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Prescrição é a perda do direito de ação ocasionada pelo transcurso do tempo, em razão de seu titular não o ter
exercido. Portanto, haverá prescrição quando, por inércia do titular do direito de ação (trabalhador), este deixar de
escoar o prazo fixado em lei, em exercê-lo.
A prescrição está prevista no art. 7º, inciso XXIX da Constituição Federal:
"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:
...................
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para
os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;"
O legislador, ao estabelecer esta prescrição, teve como finalidade garantir a estabilidade social, ou seja, criar um limite
temporal de vinculação entre as partes à determinada obrigação, para que esta não se tornasse ad eternum (para
sempre).
O prazo prescricional foi estabelecido pela Emenda Constitucional - EC 28/2000, equiparando os trabalhadores
urbanos e rurais no que concerne à prescrição de créditos resultantes das relações de trabalho.
A
Lei 13.467/2017 alterou o art. 11 da CLT, estabelecendo que a pretensão quanto a créditos resultantes das relações
de trabalho prescreve em 5 (cinco) anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 (dois) anos após a
extinção do Contrato de Trabalho.
Nota: A prescrição do direito trabalhista acima mencionada não se aplica às ações que tenham por objeto anotações
para fins de prova junto à Previdência Social.
TRABALHADOR RURAL
Para o trabalhador rural, o prazo prescricional antes da EC 28/2000 era de 2 (dois) anos após a extinção do contrato,
retroagindo seus créditos e direitos até o começo do pacto laboral, ou seja, poderiam reclamar os créditos referentes a
todo o período lesado.
A partir da publicação da citada EC e da Lei 13.467/2017, só se pode reclamar os últimos cinco anos trabalhados, até o
limite de dois anos contados da extinção do contrato, sendo que esta última deve prevalecer sobre a anterior, tendo em
vista que a mudança foi ditada pelo legislador e abrange todos os contratos de trabalho e relações trabalhistas.
Quanto aos contratos de trabalho rurais extintos antes da publicação da EC, valiam as regras anteriores, ou seja,o
empregado rural poderia reclamar todo o período laborado, desde que o fizesse dentro do prazo de dois anos da
extinção do contrato.
Assim dispõe a OJ 271 do TST:
"OJ-SDI1-271 RURÍCOLA. PRESCRIÇÃO. CONTRATO DE EMPREGO EXTINTO. EMENDA
CONSTITUCIONAL Nº 28/2000. INAPLICABILIDADE (alterada) - DJ 22.11.2005 O prazo prescricional da
pretensão do rurícola, cujo contrato de emprego já se extinguira ao sobrevir a Emenda Constitucional nº 28, de
26/05/2000, tenha sido ou não ajuizada a ação trabalhista, prossegue regido pela lei vigente ao tempo da extinção
do contrato de emprego."
Nota: Para o trabalhador urbano, o prazo prescricional já era de 5 (cinco) anos, desde que o fizesse dentro do prazo de
dois anos da extinção do contrato.
Exemplo 1
Empregado rural foi admitido pelo empregador em 11.11.1987 e após 12 (doze) anos de trabalho, foi demitido em
08.11.1999. Como o desligamento foi antes da publicação da EC 28/2000, o empregado teria o prazo de 2 (dois) anos
após a demissão para pleitear na Justiça do Trabalho, os direitos trabalhistas não recebidos de todo o período laboral
e não somente dos últimos 5 anos.
Data demissão: 08.11.1999
Vencimento prazo prescricional: 08.11.2001 (2 anos após desligamento)
Período a que teria direito a pleitear: 11.11.1987 a 08.11.1999 (todo o período trabalhado = 12 anos)
Exemplo 2
Empregado rural foi admitido pelo empregador em 07.04.2011 e após 08 (oito) anos de trabalho, foi demitido em
05.07.2019. Como o desligamento foi depois da publicação da EC 28/2000, o empregado tem o prazo de 2 (dois) anos
após a demissão para pleitear na Justiça do Trabalho, os direitos trabalhistas dos últimos 5 (cinco) anos laborados.
