Você está na página 1de 8

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA ___ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃ O

JUDICIÁ RIA DE XXXXXXXX-UF

NOME DA PARTE, motorista de ônibus, já cadastrado


eletronicamente, vem com o devido respeito perante Vossa
Excelência, por meio de seus procuradores, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE RESTABELECIMENTO DE


BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL


(INSS), pelos seguintes fundamentos fá ticos e jurídicos que
passa a expor:

DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A Parte Autora auferiu o benefício de auxílio-doença previdenciá rio, anteriormente, conforme


comprova a documentaçã o carreada em anexo nos autos.

Todavia, apó s a reavaliaçã o na esfera administrativa, foi cessado o benefício até entã o
percebido, sob a alegaçã o de inexistência da incapacidade ao trabalho. Por tal motivo, se ajuíza a
presente demanda.
Dados sobre o processo administrativo:

1. Benefício concedido Auxílio-doença previdenciá rio

2. Nú mero do benefício xxx.xxx.xxx-x

3. Data do inicio do benefício xx/xx/xxxx

4. Data da cessaçã o xx/xx/xxxx

5. Razã o da cessaçã o Parecer contrá rio da perícia médica

Dados sobre a enfermidade:

1. Doença/enfermidade: Patologias psiquiátricas.

Apresenta incapacidade para as atividades laborativas habituais, que


2. Limitaçõ es decorrentes: exige do segurado desempenho de atividades incompatíveis com o seu
atual quadro de saú de.

Dados sobre a ocupação1:

1. Ocupaçã o Motorista de ônibus

Conduzem e vistoriam ô nibus e tró lebus de transporte coletivo de


passageiros urbanos, metropolitanos e ô nibus rodoviá rios de longas
distâ ncias; verificam itinerá rio de viagens; controlam o embarque e
desembarque de passageiros e os orientam quanto a tarifas,
2. Descriçã o sumá ria
itinerá rios, pontos de embarque e desembarque e procedimentos no
interior do veículo. Executam procedimentos para garantir segurança
e o conforto dos passageiros. Habilitam-se periodicamente para
conduzir ô nibus.
3. Condiçõ es Gerais de Trabalham em empresas de ônibus de transporte coletivo de
Exercício passageiros, urbano, metropolitano e rodoviá rio de longa distâ ncia.
Sã o assalariados, com carteira assinada; atuam sob supervisã o, de
forma individual ou em duplas, nas viagens de longa distâ ncia.
Trabalham em veículos, em horá rios irregulares, em sistema de
rodízio, sob pressão de cumprimento de horário. Permanecem em
posição desconfortável por longos períodos e estão sujeitos a
acidentes e assaltos, podendo provocar estresse. A ausência de
instalaçõ es sanitá rias, em paradas de ô nibus urbanos de grandes

1
Referências: http://www.mtecbo.gov.br/ e http://www.ocupacoes.com.br/cbo-mte/7824-motoristas-de-onibus-
urbanos-metropolitanos-e-rodoviarios
cidades, provoca desconforto. As atividades sã o desenvolvidas em
conformidade com leis e regulamentos de trâ nsito e de direçã o de
veículos de transporte coletivo.

A parte Autora postula o restabelecimento do benefício previdenciá rio de auxílio-doença,


visto que persiste sem condiçõ es de desempenhar sua atividade laborativa habitual.

Além das patologias incapacitantes, o ambiente de trabalho e seu respectivo modus operandi
corroboram para o agravamento do estado de saú de da Parte Autora. Nesse sentido, tem-se uma
dupla faceta nesta relaçã o patologia-trabalho: de um lado a doença possui o condã o de
impossibilitar o exercício da atividade laborativa, e de outro, a pró pria ocupaçã o além de agravar o
estado incapacitante é o pró prio parâ metro para estabelecer a incapacidade. Ou seja, a soma das
funçõ es exercidas no desempenho do labor com a patologia é o que permite chegar ao parecer
positivo ou negativo quanto à incapacidade.

