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A legislação trabalhista admite determinadas situações em que o empregado poderá deixar de comparecer ao serviço,
sem prejuízo do salário.
As dispensas legais são
contadas em dias de trabalho, dias úteis para o empregado.
Quando a legislação
menciona "consecutivos", este é no sentido de sequência de dias de
trabalho, não entrando na
contagem o sábado que não é trabalhado, domingos e feriados.
Entrariam na contagem os sábados não trabalhados, os domingos e os feriados se a legislação mencionasse o termo
"dias corridos", como é o caso das férias, previsto no
art. 130 da CLT.
Não obstante, os termos "deixar de comparecer ao serviço" e "sem prejuízo do salário" previstos no art. 473 da CLT,
nos remete ao entendimento de que se trata de dias úteis, dias de trabalho do empregado e não dias corridos.
Exemplo
Se o falecimento do pai do empregado
ocorre na quinta-feira à noite e este empregado não trabalha aos sábados (ou o
sábado é compensado), então poderá
faltar, sem prejuízo do salário, a sexta-feira e a segunda-feira.
FALTAS ADMISSÍVEIS
O empregado poderá deixar de
comparecer ao serviço sem prejuízo do salário, nos termos do art. 473 da CLT, art. 10,
II, § 1º da Constituição Federal/88, Lei 13.257/2016 e Lei 605/1949:
Com Prazo Previsto Pela Legislação
até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de
sua esposa ou companheira (Lei 13.257/2016);
por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica (Lei 13.257/2016).
Além das situações legais acima previstas, se houver cláusula que determine o abono de tais faltas em acordo ou
convenção coletiva, em contrato individual de trabalho ou procedimento interno da empresa, o empregador ficará
obrigado a cumprir tal determinação.
É importante ressaltar que o procedimento interno, ainda que tácito, deverá ser respeitado e não poderá sofrer alteração
unilateral, ou seja, se a empresa sempre adotou o procedimento de abonar as faltas por acompanhamento médico, por
liberalidade, ainda que este procedimento não tenha sido por escrito, esta condição não poderá ser alterada, sob pena
de ferir o disposto no
art. 468 da CLT, o qual veda qualquer alteração nas condições de trabalho que acarretem
prejuízos ao empregado.
Ê
JURISPRUDÊNCIAS
DANO MORAL. FALTAS JUSTIFICADAS. A prática empresarial de avaliação obreira, que é impactada
negativamente por levar em conta as faltas justificadas, extrapola os limites de atuação de seu poder diretivo, na
medida em que induz o trabalhador a não usufruir de seus direitos, afigurando-se em procedimento lesivo a justificar a
indenização por danos morais, em valor adequado e compatível, fixado a partir das balizas legais preconizadas.
HORAS EXTRAS. PAUSAS DE 10 (DEZ) MINUTOS. A disposição transitória invocada não limita a aplicação das
normas contidas no Anexo II da NR-17 às empresas constituídas após a sua vigência. Na verdade, o regramento é
voltado aos contratos de trabalho em curso no momento da publicação da portaria de aprovação do referido Anexo II.
Assim, admitida em maio de 2017, faz jus o reclamante não só aos intervalos para repouso e alimentação de 20 (vinte)
minutos, como também às pausas para descanso. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Ajuizada a ação posteriormente
às alterações estabelecidas pela Lei nº 13.467/2017, os honorários advocatícios de sucumbência serão devidos por
qualquer dos vencidos entre o mínimo de 5% e o máximo de 15%, nos moldes do art. 791-A da CLT, observando-se,
para sua fixação, os parâmetros estabelecidos no § 2º do mesmo dispositivo.TRT-10 00007332020195100802 DF,
Data de Julgamento: 15/04/2020, Data de Publicação: 18/04/2020).
