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HORAS

EXTRAS

A
legislação trabalhista vigente estabelece que a duração normal do trabalho,
salvo os casos especiais, é de 8 (oito) horas diárias e
44 (quarenta e quatro)
semanais, no máximo.

Todavia,
poderá a jornada diária de trabalho dos empregados maiores ser acrescida de
horas suplementares, em número não
excedentes a duas, no máximo, para efeito
de serviço extraordinário, mediante acordo individual, acordo coletivo, convenção
coletiva ou sentença normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade
imperiosa, poderá ser prorrogada além do limite
legalmente permitido.

Consideram-se
extras as horas trabalhadas diariamente além da jornada legal ou contratual.
 
PRECEDENTE ADMINISTRATIVO Nº 33

JORNADA. PRORROGAÇÃO. EFEITOS DO


PAGAMENTO RELATIVO AO TRABALHO EXTRAORDINÁRIO. O
pagamento do adicional por
serviço extraordinário não elide a infração pela prorrogação de jornada
além dos limites
legais ou convencionais, uma vez que o serviço extraordinário
deve ser remunerado, independentemente de sua
licitude. Isso porque as normas
limitadoras da jornada visam a evitar males ao trabalhador, protegendo-lhe a saúde
e
o bem-estar, não se prestando a retribuição pecuniária como substituta da
proteção ao bem jurídico.
 

REFERÊNCIA NORMATIVA: Art. 59 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

REMUNERAÇÃO
DO SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO
 
A
remuneração do serviço extraordinário, desde a promulgação da Constituição
Federal/1988, que deverá constar,
obrigatoriamente, do acordo, convenção ou
sentença normativa, será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) superior à
da hora
normal.

Enunciado
nº 264, do TST

"A
remuneração do serviço suplementar é composto do valor da hora normal,
integrado por parcelas de natureza
salarial e acrescido do adicional previsto em
Lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa."

TRABALHO
DA MULHER
 
Tendo a
Constituição Federal disposto que todos são iguais perante a lei e que não
deve haver distinção de qualquer natureza, e que
homens e mulheres são iguais
em direito e obrigações, aplica-se à mulher maior de idade, no que diz
respeito ao serviço
extraordinário, o mesmo tratamento dispensado ao homem. 
 
TRABALHO
DO MENOR
 
A
prestação de serviço extraordinário pelo empregado menor somente é
permitida em caso excepcional, por motivo de força maior
e desde que o trabalho
do menor seja imprescindível ao funcionamento do estabelecimento.
A duração
normal diária do trabalho, nesse caso, fica limitada a 12 (doze) horas, devendo
a hora extra ser superior, pelo menos,
50% (cinquenta por cento) ao da hora
normal.
 
NECESSIDADE
IMPERIOSA
 
Ocorrendo
necessidade imperiosa, por motivo de força maior, realização ou conclusão de
serviços inadiáveis cuja inexecução possa
acarretar prejuízo manifesto, a
duração do trabalho poderá exceder ao limite legal ou convencionado,
independentemente de acordo
ou contrato coletivo, devendo, contudo, ser
comunicado à Delegacia Regional do Trabalho no prazo de 10 (dez) dias no caso
de
empregados maiores e 48 (quarenta e oito) horas no caso de empregados
menores.

Na hipótese
de serviços inadiáveis, a jornada de trabalho não poderá exceder de 12
(doze) horas, devendo a remuneração da hora
suplementar ser, pelo menos, 50%
(cinquenta por cento) superior à da hora normal.

No caso
de força maior, a remuneração da hora excedente não será inferior à da
hora normal (artigo 61, § 2º da CLT).

PRECEDENTE ADMINISTRATIVO Nº
31

JORNADA. PRORROGAÇÃO.
NECESSIDADE IMPERIOSA.
 
  I - Os serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa
acarretar prejuízos manifestos autorizam a prorrogação da
jornada apenas até
12 horas, caracterizando-se como tais aqueles que, por impossibilidade
decorrente de sua própria
natureza, não podem ser paralisados num dia e
retomados no seguinte, sem ocasionar prejuízos graves e imediatos.
 
II - Se a
paralisação é apenas inconveniente, por acarretar atrasos ou outros
transtornos, a necessidade de
continuação do trabalho não se caracteriza como
imperiosa e o excesso de jornada não se justifica.
 