Assim, diante das graves patologias que acometem a Parte Autora e das á rduas e cansativas
funçõ es exercidas pela sua profissã o, deduz-se que a mesma se encontra incapacitada para o
trabalho.

Caso venha a ser apontada sua total e permanente incapacidade, postula a concessã o da
aposentadoria por invalidez, a partir da data de sua efetiva constataçã o. Nessa circunstâ ncia,
importante se faz a aná lise das situaçõ es referentes à majoraçã o de 25% sobre o valor do benefício,
independentemente de seu enquadramento no anexo I do Regulamento da Previdência Social
(decreto nº 3.048/99), conforme art. 45 da lei 8.213/91.

Ainda, na hipó tese de restar provado nos autos processuais que as patologias referidas tã o
somente geraram limitação profissional à parte Requerente, ou seja, que as sequelas implicam em
reduçã o da capacidade laboral e nã o propriamente a incapacidade sustentada, postula a concessã o
de auxílio-acidente, com base no art. 86 da Lei 8.213/91.

Por outro lado, cumpre salientar que o Autor preenche todos os demais requisitos
necessá rios para o restabelecimento do benefício. Isto, pois tendo realizado mais de doze
contribuiçõ es em contratos de trabalho pretéritos (como, por exemplo, entre xx/xxxx e xx/xxxx - vide
extrato do CNIS), adquiriu a carência necessá ria aos benefícios previdenciá rios por incapacidade,
com fulcro no art. 25, I da lei 8.213/91.
Quanto ao prazo de manutençã o da qualidade de segurado, uma vez que o Autor passou a
auferir o auxílio-doença objeto da presente lide, entre xx/xx/xxxx e xx/xx/xxxx, encontra-se no
período de graça previsto no artigo 13, II, do Decreto 3.048/99, estando inegavelmente segurado ao
RGPS até pelo menos xx/xx/xxxx.

Logo, além da incapacidade laboral (do que se postula a realizaçã o de perícia judicial para fins
de comprovaçã o), o Autor satisfaz os critérios legais exigidos para a concessã o do benefício.

A pretensã o exordial vem amparada nos artigos 42, 59 e 86 da Lei 8.213/91 e a data de início
do benefício deverá ser fixada nos termos dos artigos 43 e 60 do mesmo diploma legal.

TUTELA DE URGÊNCIA

ENTENDE O DEMANDANTE QUE A ANÁLISE DA MEDIDA ANTECIPATÓRIA PODERÁ SER MELHOR


APRECIADA EM SENTENÇA.

O novo Có digo de Processo Civil estabeleceu em seu art. 300 que “A tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou
o risco ao resultado útil do processo”. Nesse sentido, o novo diploma legal exige para a concessã o da
tutela de urgência dois elementos, quais sejam o fumus bonis iuris e o periculum in mora.

Ora, excelência, a parte Autora necessita da concessã o do benefício em tela para custear a sua
vida, tendo em vista que nã o reú ne condiçõ es de executar atividades laborativas e,
consequentemente, nã o pode patrocinar a pró pria subsistência.

Portanto, apó s a realizaçã o da perícia pertinente ao caso, ficará claro que a parte Autora
preenche todos os requisitos necessá rios para o deferimento da Antecipaçã o de Tutela, tendo em
vista que o laudo médico fará prova inequívoca quanto à incapacidade laborativa, comprovando
assim o fumus bonis iuris. O periculum in mora se configura pelo fato de que se continuar privada do
recebimento do benefício, o Demandante terá seu sustento prejudicado.

De qualquer modo, as moléstias incapacitantes e o cará ter alimentar do benefício traduzem


um quadro de urgência que exige pronta resposta do Judiciá rio, tendo em vista que nos benefícios
por incapacidade resta intuitivo o risco de ineficá cia do provimento jurisdicional final, exatamente
em virtude do fato da parte estar afastada do mercado de trabalho e, consequentemente,
desprovida financeiramente, motivo pelo qual se tornará imperioso o deferimento deste pedido
antecipató rio em sentença.

DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE CONCILIAÇÃO

Considerando a necessidade de produçã o de provas no presente feito, bem como a política


atual de acordo zero adotada pelos procuradores federais, a Parte Autora vem manifestar, em
cumprimento ao art. 319, inciso VII do CPC/2015, que nã o há interesse na realizaçã o de audiência
de conciliaçã o ou mediaçã o, haja vista a iminente ineficá cia do procedimento e a necessidade de
que ambas as partes dispensem a sua realizaçã o, conforme previsto no art. 334, §4º, inciso I, do
CPC/2015.

DA PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL

Considerando que a prova pericial é fundamental para o deslinde das questõ es ligadas aos
benefícios por incapacidade e para uma adequada aná lise do nexo de causalidade e da consequente
incapacidade, faz-se mister que o Médico Perito observe o Có digo de É tica da categoria e
especialmente em relaçã o ao tema, a Resoluçã o 1.488/98 do CFM, que dispõ e sobre as normas
específicas de atendimento a trabalhadores. Portanto, requer a Parte Autora que quando da
realizaçã o da prova pericial sejam observadas as referidas disposiçõ es legais, uma vez que se trata
de norma cogente e – portanto – vincula a atividade do médico, sob pena de nulidade do laudo
pericial.

PEDIDOS

FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1) O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural, bem como o deferimento da


gratuidade de justiça, pois a parte Autora nã o tem condiçõ es de arcar com as custas
processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família;
2) A citaçã o do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo, apresentar defesa;
3) A produçã o de todos os meios de prova, principalmente documental, testemunhal e pericial.
Com relaçã o à ú ltima, que seja observada a Resoluçã o 1.488/98 do Conselho Federal de
Medicina;
4) A não realização de audiência de conciliaçã o ou mediaçã o;
5) O deferimento da tutela de urgência, com a apreciaçã o do pedido de implantaçã o do benefício
em sentença;
6) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:
6.1) Subsidiariamente:
6.1.1) Conceder a aposentadoria por invalidez e sua eventual majoraçã o de 25% à
parte autora, a partir da data da efetiva constataçã o da incapacidade total e
permanente;
6.1.2) Restabelecer o auxilio doença à parte Autora, desde quando indevidamente
cessado;
6.1.3) Conceder auxílio-acidente, na hipó tese de mera limitação profissional;

6.2) Pagar as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas desde o respectivo


vencimento e acrescidas de juros legais e morató rios, incidentes até a data do pagamento.

6.3) Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorá rios advocatícios, eis que cabíveis em
segundo grau de jurisdiçã o, com fulcro no art. 55 da lei 9.099/95 c/c art. 1º da Lei 10.259/01.

Termos em que,
Pede Deferimento.

Dá à causa o valor2 de R$ xx.xxx,xx.

Local, data.

Nome do advogado
OAB/UF XX.XXX

ROL DE QUESITOS:

Para além do exposto, a parte Autora, com fulcro no artigo 465, § 1º, III, do novo CPC, bem
como artigo 12, § 2º, da Lei 10.259/01, apresenta quesitos pró prios, a serem respondidos pelo
Perito designado na presente açã o.
2
Valor da causa = 12 parcelas vincendas (R$ xx.xxx,xx) + parcelas vencidas (R$ xx.xxx,xx) = R$ xx.xxx,xx.
Neste sentido, cabe destacar que o Perito Judicial, ao elaborar o parecer técnico competente,
deverá observar os ditames do Có digo de É tica da categoria, e especialmente em relaçã o ao tema, a
Resolução nº 1.488/98 do Conselho Federal de Medicina, norma cogente que vincula a
atividade do profissional. Além disto, ao responder aos quesitos o Perito deve fundamentar
todas as suas respostas, nos termos do art. 473 do CPC/2015, não podendo enfrentar os
quesitos apenas com respostas do tipo “sim ou não”.

