EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA VARA DO TRABALHO DE
[CIDADE ONDE SERÁ PROTOCOLADA] – ESTADO DO PARANÁ
PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DOENÇA OCUPACIONAL E PESSOA IDOSA TRABALHADOR (A), [qualificaçã o completa + telefone + endereço eletrô nico], por seu (s) advogado (s) devidamente constituído (s) por procuraçã o (anexa) e que ao final assina (m), com endereço profissional na [endereço completo + telefone + endereço eletrô nico], onde recebe (m) as notificaçõ es e intimaçõ es de estilo, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 840 da CLT, propor a presente RECLAMATÓRIA TRABALHISTA pelo Rito [Sumário ou Ordinário] em face de EMPREGADOR, [qualificaçã o completa + CNAE + telefone e endereço eletrô nico, se houver], o que faz pelas razõ es de fato e de direito a seguir expostas. I – PRELIMINARMENTE / DA JUSTIÇA GRATUITA A Reforma Trabalhista, em seu art. 790 trouxe expressamente o cabimento do benefício à gratuidade de justiça, ao dispor em seus pará grafos 3º e 4º: “§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. § 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.” (grifou-se) No presente caso, a Reclamante percebeu, como ú ltima remuneraçã o, o valor líquido de R$ 1.705,00 (mil e setecentos e cinco reais), antes de ter sido demitida e se ver desempregada. Ademais, declarou o seu estado de hipossuficiência financeira, o que é comprovado pelos recibos, declaraçõ es escritas e demais documentos anexos Evidente, portanto, que a Reclamante nã o possui condiçõ es de arcar com as custas dos processos e demais ô nus, preenchendo assim o requisito previsto no artigo 790 da CLT, razã o pela qual faz jus aos benefícios da justiça gratuita. Por tais razõ es, requer seja deferida a justiça gratuita à obreira. II – DO ARTIGO 840 § 1º DA CLT De acordo com o artigo 840 § 1º da CLT a petiçã o inicial deve conter pedido certo, determinado e com a indicaçã o de seu valor, todavia, nã o há necessidade da apresentaçã o de cá lculo exato do valor do pedido, mas tã o somente mera expectativa de valor, sem a necessidade de liquidaçã o e demonstraçã o com cá lculo contá bil. Nesse sentido, o art. 12, § 2º da IN TST/2018 que assim dispõ e: “Art. 12. (…) § 2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 e 293 do Código de Processo Civil.” Assim, requer seja recebida a petiçã o com os valores que se lançam por estimativa, quais deverã o ser rerratificados em liquidaçã o de sentença. III – PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO PROCESSUAL A Reclamante é vítima de doença profissional consubstanciada em acidente de trabalho, conforme se demonstrará a seguir, e continua afastada do trabalho pela recusa injustificada da Reclamada, sem perceber nenhum salá rio desde a alta previdenciá ria, e demitida posteriormente ainda no período de estabilidade provisó ria. Ademais, consta com idade avançada, já que tem, à época do ajuizamento da presente demanda, 68 (sessenta e oito) anos de idade, o que faz enquadrar em dispositivos da Lei nº 10.741/2003 ( Estatuto do Idoso). Portanto, observadas estas condiçõ es, a Reclamante faz jus à prioridade na tramitaçã o processual, conforme previsã o no art. 71 da Lei nº 10.741/2003 e art. 43, alínea “e” da Consolidaçã o dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho (Recomendaçã o Conjunta 1/GP.CGJT, de 3 de maio de 2011) c/c art. 1º da Portaria Conjunta Presidência-Corregedoria nº 2, de 30 de janeiro de 2018 do TRT-9ª Regiã o. IV – DA LIMITAÇÃO À APLICAÇÃO DA LEI 13.467/17 O art. 5º, inciso XXXVI da Carta Maior dispõ e que a lei nã o prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. No mesmo sentido, o art. 6º da LINDB. Com efeito, aplicaçã o da Lei nº 13.467/17 aos contratos celebrados antes da sua vigência é afrontar o direito adquirido e configurar alteraçã o contratual em prejuízo ao empregado, o que é vedado pelo art. 468 da CLT. Ademais, pensar de modo diferente seria afrontar o preceito do art. 5º, § 2º (vedaçã o ao retrocesso social) e o princípio da norma mais favorá vel ao trabalhador, previsto no art. 7º, ambos da CF/88. Por fim, traria prejuízo financeiro ao empregado que teria sensivelmente reduçã o salarial apó s a vigência da reforma, o que é vedado pelo inciso VI do artigo 7º da CF. No presente caso, conforme se demonstrará a seguir, a Reclamante tem vínculo empregatício com a Reclamada desde o ano de 2003, ou seja, o pacto laboral que regula as relaçõ es entre as partes antecede as mudanças legislativas, nos termos dos dispositivos constitucionais e juslaborais citados. Portanto, reconhecidos os direitos previstos anteriores a reforma, deverã o ser deferidos por todo o pacto laboral nã o se aplicando as alteraçõ es promovidas pela Lei nº 13.467/17 no presente caso. V – DO CONTRATO DE TRABALHO A Reclamante foi contratada pela Reclamada para trabalhar na funçã o de cozinheira em data de 08/09/2003, percebendo como ú ltima remuneraçã o o valor líquido de R$ 1.705,00 (mil e setecentos e cinco reais), conforme registro em CTPS e holerites anexos. Em razã o da idade, a Reclamante já está aposentada pelo INSS, tendo mantido o vínculo