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NOÇÕES BÁSICAS DE LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

INTRODUÇÃO

O controle de ponto na empresa reflete diretamente na gestão de pessoas, envolvendo custos e


decisões, tornando-se primordial saber de que maneira podemos usá-lo para auxiliar o departamento
pessoal a otimizar seus recursos, visando atender à legislação vigente e à redução de custos.

É necessário ter noções de legislação trabalhista e das ferramentas disponíveis para este controle e, de
que forma eles podem e devem ser aplicados para atender às necessidades da empresa. A falta de
qualificação para exercer esta função pode trazer sérios problemas e altos custos à empresa.

Grande parte dos profissionais da área possuem o conhecimento teórico da legislação, porém ao fechar
o ponto, cometem alguns erros ou configuram errado seus sistemas e não identificam as falhas que
podem ocorrer, refletindo diretamente nos custos e na gestão de pessoal.

Identificamos também que alguns colaboradores responsáveis por esta rotina não têm formação na área
e acabam exercendo a função repetindo os processos já existentes na empresa, sem saber se a forma
como são realizados ou calculados estão de acordo com a legislação em vigor, .

Através deste curso queremos disseminar o conhecimento básico nesta rotina tão fundamental na
empresa, de maneira simples e prática.

Serão abordados os principais temas da CLT e as alterções que sofreram com a Reforma Trabalhista
que entrou em vigor em 11.11.2017. Antes desta reforma, os sindicatos podiam negociar com os
empregadores condições específicas, desde que não os pontos alterados não se sobrepusessem à CLT.
Com a aprovação desta, fica definido que os sindicatos poderão negociar pontos sem obedecer À CLT,
tendo força de norma trabalhista.

IMPORTANTE

O objetivo deste curso é disseminar os conhecimentos básicos necessários para o tratamento de


ponto. Cada sindicato pode ter um acordo ou convenção que trate as questões de forma diferente
e que devem ser respeitadas. Qualquer dúvida deve ser verificado junto ao jurídico de cada
empresa. A Madis não se responsabiliza por erros oriundos de interpretação ou atribuição
errada da legislação em vigor.
TOLERÂNCIA DE ATRASOS E HORAS EXTRAS

 Art. 58 § 1o Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as


variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o
limite máximo de dez minutos diários.

Este artigo trata das tolerâncias para atrasos e horas extras, e às vezes causam alguma confusão. É
considerada uma tolerância de atraso e hora extra de 5 minutos na marcação de entrada e na marcação
de saída. Deve-se entender que a partir de 05:00min já é computado o atraso ou hora extra. O limite de
10 minutos ao dia, significa que, ao ultrapassar essa tolerância todo atraso é descontado ou toda hora
extra é paga.

Vale ressaltar que em algumas convenções ou acordos trabalhistas essa tolerância pode ser diferente.
Consulte o sindicato de classe.

ADICIONAL PARA HORA EXTRAS

 Art. 59 § 1º - Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá constar,


obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora suplementar, que será, pelo
menos, 20% (vinte por cento) superior à da hora normal.(CLT)

Este artigo trata do pagamento adicional para as horas extras. Cada sindicato de classe determina em
sua convenção ou em acordos coletivos, os percentuais a serem acrescidos para pagamento de hora
extra. Consulte a convenção ou acordo do sindicato a qual seus funcionários pertencem para
identificação do percentual a ser aplicado

A CLT previa que o mínimo de acréscimo seria de 20% sobre a hora normal. Com a reforma
trabalhista, fica estabelecido que o mínimo a ser pago será de 50% sobre a hora normal.
BANCO DE HORAS

 Art. 59 § 2º - Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou
convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela
correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo
de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o
limite máximo de dez horas diárias.

Este artigo trata do banco de horas e compensação de horas. Somente poderão ser utilizados estes
recursos se a convenção ou acordo coletivo do sindicato de classe a que os funcionários estão
representados, permitir. Ao homologar o banco de horas ou compensação no sindicato já fica
estipulado as regras para uso destes recursos. Muitas empresas optam por utilizá-los mesmo não
estando homologados, o que pode trazer problemas administrativos como notificações e multas, em
casos de fiscalizações e processos trabalhistas.