Data demissão: 05.07.2019
Vencimento prazo prescricional: 05.07.2021 (2 anos após desligamento)
Período a que tem direito a pleitear logo após a demissão: 06.07.2014 a 05.07.2019 (últimos 5 anos trabalhados)
Nota: Nem sempre o período de 5 anos são contados considerando o tempo efetivamente trabalhado, tendo em vista
que esta contagem se dá a partir do ajuizamento da ação, conforme
exemplo abaixo.
DO PRAZO PRESCRICIONAL ATUAL - URBANO E RURAL
O prazo prescricional atual, nos termos do
art. 11 da CLT, para o empregado urbano e rural exigirem seus créditos e
direitos trabalhistas derivados das relações de trabalho é de 5 (cinco) anos, até o limite de 2 (dois) anos após a extinção
do contrato.
Relacionamos abaixo, os prazos e as principais verbas que o empregado poderá pleitear após a extinção do contrato de
trabalho:
Prazo para Pleitear
Prazo de
(após extinção do Principais Verbas Salariais
Prescrição
Contrato)
Abonos
Abono Pecuniário de férias
Adicionais: Insalubridade, Periculosidade, Noturno, Horas Extras,
Tempo de Serviço, Transferência
Ajuda de Custo (parcela única para transferência)
Auxílio Acidentário (primeiros 15 dias a cargo do empregador)
Auxílio Doença (primeiros 15 dias a cargo do empregador)
Aviso Prévio Indenizado
Aviso Prévio Trabalhado
Dano Moral oriundo da relação de trabalho
Décimo Terceiro Salário 1ª e 2ª parcelas
Décimo Terceiro Salário proporcional rescisão
Diárias para Viagem
Descontos diversos
05 anos 02 anos Estágio
Férias Gozadas e Adicional 1/3
Férias dobradas – parcela paga em dobro
Férias Indenizadas + 1/3
Gorjetas
Gratificações
Indenização por despedida nos 30 dias que antecede a data base (Lei
6708/79, art. 9)
Indenização por rescisão antecipada de trabalho com termo estipulado
(exemplo: contrato de experiência)
Participação dos empregados nos lucros
Quebra de Caixa
Salário Maternidade
Salário Família
Vale Transporte
Valor da alimentação (descontos) - PAT
FGTS (valores não recolhidos) - Para os casos em que a ciência da
05 anos 02 anos
lesão ocorreu a partir de 13.11.2014 -
Súmula 362 do TST
30 anos 02 anos FGTS (valores não recolhidos) - Para os casos em que o prazo
ou prescricional já estava em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo
05 anos prescricional que se consumar primeiro: trinta anos, contados do
termo inicial, ou cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-ARE-
709212/DF) -
Súmula 362 do TST
Ação por Dano Moral - Prazo Prescricional
A prescrição para a ação de dano moral decorrente da relação de emprego, conforme entendimento jurisprudencial,
segue a regra estabelecida no art. 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal, ou seja, de 5 anos e não a prescrição
prevista para dano moral no Código Civil, que é de 10 anos.
FGTS - Prazo Prescricional Diferenciado
Conforme dispõe a Súmula 362 do TST (citada na tabela acima), o prazo prescricional para reclamação do FGTS
deverá ser observado conforme abaixo:
Código Civil
(.....) "
"Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos."
Assim, o prazo prescricional de 2 anos começa a ser contado a partir da morte do empregado ou a partir da data em
que este completaria 18 anos (se este era menor na data do evento morte) e para os herdeiros a partir dos 16 anos (se
estes eram menores de 16 anos na data da morte do empregado).
Exemplo 1
Empregado, com 2 anos na empresa, sofre acidente fatal causando-lhe a morte em 15.07.2020, deixando a esposa e 2
filhos maiores de idade. Considerando que o empregado era maior de idade e os herdeiros também maiores de 16 anos,
o prazo prescricional para os herdeiros ingressarem com reclamatória trabalhista será de 2 anos contados a partir do
evento, conforme abaixo:
Nota: se o empregado falecido tivesse 17 anos na data do falecimento, o prazo prescricional de 2 anos só começaria a
ser contado a partir da data em que o empregado completaria 18 anos, conforme informado acima, e não a partir do
falecimento.