empregatício vigente com a Reclamada. Dentro de suas funçõ es de cozinheira, era responsá vel por elaborar o preparo e a finalizaçã o de alimentos, restriçõ es de dietas e nutriçã o especial destinados, observando métodos de cocçã o e padrõ es de qualidade dos alimentos aos pacientes da Reclamada. Desde o início do vínculo empregatício, laborava em jornada especial de 12x36 (doze horas trabalhadas por trinta e seis de descanso), de segunda a sá bado, das 7h00min à s 13h00min e das 15h00min à s 19h30min/20h00min. Também trabalhava dois domingos por mês em mesmo horá rio. Por recomendaçã o médica, a jornada de trabalho da Reclamante foi alterada em Jun/2019 para 06 horas diá rias, quando entã o passou a laborar, de segunda a sá bado, das 07h00min à s 13h0min com apenas 30 minutos de intervalo intrajornada. Em aproximadamente Ago/2020, a Reclamante sofreu uma séria queda no local de trabalho e machucou severamente seu ombro direito. A Reclamada nã o procedeu à emissã o da CAT na época, embora foi necessá rio o seu afastamento para a realizaçã o de consultas, exames e o respectivo tratamento médico, conforme atestado anexo. O profissional médico do trabalho recomendou, em razã o das lesõ es sofridas no ombro pela obreira, restriçõ es consistentes em: a) ao exercer as atividades laborais, evitar esforço físico e/ou levantamento de peso acima das suas capacidades; b) evitar horas extras frequentes, e; c) reduçã o da carga horá ria para 6h/dia. Apenas em Mar/2021, a Reclamante foi submetida a um exame que constatou a lesã o no supraespinal do ombro direito, tendo sido afastada por 45 (quarenta e cinco) dias e recomendado ainda tratamento médico e restriçõ es no ambiente de trabalho. Ocorre que, ao ser submetida a novo exame de retorno ao trabalho, o médico responsá vel apontou no atestado de saú de ocupacional (ASO) que a Reclamante estava inapta para exercer suas funçõ es. Em consequência, a Reclamada preferiu afastar a Reclamante e encaminhá -la ao INSS em vez de atender a recomendaçã o médica quanto à s restriçõ es nas atividades laborais e adaptabilidade de funçã o. Logicamente, o INSS negou o benefício previdenciá rio, pois a Reclamante já é aposentada, quando entã o a Reclamada determinou o exame médico de retorno. Ocorre que, embora o profissional tenha condicionado o retorno da obreira à restriçõ es no trabalho, face a frá gil condiçã o de saú de da mesma, a Reclamada procedeu à sua demissã o sem justa causa em data de 24/09/2021 e sem lhe pagar-lhe devidamente as verbas rescisó rias, inclusive de natureza indenizató ria, sendo necessá ria a propositura da presente demanda para que este d. Juízo aplique o direito invocado. VI – JORNADA DE TRABALHO / INTERVALOS INTRAJORNADAS / INDENIZAÇÃO / ADICIONAIS DE 50% E 100% Conforme narrado, desde Jun/2019, a Reclamada concedia à Reclamante diariamente intervalos intrajornadas de apenas de 30 (trinta) minutos, em média, em jornadas superiores a 06h00 diá rias. Há que se observar inicialmente que, por nã o respeitar o disposto no art. 71, caput da CLT, o qual prevê o direito a usufruir o intervalo mínimo de 01 (uma) hora para repouso ou alimentaçã o aos empregados que laborem em jornadas a partir de 06 (seis) horas diá rias, como era é o presente caso, a Reclamada deve ser condenada a indenizar a Reclamante pelas horas suprimidas no período, bem como os seus reflexos. Destaca-se que, no presente caso, trata-se de nã o concessã o de metade do período de intervalo intrajornada, o que justifica a condenaçã o da Reclamada a indenizar a obreira durante todo o período da contrataçã o em que houve a supressã o, conforme art. 71 da CLT. A respeito, cita-se a Sú mula 437 do TST: “INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. II - E inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva. III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT.” (grifou-se) Assim, considerando o salá rio da Reclamante no respectivo período, inclusive as diferenças quando percebeu remuneraçã o inferior que o piso mínimo da categoria, tem direito a ser indenizada por todo o período em que nã o pô de usufruir dos intervalos intrajornadas, bem como os reflexos decorrentes em DSR’s e demais verbas salariais, aplicando-se os adicionais de 50% para dias ú teis normais e 100% em caso de feriados. Valor estimado do pedido: R$ 1.887,28 (mil e oitocentos e oitenta e sete reais e vinte e oito centavos). VII – ACIDENTE DE TRABALHO / RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO EMPREGADOR / RECONHECIMENTO / ESTABILIDADE PROVISÓRIA / NULIDADE DA DEMISSÃO / REINTEGRAÇÃO OU INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA / PENSÃO MENSAL VITALÍCIA Conforme narrado, a Reclamante foi contratada como cozinheira em data de 08/09/2003 pela Reclamada, sendo responsá vel por elaborar o preparo e a finalizaçã o de alimentos, restriçõ es de dietas e nutriçã o especial, observando métodos de cocçã o e padrõ es de qualidade dos alimentos destinados aos pacientes. Também era responsá vel pela limpeza do local de trabalho, tanto da louça e objetos utilizados na execuçã o das atividades pró prias da funçã o quanto do ambiente. Cabe destacar