"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTES DA LEI 13.015/2014. JUSTA CAUSA. REVERSÃO. ÔNUS DA
PROVA. ALEGAÇÃO DE FALTAS REITERADAS NÃO COMPROVADAS PELO EMPREGADOR. O Regional
reverteu a justa causa pelo fato de não ter , o empregador , se desincumbido do ônus da prova do fato impeditivo de
direito do empregado para o recebimento das indenizações decorrentes da despedida arbitrária. No acórdão recorrido ,
entendeu-se que a dispensa, em face da alegação de reiteradas faltas da reclamante, foi arbitrária e, para chegar a essa
conclusão, não se firmou, única e exclusivamente, na invalidade dos cartões de ponto como meio de prova da jornada
de trabalho, tendo salientado as seguintes premissas: a) existência de período de faltas justificadas por atestado
médico; b) impossibilidade de extrair da defesa o número de dias em que a empregada faltou; c) a ausência de
homologação do termo de rescisão da reclamante, admitida há mais de um ano na empresa, perante o sindicato da
categoria, nos termos do art. 477, § 1º, da CLT. Nesse contexto, a decisão recorrida , que, com base na distribuição do
ônus da prova, reconheceu a dispensa arbitrária com base em outros elementos fático-probatórios que não fosse apenas
a invalidade dos cartões de ponto apócrifos como meio de prova, não violou os arts. 74, § 2º, da CLT , e 5º, II, da
Constituição Federal. Arestos inespecíficos (Súmulas 23 e 296 do TST) e inservíveis (alínea a do art. 896 da CLT e
Orientação Jurisprudencial 111 da SBDI-1/TST). Recurso de revista não conhecido" (RR-732-56.2013.5.05.0132, 6ª
Turma, Relator Ministro Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 07/06/2019).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RITO SUMARÍSSIMO. DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA. INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL. FALTAS INJUSTIFICADAS. ADVERTÊNCIAS. SUSPENSÕES. (...). Colhem-se os seguintes
fundamentos do acórdão recorrido: "Distribuindo-se o ônus da prova, à empresa reclamada caberia a prova dos fatos
impeditivos, modificativos ou extintivos do direito da obreira, a teor do disposto no art. 818, da CLT, e art 373, II, do
CPC. Assim, apontando o empreendimento réu justa causa para dispensa da reclamante, é de se analisar se há prova
robusta nos autos de falta grave a lhe autorizar a resilir motivadamente o contrato de trabalho. Assim, constata-se que
as afirmações da empresa foram devidamente comprovadas através de documentos anexados, por outro lado, a prova
oral não teve o condão de confirmar a situação narrada pela autora de que "todas as faltas da Obreira foram
devidamente justificadas" e que "normalmente a Reclamada se obstem ao recebimento de atestados médicos, sendo
certo que mesmo com a entrega dos referidos atestados o departamento pessoal procede com as faltas injustificadas".
No caso sob exame,entendo que os requisitos determinantes, para a modalidade da despedida, apontada pela empresa,
foram devidamente comprovados. Veja-se que ficou demonstrando que a empregadora usou do seu poder punitivo de
forma moderada, aplicando advertências e suspensões, de forma gradativa, tentando orientar e instruir a empregada,
para, somente então, proceder à aplicação da penalidade máxima. Também os requisitos subjetivos da aplicação da
justa causa, qual seja, a imediatidade da aplicação da pena e a proporcionalidade diante do contexto que envolveu a
situação, restaram demonstrado. Diante de tais circunstâncias, reputo correta a análise feita pelo Juízo a quo, pois o
reclamado se desincumbiu de seu ônus, já que se evidenciou nos autos a conduta faltosa da obreira, que traz
repercussões de conteúdo econômico (prejuízo), além de representar inequívoco ato que vem a romper a necessária
fidúcia que deve existir nas relações empregatícias, o que torna legítima a aplicação da demissão por justa causa e, por
conseguinte, afasta o deferimento do pagamento das demais verbas rescisórias postuladas. Nego provimento. Por
corolário, não procede o pleito recursal em relação aos danos morais, por ter sido arbitrariamente demitida por justa
causa, uma vez que ficou mantida a sentença que reconheceu a validade da demissão por justa causa, conforme acima
analisado, o que afasta qualquer ilicitude na conduta do empregador e, por conseguinte, o dever de indenizar. Portanto
nego provimento ao apelo em relação ao pedido de indenização por danos morais decorrentes da demissão por justa
causa. (...). O processamento do recurso de revista, em causa sujeita ao rito sumaríssimo, está adstrito à demonstração
de violação direta a dispositivo da Constituição Federal, de contrariedade a Súmula do Tribunal Superior do Trabalho
ou de súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal. Não demonstrada nenhuma das hipóteses do art. 896, § 9º, da
CLT, não há como reformar o r. despacho agravado. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se nega
provimento. (AIRR - 66-55.2017.5.06.0013 , Relatora Desembargadora Convocada: Cilene Ferreira Amaro Santos,
Data de Julgamento: 20/06/2018, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/06/2018).
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. JUSTA CAUSA.
REVERSÃO. No caso concreto, a Corte de origem concluiu que a autora não estava em condições de comparecer ao
trabalho, motivo pelo qual justificava as faltas no período anterior aos 30 dias da comunicação da dispensa. Registrou
que a autora estava impossibilitada de comparecer ao trabalho em razão da indicação de repouso por período
indeterminado decorrente de gestação de alto risco, consoante atestado médico, e que apresentou outro atestado, no
qual consta que se encontrava em acompanhamento no Hospital da PUCRS em razão de pré-natal de alto risco.