Exemplo 2
Empregado, após trabalhar 8 (oito) anos na empresa, foi demitido sem justa causa em 09.01.2019. Em 07.10.2019, o
empregado faleceu, deixando um herdeiro de 14 anos de idade, completados 2 (dois) dias antes da morte do pai
(05.10.2019). A partir da morte do empregado, o prazo prescricional é suspenso e só recomeça a contar a partir do
momento que o menor atingir sua maioridade.
Prescrição = nº de meses transcorridos até a morte do empregado + nº meses após a maioridade do herdeiro
Prescrição = 9 meses + 15 meses
Prescrição = 24 meses (2 anos)
Nota: Observe que para o herdeiro menor, o prazo prescricional começa a contar a partir dos 16 anos e não a partir dos
18 anos, conforme jurisprudência abaixo.
ALTERAÇÃO OU SUPRESSÃO DE COMISSÕES - PRESCRIÇÃO TOTAL
Nos termos da
OJ 175 do TST, a supressão das comissões, ou a alteração quanto à forma ou ao percentual, em
prejuízo do empregado, é suscetível de operar a prescrição total da ação, nos termos da Súmula nº 294 do TST, em
virtude de cuidar-se de parcela não assegurada por preceito de lei.
Conforme dispõe a
Súmula 294 do TST, tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente
de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito
de lei. (Veja
jurisprudência abaixo).
DESVIO DE FUNÇÃO E REENQUADRAMENTO - PRESCRIÇÃO TOTAL OU PARCIAL
Conforme dispõe a
Súmula 275 do TST a prescrição no caso de desvio de função e reenquadramento pode ser parcial
ou total, sendo:
A prescrição é parcial na ação que objetive corrigir desvio funcional, alcançando as diferenças salariais vencidas
no período de 5 (cinco) anos que precedeu o ajuizamento;
A prescrição é total na ação de pedido de reenquadramento, contada da data do enquadramento do empregado.
Veja
julgamento do TST considerando a prescrição parcial, tendo em vista não se tratar de simples pedido de
reenquadramento da reclamante no novo Plano de Cargos e Salários, mas, sim, de pretensão inicial de pagamento de
diferenças salariais pelo fato de não ter sido dada a oportunidade à reclamante em optar pelo ingresso no plano de
cargos à época de sua implantação.
INTERRUPÇÃO DO PRAZO - AÇÃO DE PROTESTO JUDICIAL
Nos termos da
OJ 392 do TST (atualizada em 2016), o protesto judicial é medida aplicável no processo do trabalho,
por força do art. 769 da CLT e do art. 311 do CPC de 2015.
De acordo com a referida OJ, o ajuizamento da ação, por si só, interrompe o prazo prescricional, em razão da
inaplicabilidade do § 2º do art. 240 do CPC de 2015, incompatível com o disposto no
art. 841 da CLT.
"CPC/2015 Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz
litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e
398 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por
juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.
§ 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para viabilizar a
citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1º."
O protesto judicial é uma medida preventiva que tem como finalidade preservar direitos, através de manifestação
formal contra atos que a parte considere prejudiciais a seus interesses, ou seja, é uma medida jurídica por meio da qual
a parte credora dá ciência à parte devedora da sua intenção de interromper o prazo prescricional para resguardar seus
direitos, conforme jurisprudência abaixo.
Entretanto, a Reforma Trabalhista inseriu o § 3º no art. 11 da CLT (redação dada pela
Lei 13.467/2017) estabelecendo
expressamente que a interrupção da prescrição SOMENTE ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação
trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo
efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos.
Por outro lado, há previsão na própria CLT de que o Direito Comum é fonte subsidiária do Direito Trabalhista (art. 8º,
§ 1º da CLT), e que nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do
trabalho (art. 769 da CLT), exceto naquilo em que for incompatível com as normas trabalhistas.
Correntes Jurisprudenciais
Diante desta divergência normativa, há correntes jurisprudenciais que entende que em nenhum momento da tramitação
da Lei nº 13.467/2017 existiu qualquer intenção por parte do legislador no sentido de restringir a interrupção do prazo
prescricional trabalhista à hipótese prevista no art. 11, §3º, da CLT.
