Você está na página 1de 12

MARIA JOSÉ GIANNELLA CATALDI

Advogada. Professora universitária, com pós doutoramento em Direitos Fundamentais pelo /us Gentium
Conimbrigae (IGCJCDHJ da Faculdade de Direito de Coimbra. Bacharel, Mestre e Doutora em
Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da PUC!SP.

STRESS
3!edição

1ª edição- Setembro 2002


2ª edição- Setembro 2011
3ª edição- Outubro 2015
L 'IR
?;, ~ '. •'--\ '-\ -z..
c. -:S'S~
s r
'0-~~-

EDITORA LTDA.
© To dos os direitos reservados

Rua Jaguaribe, 571


CEP 01224·001
São Paulo, SP- Brasil
Fone (11) 2167·1101
www.ltr.com.br
Outubro, 2015

versão impressa- LTr 538l.7- ISBN 978-85-361-8631-3


versão digital - LTr 8821.0- ISBN 978-85-361-8624-5

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Cata\di, Maria José Giannella

Stress no meio ambiente do trabalho I Maria José Giannella Cataldi. -


3. ed.- São Paulo: LTr, 2015.

Bibliografia.

1. Ambiente de trabalho 2. Ambiente de trabalho- Brasil3. Direito do


trabalho 4. Direito do trabalho - Brasil 5. Estresse do trabalho 6. Estresse
do trabalho - Brasil I. Título.

15·08654 CDU·34:331.82
Para os meus filhos, Larissa, Morcela e Bruno.
Índices para catálogo sistemático:
Minha mãe e meus irmãos.
l. Ambiente de trabalho: Estresse : Direito do
trabalho 34:331.82
2. Estresse no ambiente de trabalho : Direito do
trabalho 34:331.82
5TRESS NO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

O significado do termo stress pode ser entendido como o processo de ten-


são diante de uma situação de desafio por ameaça ou conquista. Assim sendo,
pode-se afirmar que o processo de tensão diante de uma situação-desafio, seja em
Capítulo 111
razão de ameaça, seja de conquista, acarreta o stress.
O ESTRESSE NO MEIO AMBIENTE DE TRABALHO Nesse sentido, vale dizer que os fenômenos estressares advêm tanto do meio
externo, como frio, calor, condições de insalubridade, quanto do ambiente social,
como trabalho, e do mundo interno, aquele vasto mundo que erá dentro das pes-
soas, como os pensamentos e as emoções, a angústia, o medo, a alegria, a tristeza.
Todos esses fatores denominados estressares são capazes de disparar no organismo
uma série imensa de reações, via sistema nervoso.
É importante observar que a Organização Mundial de Saúde define a saúde
do ser humano como "o completo bem-estar biológico, psicológico e social, e não
No corpo de cada ser humano, estão marcas de sua história, os seus esforços,
apenas como ausência de doença':
as suas vitórias, as suas emoções etc. Por meio de estímulos, os impactos biopsi-
cossociais desencadeiam reações no corpo. Diante de cada reação desencadeada O prof. Hans Selyel34l, diretor do Instituto de Medicina Experimental e Cirur-
pelos diferentes estímulos a que está submetido, tende o corpo humano a voltar gia da Universidade de Montreal, Canadá, utilizou o termo stress para denominar
ao equilíbrio. Todavia, esses impactos e essas emoções deixam marcas, modificam "o conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma
as pessoas, inclusive seus corpos. O empregado que, por exemplo, sofreu um aci- situação que exige esforço de adaptação':
dente de trabalho e perdeu sua perna, carregará a marca dessa perda para o resto O médico e professor canadense percebeu, ao estudar um organismo, que ~e
da vida. há estímulos que ameaçam sua homeostase (seu equilíbrio orgânico), ocorre uma
reação por meio de respostas específicas, que constituem uma síndrome, desen-
1. O CONCEITO DE ESTRESSE cadeada independente da natureza do estímulo. A esse fenômeno definiu como
stress da empresa, ou pelo exercíciÇ> do trabalho dos segurados especiais, provo-
A palavra stress é bem antiga e de origem inglesa, que veio adquirindo ao cando lesão corporal ou perturbação funcional que causem a morte, a perda ou a
longo do tempo diversas acepções, cuja datação histórica encontra-se detalhada no redução da capacidade para o trabalho permanente ou temporário.
Oxford English Dictionary. Algumas definições mais importantes da palavra stress:
em 1440, stress significava força ou pressão exercida sobre um objeto; em 1655,
2. O ESTRAGO DO ESTRESSE
passou a ser força ou pressão exercida sobre uma pessoa com o fim de compelir
ou extorquir; em 1690, significava exercício extenuante, grande esforço; em 1704, Quando retornou ao Brasil, em 1981, depois de estudar nos Estados Unidos,
era sofrimento, adversidade, aflição; em 1756, era insistência excepcional, ênfase; a psicóloga Marilda Emmanuel Novaes Lipp(Js} parecia pregar no deserto quando
em 1843,já significava a solicitação excessiva de um órgão corporal ou da mente. alertava para os sintomas de um mal que se alastrava pelas grandes cidades -
o stress, tema de seu doutorado na Universidade George Washington, na capital
Já o Webster~ lnternationa/ Dictionary dá a seguinte etimologia: stress- do
americana. "Naquela época, as pessoas achavam que o stress era frescura de grã-
inglês medievalstresse, derivado por aférese, de distresse, oriundo do latim distric-
-fino'; lembra ela, pioneira e uma das principais autoridades do nosso país no
tus, particípio passado do verbo distringo, ere, através do latim vulgar districtia.
assunto. Duas décadas depois, o cenário mudou muito. A psicóloga acredita que
Districtus tem o significado de "puxado para um e outro lado, esticado aqui e ali':
a legislação brasileira já possa admitir o stress como doença ocupacional, uma si-
Distresse, por apócope (perda da letra final), evoluiu para distress em inglês. Assim,
tuação na qual os empregados passariam a ter direito a afastamento temporário
tanto stress como distress teriam a mesma origem em inglês.
do trabalho para cuidar da saúde, à semelhança do que já se discutem em países
O dicionário médico Churchi/1~ Medicai Dictionary ocupa-se da etimologia da como EUA, Japão, Inglaterra e Suécia.
palavra stress e segue integralmente a linha adotada no Webster's.(33l

