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Portanto, não havendo previsão no contrato de empréstimo, é vedado ao empregador descontar os limites acima
expostos no Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho, podendo, neste caso, descontar apenas a parcela mensal na
rescisão, ficando a cobrança do saldo devedor por conta da instituição financeira diretamente com o trabalhador.
HIPÓTESE DE CLÁUSULA
CONTRATUAL DE DESCONTO NA RESCISÃO DO VÍNCULO
EMPREGATÍCIO
Os contratos de empréstimo,
financiamento ou arrendamento poderão prever a incidência de desconto de até
30%
(trinta por cento) das verbas rescisórias para a amortização total ou
parcial do saldo devedor líquido para quitação na
data de rescisão do
contrato de trabalho do empregado.
Nesta hipótese,
deverá a instituição consignatária informar ao mutuário e ao empregador,
por escrito ou meio
eletrônico certificado, o valor do saldo devedor líquido
para quitação.
Quando o saldo devedor
líquido para quitação exceder o valor comprometido das verbas rescisórias,
caberá ao
mutuário efetuar o pagamento do restante diretamente à instituição
consignatária, assegurada a manutenção das
condições de número de prestações
vincendas e taxa de juros originais, exceto se houver previsão contratual em
contrário.
PERÍODO DE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO
Na hipótese de entrada
em gozo de benefício previdenciário temporário pelo mutuário, com suspensão
do pagamento
de sua remuneração por parte do empregador, cessa a obrigação
deste efetuar a retenção e o repasse das prestações à
instituição
consignatária.
JURIPRUDÊNCIA
Í Ê
RAZÃO DO LIAME EMPREGATÍCIO - COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO. A
competência material decorre do pedido e da causa de pedir. Dessa forma, se a causa de pedir repousa na relação de
trabalho e o pedido relaciona-se ao pagamento de verba decorrente do mencionado liame empregatício, esta Justiça
Especial afigura-se competente para julgar o feito. Na espécie, o reclamante postulou indenização por danos morais,
em face das alegações de inclusão do seu nome em cadastro de proteção ao crédito e de ato ilícito praticado pela ex-
empregadora, que intermediou empréstimos consignados junto à BV Financeira, com o objetivo de saldar dívida
salarial da empresa, mas em nome de seus empregados, atribuindo-lhes, assim, a responsabilidade exclusiva pelos
respectivos empréstimos. A contratação de empréstimo para quitação de dívida salarial da empresa, com imputação da
responsabilidade ao empregado, é circunstância que se coloca como controvérsia decorrente da relação de emprego.
Ademais, a pactuação de empréstimo consignado em folha de pagamento depende da anuência do empregador, da
financeira e do trabalhador, razão por que o próprio empréstimo tem sua existência vinculada ao contrato de trabalho.
Nos termos do art. 114, I, da Constituição Federal, a Justiça do Trabalho afigura-se competente para julgar as
demandas oriundas do vínculo laboral firmado entre empregado e empregador. Ademais, de acordo com o art. 114, IX,
da Constituição Federal, inserem-se na competência material da Justiça do Trabalho "outras controvérsias decorrentes
da relação de trabalho", na forma da lei. Com efeito, a matéria se insere na competência desta Justiça Especial. (...)
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO PARA PAGAMENTO DE SALÁRIOS ATRASADOS - VÍCIO DE CONSENTIMENTO -
INCLUSÃO DE NOME DO RECLAMANTE NO CADASTRO DE DEVEDORES. Configura dano moral que enseja
o pagamento de indenização a inclusão do nome do trabalhador em cadastro de proteção ao crédito, em decorrência da
simulação de empréstimo consignado pelas reclamadas, que se utilizaram dos dados pessoais dos empregados da
segunda-reclamada, os quais, ludibriados pela promessa de recebimento dos salários atrasados, assinaram documentos,
sem ter conhecimento de tratar-se de autorização de empréstimo consignado pessoal, cujos valores sequer foram
recebidos pelos trabalhadores. De fato, a referida conduta, ilegal e sensurável, perpetrada pelo empregador em conluio
com a instituição financeira ora agravante, com o fito de descumprir basilar obrigação contratual trabalhista e angariar
proveito econômico-financeiro ilícito, que resultou na inscrição do nome do autor em rol de devedores, ofende a
dignidade do trabalhador e causa-lhe abalo psicológico. Tal situação causa grave transtorno à honra subjetiva do
empregado e atinge o seu âmbito extrapatrimonial, caracterizando resultado lesivo capaz de configurar o dano moral,
sendo imperiosa a correspondente reparação. (...) Agravo de instrumento desprovido. (AIRR - 1218-
19.2014.5.06.0022 , Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 18/10/2017, 7ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 20/10/2017).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº13.015/14. (...)
