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EXMO. SR. DR.

JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DE

RECLAMANTE, por meio de seu advogado e procurador que esta


subscreve, vem à presença de V. Excelência com fulcro no art. 840 da CLT, propor a
presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

contra RECLAMADA, pelos motivos de fato e de direito que seguem.

DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA

Dispõe o art. 790, §3º da CLT alterado com a lei 13.467/17:

“Art. 790...

§3º. É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do


trabalho de qualquer instancia conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício
da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que
perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social”.

No caso em tela, a reclamante não possui condições financeiras de arcar


com as custas processuais sem prejuízo do próprio sustento, visto a sua situação de
desemprego atual, razão pela qual requer a concessão do benefício da justiça gratuita.

DO CONTRATO DE TRABALHO
A reclamante trabalhou para a reclamada na função de Farmacêutica, entre
01/08/2013 a 11/11/2018 com salário inicial de R$ 2.387,00 sendo seu último salário R$
3.277,95.

Inicialmente começou laborando na unidade da Av. Ário Barnabé durante 2


anos. Após, passou a laborar na unidade da Av. 9 de Dezembro sempre com jornada 6x1
cujos horários variavam das 11:40 às 20:00hs com 1 hora de almoço das 14:40 às
23:00hs.

A extinção do contrato se deu por iniciativa do empregado, entretanto, a


reclamada deixou de pagar verbas devidas durante o contrato de trabalho, pelo que, vem
à obreira a esta justiça especializada ver seus créditos garantidos requerendo a
procedência total da ação.

DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

A reclamante foi contratada como farmacêutica, sendo que sua função


consistia em fazer atendimento de balcão orientando clientes sobre medicação, por
vezes também atendia telefones, aferia pressão, realizava testes de glicemia com coleta
de sangue, aplicava medicamentos injetáveis, realizava perfuração de lóbulo (brincos na
orelha).

Os medicamentos injetáveis que aplicava eram anti-inflamatórios,


hormônios, anabolizantes, etc. A medicação era comercializada na reclamada e a
aplicação era feita na própria unidade, sendo todos descartáveis, cujo manejo era feito
pela reclamante.

Nos termos da lei 13.021/14, em seu art. 2º, entende-se por assistência
farmacêutica o conjunto de ações e de serviços que visem a assegurar a assistência
terapêutica integral e a promoção, a proteção e a recuperação da saúde nos
estabelecimentos públicos e privados que desempenhem atividades farmacêuticas,
tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao seu acesso e ao seu uso
racional.

Ainda, dispõe o art. 3º da referida lei que, farmácia é uma unidade de


prestação de serviços destinada a prestar assistência farmacêutica, assistência à saúde
e a orientação sanitária individual e coletiva, na qual se processe a manipulação e/ou
dispensação de medicamentos magistrais, oficinais, farmacopeicos ou industrializados,
cosmésticos, insumos farmacêuticos, produtos farmacêuticos e correlatos.

Certo é que o local de labor da reclamante, bem como sua atividade, a


expunham à agentes insalubres, o que lhe confere o direito ao pagamento do adicional
de insalubridade como prevê o anexo XIV da NR 15, que assim dispõe:

“Insalubridade de grau médio trabalhos e operações em contato permanente com


pacientes, animais ou com material infecto-contagiante, em:

- hospitais, serviços de emergências, enfermarias, ambulatórios, postos de


vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana
(aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como
aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente
esterilizados)”.

Ocorre que durante o pacto laboral, a reclamada não realizava o pagamento


do referido adicional nos termos do art. 189 e 192 da CLT e art. 7º, XXIII da Carta
Maior.

Veja Excelência que no atestado de saúde ocupacional (ASO) da obreira,


consta como riscos biológicos, os vírus e bactérias, além dos acidentes, sendo a batida,
queda, pensamento, contato com objeto perfurante contaminado.

Requer, portanto, a condenação da reclamada no pagamento do adicional de


insalubridade em grau médio correspondente a 20% sobre o salário mínimo vigente na
época, bem como reflexos em aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS.

DAS COMISSÕES PAGAS POR FORA

Durante um ano desde a admissão, a reclamada pagava a reclamante um


percentual de 2,5% de comissão sobre o que era vendido na unidade, o que dava em
média R$ 400,00 a R$ 500,00 mensais, sem discriminar no contracheque e pagar os
reflexos.