Consignou, ainda, que a reclamada não se desincumbiu do seu ônus de demonstrar os fatos que autorizariam a
demissão por justa causa, diante dos atestados apresentados pela reclamante. Fixadas essas premissas, para que esta
Corte Superior pudesse chegar a conclusão contrária, de que houve os elementos justificadores da justa causa, seria
necessário o reexame das provas, o que é vedado nesta instância extraordinária, a teor da Súmula n° 126 do TST.
Agravo de instrumento conhecido e desprovido.(...). (ARR - 21306-65.2014.5.04.0012 , Relator Ministro: Alexandre
de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 20/06/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/06/2018).
RECURSO DE REVISTA. FALTAS JUSTIFICADAS. (...) O Tribunal Regional, no que concerne ao tema em
destaque, consignou: "Peço vênia para ratificar às inteiras os escorreitos fundamentos esposados na sentença
primeira, da lavra do i. Magistrado Ney Alvares Pimenta Filho, in verbis: O primeiro ponto a ser abordado é relativo
à justificativa das faltas. O exame dos atestados médicos mostra que o autor. Em 1º de julho e 1º de agosto de 2013
obteve, no total, 7 dias de afastamento justificado. Não há realmente prova da entrega à ré dos atestados, mas isso é
irrelevante. Primeiro por não fazer sentido algum que um trabalhador deixe de apresentar atestados sabendo que isso
implicará em descontos, bem como ficará mal visto por seu empregador. Segundo porque, independentemente do que
conste da Convenção Coletiva de Trabalho, o fato é que eles justificam a ausência. Assim, se por um lado o desconto
das faltas correspondentes a tais dias não pode ser considerado um ato grave do empregador a justificar danos
morais ou rescisão indireta, por outro não afasta a evidência de que não houve falta injustificada, sendo facilmente
corrigível a situação com o pagamento posterior desses dias e a correta observação na questão das férias. O outro
atestado juntado pelo autor é imprestável como prova. Encontra-se ilegível e essa é uma responsabilidade da parte.
Assim, considerando que 1º de julho de 2013 foi uma segunda-feira e que 1º de agosto foi uma quinta-feira, bem como
que o autor não trabalhava aos sábados, houve desconto irregular de cinco faltas" (fls. 333). A reclamada sustenta que
há convenção coletiva dispondo sobre o prazo de entrega de atestado médico, para justificação da falta. Aponta
violação aos arts. 8º, inc. I, 114, § 1º, e 7º, XXVI, da Constituição da República. Transcrevem arestos para cotejo
jurisprudencial. O Tribunal Regional considerou justificada a falta em sete dias de trabalho, independentemente da
demonstração de sua comprovação perante a reclamada e do que determinado em convenção coletiva. Da forma como
exarada a decisão, no entanto, não há como se saber exatamente quais os termos desta norma coletiva sem reexame de
referida convenção e este procedimento está vedado na atual fase recursal, nos termos da Súmula 126 do TST.
FÉRIAS. PAGAMENTO PROPORCIONAL. Não há como se concluir da forma buscada pela reclamada acerca do
número de faltas sem reexame do conjunto fático-probatório, já que o Tribunal Regional estabeleceu que foram 18, ao
passo que a reclamada sustenta 26. Nesse contexto, novamente aplicável a Súmula 126 do TST como óbice ao
conhecimento do Recurso de Revista. Recurso de Revista de que não se conhece. (RR - 726-63.2014.5.17.0008 ,
Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, Data de Julgamento: 17/05/2017, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
19/05/2017).
DESCONTOS SALARIAIS. FALTAS JUSTIFICADAS. Inaplicável cláusula normativa que retira a validade de
atestado médico fornecido por profissional da rede pública de saúde, quando a empresa mantem serviço médico, o
que, sem dúvida, causa prejuízo ao trabalhador, ante os termos do parágrafo 2º da Lei 605/49, que lhe é mais
vantajoso. Não é possível a autonomia privada coletiva flexibilizar as normas trabalhistas em detrimento do
empregado. Portanto, indevidos os descontos salariais efetuados pela ré, uma vez que justificadas as faltas da
reclamante ao trabalho, mediante a apresentação de atestado médico. Nega-se provimento ao recurso da reclamada.
(TRT-4 - RO: 00006438920135040381 RS 0000643-89.2013.5.04.0381, Relator: André Reverbel Fernandes, Data de
Julgamento: 28/10/2015, 4a. Turma).