REFERÊNCIA NORMATIVA: Art. 59,
caput , e art. 61 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.
SERVIÇO
EXTERNO
 
Os
empregados que prestam serviços externos incompatíveis com a fixação de horário,
com registro de tal condição na CTPS e na
ficha ou livro de registro de
empregados, não têm direito a horas extras.

Observe-se
que a Portaria MTB 3626/91, no seu artigo 13, parágrafo único, determina que quando a jornada de trabalho for
executada integralmente fora do estabelecimento
do empregador, o horário de trabalho constará também da ficha, papeleta ou
registro de ponto, que ficará em poder do empregado. Neste caso, o empregado
fará jus a horas extras, pois há o controle de
jornada.

Recurso
Ordinário nº 1.444/92 - TRT 10ª Região:

"Descabe
a condenação de horas extras em se tratando de prestação de serviços
externos não subordinados a horário,
com registro de tal condição na CTPS do
empregado, e quando não provado o controle da jornada de trabalho através
de
roteiros, fiscalização da empresa ou de outro meio qualquer." 

CARGO DE
CONFIANÇA - GERENTE
 
Os
gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se
equiparam os diretores e chefes de departamentos
ou filial, não fazem jus à
remuneração pelo serviço extraordinário, pois não lhes aplicam as normas
relativas à duração normal do
trabalho.

Contudo,
se o salário do cargo de confiança mais a gratificação de função, se
houver, for inferior ao salário efetivo acrescido de
40% (quarenta por cento),
têm direito ao pagamento de horas extras, quando laboradas, pela prestação do
serviço suplementar.

PRECEDENTE ADMINISTRATIVO Nº
49

JORNADA. CONTROLE. GERENTES. O


empregador não está desobrigado de controlar a jornada de empregado que
detenha simples título de gerente, mas que não possua poderes de gestão nem
perceba gratificação de função superior
a 40% do salário efetivo.
 
REFERÊNCIA NORMATIVA: Art. 62,
II e parágrafo único e art. 72 § 2º da Consolidação das Leis do Trabalho -
CLT.

SALÁRIO
COMPLESSIVO
 
Salário
complessivo é aquele que engloba uma importância fixa ou proporcional ao ganho
básico, com finalidade de remunerar
vários direitos, tais como, adicional de
insalubridade, adicional de periculosidade, adicional noturno, horas extras,
comissões, etc.

O
entendimento da Justiça do Trabalho, no entanto, é no sentido de que é nula a
cláusula contratual que dispõe sobre o salário
complessivo.

Desta
forma, as horas extras e outras parcelas, por ocasião da elaboração da folha
de pagamento, devem ser discriminadas nas
rubricas próprias.

Enunciado
nº 91, do TST

"Nula
é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentual para
atender englobadamente vários
direitos legais ou contratuais do
trabalhador." 

COMISSIONISTA
 
O
empregado que recebe salário somente à base de comissões e sujeito a
controle de horário, quando prestar serviço extraordinário,
tem direito,
apenas, ao adicional de horas extras de no mínimo 50% (cinquenta por cento),
este calculado sobre o valor-hora do total
das comissões recebidas no mês.
 
Como o trabalho extraordinário já é remunerado pelas próprias comissões originadas das vendas efetuadas durante a realização das
horas extras, ao comissionista cabe somente o cálculo do adicional de 50% do valor da hora normal, com base no número de horas
efetivamente trabalhadas no mês.

Enunciado
nº 340, do TST

"O empregado, sujeito a controle de horário,


remunerado à base de comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50%
(cinquenta por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o
valor-hora das comissões recebidas no mês,
considerando-se como divisor o número
de horas efetivamente trabalhadas." Nova redação - Res. 121/2003, DJ
21.11.2003
 
Comissionista sem Salário Fixo
 
Exemplo
 
Empregado
que no horário normal de trabalho auferiu comissões de R$ 1.000,00 e em
horário extraordinário R$ 500,00, durante o
mês. A jornada normal do empregado era de 6 (seis) horas diárias (totalizando 180 horas mensais) e realizou 40 (quarenta) horas
extras no mês. Adicional de hora extra é
de 50%:

Base de
cálculo das horas extras = total de comissões no mês dividido por número de
horas trabalhadas.

Base de
cálculo das horas extras = (R$ 1.000,00 + R$ 500,00 = R$ 1.500,00) : (180 + 40
= 220) = R$ 6,82

Adicional
de horário extraordinário: R$ 6,82 x 50% x 40 horas extras = R$ 136,40.