que, desde o início do vínculo empregatício, laborava em jornada especial de 12x36 (doze horas trabalhadas por trinta e seis de descanso), de segunda a sá bado, das 7h00min à s 13h00min e das 15h00min à s 19h30min/20h00min. Também trabalhava dois domingos por mês em mesmo horá rio. Por recomendaçã o médica, a jornada de trabalho da Reclamante foi alterada em Jun/2019 para 06 horas diá rias, quando entã o passou a laborar, de segunda a sá bado, das 07h00min à s 13h0min com apenas 30 minutos de intervalo intrajornada. Em meados de Ago/2020, a Reclamante sofreu uma queda no ambiente de trabalho e sofreu graves lesõ es no ombro direito, tendo sido afastada das suas funçõ es para consultas, exames e tratamento médico, conforme atestado anexo. O profissional médico do trabalho recomendou, em razã o das lesõ es sofridas no ombro pela obreira, restriçõ es consistentes em: a) ao exercer as atividades laborais, evitar esforço físico e/ou levantamento de peso acima das suas capacidades; b) evitar horas extras frequentes, e; c) reduçã o da carga horá ria para 6h/dia. Apenas em Mar/2021, a Reclamante foi submetida a um exame que constatou a lesã o no supraespinal do ombro direito, tendo sido afastada por 45 (quarenta e cinco) dias e recomendado ainda tratamento médico e restriçõ es no ambiente de trabalho. A origem da patologia está intrínseca e exclusivamente ligada à s atividades exercidas para a Reclamada e à s condiçõ es do trabalho, as quais contribuíram diretamente para a lesã o sofrida pela Reclamante durante o período de contratualidade. Importa transcrever o que dispõ e os arts. 19 e 20 da Lei n. 8.213/91: “Art. 19. Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Art. 20. Considera-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas: I – doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.” (grifou-se) Portanto, o evento se configura exatamente um acidente de trabalho, uma vez que a queda ocorreu no ambiente de trabalho e as lesõ es no ombro direito sã o consequentes do evento. À época, nã o ocorreu a abertura de CAT pela empresa, em descumprimento ao art. 332 da Instruçã o Normativa INSS/PRES nº 77/2015, e a Reclamante foi afastada devido ao atestado médico. Mesmo comunicada e ciente do acidente, a empresa manteve-se inerte e, conforme narrado anteriormente, a Reclamante apenas foi submetida a exames médicos em Mar/2021, ocasiã o em que foi realizado uma ressonâ ncia e que constatou a lesã o no ombro direito, regiã o corporal que havia sofrido na queda ocorrida no ano anterior. A Reclamante foi entã o afastada por 45 (quarenta e cinco dias) ininterruptos, mas nã o pô de gozar do auxílio-doença acidentá rio, já que se encontrava aposentada, sendo que a Reclamada impediu a mesma de retornar ao trabalho apó s o seu restabelecimento. A propó sito, cabe transcrever o dispositivo em apreço: “Art. 332. As CAT relativas ao acidente do trabalho ou à doença do trabalho ou à doença profissional ocorridos com o aposentado que permaneceu na atividade como empregado ou a ela retornou, deverão ser registradas e encerradas, observado o disposto no art. 173 do RPS. Parágrafo único. O segurado aposentado deverá ser cientificado do encerramento da CAT e orientado quanto ao direito à Reabilitação Profissional, desde que atendidos os requisitos legais, em face do disposto no § 2º do art. 18 da Lei nº 8.213, de 1991.” (grifou-se) O art. 18, § 2º da Lei nº 8.213/1991, por sua vez, dispõ e: “Art. 18. (…) § 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado.” Deste modo, nos termos do art. 118 da Lei n. 8.213/1991 e da Sú mula 378 do TST, a Reclamante faz jus à chamada estabilidade acidentá ria no prazo mínimo de 12 (doze) meses, com a manutençã o de todos os direitos decorrentes do contrato de trabalho. Todavia, a Reclamada nã o encaminhou a obreira à reabilitaçã o profissional, nos termos do art. 89 da Lei n. 8.213/1991, e ainda, desde o acidente, se recusava injustificadamente a reintegrá -la ao trabalho e pagar-lhe os salá rios do período. Por fim, embora ciente inequivocadamente da moléstia sofrida pela Reclamante e que esta guardava relaçã o com o acidente de trabalho, preferiu demiti-la. A atitude da Reclamada é ilícita, nos termos do art. 187 do Có digo Civil, e conduz o direito da Reclamante a ser reintegrada, bem como a perceber todos os salá rios que nã o foram pagos no período, considerando que o contrato de trabalho permanece vigente. Como é sabido, ao empregador é obrigató ria a observâ ncia das medidas de segurança e medicina do trabalho a fim de evitar riscos aos seus trabalhadores, conforme dispõ e o art. 7º, inciso XXII da CF/88, veja-se: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;” Ademais, ocorrendo acidente de trabalho, ficará a cargo do empregador seguro contra acidentes, sem excluir a indenizaçã o decorrente da responsabilidade civil. Nesse sentido o art. 7º, XXVIII da CF dispõ e: “XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”. Também há previsã o na Clá usula Décima Sexta da CCT XXXXX-2021 da categoria a obrigaçã o do empregador em manter seguro de vida à s suas expensas em benefício do empregado. “CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA - SEGURO DE VIDA As empresas providenciarão as suas expensas, para todos os empregados, seguro de vida no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), a partir da vigência desta Convenção Coletiva de Trabalho, corrigíveis pelo índice oficial, salvo quando houver norma proibitiva da SUSEP, que impossibilite a contratação do seguro.” Francisco Milton Araú jo Junior explica a respeito 1: “Constata-se, então, que a garantia de emprego do trabalhador vítima de acidente laboral que foi afastado de suas atividades laborais por prazo superior a 15 (quinze) dias não se encontra condicionada à percepção do auxílio-doença acidentário, especialmente quando se verifica que a impossibilidade de concessão do mencionado benefício previdenciário ocorrer em razão de vedação legal, por ação culposa ou dolosa do empregador, e por equívoco do órgão previdenciário na concessão do benefício.” (grifou-se) Nesse sentido, a jurisprudência do TST: “AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. 1. ALTA PREVIDENCIÁRIA. ENCERRAMENTO DA SUSPENSÃO CONTRATUAL. RECUSA INJUSTIFICADA DA EMPREGADORA EM ACEITAR O TRABALHO OBREIRO. PAGAMENTO DOS SALÁRIOS. CABIMENTO. 2. DANOS MORAIS. CONFIGURAÇÃO. 3. DANOS MORAIS. VALOR DA INDENIZAÇÃO. 4. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO. SÚMULA XXXXX/TST. 5. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA XXXXX/TST. O texto celetista, concretizando os primados constitucionais ligados à saúde no meio ambiente laboral (art. 6º, 7º, XXII, XXVIII, 196, 200, VIII, CF), estipula obrigação do empregador na prevenção de doenças ocupacionais (art. 157). Já a Convenção nº 161 da OIT impõe, como princípio de uma política nacional, ‘a adaptação do trabalho às capacidades dos trabalhadores, levando em conta seu estado de sanidade física e mental’. Dessa forma, cabe ao empregador, na incerteza quanto à aptidão do obreiro para o exercício de suas funções, realocá-lo em atividade compatível com suas limitações físicas, e não puramente recusar seu retorno ao trabalho. Nesse sentido, assente-se ser desnecessário que o empregado se submeta a processo de reabilitação profissional, junto ao INSS, para fins de readequação no trabalho. Isso porque, segundo o ordenamento jurídico pátrio, o empregador também é responsável pela manutenção e respeito aos direitos fundamentais do empregado, devendo zelar pela afirmação de sua dignidade e integração no contexto social – e a readequação de suas funções no processo produtivo de empresa faz parte deste mister. Na hipótese, o TRT registrou a recusa injustificada da Reclamada em aceitar o labor do Obreiro, após a alta previdenciária, por considerá-lo inapto. Nesse passo, verifica-se que a Reclamada obstou o retorno do Reclamante ao trabalho em função compatível com a sua condição física (restrição a levantamento de peso). Com efeito, competia a ela reinserir o Reclamante em atividade compatível com suas condições de saúde, após a alta concedida pelo INSS, diante da controvérsia acerca da possibilidade de retorno às funções anteriormente desempenhadas. Assim, permanecendo o vínculo empregatício, é da Reclamada a responsabilidade pelo pagamento dos salários após a alta médica conferida pelo INSS e o posterior reconhecimento da sua incapacidade laboral pelo instituto previdenciário, ante o fato de o Reclamante já estar aposentado pelo RGPS. Nesse sentido, insta destacar que a condição de aposentado do Autor não obsta a condenação da Reclamada no aspecto. Como visto, a decisão recorrida se harmoniza com a ordem jurídica atual, que aloca o indivíduo em posição especial no cenário social, despontando nítido o caráter precursor do direito à dignidade da pessoa humana (1º, III, da CF) sobre todo o sistema constitucional. Outrossim, para que se pudesse chegar, se fosse o caso, a conclusão fática diversa, seria necessário o revolvimento do conteúdo probatório constante dos autos, propósito insuscetível de ser alcançado nesta fase processual, diante do óbice da Súmula XXXXX/TST. Agravo de instrumento desprovido.” (TST - AIRR-AIRR: XXXXX20135010037, Relator: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 28/06/2017, 3ª Turma, Data de Publicaçã o: DEJT 03/07/2017, grifou-se) Nesse caso, em se tratando de doença profissional ou do trabalho, ainda que seja uma simples suspeita de sua ocorrência, a notificaçã o ao INSS por parte do empregador é obrigató ria, nos termos do art. 169 da CLT, o que nã o ocorreu, apesar da ciência da mesma. Conforme se verifica pelos exames e demais documentos médicos ora juntados foram realizados por médico da pró pria Reclamada, a qual se manteve inerte mesmo diante da gravidade e precá rias condiçõ es de saú de da trabalhadora, preferindo-se a demissã o do que a readaptaçã o em nova funçã o. Nesse sentido, deve ser reconhecida e declarada a doença profissional adquirida pela Reclamante no exercício de suas atividades durante o vínculo empregatício com a Reclamada e, consequentemente, a responsabilizaçã o pelos danos decorrentes. Em decorrência das patologias ora apontadas, a Reclamante teve considerá vel reduçã o da capacidade laborativa, inclusive