ANTES E DEPOIS DA REFORMA TRABALHISTA: Pela CLT a empresa tinha o prazo máximo
de 1 ano para realizar as compensações de hora, não sofrendo acréscimo das horas trabalhadas, e
previa que a convenção coletiva estipulasse as regras do mesmo. Após a reforma trabalhista, será
possível fazer acordos individuais desde que a compensação ocorra no prazo máximo de 6 meses.

COMPENSAÇÃO DE HORAS

 Art 61 § 3º - Sempre que ocorrer interrupção do trabalho, resultante de causas acidentais,


ou de força maior, que determinem a impossibilidade de sua realização, a duração do
trabalho poderá ser prorrogada pelo tempo necessário até o máximo de 2 (duas) horas,
durante o número de dias indispensáveis à recuperação do tempo perdido, desde que não
exceda de 10 (dez) horas diárias, em período não superior a 45 (quarenta e cinco) dias por
ano, sujeita essa recuperação à prévia autorização da autoridade competente.

Este artigo trata da compensação de ponte. Quando há uma interrupção de trabalho, por exemplo
emenda de feriado, o funcionário poderá compensar este dia realizando horas extras durante o período
correspondente, sem receber o percentual sobre as horas normais. As compensações deverão estar
documentadas mediante Sindicato ou Ministério do Trabalho.
Por exemplo, funcionário que trabalha 8 horas por dia, com um feriado na terça-feira e a empresa
decida emendar a segunda-feira, poderá compensar o dia não trabalhado realizando 1 hora extra por
dia, durante 8 dias de trabalho.

INTERJORNADA

 Art. 66 - Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze)


horas consecutivas para descanso

Este artigo trata do termo Interjornada, onde o funcionário tem direito a 11 horas de descanso entre um
dia de trabalho e outro, ou seja, se a jornada se encerra às 18:00h, ele deve voltar às suas atividades
somente a partir das 05:00h do dia seguinte. Caso não seja cumprida as 11 horas de descanso, a
diferença deverá ser paga como hora extra.

É necessário reforçar a seguinte informação: o período de repouso/refeição é OBRIGATÓRIO,


portanto, mesmo que a empresa pague horas extras em casos onde o funcionário tire um período menor
do que o determinado, a empresa estará sujeita a notificação e multa.

INTRAJORNADA (INTERVALO DE ALIMENTAÇÃO E DESCANSO)

 Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é


obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no
mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não
poderá exceder de 2 (duas) horas.

 § 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um


intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.

 § 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for
concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente
com um acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da
remuneração da hora normal de trabalho.

Este artigo trata do descanso para refeição. Para cargas horárias de até 6 horas, é concedido o período
de 15 minutos para refeição. Para jornadas acima de 6 horas diárias, o período mínimo para descanso é
de 1 hora e máximo de 2 horas. Caso não seja cumprido este período de repouso, o empregador deve
pagar a hora cheia como hora extra. Algumas categorias de trabalho como: motoristas, cobradores,
telemarketing, escriturários, setores de transporte, possuem algumas particularidades para seus
respectivos horários de descanso, e nestes casos, a convenção ou acordo coletivo de trabalho deve ser
consultado.

É necessário reforçar a seguinte informação: o período de repouso/refeição é OBRIGATÓRIO,


portanto, mesmo que a empresa pague horas extras em casos onde o funcionário tire um período menor
do que o determinado, a empresa estará sujeita a notificação e multa.

ANTES E DEPOIS DA REFORMA TRABALHISTA:Antes da Reforma Trabalhista o horário


mínimo de descanso para jornada acima de 6 horas era de 1 hora. Após a reforma, este período pode
ser negociado desde que o mínimo concedido seja de 30 minutos. Além desse ponto, se o funcionário
não cumprir o total de horário de descanso estipulado, deverá ser pago a diferença da hora trabalhada
com acréscimo de 50%. Antes, deveria ser pago o valor da hora cheia.

