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JUÍZO DA XX VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL...

XXXXXXXXX, qualificação completa, vem à presença de Vossa


Excelência, por meio de sua advogada com mandato procuratório em
anexo, propor AÇÃO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO ACIDENTE em
face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS,
autarquia federal, localizada na Rua 24 de maio, nº 1450, Centro,
Indaiatuba, SP, CEP 13.330-060, pelos fatos e fundamentos abaixo
expostos:
DOS FATOS

O requerente é segurado da previdência inscrito


sob o número NIT xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

No dia XXXXXX o requerente sofreu acidente de


trajeto, vindo a colidir sua motocicleta com outro veículo.

A autarquia requerida reconheceu a incapacidade


do requerente em razão do acidente ocorrido no percurso para o trabalho,
concedendo o benefício por incapacidade temporária B31 nº xxxxxxxxx
desde o dia do acidente até o dia xxxxxxxxx.

Ocorre que ao contrário do que manda a lei, a


requerida mesmo diante da incapacidade residual advinda do acidente
ocorrido, não concedeu o auxílio acidente, obrigando o requerente a
socorrer-se no Poder Judiciário.

DO INTERESSE DE AGIR

É pacífico entendimento jurisprudencial de que é


necessário indeferimento na via administrativa para que o segurado tenha
interesse de agir para ingressar com Ação Judicial, no entanto, também é
pacífico entendimento de que não há necessidade de esgotamento das vias
administrativas.

Vejamos o que diz o site da previdência sobre o


auxílio acidente:

“Última modificação: 06/11/2020

Benefício para a pessoa que sofrer um acidente e


apresentar sequelas definitivas que diminuam a sua capacidade para o
trabalho. Essa situação é avaliada pela perícia médica do INSS.

Este benefício não impede a pessoa de continuar


trabalhando, visto que trata-se de uma indenização.

Para outras informações, acesse:


https://www.gov.br/inss/pt-br/saiba-mais/auxilios/auxilio-acidente ”

Veja Excelência que no site da autarquia (MEU


INSS) sequer existe um pedido específico para o auxílio acidente, vez que,
em regra, o benefício é concedido quando da alta médica do auxílio-
incapacidade temporária, quando já existe a consolidação das lesões, senão
vejamos o que diz a lei 8213:

“Art. 86. O auxílio-acidente será concedido,


como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente
exercia.

§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do


dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de
qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada
sua acumulação com qualquer aposentadoria. (Redação dada pela
Lei nº 9.528, de 1997)” (grifou-se)

Assim, a autarquia previdenciária ao realizar a


perícia quando do pedido de prorrogação (documento juntado) deixou de
conceder ao requerente o benefício ao qual fazia jus, nascendo, portanto, o
interesse de agir do requerente de buscar no judiciário a correção da lesão.

Assim compreende a jurisprudência:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL.


CONCESSÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE. INTERESSE DE AGIR.
PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE.
EFEITOS FINANCEIROS. DIFERIMENTO. TEMA 862 STJ.1. A não
conversão do auxílio-doença em auxílio-acidente, no caso de
consolidação das lesões decorrentes de acidente, com sequelas que
implicam redução da capacidade de trabalho, é suficiente para
configurar a pretensão resistida por parte do INSS e o consequente
interesse de agir da parte autora, sendo desnecessário prévio
requerimento administrativo. 2. Embora a parte autora tenha ajuizado a
presente demanda muitos anos após a cessação do auxílio-doença, tal
circunstância não desconfigura seu interesse de agir no feito, sobretudo
porque o parágrafo 2º do art. 86 da Lei 8.213/91 dispõe que "o auxílio-
acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-
doença".3. Efeitos financeiros diferidos para a fase de execução, a fim de
que seja aplicada a solução a ser adotada no Tema 862 do STJ.4. Tal
medida se mostra adequada tanto pela relativa urgência em se decidir a
questão - por se tratar de benefício previdenciário fundamentado em
alegada redução da capacidade laboral - quanto pela ausência de prejuízo a
quem quer que seja, pois o que está para ser decidido pelo STJ não é o
direito ao benefício em si, mas apenas se o termo inicial, acaso devido, é a
data da citação realizada neste processo ou a DCB anterior.(TRF4, AC
5006639-72.2020.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE
SC, Relator CELSO KIPPER, juntado aos autos em 20/10/2020)(grifou-se)

Assim, diante do fato de que ao realizar a perícia


médica o INSS deixou de conceder administrativamente o auxílio doença a
qual o requerente faz jus, não houve alternativa senão o ajuizamento da
presente ação.