(34) Citação de FRANÇA, Ana Cristina Limongi; RODRIGUES, Avelino Luiz. In: Stress e trabalho. Uma
(33) Fonte(s): INSTITUTO EDUMED PARA EDUCAÇÃO EM MEDICINA E SAúDE. Curso de Introdução à abordagem psicossomática. São Paulo: Atlas, 1999. p. 23.
História da Neurociência. (35) LIPP. Marilda. Ostress no trabalho. Disponível em: <www2.uol.br/veja>.
Maria José Giannella Cata/di 5TRES5 NO MElO AMBIENTE DO TRABALHO

Atualmente, há empresas que adotam programas de prevenção com a con- O conceito de Burnout<''l é reconhecidamente o mais importante do stress
sultoria da psicóloga, que se especializou em medir o nível de stress dos empre- profissional e tem o sentido do preço que um profissional paga por sua dedicação,
gados no local de trabalho. Cada um é avaliado individualmente, de acordo com ao cuidar de outras pessoas ou de sua luta para alcançar uma grande realização.
critérios científicos, recebendo uma classificação em quatro estágios: de alerta, de Os psicólogos americanos na década de 1980 colocaram o Burnout como fruto de
resistência, de quase exaustão e de exaustão. Há profissionais que conseguem lidar situações de trabalho, em situações de stress crônico entre profissionais que apre-
melhor com a constante sobrecarga de trabalho, enquanto outros se revelam mais sentaram grandes expectativas em relação ao seu desenvolvimento profissional e
vulneráveis. Em casos de maior gravidade, a psicóloga Marilda Lipp recomenda um à dedicação à profissão.
"período de folga para aliviar a barra. Antes existia grande resistência a seguir esse
Nesse sentido, entende-se que Burnout é uma síndrome caracterizada por
conselho, mas os diretores começaram a entender que os trabalhadores não são
três aspectos básicos;
obrigados a suportar a sobrecarga':
Avalia a psicóloga, autora de oito livros sobre o tema e orientadora de três a) a exaustão emocional, quando o profissional está diante de uma intensa
dezenas de alunos de pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica de Cam- carga emocional. O profissional sente-se esgotado, com pouca energia para fazer
pinas, onde fundou o Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Stress. frente ao dia seguinte de trabalho, e a impressão que ele tem é que não terá como
recuperar (reabastecer) as suas energias. Os profissionais passam a ser pessoas
pouco tolerantes, facilmente irritáveis, e as suas relações com o trabalho e com a
3. O EUSTRESSE E O DISTRESSE
vida ficam insatisfatórias e pessimistas;
É importante notar que existem dois tipos de estresse: o eustresse, que con- b) a despersonalização também está presente. É o desenvolvimento do
siste na existência de tensão com equilíbrio entre esforço, tempo, realização e re- distanciamento emocional que se exacerba. Manifesta-se por meio da frieza, da
sultados, e o distresse, que pode ser definido como a tensão com rompimento do insensibilidade e da postura desumanizada. Nessa fase, o profissional perde a capa-
equilíbrio biopsicossocial por excesso ou falta de esforço incompatível com tempo, cidade de identificação e empatia com as outras pessoas, passando a ver cada
resultados e realizações. Assim sendo, pode-se dizer que, quando é realizado algo questão relacionada ao trabalho como um transtorno;
agradável e a pessoa se sente valorizada pelo esforço realizado, ocorre o eustresse.
c) a redução das realizações pessoal e profissional fica extremamente com-
Nesse caso, depois da tensão ou do esforço de adaptação, a pessoa apresenta a
prometida. Entende-se que surgiu outro tipo de pessoa, diferente, bem mais fria
sensação de realização pessoal, bem-estar e satisfação; trata-se, pois, de um esforço
e descuidada, podendo acarretar a queda da autoestima, que, às vezes, chega à
sadio na garantia de sobrevivência. No caso de ocorrência do distresse, a sobrecarga
é tão grande que passam a ocorrer manifestações e sintomas da doença. depressão.
Um profissional que entra em Bumoutassume um comportamento de frieza com
as pessoas com quem trabalha, inclusive em relação aos seus clientes. Dessa forma,
4. O ESTRESSE PROFISSIONAL - S{NDROME DE BURNOUT OU SÍNDROME
as relações pessoais são suprimidas, passando a agir como se estivessem em contato
DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL
com objetos; também ocorre a perda da sensibilidade afetiva, deixando de se respon-
Atualmente, a grande maioria das doenças do trabalho tem íntima correla- sabilizar pelos problemas e pelas dificuldades das pessoas das quais cuidam.
ção com o stress. O desgaste a que as pessoas são submetidas nos ambientes e
Análise feita mostra que a violência, a falta de segurança no emprego, a buro-
nas relações de trabalho é um dos fatores determinantes nas doenças adquiridas
cracia no processo de trabalho, a falta de autonomia, os baixos salários, a tendência
pelos trabalhadores, pois manter a vida, enquanto se luta para ganhar a vida, nem
a se isolar das pessoas que trabalham, a falta de apoio, também, são fatores que
sempre é fácil.
estão relacionados ao Burnout.
O Burnout surgiu em 1974, com o psicólogo Fregenbauer, que constatou esta
A ausência de perspectiva com relação à ascensão na carreira profissional
Síndrome em um paciente que trazia consigo energias negativas, impotência rela-
também pode gerar sentimentos de ansiedade e frustração constantes no coti-
cionada ao desgaste profissional.
diano do trabalho. Quando o profissional está afetado pela Síndrome, as ideias
O termo Burnout é uma composição de burn (queimar) e out (fora), ou seja, pessimistas, o medo, predominam com influência no local de trabalho.
traduzindo para o português significa "perda de energia" ou "queimar" para fora,
fazendo a pessoa que adquiriu esse tipo de estresse, tendo reações físicas e emo-
cionais, passando a apresentar um tipo de comportamento agressivo. (36) Op. cit., p. 48.
Maria José Giannella Cata/di 5TRESS NO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