Para esta corrente jurisprudencial, o objetivo foi o de positivar um entendimento que há muito vinha sendo aplicado
pelo TST, que constituía inclusive objeto da
Súmula 268 do TST. Esta corrente ainda defende que eventual
interpretação restritiva do art. 11, §3º da CLT, seria manifestamente inconstitucional, por violação ao princípio da
isonomia (art. 3o, IV, e 5º, "caput", da Constituição Federal), uma vez que colocaria os credores trabalhistas em
desigualdade perante os outros credores sem qualquer fundamento constitucional.
Já para uma outra corrente, considerando que a prescrição trabalhista já está prevista na Constituição Federal (acima
mencionado) e que sua interrupção SOMENTE irá ocorrer pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, nos termos do
art. 11 § 3º da CLT, não há que se falar em omissão da legislação trabalhista que possa ensejar a aplicação do Direito
Comum como fonte subsidiária para interrupção de prescrição, razão pela qual a ação de protesto judicial já não
subsiste a partir da Reforma Trabalhista.
Portanto, dependendo do Tribunal que está sendo julgado e do caso concreto, as decisões quanto à interrupção do
prazo poderão ser objeto tanto de uma quanto de outra corrente jurisprudencial. Como ainda não está pacificado o
entendimento, tais decisões poderão ser objeto de recursos para a apreciação dos Tribunais Superiores.
Ação de Protesto Judicial Antes e Após a Reforma Trabalhista
Antes da Reforma Trabalhista, o protesto judicial era medida aplicável no processo do trabalho, por força do art. 769
da CLT e do art. 15 do CPC de 2015. Sua função era interromper o curso da prescrição, seja aquela de cinco anos, seja
a de dois anos após a extinção do contrato de trabalho, na forma do art. 7º, XXIX, da Constituição Federal, permitindo
a conservação do direito de ação quanto aos créditos decorrentes da relação de emprego.
Esta ação visa não só a interrupção da prescrição do prazo para o ajuizamento da ação (bienal), mas também para
servir de marco para a contagem da prescrição quinquenal incidente sobre as parcelas, ou seja, o prazo prescricional
passa a ser contado tomando-se por base a data de ajuizamento do protesto interruptivo da prescrição para todos
os seus efeitos e não somente para os fins da prescrição bienal.
Uma das principais dificuldades encontradas quando uma norma vem substituir outra, está nos processos judiciais
ainda em andamento, pois disto resultam problemas quanto à retroatividade da nova norma, aos direitos adquiridos
individuais, aos direitos adquiridos processuais e à validade dos efeitos praticados durante o trâmite processual.
A validação da ação de protesto judicial antes da Reforma, percorre o disposto no art. 5º, inciso XXXVI, que fala do
direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada, ou seja, que contempla o princípio conhecido como da
irretroatividade das leis.
Assim, haverá a interrupção do prazo prescricional se a ação de protesto judicial tenha sido ajuizada antes da
Reforma
Trabalhista, uma vez que o direito brasileiro adota os sistemas de isolamento dos atos processuais e da irretroatividade
das leis, bem como a regra
tempus regit actum (o tempo rege o ato).
Na ação de protesto judicial que tenha sido ajuizada após a Reforma Trabalhista, há duas correntes jurisprudenciais
(conforme apontado acima) com entendimentos distintos, de modo que uma corrente entende que SOMENTE o
ajuizamento de reclamação trabalhista poderia interromper a prescrição, conforme estabelece a Reforma Trabalhista
através do art. 11, § 3º da CLT, enquanto a outra entende que a Reforma Trabalhista apenas positivou
um entendimento
que há muito vinha sendo aplicado pelo TST (através da
Súmula 268), mas que em nenhum momento buscou limitar
outras causas interruptivas e suspensivas do prazo prescricional.
Contagem da Prescrição da Ação de Protesto Judicial
O entendimento predominante do TST (jurisprudência abaixo), consubstanciado na
OJ 392 do TST é de que o marco
inicial para o reinício do cômputo da prescrição em caso de ação de protesto judicial é:
Prescrição bienal: a data do trânsito em julgado da decisão proferida na ação de protesto judicial;
Prescrição Quinquenal: a data do ajuizamento do protesto judicial, com idênticos pedidos.
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