Além disso, o STJ irá julgar sob o rito dos


julgamentos repetitivos o tema 862 que discute a seguinte questão:

“Fixação do termo inicial do auxílio-acidente,


decorrente da cessação do auxílio-doença, na forma dos arts. 23 e 86, § 2º,
da Lei n. 8.213/1991.”
DA SEQUELA INCAPACITANTE

O requerente sofreu acidente de motocicleta,


como já narrado anteriormente, no dia XXXXXX, tendo sido internado
para realização de cirurgia no dia XXXXXXX, obtendo alta médica no dia
XXXXX.

Assim relatou o médico, Dr XXXXXXX XXXXX


CRM XXXXX, ao realizar a cirurgia;

“...Fratura de patela esquerda, com perda de


mecanismo extensor e diminuição óssea.” (grifou-se)

Desde o mencionado acidente o requerente faz


tratamento ambulatorial, e o médico assistencialista assim relatou no dia
XXXXXX:

“Submetido a tratamento cirúrgico de fratura


de patela esquerda no dia 07/11/2016 HEMIPATELECTOMIA,
evoluiu com infecção local e deiscência de sutura, fazendo uso de
antibióticos e curativos, apresentou fechamento da ferida em junho de
XXXXX. Atualmente em seguimento ambulatorial. Apresenta como
sequelas diminuição da força muscular e amplitude de movimento do
joelho esquerdo em flexão e extensão.” (grifou-se)
Hoje o requerente apresenta grande dificuldade
para andar, carregar peso, agachar, sendo que habitualmente sua função é
montar móveis, colocando portas, prateleiras, dobradiças, tarefas para as
quais, em virtude das lesões do acidente, estando parcialmente incapaz,
tendo que dispor de muito maior esforço para realização das mais simples
tarefas do dia a dia, quanto mais para as tarefas laborais.

DO DIREITO

Como acima demonstrado, o requerente sofreu


acidente, que implicou na redução da capacidade laborativa para a mesma
atividade que desenvolvia, assim, perdendo suas habilidades, o mesmo faz
jus ao recebimento do adicional de auxílio-acidente.

O artigo 86, da Lei nº. 8213/91 assim dispõem:

“Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como


indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes
de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

(…)

§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia


seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua
acumulação com qualquer aposentadoria.”
Da mesma forma, o artigo 104 do Decreto 3.048
de 06.05.1999 também dispõe:

“Art. 104. O auxílio-acidente será concedido,


como indenização, ao segurado empregado, inclusive o doméstico, ao
trabalhador avulso e ao segurado especial quando, após a consolidação das
lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar sequela
definitiva que, a exemplo das situações discriminadas no Anexo III,
implique redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
(Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

Além disso, a IN77 que regula a concessão


administrativa dos benefícios previdenciários, assim trata o tema:

“Art. 334. O auxílio-acidente será concedido,


como indenização e condicionado à confirmação pela perícia médica do
INSS, quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de
qualquer natureza, resultar sequela definitiva, discriminadas de forma
exemplificativa no Anexo III do RPS, que implique:

I - redução da capacidade para o trabalho que


habitualmente exercia;

II - redução da capacidade para o trabalho que


habitualmente exercia, exigindo maior esforço para o desempenho da
mesma atividade da época do acidente; ou
III - impossibilidade do desempenho da atividade
que exercia a época do acidente, ainda que permita o desempenho de outra,
independentemente de processo de Reabilitação Profissional.”

O caso em tela comprova, através dos documentos


juntados que o autor necessita e faz jus ao benefício pleiteado.

Assim, faz jus o requerente à concessão do


benefício auxílio acidente, que deve ser pago desde a data da cessação do
auxílio-incapacidade temporária XXXXXXX.

DA JUNTADA DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO (TELAS SABI)

O requerente ao requerer administrativamente o


pedido de auxílio doença juntou documentação comprobatória de sua
condição, cópias de exames, relatórios médicos, receituários e atestados,
requer a aplicação do dispositivo da lei dos juizados especiais federais, por
analogia, com a obrigação legal da autarquia realizar a juntada de cópia do
processo administrativo nos termos do art. 11, da Lei nº 10.259,
de12/07/2001.

Além do que dispõe o CPC em seu artigo 438:

Art 438 O juiz requisitará às repartições públicas,


em qualquer tempo ou grau de jurisdição.
II Os procedimentos administrativos nas causas
em que forem interessadas a União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios ou entidades da administração indireta.

Requer então seja o INSS compelido por Vossa


Excelência a juntar aos autos cópia do processo administrativo (benefício
XXXXXXXX), já que as agências da Previdência estão fechadas em razão
da COVID19.

DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO MAIS


ADEQUADO

Entende o requerente que se encontra incapacitada


parcial e permanentemente para o trabalho, mas o próprio requerente e
tampouco esta subscritora têm conhecimentos médicos.