com tratamento médico contínuo, o que será melhor comprovado através da perícia médica. Com a reduçã o da capacidade laborativa ocorrida em decorrência de ato omissivo ou comissivo da Reclamada, a Reclamante possui o direito a reparaçã o com supedâ neo nos arts. 7º inciso XXVIII da CF/88 e 186 e 927 do Có digo Civil de 2002. Nesse liame, a responsabilidade civil da Reclamada é extracontratual, uma vez que ocorreu infraçã o a deveres previstos em normas gerais de direito à proteçã o do trabalhador, norma nã o prevista no contrato de trabalho. No presente caso, o dano emerge das patologias que acometem a Reclamante; a culpa é demonstrada pela omissã o da Reclamada em nã o tomar medidas para reduçã o dos riscos a acidentes de trabalho, cujo direito é consagrado no art. 7º, inciso XII da Carta Maior. Por fim, o nexo causal deve ser considerado como causalidade direta, ou seja, aquela em que há vinculaçã o imediata entre a prestaçã o de serviço e consequente doença do trabalho, o que será comprovado através da perícia médica. Por derradeiro, configurada a responsabilidade civil da Reclamada, deve esta indenizar a Reclamante por danos materiais decorrentes da reduçã o da capacidade laborativa, seja emergentes ou lucros cessantes. Assim, constatada o acidente de trabalho/doença ocupacional, a Reclamante, independentemente da reintegraçã o da obreira, permanece o dever de indenizar, já que, consoante jurisprudência do TST a permanência no emprego e percepçã o da mesma remuneraçã o nã o modifica tais parâ metros: “(...) II - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014. DOENÇA OCUPACIONAL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. CUMULAÇÃO COM REINTEGRAÇÃO. POSSIBILIDADE. Demonstrada possível violação do art. 950 do Código Civil, impõe-se o provimento do agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento provido. III - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. CUMULAÇÃO COM REINTEGRAÇÃO. POSSIBILIDADE. Hipótese em que o Tribunal Regional, embora tenha reconhecido a culpa da reclamada pela doença ocupacional sofrida pelo autor, entendeu que, diante da reintegração determinada pelo juiz de primeiro grau, não haveria dano material a ser reparado enquanto existente o vínculo de emprego entre as partes. No entanto, a determinação de reintegração e a consequente percepção de remuneração são circunstâncias que não afastam o direito à indenização por danos materiais na forma de pensão mensal, porquanto possuem fatos geradores distintos. Com efeito, a reintegração foi deferida com fulcro na norma coletiva da categoria, ao passo que a indenização por dano material, deferida na forma de pensão, tem alicerce na legislação civil (art. 950 do Código Civil), cujo escopo é obrigar o empregador a ressarcir os danos materiais causados ao reclamante em decorrência da doença ocupacional. Assim, o exercício de atividades em função readaptada na empresa, com a natural percepção de salários não constitui óbice para o deferimento da indenização. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.” (RR - XXXXX-14.2014.5.02.0471 - Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento: 17.10.2018, 2ª Turma, Data de Publicaçã o: DEJT 19.10.2018). Logo, confirmada a ocorrência do acidente de trabalho e/ou doença ocupacional com a consequente reduçã o da capacidade laborativa da Reclamante, ainda que parcial, deve ser declarada a nulidade da demissã o. De igual forma, a Reclamante ainda faz jus à estabilidade provisó ria no emprego prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91, pelo prazo mínimo de doze meses, a contar de sua dispensa, devendo ser reintegrada no emprego e readaptada na funçã o com a condenaçã o da Reclamada ao pagamento de todos os salá rios do período desde a data de 24/09/2021 até a efetiva reintegraçã o. Nã o sendo possível a sua reintegraçã o, ante o término do período da estabilidade provisó ria, deve a mesma ser convertida em indenizaçã o substitutiva, em valor correspondente aos salá rios mensais, gratificaçã o natalina, férias acrescidas do terço constitucional e depó sitos do FGTS + 40%, sem prejuízo dos salá rios nã o percebidos no período desde a demissã o. Concomitantemente, requer-se a condenaçã o da Reclamada ao pagamento de indenizaçã o por danos materiais a título de pensã o mensal vitalícia, correspondente a 20% (vinte por cento) ou outro percentual que for apurado em perícia, aplicado sobre o ú ltimo salá rio da Reclamante, em razã o da reduçã o da capacidade laborativa, sob a forma do art. 950, § ú nico do Có digo Civil, ou seja, de uma só vez. Valor provisório do pedido: R$ 24.552,00 (vinte e quatro mil e quinhentos e cinquenta e dois reais). VIII – PEDIDO SUBSIDIÁRIO / DIFERENÇAS EM VERBAS RESCISÓRIAS Da leitura do TRCT expedido pela Reclamada verifica-se a existência de diferenças nas verbas rescisó rias, uma vez que nã o se observou que seu salá rio integralmente recebido era de R$ 1.705,00 (mil e setecentos e cinco reais). Além disso, nã o foi esclarecido devidamente para a Reclamante qual a base remunerató ria utilizada para o cá lculo e os respectivos valores, especialmente em razã o da ausência