A partir de 2014 a reclamada passou a constar no holerite da obreira sob a


rubrica de Prêmios.
A omissão da discriminação das comissões no contracheque, afronta o
disposto no art. 457, §1º da CLT, que na época estava vigente com o seguinte texto:

“Art. 457...

§1º. Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as


comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos
pagos pelo empregador.”

Requer, neste particular, a condenação da reclamada na integração das


comissões com média de R$ 500,00 com o pagamento dos reflexos das comissões pagas
“por fora” em DSR e com este, aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário e
FGTS.

DO INTERVALO INTERJORNADA

A jornada da reclamante compreendia 6x1, das 11:40 às 20hs com 1 hora de


descanso e refeição, sendo que aos domingos e feriados laborava no mesmo horário.
Durante 1 ano na unidade da Av. Ário Barnabé, laborava aos domingos até as 23:00hs e
na segunda feira, tinha que entrar as 07:00hs para cobrir a folga de outra farmacêutica.

Infere-se da jornada que a obreira não gozava integralmente do intervalo


interjornada disposto no art. 66 da CLT, pois por trabalhar aos domingos até as 23hs e
iniciar nova jornada as segundas às 07hs, usufruía somente de 8 horas de descanso. Tal
situação se deu durante o ano de 2013/2014.

Destarte, aplica-se no caso em tela o entendimento da OJ 355 da SDI-I do


C. TST.

Assim sendo, requer a condenação da reclamada no pagamento de 3 horas


extras diárias com adicional de 50% e reflexos em DSR, e com este, aviso prévio, férias
acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS.

DOS FERIADOS EM DOBRO

A reclamante ativava-se em jornada 6x1 das 11:40 às 20:00hs, sendo que


por um período realizou jornada das 14:40 às 23:00hs, trabalhando na folga de outras
farmacêuticas quando necessário.
Trabalhou durante diversos feriados durante o contrato de trabalho, porém a
reclamada não realizava o pagamento em dobro do dia trabalhado conforme o art. 9º da
lei 605/49 e Súmula 146 do C. TST, uma vez que não havia dia de compensação.

Portanto, requer a condenação da reclamada no pagamento em dobro dos


dias de feriado com reflexos em DSR e com este aviso prévio, férias carescida de 1/3,
13º salário e FGTS.

DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto acima e do que consta nos autos requer:

1 – A concessão da justiça gratuita nos termos da fundamentação;

2 – A citação da reclamada para que, querendo, apresente defesa no


momento oportuno, sob pena de incorrer em revelia e seus efeitos jurídicos;

3 - A condenação da reclamada no pagamento do adicional de insalubridade


em grau médio correspondente a 20% sobre o salário mínimo vigente na época, bem
como reflexos em aviso prévio, horas extras, adicional noturno, férias acrescidas de 1/3,
13º salário e FGTS....................................................................................................R$
16.077,60 (dezesseis mil e setenta e sete reais e sessenta centavos);

4 - A condenação da reclamada na integração das comissões com média de


R$ 500,00 com pagamento dos reflexos das comissões pagas “por fora” em DSR e com
este, aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS.........................R$
2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais);

5 – A condenação da reclamada no pagamento de 3 horas extras por três


domingos ao mês com adicional de 50% e reflexos em DSR, e com este, aviso prévio,
férias acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS........................................................R$
3.258,58 (três mil duzentos e cinquenta e oito reais e cinquenta e oito centavos);

6 - A condenação da reclamada no pagamento em dobro dos dias de feriado


com reflexos em DSR e com este aviso prévio, férias acrescida de 1/3, 13º salário e
FGTS................................................................................................................................R
$ 4.158,00 (quatro mil cento e cinquenta e oito reais);
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito
em especial a prova testemunhal e pericial, sem prejuízo de outras que se fizerem
necessárias durante a instrução processual.

Sob pena de confissão, requer seja a reclamada intimada a trazer nos autos
os cartões de ponto e demais documentos inerentes ao contrato de trabalho de todo o
período, conforme reza a súmula 338 do TST e art. 400 do NCPC.

Requer, por fim, a condenação da reclamada no pagamento de honorários


sucumbenciais no importe de 15% sobre o valor liquidado em fase de sentença nos
termos do art. 791-A da CLT.

Dá-se a causa o valor de R$ 25.894,18 (vinte e cinco mil oitocentos e


noventa e quatro reais e dezoito centavos).

Termos em que

Pede deferimento

Local e Data

Advogado e OAB

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