Assim sendo, o laudo pericial realizado por


profissional de confiança deste Juízo, pode declinar situação fática diversa,
em se tratando de benefício previdenciário, o que deverá ser observado por
Vossa Excelência quando da prolação da sentença.

Saliente-se que tal fato ocorre em lides


previdenciárias que visam à concessão/restabelecimento de benefício, pois
dependem do laudo pericial.
Frise-se que, nestes casos não há que se falar em
julgamento extra ou ultra petita afinal aqui, com maior razão, vigora o
brocado da mihi factum, dabo tibi ius (da - me os fatos e eu te direi o
direito), já que cabe ao julgador adequar o benefício à incapacidade
laborativa verificada, face o principio Jura Novit Curia (o Juiz conhece o
direito), adequando os fatos ao benefício mais justo, sem ferir nenhum
princípio inerente à sua investidura. O pedido é o benefício e ao juiz cabe a
caracterização da situação e a subsunção à Lei.

O benefício a ser concedido deve ser dito pelo juiz


e não pelas partes, sendo certo que a indenização é paga em conformidade
com o que é devido ao segurado, em face da lei.

Outro não é o entendimento dos nossos Tribunais:

“EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - Acidente do


Trabalho - Sentença extra petita – Não configuração - Concessão do
benefício adequado ao grau de incapacidade verificado em perícia
médica - Possibilidade - Precedentes do Superior Tribunal de Justiça -
Preliminar rejeitada Acidente do trabalho - Doença - LER/DORT – Nexo
causal e incapacidade parcial e permanente - Comprovação - Auxílio-
acidente devido Procedência. Acidente do Trabalho - Auxílio-acidente –
Termo inicial - Dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença. Acidente do
Trabalho - Benefício - Atualização das prestações em atraso - Lei n°
8.213/91 e alterações. Processo Civil - Honorários advocatícios - Base de
Cálculo - 15% das prestações vencidas até a prolação da sentença -
Aplicação da Súmula n° 111, do STJ.Juros moratórios - Cômputo - A partir
da citação, de forma englobada sobre as prestações até então vencidas e
após decrescentemente, mês a mês - Adoção dos índices previstos para os
impostos devidos à Fazenda Nacional - Aplicação do art. 406,do Código
Civil.”( Apelação nº 994. 09.258605-7, da Comarca de Guarulhos, em que
são; apelantes INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS. e
JUÍZO 'EX-OFFICIO sendo apelado KARINA LIGIA RUIZ- Relator Adel
Ferraz – Data do Julgamento:06/04/2018). (grifei)

Desta forma caberá a Vossa Excelência em


observância aos fatos adequar o direito cabível, concedendo ao autor o
benefício previdenciário mais correto.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O requerente não tem condições de arcar com as


despesas processuais sem prejuízos ainda maiores ao seu sustento, até
porque apresenta gastos com medicamentos e seu tratamento.

Ademais seria injusto cobrar do mesmo as custas


e despesas processuais, vez que somente vem a porta da judiciário pleitear
direito que lhe está sendo tolhido pela ré.

Diante disso, bem como pelo fato de se tratar de


questão previdenciária, requer sejam concedidos os benefícios da JUSTIÇA
GRATUITA, assim como assegura o CPC em seu artigo 98.
DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer de Vossa


Excelência:

1- SEJA JULGADA TOTALMENTE


PROCEDENTE a presente ação, sendo reconhecida a incapacidade
laborativa parcial e permanente do autor a partir de XXXXXX e, seja
implantando o AUXILIO ACIDENTE na conformidade da Lei nº. 8213/91;
ou ainda, seja concedido o benefício adequado ao caso concreto, conforme
aferição em perícia médica judicial.

2- Seja compelida a autarquia requerida a juntar


aos autos o processo administrativo referente ao benefício B91 nº
XXXXXX, em razão da impossibilidade do requerente obter o documento
estando as agências do INSS fechadas.

3- A condenação do Órgão Requerido, no


pagamento dos honorários advocatícios no percentual equivalente a 20%
sobre a condenação, conforme preleciona o art. 20 do Código de Processo
Civil.

4- A concessão dos benefícios da justiça gratuita,


nos termos da fundamentação.
5- Informa que não possui interesse na realização
de audiência de conciliação, haja vista que o reconhecimento do direito
pleiteado depende da realização da perícia médica a ser oportunamente
designada por Vossa Excelência.

Requer a produção de todas as provas em direito


admitidas, em especial seja designada perícia técnica médica.

Da a causa o valor de R$ XXXXXXX


(XXXXXXXXXXXXX)

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL, DATA

NOME ADVOGADO

OAB/XX XXXXX

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