No Brasil, o Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999, aprovou o Regulamento O Tribunal Superior do Trabalho, pela Súmula n. 378, dispõe no sentido de
da Previdência Social e, em seu Anexo 11, trata dos Agentes Patogênicos causadores que, uma vez constatada depois da despedida, doença profissional que guarde
de Doenças Profissionais. O item XII da tabela de Transtornos Mentais e do Com- relação de casualidade com a execução do contrato de trabalho, será pressuposto
portamento Relacionados com o Trabalho (Grupo V da Classificação Internacional para a concessão de estabilidade provisória.
das Doenças- CID-1 O) cita a "Sensação de Estar Acabado" ("Síndrome de Burnout",
"Síndrome do Esgotamento Profissional") como sinônimos do burnout, que, na "Súmula 378 - Estabilidade provisória. Acidente do trabalho. Art. 118 da Lei
CID-1 O, recebe o código Z73.0. •, n. 8.213/1991. Constitucionalidade. Pressupostos. (Conversão das Orientações Juris-
prudenciais ns. 1OS e 230 da SDI-1 - Res. n. 129/200S, DJ 20.4.200S)
Os estudos e as pesquisas realizados sobre a Síndrome de Burnout têm ca-
racterizado o perfil dos atingidos, por serem profissionais idealistas, exigentes, 1- É constitucional o art. 118 da Lei n. 8.213/1991 que assegura o direito à esta-
perfeccionistas, frustrados ou sobrecarregados cronicamente, diante de suas ex- bilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao
pectativas e responsabilidades profissionais. empregado acidentado. (e~-OJ n. 1OS -Inserida em 1º.1 0.1997)
11 - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a
Atualmente, existe consenso em assumir o modelo de Síndrome de Burnout
1S dias e a conseqüente percepção do auxilio doença acidentá rio, salvo se consta-
com base em três dimensões descritas por Maslach & Jackson" 71 , ficando da se- tada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com
guinte forma: "A Síndrome seria uma consequência de eventos estressantes que a execução do contrato de emprego". (Primeira parte- ex-OJ n. 230- Inserida em
predispõe o indivíduo a vivenciá-la. Também seria necessária a presença de uma 20.6.2001 ).
interação trabalhador-cliente, intensa e/ou prolongada, para que os sintomas se
produzam:' No dia 14 de setembro de 2012; o Pleno do Tribunal Superior do Trabalho
A Síndrome de Burnout não aparece repentinamente como resposta a um aprovou diversas alterações na sua jurisprudência, sendo que uma delas resultou
estressar determinado. Esta é uma importante diferença entre Burnout e reação na inserção do item 111 na Súmula n. 378:
aguda ao estresse pós-traumático, assim como as reações de ajustamento, que
são rápidas e determinantemente objetivas. O quadro de Burnoutvai se instalando 111- O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza
insidiosamente e depende da série de fatores citados nos itens anteriores (preva- da garantia provisória de empregado, decorrente de acidente de trabalho, prevista
lência, perfil. relação com cliente etc.). É importante citar que, apesar de os fatores no art. 118 da Lei n. 8.213/91.
predisponentes serem importantes, o profissional, mesmo submetido à sobrecar-
ga de trabalho, ao estresse e às pressões crônicas no âmbito profissional. quando A criação do item 111 reflete o posicionamento atual do Tribunal Superior do
tem sua autoestima elevada, reconhecimento e simpatia do cliente quanto à sua Trabalho acerca do tema, que foi pela rejeição da tese de que a garantia de em-
profissão/função, raramente desenvolverá Burnout. prego prevista no art. 118 da Lei n. 8.213/91 não é compatível com o contrato por
Estudos realizados no Brasil mostram que categorias profissionais como prazo determinado.
médicos, enfermeiros, assistentes sociais, professores, bancários, agentes peni-
Segundo notícia veiculada no site do Tribunal Superior do Trabalho na Inter-
tenciários e policiais apresentam alta incidência de Burnour"1• Há muitos anos, or-
net no dia 17 de setembro de 2012, assinada por Cristina Gimines, a proposta de
ganizações do trabalho já alertavam para a alta incidência de Síndrome de Burnout
nos controladores de voo em todo mundo. criação do item 111 da Súmula n. 378 "foi amparada pelos termos da Convenção
n. 168, que trata do respeito à proteção dos trabalhadores doentes" e, também,
O Instituto Nacional do Seguro Sociai-INSS já relacionou a Síndrome de Burnout,
pelo "fato de a Lei n. 8.213/91 não diferenciar a modalidade contratual a que se
como doença ocupacional, inserida na classificação internacional de doença, con-
forme acima indicado. A jurisprudência nacional já conta com diversos julgados, vincula o trabalhador para a concessão de tal garantia" e ainda se considerou a
que indicam a Síndrome de Burnout como doença profissional e a imputação de precariedade da segurança do trabalhador no Brasil.
responsabilidades do empregador. Da leitura das recentes decisões proferidas pelos órgãos do Tribunal Supe-
rior do Trabalho (E-RR-213500-04.2005.5.02.0032, RR-76500-52.2009.5.09.0023,
(37) In: C. Maslach; S. E.Jackson; M. P. Leiter (orgs.). MBI Manual, Burnout Inventário, Publicaciones de E-ED-RR-700-37.2002.5.05.0132 e RR-71000-56.2008.5.04.0030), verifica-se que os
psicologia aplicada. Madri. 3. ed. p. 3-1 7. principais argumentos em favor da tese de que subsiste o direito à garantia pro-
(38) LIMONGI FRANÇA, A. C.; RODRIGUES A. L. Stress e trabalho: uma abordagem psicossomática. visória no emprego para os casos de acidentes de trabalho ocorridos durante a
2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 154. vigência de contrato por prazo determinado foram os seguintes:
Maria José Giannella Cata/di 5TRESS NO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