3. DESCONTOS SALARIAIS. PENSÃO ALIMENTÍCIA. DESCONTO A MAIOR. EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 126/TST. (...) A magistrada de
origem entendeu regular o desconto efetivado nas verbas rescisórias em razão de empréstimo consignado aos seguintes
fundamentos: "No caso dos autos, o autor não nega que tenha contraído empréstimos consignados, com previsão de
desconto diretamente na folha de pagamento. A documentação carreada aos autos confirma que, a partir do momento
em que o reclamante afastou-se em gozo de benefício previdenciário, a empresa não mais efetuou os descontos que
estavam sendo procedidos até então (fls. 78/118). Ou seja, o reclamante efetivamente, contraiu empréstimos e, ao
longo de vários meses, não pagou por eles. Assim, e observados os limites da lide, não há como reputar-se indevido o
desconto realizado no momento da rescisão contratual. Esclareço, ante os fundamentos trazidos na inicial, que não
pode o reclamante sustentar a impossibilidade do desconto, sob o argumento da intangibilidade salarial, após
livremente ter contraído empréstimo consignado e autorizado justamente o desconto de valores em sua folha de
pagamento. Sinalo, ainda, que não foi caso de antecipação das parcelas vincendas, mas de cobrança a posteriori de
valores que, desde maio/2011-, não mais foram descontados da remuneração mensal do demandante. Friso, também,
que não há nos autos qualquer prova de que o autor tenha sido inscrito no SPC e no SERASA em razão de supostas
falhas internas da empresa. Por fim, o montante de R$ 3.073,00 é inferior ao valor de um mês de remuneração à época
da despedida (considerada, a soma do salário-base e do adicional de antigüidade - fl. 52), motivo pelo qual não há falar
em afronta ao art. 477, § 5°, da CLT." (fls. 157 e ' V,). Inconformado com a decisão, o reclamante recorre. Sustenta ser
simplório o fundamento da sentença. Assevera que a questão é saber: se o desconto poderia ter sido feito; se o valor
descontado está correto; se a reclamada provou que o valor está correto, ônus que defende ser dela, nos termos dos
artigos818da CLT e 333, II, do CPC. A decisão merece reforma. A lei que dispõe sobre a autorização para desconto de
prestações em folha de pagamento (Lei nº 10.820/03) prevê em seu artigo 1º § 1°, o seguinte: "O desconto mencionado
neste artigo também poderá incidir sobre verbas rescisórias devidas pelo empregador, se assim previsto no respectivo
contrato de empréstimo, financiamento OU arrendamento mercantil, até o limite de trinta por cento." (grifei). Diante
do princípio da intangibilidade salarial previsto no artigo 462 da CLT e do dever de documentação da contrato do
trabalho atribuído ao empregador, pelo princípio da aptidão para a prova, cabia à reclamada, nos termos do artigo 818
da CLT, comprovar em que termos se deu a autorização para os descontos realizados no salário do empregado, se
contemplavam a possibilidade da incidência de descontos sobre as verbas rescisórias. Ainda que o autor admita ter
contraído o empréstimo consignado ou que o valor descontado a tal título não tenha ultrapassado a sua remuneração
mensal na época da dispensa (artigo 477, § 5º da CLT), não tendo a demandada trazido aos autos quaisquer
documentos em relação ao regramento adotado para o empréstimo consignado (contrato, convênio ou informação a
respeito do ajuste), não há como se concluir pela regularidade do desconto efetuado nas verbas rescisórias (por
ausência de prova de previsão de descontos nos haveres rescisórios, como estabelece a norma citada). Por conseguinte,
dou provimento ao recurso para determinar a restituição dos descontos efetuados na rescisão contratual a título de
empréstimo consignado (R$ 3.073.00, fl. 55). (...) Recurso de revista não conhecido nos tópicos. (...). (RR - 1346-
90.2013.5.04.0002 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 16/12/2015, 3ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 18/12/2015).