de assistência sindical e a respectiva homologaçã o da rescisã o, o que corrobora com os erros existentes. Desta forma, caso seja confirmada a demissã o e convertida a reintegraçã o em indenizaçã o substitutiva, postula-se SUBSIDIARIAMENTE a condenaçã o da Reclamada no pagamento das diferenças em verbas rescisó rias a serem pagas com base na totalidade da remuneraçã o recebida pela Reclamante, por todo o período efetivamente trabalho e demais verbas requeridas na presente açã o, tais como: saldo de salá rios, aviso prévio indenizado (81 dias), férias vencidas e proporcionais acrescidas do terço, 13º salá rio proporcional, depó sito de FGTS e a multa fundiá ria. Valor estimado do pedido: R$ 7.760,53 (sete mil e setecentos e sessenta reais e cinquenta e três centavos). IX – DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT A Reclamante foi demitida sumariamente em 24/09/2021 por iniciativa da Reclamada na sede da empresa sem que fosse feito o depó sito da multa rescisó ria do FGTS de 40% no mesmo prazo da rescisã o. Logo, considerando que a Reclamada nã o pagou as verbas rescisó rias na sua integralidade que eram devidas no prazo legal, se impõ e o pagamento de uma multa equivalente a um mês de salá rio revertida em favor da Reclamante, conforme § 8º do artigo 477, devidamente atualizado. Valor estimado do pedido: R$ 1.705,00 (mil e setecentos e cinco reais). X – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Em consequência das doenças adquiridas durante o pacto laboral e por intermédio deste, a Reclamante teve reduçã o significativa da sua capacidade laboral, o que lhe causa sérios danos de ordem íntima, bem como intranquilidade e sofrimento. Nã o bastasse a aquisiçã o de doença profissional, conforme anteriormente demonstrado, a Reclamada simplesmente ignorou o estado de saú de da Reclamante, o direito à estabilidade no emprego e, especialmente, a dignidade da obreira, tendo procedido à sua demissã o sem justa causa. A Reclamante, que dedicou toda uma vida de trabalho à Reclamada, encontra-se hoje, devido ao seu quadro se saú de resultante dos esforços realizados com a atividade profissional, impossibilitada de realizar atividades simples da sua rotina diá ria, seja nos afazeres domésticos ou mesmo brincar com seus netos pequenos, uma vez que é acometida de fortes dores constantemente. Nã o bastasse, foi encaminhada ao INSS pela empregadora quando esta sabia de que era impossível a percepçã o acumulada da aposentadoria com o benefício do auxílio-doença. E, por fim, ainda despediu a obreira no período da estabilidade provisó ria em decorrência do acidente/doença, apesar da indicaçã o médica confirmando a enfermidade. Primeiramente, cabe trazer à baila o conceito de dano moral, nos dizeres do professor Yussef Said Cahali (O Dano Moral – ed. Revista dos Tribunais), veja-se: “O dano moral é a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos, classificando-se desse modo, em dano que afeta a parte social do patrimônio moral (honra, reputação, etc) e dano que molesta a parte afetiva do patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc), dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante etc.) e dano moral puro (dor, tristeza, etc.)”. Na legislaçã o atual, o dano moral está previsto no art. 5º inciso V e X da Constituiçã o Federal, veja-se: “Art. 5º (…) V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem; X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;” Acrescentando, o Có digo Civil prevê que aquele que comete ato ilícito causando dano a alguém, tem o dever de repará -lo, inteligência dos artigos 186 e 927. Assim, consoante narrado na doutrina citada, a privaçã o ou diminuiçã o de bens que tem valor precípuo a vida do homem, incluindo a integridade física, perfaz a ocorrência do dano moral, nascendo o direito a reparaçã o do dano para o ofendido. No caso em tela, a Reclamante teve sua integridade física comprometida, reduzida consideravelmente, algo que levará para o resto da vida e já lhe causa sérios constrangimentos e sofrimentos de ordem íntima, além da perda da força laboral. A propó sito, a jurisprudência dispõ e: “I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E DO NCPC - DOENÇA DO TRABALHO - DANOS MORAIS E MATERIAIS – CONFIGURAÇÃO. Demonstrados o dano, o nexo de causalidade e a culpa do empregador, a Reclamada é responsável pelos riscos oriundos do contrato de trabalho, é devida a indenização a título de danos morais e materiais. Inteligência dos arts. 186 e 927, caput, do Código Civil. (...)” (TST - ARR: XXXXX20135020431, Relator: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 15/08/2018, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/08/2018) “DOENÇA DO TRABALHO - REPARAÇÃO POR DANO MORAL - DEVIDA - Comprovado que o trabalho desenvolvido junto à reclamada foi a causa do surgimento da doença do reclamante, resta evidente a existência de dano moral, tendo em vista a ofensa à integridade física da reclamante e a dor suportada em razão da doença, as quais merecem reparação, nos termos do disposto no art. 5º, X, da CF. Assim sendo, por estarem presentes os requisitos ensejadores da responsabilidade