Comissionista com Salário Fixo


 
Exemplo
 
Para o empregado comissionista que recebe parte em salário fixo, o cálculo das horas extras deve ser feito separadamente.
Tomando-se por base as comissões do exemplo anterior e considerando que o empregado realizou 32 (trinta e duas) horas extras,
recebendo salário fixo mensal de R$700,00 (setecentos reais), teríamos:

Salário fixo = R$700,00


Carga horária mensal = 180 horas
Horas extras = 32 horas
Total horas extras = (180 + 32) = 212 horas
Comissões = R$1.000,00
Comissões em horário extraordinário = R$500,00

Cálculo das horas extras sobre o salário fixo:

Horas extras sobre salário fixo = (salário : carga horária mensal x nº horas extras) + % hora extra
Horas extras sobre salário fixo = (R$700,00 : 180 x 32) + 50%
Horas extras sobre salário fixo = (R$3,89 x 32) + 50%
Horas extras sobre salário fixo = R$124,48 + 50%
Horas extras sobre salário fixo = R$186,72

Cálculo das horas extras sobre as comissões:

Horas extras sobre comissões = total comissões no mês : nº total horas trabalhadas x nº horas extras x % hora extra
Horas extras sobre comissões = R$1.500,00 : 212 x 32 x 50%
Horas extras sobre comissões = R$7,08 x 32 x 50%
Horas extras sobre comissões = R$226,56 x 50%
Horas extras sobre comissões = R$113,28

Valor total horas extras do mês = horas extras sobre salário + horas extras sobre comissões

Valor total horas extras do mês = R$186,72 + R$113,28


Valor total horas extras do mês = R$300,00

 
ATIVIDADE INSALUBRE
- PRORROGAÇÃO DA JORNADA
 
A
prorrogação do horário de trabalho nas atividades insalubres, salvo no caso
de microempresas, somente poderá ser realizada
mediante licença das
autoridades competentes em matéria de segurança e medicina do trabalho.

Quando
prestado serviço extraordinário em local insalubre, o adicional de horas
extras deverá incidir sobre o valor da hora normal
acrescida do respectivo
adicional de insalubridade, este calculado sobre o salário básico.

Orientação Jurisprudencial 47 do TST - SDI.

"47. HORA EXTRA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da hora extra é o
resultado da soma do salário contratual mais o adicional de insalubridade."

Veja o formulário de pedido de prorrogação no tópico


Adicional de Insalubridade.

ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE
 
O adicional de
periculosidade é calculado sobre o salário e a hora extra sobre a hora normal
(§ 1º do artigo 59 da CLT).

Portanto, o cálculo deve


ser feito separadamente para cada verba. Assim, somam-se os adicionais e não
multiplicando-os e
aplicando-os em cascata, conforme artigo 193 da CLT. 

Neste sentido, também


o  Enunciado nº 191 do TST:

"O adicional de
periculosidade incide apenas sobre o salário básico e não sobre este
acrescido de outros adicionais.
Em relação aos eletricitários, o cálculo do
adicional de periculosidade deverá ser efetuado sobre a totalidade das
parcelas
de natureza salarial." (Nova redação - Res. 121/2003, DJ 21.11.2003).
HORA EXTRA NOTURNA
 
Nos
termos da legislação vigente, a remuneração do trabalho noturno e do serviço
extraordinário deve ser superior, no mínimo, em
20% (vinte por cento) e 50%
(cinquenta por cento), respectivamente, à hora normal.

Quando
o serviço suplementar for prestado durante o horário noturno, o empregado
fará jus aos adicionais noturno e extra (20% +
50%, vide convenção ou acordo
coletivo da categoria, para os percentuais), cumulativamente.

Exemplo

Salário-hora
normal
                      R$
4,00
Adicional Noturno
                        R$
0,80 (20% de R$ 4,00)
Adicional de hora extra                  R$ 2,00 (50% de R$ 4,00)
Valor da hora extra noturna          
R$ 7,20 
(R$ 4,00 x 1,20 x 1,50)

HORA "IN ITINERE" - REFORMA TRABALHISTA


 
Até 10.11.2017, o tempo
gasto pelo empregado em transporte fornecido pelo empregador, de ida e retorno,
até o local da prestação
dos serviços, de difícil acesso e não servido por
transporte público regular, deveria ser computado na jornada de trabalho.

Logo,
se o tempo de percurso mais as horas efetivamente trabalhadas excedessem a jornada
normal de trabalho, o excesso deveria
ser remunerado como serviço extraordinário,
relativo às horas "in itinere".