ADICIONAL NOTURNO

 Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá
remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um
acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. (Redação dada
pelo Decreto-lei nº 9.666, de 1946)
 § 1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30
segundos.(Redação dada pelo Decreto-lei nº 9.666, de 1946)
 § 2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22
horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte.

Este artigo regulamenta como deve ser tratado o trabalho realizado no período noturno, compreendido
das 22:00h às 05:00h. O trabalho realizado neste período tem sua hora reduzida a 52 minutos e 30
segundos, devendo ser pago um adicional sobre as horas, de no mínimo 20%. Este item também deve
ser consultado nas convenções e acordos coletivos vigentes, pois podem haver regras diferenciadas
para cada sindicato.

É muito importante que fique claro a diferença entre Adicional Noturno e Hora Extra Noturna. O
Adicional Noturno é devido na jornada normal de trabalho noturno, ou seja, para os funcionários cuja
jornada ocorre entre as 22:00h e 05:00h. A hora extra noturna é devida quando da hora extra é
realizada fora do horário normal, no período compreendido entre 22:00h às 05:00h.
CONTROLE DA JORNADA DE TRABALHO

 Art 74 §2º - Para os estabelecimentos de mais de dez trabalhadores será obrigatória a


anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico,
conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, devendo haver pré-
assinalação do período de repouso.
 Art 74 §3º - Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o horário dos
empregados constará, explicitamente, de ficha ou papeleta em seu poder, sem prejuízo do
que dispõe o § 1º deste artigo

Para empresas que possuem mais de 10 funcionários é obrigatório o controle de marcações da jornada
realizada, seja de forma manual, mecânica ou eletrônica.

Controle Manual através do livro ponto: O controle manual é feito através


do Livro Ponto, que pode ser adquirido em qualquer papelaria, a um baixo
custo. Este controle é viável para empresas com poucos funcionários, com o
cuidado de não haver rasuras, que invalidam as marcações. Outro fator que
deve se ter muito cuidado também é na hora de calcular as horas trabalhadas,
horas extras e atrasos, pois por ser feito manualmente pode haver erros no
cálculo

Controle Manual através de cartão de ponto: Similar ao livro ponto pode ser
adquirido em qualquer papelaria, a um baixo custo, porém controlado de forma
individual. É viável para empresas com poucos funcionários, com o cuidado de não
haver rasuras, que invalidam as marcações.

Controle através de relógio convencional: Similar ao livro ponto pode ser


adquirido em qualquer papelaria, a um baixo custo, porém controlado de forma
individual. Este controle é viável para empresas com poucos funcionários, com o
cuidado de não haver rasuras, que invalidam as marcações. Outro fator que deve se ter
muito cuidado também é na hora de calcular as horas trabalhadas, horas extras e
atrasos, pois por ser feito manualmente pode haver erros no cálculo
Controle através de relógio de ponto eletrônico: Neste tipo de equipamento, os
colaboradores marcam o ponto através de cartão ou biometria. Os dados são
transmitidos de forma eletrônica e o apontamento é feito através de um software de
tratamento. O modelo biométrico é a forma mais segura de marcação.

OUTROS PONTOS SOBRE LEGISLAÇÃO APLICADOS AO CONTROLE DE


PONTO

Confira os pontos principais que poderão ser negociados com os sindicatos de classe após a Reforma
Trabalhista:

PONTOS DA CLT NEGOCIADOS ATRAVÉS DE SINDICATOS

Conforme informado anteriormente, com a Reforma Trabalhista, é possível negociar através dos
sindicatos de classe pontos como: banco de horas, férias, planos de cargos e salários, compensação de
feriados, participação nos lucros, jornada de trabalho, home office, entre outros.