civil (dano, culpa e nexo de causalidade), devido o reconhecimento do direito obreiro à reparação por danos morais.” (TRT-9 - RO: XXXXX20155090653 PR, Relator: SERGIO MURILO RODRIGUES LEMOS, Data de Julgamento: 30/04/2018) Com a publicaçã o da Lei 13.467/17 (Reforma Trabalhista), a CLT fora alterada para inclusã o dos critérios de fixaçã o da indenizaçã o por danos morais a depender da gravidade do dano e, com isso, foi incluído o art. 223-A da CLT que define a responsabilidade do empregador em caso de omissã o ou açã o que resulte ofensa na esfera moral do empregado. Com efeito, a CLT agora reformada, em seu novo art. 223-G, prevê o valor a ser arbitrado pela gravidade da lesã o, sendo: I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido. É certo que, diante da lesã o à saú de do empregado e sua integridade física, sendo permanente a reduçã o da capacidade laboral, a ofensa é de natureza grave, devendo a Reclamada ser condenada nos termos do inciso IV supracitado. Por estas razõ es, requer de Vossa Excelência, a condenaçã o da Reclamada ao pagamento de indenizaçã o por danos morais no montante de 30 (trinta) vezes o ú ltimo salá rio contratual da Reclamante. Valor estimado do pedido: R$ 51.150,00 (cinquenta e um mil e cento e cinquenta reais). XI – DOS DESCONTOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E FISCAIS A Reclamada deverá , ainda, ser compelida a recolher todas as contribuiçõ es previdenciá rias a favor da Reclamante, durante todo o período laborado. Importante frisar que, apó s reiteradas decisõ es do STJ e TRF-4ª Regiã o, conforme os Temas 478, 479 e 737, nã o incidem contribuiçõ es previdenciá rias sobre terço de férias e aviso prévio indenizado, o que dever ser considerado no presente caso. Neste sentido, o TST já firmou posicionamento idêntico aos demais Tribunais Superiores citados, conforme se verifica a seguir: “RECURSO DE REVISTA. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 13.015/2014. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS SOBRE FÉRIAS INDENIZADAS E TERÇO CONSTITUCIONAL E AVISO PRÉVIO INDENIZADO. Nos termos do inciso I do art. 28 da Lei n.º 8.212/91, são "salário de contribuição" os rendimentos pagos, destinados a retribuir o trabalho, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador. A norma não encampa parcelas de natureza indenizatória. Assim, e independentemente de o Decreto n.º 6.727/2009 ter revogado a alínea f do inciso Vdo § 9.º do art. 214 do Decreto n.º 3.048 (que previa expressamente que o aviso prévio indenizado não integra o salário de contribuição), o fato é que o aviso prévio indenizado não se destina a retribuir trabalho prestado, tampouco a compensar tempo à disposição do empregador. Verifica-se, ainda, que, nos termos do art. 28, § 9.º, d, da Lei n.º 8.212/91, as férias não gozadas, acrescidas de 1/3, não integrarão o salário de contribuição em razão da natureza indenizatória da referida parcela. Entretanto, sobre as férias gozadas, necessária é a incidência de contribuição previdenciária, pois, nesse caso, a verba tem nítida natureza salarial. Já no que tange ao terço constitucional de férias, não há incidência de contribuição previdenciária, ante a natureza indenizatória do mencionado plus, entendimento pacífico desta Casa, firmado à luz da jurisprudência. Recurso de Revista parcialmente conhecido e provido.” (TST - RR: XXXXX20125030069, Relator: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 10/08/2016, 4ª Turma, Data de Publicaçã o: DEJT 19/08/2016, grifou-se) Já em relaçã o à s contribuiçõ es mensais, deverá a Reclamada ser condenada ao recolhimento de eventuais valores referentes ao IRPF, pois se os encargos tributá rios tivessem sido pagos em época pró pria, certamente recolhimentos remanescentes nã o existiriam. XII – DOS PEDIDOS Por todo o exposto, requer-se de Vossa Excelência receber a presente Reclamató ria Trabalhista, observado o disposto no art. 840, § 1º da CLT e a IN TST 41/2018, e julgar procedente a sua fundamentaçã o para o especial fim de: a) Conceder os benefícios da justiça gratuita à Reclamante, conforme item I da fundamentaçã o; b) Reconhecer e declarar a inaplicabilidade das alteraçõ es promovidas pela Lei nº 13.467/17 no presente caso, nos termos do item “IV” da fundamentaçã o exposta; c) Condenar a Reclamada a indenizar a Reclamante por todo o período em que nã o pô de usufruir dos intervalos intrajornadas, bem como os reflexos decorrentes em DSR’s e demais verbas salariais, aplicando-se os adicionais de 50% para dias ú teis normais e 100% em caso de feriados, cujo valor estimado é de R$ 1.887,28 (mil e oitocentos e oitenta e sete reais e vinte e oito centavos), conforme o item V da fundamentaçã o; d) Reconhecer e declarar a nulidade da demissã o em decorrência do acidente de trabalho ou doença ocupacional, com a consequentemente reintegraçã o da Reclamante no emprego, sem prejuízo dos seus salá rios nã o percebidos desde a data da demissã o até ser efetivamente reintegrada, nos termos do item “VII” da fundamentaçã o; d.1) Subsidiariamente, seja convertida a reintegraçã o em indenizaçã o substitutiva, cujo valor provisório é de R$ 