Caso houvesse transporte público regular em parte do trajeto percorrido em transporte do


empregador, o pagamento das horas "in
itinere" se limitava apenas ao
percurso não servido por transporte público.

Era o que estabelecia o art. 58, § 2º da CLT antes da


Reforma Trabalhista:

"§ 2º O tempo despendido pelo empregado até


o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de
transporte, não
será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de
difícil acesso ou não
servido por transporte público, o empregador fornecer a
condução."

Neste mesmo sentido, a Súmula nº 90 do TST (Res. 129/2005 - DJ 20.04.2005), adiante transcrita:

I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil
acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na jornada de trabalho. (ex-
Súmula nº 90 - RA 80/78, DJ 10.11.1978)

II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado e os do transporte público


regular é circunstância que também gera o direito às horas “in itinere”. (ex-OJ nº 50 - Inserida em 01.02.1995)

III- A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de horas "in itinere”. (ex-Súmula nº 324 - RA
16/1993, DJ 21.12.1993)

IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto percorrido em condução da empresa, as horas "in
itinere" remuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo transporte público. (ex-Súmula nº 325 RA 17/1993, DJ
21.12.1993)

V - Considerando que as horas “in itinere” são computáveis na jornada de trabalho, o tempo que extrapola a jornada
legal é considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o adicional respectivo. (ex-OJ nº 236- Inserida em
20.06.2001)

Ainda, destaque-se o teor da Súmula 320 do TST

"O
fato de o empregador cobrar, parcialmente, ou não, importância pelo transporte
fornecido, para local de difícil
acesso, ou não servido por transporte
regular, não afasta o direito à percepção do pagamento das horas "in
itinere"."

Exemplo
 
Trajeto Distância percorrida Tempo gasto
Trajeto total percorrido pelo empregado de ida até a empresa 20 km 50 minutos
Parte do trajeto em que há transporte público regular 06 km 20 minutos
Parte do trajeto em que o transporte é fornecido pelo empregador 14 km 30 minutos
 
O quadro acima demonstra a situação onde o local de trabalho é de difícil acesso e que parte do trajeto é servido por transporte
público e parte não. As horas "in itinere" começam a ser computadas a partir do momento em que o empregado ingressa no
transporte fornecido pelo empregador.
 
No exemplo acima, considerando o trajeto de ida e volta, antes da Reforma Trabalhista deveriam ser computados como horas
efetivamente trabalhadas, além da jornada realizada pelo empregado, o total de 60 (sessenta) minutos, ou seja, 30 (trinta) minutos
para ir e 30 (trinta) para voltar.
 
Para que não houvesse horas extraordinárias "in itinere", o empregado só poderia trabalhar as horas que faltavam para completar a
jornada normal diária além desta 1 (uma) hora.
 
Reforma Trabalhista - Novas Regras a Partir de 11.11.2017
 
A Reforma Trabalhista alterou o texto do
§ 2º do art. 58 da CLT, cuja alteração passou a integrar todos os contratos em vigor a
partir de 11.11.2017.

"§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o
seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será
computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. (Nova Redação dada pela Lei
13.467/2017)

Com a Reforma Trabalhista, a partir de 11.11.2017 o tempo gasto pelo empregado para chegar ao trabalho e o tempo de retorno
para casa, NÃO devem ser computadas na jornada de trabalho.
 
As normas de direito material estabelecidas pela
Lei 13.467/2017 são aplicáveis, a partir do dia 11.11.2017, aos contratos de
trabalho iniciados antes e que prosseguiram sua vigência após essa data, principalmente no que tange àquelas verbas e condições de
trabalho de origem legal ou disciplinadas por lei, como:

Jornada de trabalho,
Acordo de compensação (formalização individual),
Horas extras,
Intervalo intrajornada,
Intervalo do art. 384 da CLT,
Horas “in itinere”, tempo de espera pelo transporte fornecido pelo empregador, dentre outras.

Nota:
Embora o texto do inciso I da Súmula 90 do TST (acima transcrito) continua em vigor, entendemos que sua validade atinge
somente os contratos encerrados antes da Reforma Trabalhista, uma vez que contraria o novo texto do § 2º do art. 58 da CLT.
 
