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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA $

{INFORMACAO_GENERICA}ª VARA CÍVEL ESPECIALIZADA EM FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA


DE FRANCISCO BELTRÃO/PR

Autos do processo nº: ${informacao_generica}

${cliente_nomecompleto}, já devidamente qualificado nos autos do


presente processo, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por
meio de seus procuradores, apresentar RÉPLICA aos argumentos
lançados pelo réu em sua contestação, bem como dizer e requerer o que
segue:

Foi proposta a presente ação postulando o restabelecimento de auxílio-acidente por


acidente de trabalho (91/${informacao_generica}), considerando a incapacidade laboral
oriunda de acidente sofrido na empresa em que labora como carpinteiro.

O segurado pleiteou também, de forma subsidiária, a concessão de aposentadoria por


invalidez, na hipótese de ser apontada a sua total e permanente incapacidade para
desenvolveu o ofício de carpinteiro ou, ainda, a concessão de auxílio-acidente, no caso de
restar provado que as patologias geram limitação profissional para a profissão anteriormente
exercida.

O INSS contestou o feito e apresentou documentos. Contudo, não assiste razão aos
fundamentos da autarquia previdenciária. Isto, pois não logrou êxito em desacreditar os
argumentos trazidos na petição inicial.

Com efeito, sustenta o INSS que a parte Autora não faz jus ao benefício, eis que não
haveria incapacidade laboral em face das sequelas do acidente de trabalho sofrido.

Ocorre que tal alegação não procede.

Veja-se que do acidente de trabalho sofrido (vide CAT – fl. ${informacao_generica}), o


qual ocasionou a laceração da falange distal do polegar direito em acidente com serra circular.
Ocorre que após o acidente suprarreferido, o Demandante já se submeteu a inúmeros
tratamentos, todos sem sucesso, de forma que inclusive foi encaminhada para cirurgião
especialista em mão, tendo em vista a ausência de outros recursos para sua recuperação
laboral. Nesse sentido, a parte Autora apresenta incapacidade para o trabalho, pois seu
movimento de pinça está prejudicado na mão direita, bem como possui sensibilidade nos
primeiro e segundo dedos, decorrente do trauma sofrido.

Destarte, resta evidente que o Autor necessita se submeter a tratamento especializado


e contínuo para que consiga recuperar sua capacidade laborativa no ofício de CARPINTEIRO.

Outrossim, oportuno referir o disposto na Súmula 72 da Turma Nacional de


Uniformização dos Juizados Especiais Federais, tratando-se de matéria pacificada em âmbito
federal (DOU 13/03/2013):

É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que


houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o segurado estava
incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou.

Nesse sentido, não há como conceber que no presente momento não exista
incapacidade para o trabalho, eis que o quadro é totalmente desfavorável ao retorno ao
ambiente de trabalho, beira o absurdo o INSS alegar que as sequelas não interferem (ainda que
minimante) na capacidade laborativa do Sr. ${cliente_nome}.

De toda forma, ainda que demonstrada claramente a incapacidade laborativa do


Demandante para o ofício de carpinteiro, se faz necessário em apreço ao contraditório e a
ampla defesa que seja realizada a perícia médica judicial, por médico de confiança do Juízo,
para que não reste dúvida acerca da incapacidade laboral da parte Autora.

Ademais, cumpre salientar que a parte Autora, além do critério médico exposto,
preenche todos os demais requisitos necessários para a concessão do benefício. Isto, pois,
qualidade de segurado é matéria incontroversa, consoante extrato previdenciário anexo (fl. $
{informacao_generica}).

Destarte, repise-se que, de acordo com o art. 26 da Lei 8.213/91, incisos I e II, a
concessão de benefício de natureza acidentária independe de carência.
Por tal razão, e comprovada a vinculação ao Regime Geral da Previdência Social, o
Postulante faz jus ao restabelecimento do benefício previdenciário, exatamente pela
incapacidade laborativa evidenciada.

DO TERMO INICIAL

No que se refere ao termo inicial do beneficio no caso da procedência do pedido, alega


o INSS que este deve iniciar da data da juntada do laudo pericial judicial.

Excelência, a argumentação trazida à baila pela Autarquia está completamente em


dissonância com o entendimento pacífico do Tribunal de Justiça Gaúcho, vejamos:

APELAÇÕES CÍVEIS. DECISÃO MONOCRÁTICA. ACIDENTE DO TRABALHO. INSS.