20.460,00 (vinte mil e quatrocentos reais), nos termos do item “VII” da fundamentaçã o; e) Condenar a Reclamada a pagar à Reclamante indenizaçã o por danos materiais a título de pensã o mensal vitalícia, correspondente a 20% (vinte por cento) ou outro percentual que for apurado em perícia, aplicado sobre o ú ltimo salá rio da Reclamante, em razã o da reduçã o da capacidade laborativa, sob a forma do art. 950, § ú nico do Có digo Civil, ou seja, de uma só vez, em valor estimado de R$ 4.092,00 (quatro mil e noventa e dois reais), conforme o item “VII” da fundamentaçã o; f) Subsidiariamente, caso seja confirmada a demissã o da Reclamante, condenar a Reclamada no pagamento das diferenças em verbas rescisó rias a serem pagas com base na totalidade da remuneraçã o recebida pela Reclamante, por todo o período efetivamente trabalho e demais verbas requeridas na presente açã o, tais como: aviso prévio indenizado (81 dias), férias vencidas e proporcionais acrescidas do terço, 13º salá rio proporcional, depó sito de FGTS e a multa fundiá ria, cujo valor estimado é de R$ 7.760,53 (sete mil e setecentos e sessenta reais e cinquenta e três centavos), nos termos do item “VIII” da exordial; g) Ainda subsidiariamente, caso seja confirmada a demissã o da Reclamante, condenar a Reclamada ao pagamento da multa do art. 477 da CLT, em razã o do nã o recolhimento dos depó sitos de FGTS e da respectiva multa no prazo legal, valor este estimado em R$ 1.705,00 (mil e setecentos e cinco reais), nos termos do item “IX” da fundamentaçã o; h) Condenar a Reclamada ao pagamento de indenizaçã o por danos morais no montante de 30 (trinta) vezes o ú ltimo salá rio contratual da Reclamante, cujo valor estimado é R$ 51.150,00 (cinquenta e um mil e cento e cinquenta reais), conforme o item X da fundamentaçã o; i) Recolhimento das contribuiçõ es previdenciá rias e fiscais a cargo do empregador, observando-se a inexibilidade sobre o terço de férias e aviso prévio indenizado, nos termos do item “XI” da fundamentaçã o; j) Inversã o do ô nus da prova, nos termos do art. 818, § 1º da CLT, para que a Reclamada traga aos autos os holerites, cartõ es de ponto, o comprovante dos depó sitos do FGTS durante a contratualidade e recolhimento da multa fundiá ria, nos termos da Sú mula 461 do TST; k) Juros e correçã o monetá ria na forma da lei; l) Condenaçã o da Reclamada ao pagamento de honorá rios de sucumbência, no patamar de 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenaçã o; m) Liquidaçã o de sentença nos termos do art. 840, § 1º da CLT e art. 12, § 2º da Instruçã o Normativa TST 41/2018. XIII – DOS REQUERIMENTOS FINAIS Requer-se a citaçã o da Reclamada, no endereço supra, para querendo, contestar a presente açã o, sob pena de confissã o e revelia, bem como para que acompanhe a presente açã o até final decisã o que a condenará ao pagamento das verbas ora pedidas, acrescidas de juros, correçã o monetá ria e demais cominaçõ es de direito. Requer, assim, digne-se Vossa Excelência, designar audiência de conciliaçã o, instruçã o e julgamento, determinando a notificaçã o da Reclamada, para nela comparecerem e oferecer defesa e as provas que tiverem, querendo, sob pena de revelia. Considerando que a Reclamante é pessoa idosa (68 anos) e vítima de doença profissional consubstanciada em acidente de trabalho, tendo sido demitida sem justa causa apesar da frá gil saú de, requer-se seja conferida à presente reclamató ria a prioridade na tramitaçã o processual, nos termos dos arts. 77, VI da Lei nº 10.741/2003 e 43, alínea e da Consolidaçã o dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, (Recomendaçã o Conjunta 1/GP.CGJT, de 3 de maio de 2011). Ultimada a instruçã o processual, requer, seja por Vossa Excelência, julgada a presente Reclamaçã o Trabalhista procedente em todos os seus termos, para condenar a Reclamada a procederem ao pagamento das verbas anteriormente requeridas conforme valores a serem apurados em sede de liquidaçã o de sentença. Outrossim, em caso de sucumbência no objeto da perícia, requer a isençã o dos honorá rios periciais, uma vez que a Reclamante comprova a insuficiência de recursos financeiros para tal encargo agravado pelos parcos créditos trabalhistas aqui deferidos, conforme entendimento do STF expresso no julgamento da Açã o Direita de Inconstitucionalidade (ADI) 5766, ou, caso Vossa Excelência entenda de forma diversa, requer sejam os honorá rios arbitrados no mínimo previsto pelo CSJT, disposiçã o do art. 790-B, § 1º da CLT. Protesta provar o alegado, utilizando-se de todos os meios em direito admitidos, requerendo, desde logo, pelo depoimento pessoal do representante da Reclamada, sob pena de confissã o quanto a matéria de fato, ouvida de testemunhas, juntada de novos documentos, perícia, enfim, os demais que se fizerem necessá rios. Dá -se à causa o valor de R$ 87.054,81 (oitenta e sete mil e cinquenta e quatro reais e oitenta e um centavos). Nestes termos, pede deferimento. CIDADE/ESTADO, 05 de novembro de 2021. ADVOGADO (A) OAB/XX XX.XXXX
1 ARAÚ JO JUNIOR, Francisco Milton. Doença ocupacional e acidente de trabalho: aná lise multidisciplinar. Sã o Paulo: LTr, 2009.