MINUTOS EXTRAS
 
O entendimento da sessão de dissídios individuais do TST é no sentido de que o tempo despendido pelo empregado para a
marcação de cartão ponto, antes e após a jornada de trabalho, é considerado como à disposição do empregador, computando-se
como extra, desde que excedente a 5 minutos (Acórdão unânime - ERR 9.502/90 - Rel. Min. Armando de Brito - D.J.U. de
25/06/93, p. 12.720).

VARIAÇÕES DE
HORÁRIO NO REGISTRO DE PONTO

Não serão descontadas nem computadas


como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não
excedentes de
cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários.

JORNADA DE 12
x 36

O
regime de trabalho de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta e seis) de
descanso, adotado em determinadas áreas, tais como
nos setores de saúde e
vigilância, normalmente, vem estabelecida em norma coletiva da categoria.

Todavia,
referido regime de trabalho, por falta de previsão legal, tem gerado polêmica.

Os
Tribunais do Trabalho têm manifestado entendimentos divergentes sobre a matéria,
havendo decisões nos seguintes sentidos:

O
regime de 12 por 36 pode ser adotado, desde que previsto em norma coletiva da
categoria e a jornada de trabalho
semanal não exceda o limite legal;
É
devido apenas o adicional de horas extras relativamente às horas trabalhadas após
a oitava hora;
São
devidas as horas de trabalho excedentes da oitava diária, por violar norma de
ordem pública.

Enunciados da Súmula
nº 85, do TST:
I. A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou
convenção coletiva. (ex-Súmula nº 85 - primeira parte - Res 121/2003, DJ 19.11.2003)

II. O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver norma coletiva em sentido contrário. (ex-
OJ nº 182 - Inserida em 08.11.2000)

III. O mero não atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando encetada
mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se não
dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. (ex-Súmula nº 85 - segunda parte-
Res 121/2003, DJ 19.11.2003)

IV. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta hipótese, as
horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quanto àquelas
destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário. (ex-OJ nº 220 -
Inserida em 20.06.2001)

V. As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime compensatório na modalidade “banco de horas”,
que somente pode ser instituído por negociação coletiva. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011)
Recurso
de Revista nº 55.032/92 - TST

"Horas
Extras. O trabalhador com jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de
repouso tem direito a receber o
adicional das horas excedentes da jornada
normal, tendo em vista que a situação se enquadra na previsão da
jurisprudência
compendiada no Enunciado de Súmula nº 85 do TST."

Recurso
Ordinário nº 5.806/91 - TRT/12ª Região

"Em
determinadas áreas peculiares, tais como nos setores de saúde e vigilância, o
regime de trabalho de 12 x 36 horas
é hoje um anseio da categoria profissional,
donde constitui retrocesso e uma falta de visão social considerá-lo inválido
por mera interpretação literal de dispositivo da Lei que, na realidade, nunca
teve por objetivo coibi-lo."

Recurso
Ordinário nº 924/90 - TRT/12ª Região

"
COMPENSAÇÃO.
REGIME DE 12 x 36. Acordo de compensação, pelo qual o empregado alterna 12
horas de
trabalho por 36 de descanso, ainda que facultado em convenção
coletiva, não tem validade, em razão de violar norma
de ordem pública (art.
59 da CLT), devendo as horas de trabalho excedentes da oitava diária ser
remuneradas como
extraordinárias, considerando-se, para tanto, a remuneração
básica acrescida do respectivo adicional." 

INTERVALO PARA REPOUSO OU ALIMENTAÇÃO


 
Com o
advento da Lei nº 8.923, de 27.07.94, que acrescentou o parágrafo quarto ao
artigo 71 da CLT, o empregador que não
conceder ao empregado o intervalo legal
para repouso e alimentação, ficará obrigado a remunerar o período
correspondente com
um acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre
o valor da hora normal de trabalho.
 
Antes
da edição da referida Lei, o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho,
consubstanciado no revogado Enunciado nº 88,
era no sentido de que "o
desrespeito ao intervalo mínimo entre dois turnos de trabalho, sem importar em
excesso na jornada
efetivamente trabalhada, não dá direito a qualquer
ressarcimento ao obreiro, por tratar-se apenas de infração sujeita à
penalidade
administrativa".
 
INTERVALO NÃO PREVISTO EM LEI
 
Os
intervalos concedidos pelo empregador, durante a jornada de trabalho, tal como
intervalo para lanche, se compensados pelos
empregados, caracterizam serviços
extraordinários.

