregatício sem o direito ao recebimento de diversos haveres rescisórios.

Rescisão indireta
Utilizamos a expressão justa causa quando a falta é praticada pelo empregado. Por outro
lado, quando a falta é praticada pelo empregador, que dá causa a cessação do contrato de
trabalho por justo motivo, emprega-se, na prática, a expressão rescisão indireta, de acordo
com as hipóteses previstas no art. 483 da CLT.

São situações que ensejam o pagamento dos haveres rescisórios ao empregado. Vejamos
(recomenda-se a leitura):

Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando:

a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios
ao contrato;

b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;

c) correr perigo manifesto de mal considerável;

d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;

e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa
fama;

f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de
outrem;

g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a
importância dos salários.

§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de
desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a continuação do serviço.

§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregado rescindir


o contrato de trabalho.

Rescisão por culpa recíproca


Por fim, existe também a cessação do contrato de trabalho por culpa recíproca, que acaba
por ocorrer na hipótese de existir falta tanto do empregado quanto do empregador.

www.trilhante.com.br 9
A cessação por culpa recíproca ocorrerá com a fusão das causas supramencionadas nos
itens anteriores, ou seja, uma das faltas por justa causa do empregado, elencadas no
art. 472 da CLT, junto com alguma das hipóteses de falta do empregador, presentes no
art. 473 da CLT.

Havendo culpa recíproca, a indenização devida ao empregado será devida à metade (art. 484
da CLT), assim como o empregado fará jus à metade do aviso prévio, das férias proporcionais
e do décimo terceiro salário.

Observe-se que, na hipótese da extinção da empresa ou de uma de suas filiais, o empregado


fará jus a todos os direitos previstos na legislação, pois não foi ele quem deu início à cessação
do contrato de trabalho, configurando-se aqui algo similar a uma dispensa sem justa causa.

www.trilhante.com.br 10
Suspensão, Interrupção
e Cessação do Contrato
de Trabalho

www.trilhante.com.br

/trilhante /trilhante /trilhante

Você também pode gostar