JORNADA DE TRABALHO

Será possível negociar o período da jornada de trabalho entre sindicatos e empregadores. Passa haver a
possibilidade de tornar a jornada flexível, sem exceder o limite de 220 horas mensais. Além disso
poderá ser negociado a compensação de horas dentro de duas semanas. Não integram o tempo da
jornada atividades como descanso, estudo, alimenção, higiene pessoal e troca de uniforme.

HORAS IN INTINERE

Horas in intinere refere-se ao tempo gasto para a locomoção para o posto de trabalho. Não serão mais
consideradas este tempo para integrar a jornada de trabalho, mesmo que o empregador forneça o
transporte.
HOME OFFICE

O trabalho realizado fora do ambiente de tabalho (em casa, por exemplo) passa a ser regulamentado.
No acordo realizado com o sindicato deverá ser previsto todas as atividades a serem exercidas, custos
com equipamentos, remuneração, controle de produtividade, cabendo ao empregador instruir o
empregado sobre as questões de segurança do trabalho.

FÉRIAS

Fica autorizado negociar o período de gozo de ferias, mantendo a quantidade de 30 dias por ano,
podendo ser dividido em até 3 vezes, com o mínimo de 5 dias consecutivos por período. Em pelo
menos 1 dos períodos deve ser de 14 dias corridos. As férias não poderão ter início 2 dias antes de
feriado ou descanso remunerado.

DEMISSÃO

Além das formas já conhecidas de demissão foi criada a Rescisão em Comum Acordo. Quando
ambas as partes optarem por este tipo de rescisão, o empregado poderá sacar 80% do FGTS + metade
da multa de 40%. O aviso prévio será de no mínimo 15 dias e seu respectivo valor. O empregado não
terá direito a sacar o seguro desemprego.

SALÁRIO

Prêmios, Auxílio viagem, abonos e diárias de viagem não constituirão base de cálculo para
remuneração e nem incidir sobre encargos trabalhistas.

TRABALHO TEMPORÁRIO

O contrato de trabalho temporário passa ser de até 120 dias, podendo ser estendido por igual período,
com exceção aos empregados domésticos, assegurando ao trabalhador os mesmos direitos que os
empregados contratados por prazo determinado.

TRABALHO INTERMITENTE
Passa a ser autorizado o contrato de trabalho com prestação não contínua, alternando períodos de
trabalho. O colaborador deverá receber pelas horas, dias ou mês trabalhados, sendo-lhe
assegurado o pagamento de férias, 13º salário e previdência social ao final de cada período
de prestação de serviços. O tempo em que não estiver trabalhando não serão considerados
como tempo de serviço. O empregador deverá avisar com 3 dias de antecedência com o
valor a ser pago, respeitando o salário mínimo e o piso salarial na empresa. Em caso de
descumprimento a parte responsável deverá arcar com 50% do valor acordado no período
contratual.

TRABALHO PARCIAL

Será considerado para este fim, jornadas com 30 horas semanais sem horas extras ou 26
horas semanais limitadas a 6 horas extras no mesmo período, com salário proporcional ao
período trabalhado. Terá direito a até 30 dias de férias, podendo aderir ao pagamento
pecuniário de 1/3 das férias.

CONTRIBUIÇÃO SINDICAL

A partir da Reforma Trabalhista, a contribuição sindical deixa de ser obrigatória a partir de


2018.

TRABALHO INFORMAL

A multa para empresas que não registrarem seus colaboradores aumenta após a reforma.
 ME e EPP – Multa de R$ 800,00 por empregado não registrado;
 Demais empresas – Multa de R$ 3 mil por empregado não registrado e de R$
6 mil em caso de reincidência;
 Multa de R$600,00 por empregado, quando não forem informados os dados
necessários para o seu registro.

NOVA CONTRATAÇÃO
O período mínimo para recontratar um colaborador passa a ser de 18 meses, tendo que
respeitar este prazo mesmo se for como terceirizado.

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
Se a rescisão for assinada, não poderá ser questionada judicialmente.

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