Enunciado
nº 118, do TST

    "Os
intervalos concedidos pelo empregador, na jornada de trabalho, não previstos em
Lei, representam tempo à disposição da
empresa, remunerados como serviço
extraordinário, se acrescidos ao final da jornada."
 
PERÍODO ENTRE JORNADAS
 
Entre
duas jornadas de trabalho deve haver um intervalo mínimo de 11 (onze) horas
consecutivas.

Além
disso, todo empregado tem direito a um repouso semanal remunerado de 24 (vinte e
quatro) horas consecutivas,
preferencialmente aos domingos.

Desta
forma, quando da concessão do repouso semanal remunerado, o intervalo entre o término
de uma jornada diária de trabalho e
o início de outra, deverá ser de no mínimo
35 (trinta e cinco) horas.

Caso
ocorra a absorção mútua das horas de descanso entre jornadas e as horas de
repouso semanal, as horas que faltarem para
completar o intervalo de 35 (trinta
e cinco) horas deverão ser remuneradas como extraordinárias.

Veja exemplo no tópico


Escala de Revezamento, subitem Descanso Semanal nos Turnos Ininterruptos de Revezamento.
 
REPOUSO SEMANAL REMUNERADO
 
A integração das horas extras no descanso semanal remunerado, calcula-se da seguinte forma:

somam-se as horas extras do mês;


divide-se o total de horas pelo número de dias úteis do mês;
multiplica-se pelo número de domingos e feriados do mês;
multiplica-se pelo valor da hora extra com acréscimo.

Fórmula:

DSR = (valor total das horas extras do mês ) x domingos e feriados do mês  x  valor da hora extra com acréscimo
                    número de dias úteis                        

O sábado é considerado dia útil, exceto se recair em feriado.


 
Caso as horas extras feitas durante o mês tenham percentuais diferentes, a média terá que ser feita separadamente.
 
Exemplo
 
Durante
o mês de outubro o empregado prestou 26 horas extras, com adicional de
50%. Valor da hora normal R$ 6,50.

valor
da hora extra: R$ 6,50 + 50% = R$ 9,75
número de domingos + feriado (do dia 12.10) em outubro = 5

Cálculo:

DSR = (valor total das horas extras do mês ) x domingos e feriados do mês  x  valor da hora extra com acréscimo
                    número de dias úteis
DSR =   (    26 horas  )  x  5  x  R$ 9,75
               26 dias úteis
DSR = 1 x 5 x R$9,75
DSR = R$48,75

Nota: para cálculos reais, verificar o número de domingos do mês de outubro do ano respectivo. O cálculo acima é apenas
exemplificativo.
 
INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO
 
As
horas extras prestadas com habitualidade integram o salário para todos os
efeitos legais, inclusive aviso prévio, 13º salário e
férias, pela média
aritmética
dos períodos correspondentes, observados o salário e o adicional vigentes por
ocasião do pagamento de
cada direito.

Décimo Terceiro Salário

Média
do número de horas do respectivo ano, multiplicada pelo valor do salário-hora
da época do pagamento, acrescido do
adicional de hora extra. Em caso de rescisão,
será apurada a média de janeiro até o mês anterior ao da rescisão.

Enunciado
45, TST:

    "A remuneração do serviço suplementar,


habitualmente prestado, integra o cálculo da gratificação natalina prevista
na Lei nº
4.090, de 13.07.1962."

Férias

Média
do número de horas do período aquisitivo, multiplicada pelo valor do salário-hora
da época da concessão, acrescido do
adicional de hora extra.

Recurso
de Revista nº 17.507/91 - TST

"DA
INTEGRAÇÃO DAS HORAS EXTRAS. A média a ser utilizada, para cálculo da
integração das horas extras, é a
física, e não a média dos valores pagos.
É que o critério de integração pela média física objetiva essencialmente a
proteção real das horas extras efetivamente trabalhadas, garantindo ao
empregado a intangibilidade do seu salário."

Recurso
de Revista nº 70.210/93.8 - TST

"A
jurisprudência desta Corte vem firmando entendimento de que a integração das
horas extras em 13º salário e férias
deve ser feita pela média física das
mesmas. Este entendimento visa coibir a diminuição do valor aquisitivo
provocada
pela espiral inflacionária, acarretando manifesto prejuízo ao
obreiro."

Recurso
Ordinário nº 0523/91 - TRT/3ª Região

"HORAS
EXTRAS - INTEGRAÇÕES - Sendo variável o nº de horas extras trabalhadas, para
integrações nas demais
parcelas, há que considerar a média do número de
horas e não a média de valores."