1) Tendo em vista a sua especialidade médica e as peculiaridades do quadro clínico da parte


Autora, este Dr. Perito se considera apto a analisar todas as patologias diagnosticadas (ou de
prová vel diagnó stico) no presente caso?

2) Na hipó tese de entender que “nã o” ao quesito anterior, de qual campo de atuaçã o médica seria
indicada a realizaçã o de perícia, em relaçã o à s patologias nã o avaliadas por este Perito?

3) A partir do exame clínico e dados fornecidos ao Perito, quais as doenças que acometem a Parte
Autora? Se possível, indique o Có digo Internacional da Doença (CID).

4) Estas doenças se encontram em está gio evolutivo (descompensado) ou estabilizado?

5) Considerando a descriçã o da atividade habitual da Requerente apresentada na petiçã o inicial,


diga o Perito se as enfermidades evidenciadas pelo expert nos quesitos “3”, “4”
(principalmente) e “5”, podem incapacitar a Requerente para o trabalho? Se “sim”, qual ou
quais doenças tem este condã o?

6) Na hipó tese de ter ocorrido acidente de qualquer natureza (mesmo que fora do ambiente de
trabalho), diga o Dr. Perito se as sequelas do mesmo geraram algum tipo de limitaçã o para as
atividades laborativas habituais, ainda que se trate de limitaçã o em grau mínimo?

7) Em aná lise do atestado da Dra. xxxxxxxx no sentido de que o Periciando nã o consegue ficar em
local fechado, e com frequência sente-se desorientado (mesmo nos locais que costuma
frequentar), é prová vel que o Demandante esteja incapaz para conduzir ô nibus de transporte
coletivo?

8) Apreciando o atestado e exames em anexo emitido pelos médicos que acompanham o estado de
saú de do Autor, observa-se que TODOS os pareceres apontam a existência de incapacidade
para o trabalho. Sendo assim, à luz da Resolução nº 1.488/98 do CFM, diga o Dr. Perito se é
possível acolher o diagnó stico de incapacidade laboral apontado por seus colegas?
9) Na hipó tese de entender que “nã o” ao quesito anterior, este Perito desabona totalmente os
referidos laudos? Se possível, explique fundamentadamente seu parecer.

10) Caso o mesmo esteja incapaz, a patologia possui perspectiva de melhora? Se sim, qual o
tratamento possível de perfectibilizar a melhora?

11) Havendo incapacidade laborativa, esta possui natureza temporá ria ou permanente?

12) Diga o Perito se alguma das doenças constatadas pode agravar as demais enfermidades? De
qual forma? Quais as consequências?

13) Os remédios e tratamentos que o Autor está /esteve submetido podem causar algum prejuízo?
Se “sim”, que tipos de problemas (físicos, químicos, bioló gicos) podem ser causados por estes
fá rmacos/tratamentos?

14) Diante das doenças diagnosticadas, quais os prejuízos que o Demandante sofreu/sofre em
decorrência do acometimento de tais patologias em seu dia a dia, de ordem social, moral,
pessoal e trabalhista?

15) É possível que o Periciando se encontrasse incapaz para o trabalho, quando da cessaçã o do
benefício, em xx/xx/xxxx?

16) A partir do conhecimento técnico do Dr. Perito, e observados os ditames da Resoluçã o nº


1.488/98 do CFM, diga o Perito Judicial se a Demandante apresenta 100% da capacidade
laborativa? É possível afirmar que o Periciando nã o apresenta qualquer limitaçã o funcional
atualmente, se comparado com o desempenho da atividade de Motorista anterior ao
recebimento do benefício ora cessado, em xx/xx/xxxx?

17) Havendo incapacidade, é possível dizer que ela se restringe à atividade habitualmente
desempenhada (uniprofissional), se estende à s atividades relacionadas (multiprofissional), ou a
toda e qualquer atividade (omniprofissional)?

Você também pode gostar