RESTABELECIMENTO DO AUXÍLIO-DOENÇA E ULTERIOR CONVOLAÇÃO EM AUXÍLIO-
ACIDENTE. TRABALHADOR RURAL. SEGURADO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO FACULTATIVA
PARA A PREVIDÊNCIA SOCIAL. AUSÊNCIA DE PROVA. A concessão do benefício do
auxílio-acidente de natureza acidentária ao segurado especial depende, além do
exercício de atividade rural, do recolhimento de contribuição mensal facultativa à
Previdência Social. Intelecção do artigo 39 da Lei nº 8.213/91. Ausente prova do
pagamento dessa contribuição facultativa, a parte autora não faz jus à concessão do
benefício postulado. Artigo 333, inciso I, do CPC. AUXÍLIO-DOENÇA. TERMO INICIAL. O
auxílio-doença deve ser restabelecido desde a data da cessação indevida na esfera
administrativa, porquanto a relação jurídica foi erroneamente interrompida.
CONSECTÁRIOS LEGAIS. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. LEI Nº
11.960/2009. MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DESTE ÓRGÃO FRACIONÁRIO. A correção
monetária das parcelas da condenação far-se-á pelo IGP-DI até março de 2006 e, a
partir de abril de 2006, pelo INPC, a contar da data em que a obrigação se tornou
exigível. A partir de 30-06-2009, impõe-se observar o disposto no artigo 1º-F da Lei nº
9.494/97, com a redação que lhe conferiu a Lei nº 11.960/2009, a preceituar: "Art. 1º-
F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza
e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora,
haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de
remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança." CUSTAS
PROCESSUAIS. PAGAMENTO POR METADE. O artigo 11, alínea "a", da Lei Estadual n°
8.121/85 isenta o ente público do pagamento de metade das custas processuais.
Inconstitucionalidade da Lei Estadual nº 13.471/2010 declarada pelo Órgão Especial
desta Corte quando do julgamento do Incidente de Inconstitucionalidade n.º
70041334053. REEXAME NECESSÁRIO. DISPENSA. VALOR DA CONDENAÇÃO
INSUSCETÍVEL DE ATINGIR O TETO DE DISPENSA PREVISTO NO ART. 496, § 3º, INC. I, DO
NCPC. O CPC/2015 estabeleceu como teto de dispensa do reexame obrigatório a
sentença condenatória de valor inferior a 1.000 salários mínimos (art. 496, parágrafo
3º, inc I). Na espécie, é lícito antever que o montante condenatório não atinge esse
teto, considerada a expressão econômica do benefício deferido no "decisum" singular,
ou seja, o proveito econômico resultante da lide. REEXAME NECESSÁRIO NÃO
CONHECIDO. APELO DO AUTOR DESPROVIDO. APELO DO INSS PROVIDO EM PARTE.
(Apelação e Reexame Necessário Nº 70071946032, Nona Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Miguel Ângelo da Silva, Julgado em 27/06/2017)

Ainda, no caso de concessão de auxílio-acidente:

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. ACIDENTE DE TRABALHO. AUXÍLIO-


ACIDENTE. PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL BILATERAL. PAIR. OPERADOR DE
MÁQUINAS INDUSTRIAIS. CONFIGURAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS PARA A
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. PROVA DE REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA E
DE NECESSIDADE DE EMPREGO DE MAIOR ESFORÇO PARA ATIVIDADE
HABITUALMENTE EXERCIDA. ART. 86, § 4º, DA LEI Nº 8.213/91. RESP Nº
1.108.298/SC. 1. Auxílio-acidente. De acordo com o art. 86 da Lei nº 8.213/91, o
auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia. Benefício cuja natureza é precipuamente indenizatória e
não se destina a substituir remuneração do segurado, mas sim servir de
acréscimo aos seus rendimentos, em decorrência de um infortúnio que reduziu
sua capacidade laborativa. Matéria pacificada no âmbito de recurso repetitivo
REsp nº 1.109.591/SC. 2. Caso concreto. PAIR. Requisitos. Configurados os
pressupostos do art. 86, § 4º, da Lei nº 8.213/91, ratificados no recurso repetitivo
REsp nº 1.108.298/SC porquanto a perícia técnica foi conclusiva ao atestar a
redução da capacidade laborativa para sua função habitual; moléstia que tem
início por volta de agosto de 1996. 3. Termo inicial. Em regra, o benefício é
devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença (art. 86, § 4º,
PBPS); ou, em caso de não ter havido gozo do auxílio-doença, da data do
requerimento administrativo do auxílio-acidente; na ausência de ambos, da
citação. No caso, o benefício deve ter por termo inicial a citação. Entendimento
pacificado no âmbito do STJ. Recurso da autarquia parcialmente acolhido no
ponto. 4. Consectários legais. A inconstitucionalidade, por arrastamento, do art.
5º da Lei nº 11.960/09, que alterava o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, impõe o
desmembramento dos juros moratórios e da correção monetária. Juros de mora
continuam sendo regidos pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, calculados até
30/06/2009 à taxa de 1% ao mês e, a partir dessa data, com base no índice oficial
de remuneração básica e juros aplicados às cadernetas de poupança, sempre
observando a citação como termo inicial. Correção monetária que, por seu turno,
deve observar o IGP-DI até março de 2006 e, a partir de então, o INPC,
observadas as datas de vencimento de cada prestação devida. Precedente
jurisprudencial. 4.1 Caso concreto em que tendo a citação ocorrido em dez/2010,
os juros incidem dessa data e com base nos índices de remuneração básica da
poupança; e a correção monetária, sendo a primeira prestação vencida também
em dez/2010, pelo INPC. 5. Honorários advocatícios. Cabível a limitação dos
honorários para o equivalente a 10% sobre o valor das parcelas vencidas até a
data da sentença. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. EM REEXAME
NECESSÁRIO, QUANTO AOS DE 70067938142, Nona Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Carlos Eduardo Richinitti, Julgado em 13/04/2016) (grifado)

Portanto, diante do entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça e do


Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em caso de condenação, o termo inicial deve ser
datado de quando cessado o auxílio-doença acidentário (${data_generica}), respeitada a
prescrição quinquenal.

ISTO POSTO, no instante em que reitera o descabimento de todas as alegações do INSS


em contestação, postula pela produção de prova pericial, que fará prova robusta no sentido de
que o Sr. ${cliente_nome} está incapaz para suas atividades laborativas.

Por fim, segue abaixo a indicação de assistente técnico para acompanhar o Autor
quando da realização da perícia médica judicial.

Termos em que,

pede Deferimento.

Francisco Beltrão/PR, 26 de julho de 2023.

EDUARDA CRISTINA MACIEL KOHL


OAB/PR 65.092

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