Observação:
nos casos de rescisão de contrato de trabalho quando há férias vencidas e
proporcionais, as férias vencidas são
calculadas pela média do período
aquisitivo e as férias proporcionais pelas médias do
período proporcional.
 
BANCO DE
HORAS
 
A Lei
9.601/1998 alterou a redação do art. 59 da CLT, determinando que a
compensação das horas extras realizadas deve acontecer
no prazo de um ano,
respeitada a jornada de 10 horas diárias. Esta regra é válida para qualquer
modalidade de contrato de trabalho,
mas sempre através de convenção ou acordo
coletivo.
 
Na
hipótese de rescisão de contratos (de qualquer natureza) antes que a
compensação das horas extras trabalhadas ocorra, o
empregado terá direito ao
pagamento das horas extras com o acréscimo previsto na convenção ou acordo
coletivo, que não poderá
ser inferior a 50% do valor da hora normal.
 
Para maiores detalhes, acesse o tópico Banco de Horas.
 
SUPRESSÃO DAS HORAS EXTRAS
 
Nos
termos do Enunciado 291 do TST, as horas extraordinárias prestadas com
habitualidade, durante pelo menos um ano, se
suprimidas, assegura ao empregado o
direito a uma indenização correspondente ao valor de um mês das horas
suprimidas para cada
ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação
de serviço acima da jornada normal.
 
Para
maiores detalhes, acesse o tópico Horas
Extras - Supressão.
 
EMPREGADO DOMÉSTICO
 
Os
direitos concernentes aos trabalhadores domésticos estão previstos no parágrafo
único do artigo 7º da Constituição Federal e na
Lei nº 5.859/1972,
e, entre eles, não se encontram a duração do trabalho e remuneração por
serviço extraordinário.
 
Por
conseguinte, se não houver acordo entre empregador e empregado estabelecendo
jornada de trabalho e pagamento por serviço
extraordinário, o empregado doméstico
não faz jus a horas extras. 
 
PRESCRIÇÃO
 
O prazo
prescricional para pleitear pagamento de horas extras e seus reflexos em outras
verbas, no caso de empregados maiores, é
de 5(cinco) anos para o trabalhador
urbano, limitado a 2 (dois) anos após a extinção do contrato, e, para o
trabalhador rural, até 2
(dois) anos após a extinção do contrato de trabalho.
 
JURISPRUDÊNCIAS
 
ACÓRDÃO - EMENTA- Hora Extra - Comissões - Divisor - Adicional - Para se apurar o valor do salário-hora em face do salários-
comissão, há de se tomar como divisor o somatório da jornada legal mais o número de horas extras trabalhadas e como dividendo o
valor das comissões recebidas no mês. Definido o valor do salário-hora- comissão, apura-se o valor do adicional de hora extra (o
percentual dela incidente sobre o salário-hora-comissão) cujo resultado será multiplicado pelo número de horas extras prestadas,
definindo-se, assim, o exato valor das extras devidas. E este procedimento foi corretamente adotado pela Agravante em seus
cálculos. Tome-se, o exemplo de abril de 2004. As parcelas fixas montaram em R$ 404,80. O salário-hora-extra correspondeu a
404,80 : 180 = 2,24 (salário-hora) mais o adicional de hora extra de 90% (SE), tem-se 2,24 x 1.90 = 4,27, valor de uma hora extra
(coluna 13, da memória, de fl. 376). Neste mês de abril foram realizadas 47,33 horas extras (coluna 18, fl. 376). Para fins das horas
extras decorrentes das comissões, tem-se como divisor o total de 180 horas "normais" + 47,33 horas extras, a totalizar, 227,33 horas
trabalhadas no mês. O valor das comissões em abril de 2004 foi de R$ 410,16 (coluna 14) que dividido por 227,33, tem-se o
resultado de R$ 1,80, valor do salário-hora-comissão. Como em face das comissões só são devidos os adicionais de horas extras, o
valor de um adicional monta em 1,80 x 0.90 = 1,62, (coluna 15). Assim, em abril de 2004, definiram-se os valores da hora- extra
em face do salário fixo (R$ 4,27) e os do adicional de hora extra em razão do salário-hora-comissão (R$ 1,62) é só multiplicá-los
pelo número de horas extras trabalhadas, 47,33. Processo: 00552-2006-140-03-00-2. Relator ANTÔNIO FERNANDO
GUIMARÃES. Belo Horizonte, 25 de junho de 2007.
 
HORAS EXTRAS – SUBGERENTE DE FARMÁCIA - AUSÊNCIA DE PODERES DE GESTÃO E MANDO - INTELIGÊNCIA
DO ART. 62, II, DA CLT. Para configuração do cargo de confiança, a jurisprudência firmou-se no sentido de que deve ficar
suficientemente provado que o empregado foi investido de encargo e gestão, com poderes capazes de criar obrigações para o
empresário e de agir em nome do empregador. No presente caso, conforme o quadro fático probatório delineado, a situação do
reclamante não preenche requisitos do art. 62, II, da CLT. Por outro lado, a circunstância de ter salário mais elevado que os demais
empregados, por si só, não é elemento suficiente para excluir o direito às horas extras, quando a prova oral denota que o reclamante
cumpria jornada, como subgerente superior ao limite legal. Com efeito, a prova testemunhal revelou que o reclamante não detinha
amplos poderes. É verdade que se tratava de empregado com posto significativo na hierarquia da empresa, mas não é possível
enquadrá-lo na condição equivalente a de diretor ou chefe de departamento. Nesse sentido, já decidiu o TST que: “Gerente. Horas
extras. Para que fique o gerente excepcionado dos preceitos relativos à duração do trabalho, necessária a inequívoca demonstração
de que exerça típicos encargos de gestão, pressupondo esta que o empregado se coloque em posição de verdadeiro substituto do
empregador ou ‘cujo exercício coloque em jogo – como diz Mário de La Cueva – a própria existência da empresa, seus interesses
fundamentais, sua segurança e a ordem essencial do desenvolvimento de sua atividade’. (TST, RR 17.988/90.3 – Rel. Min. Cnéia
Moreira – Ac. 1ª Turma 2.686/91)”. Recurso conhecido e desprovido. PROCESSO TRT 15ª REGIÃO Nº 00497-2005-138-15-00-8.
Relator JUIZ JOSÉ ANTONIO PANCOTTI. Decisão N° 032353/2007.
 
GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. PAGAMENTO MENSAL. NATUREZA SALARIAL. INCIDÊNCIA NO CÁLCULO DAS
HORAS EXTRAS. Comprovado o pagamento mensal da gratificação semestral, resta caracterizada a sua habitualidade, sendo
indiscutível sua natureza salarial, diante do previsto no §1º do art. 457 da CLT, devendo integrar a base de cálculo das horas extras.
Portanto, é inaplicável à hipótese o entendimento jurisprudencial constante do Enunciado nº 253 do C. TST, uma vez que este se
refere àquela parcela paga semestralmente ao empregado, e, não, mensalmente. Agravo de petição não provido. PROCESSO
TRT/15ª REGIÃO nº 00140-1997-052-15-00-7. Juiz Relator LORIVAL FERREIRA DOS SANTOS.  Decisão N° 015746/2007.
 
BASE DE CÁLCULO DE HORAS EXTRAS. BANCÁRIO. INTEGRAÇÃO DA GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. NÃO
CABIMENTO. Considerando-se que a decisão exequenda não fez qualquer referência à integração da gratificação semestral na
base de cálculo das horas extras, item que constava do pedido, a determinação do Juízo de execução relativa à sua inclusão
representa inovação da sentença liquidanda. Note-se que a gratificação semestral, em consonância com a Súmula nº 253, do C. TST,
não poderia jamais integrar a base de cálculo das horas extras, posto que estas eram computadas para sua apuração, com
observância do Enunciado nº 115, também do C.TST, o que imprimiria à decisão o caráter de ofensa ao princípio non bis in idem.
Determina-se, por conseguinte, o refazimento dos cálculos, com a observação dos parâmetros aqui fixados.  PROCESSO TRT 15ª
REGIÃO Nº 11.383/2003-APPS-0 (1243-1998-067-15-00-4). Juíza Relatora OLGA AIDA JOAQUIM GOMIERI. Decisão N°
027019/2003.

Fundamentos
Legais:
- Constituição Federal, artigo 5º, artigo 7º, incisos IX, XIII, XV, XVI,
XXIII, XXIX, parágrafo único;
- CLT, artigos 58 a 62, 66, 67, 142, 192, 411 e 413;
- Lei 605/1949;
- Instrução Normativa nº 01/88, do MTb, e os citados no texto.

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