a) incumbe ao empregador o dever de proteção, de segurança e de zelo A intenção do Judiciário Especializado é evitar a criação de um exército de
pela incolumidade física e mental de seus empregados, não se harmo- trabalhadores inválidos ou semi-inválidos que precisem viver da assistência do
nizando com a boa-fé objetiva a extinção contratual depois de findo Estado quando podem ser plenamente aproveitados na cadeia produtiva das em-
o período de afastamento relativo ao auxílio-doença, ainda que haja presas1391.
prazo determinado para a finalização do contrato; Nesse sentido, tem sido a jurisjDrudência dominante dos Tribunais Regionais e
b) se a atividade patronal causa dano ao empregado, afastando-o do tra- do Tribunal Superior do Trabalho, como expressam os acórdãos a seguir indicados:
balho, deve-se atribuir ao empregador obrigações pelas consequên-
cias do infortúnio, como a de respeitar a garantia de emprego prevista
"12) ACÓRDÃO:
no art. 118 da Lei n. 8.213/91, independentemente de o contrato ser
por prazo indeterminado, por prazo certo ou por experiência. Trata-se PROCESSO TRT/SP 02182200205002009
de responsabilidade social que se impõe ao detentor dos meios de 20070773470
produção, a quem incumbe arcar com os riscos do empreendimento, ORIGEM: so• VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO
conforme exegese do art. 170, 111, da CF; 1° RECORRENTE: BANCO ITAÚ S/A.
c) a estabilidade acidentá ria visa proteger o trabalhador depois de seu 2° RECORRENTE: JOSÉ SATRIANO FILHO
retorno da licença acidentá ria dando-lhe tempo para se readaptar ao PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO 30.09.2008
serviço. Sendo assim, deve ser estendida ao empregado com contrato VOTO
de experiência a estabilidade provisória de 12 meses prevista no
Conheço dos recursos por presentes os pressupostos processuais de admissibilidad~.
art.118da Lei n.8.213/91;
RECURSO DA RECLAMADA
d) a interpretação teleológica do art. 118 da Lei n. 8.213/91: "O segurado
DO ATO JURÍDICO PERFEITO
que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de
No que diz respeito à carência de ação cumpre ponderar que a teor do disposto no
doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa,
artigo 477 da CLT, a homologação da rescisão contratual, não tem a abrangência sus-
após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente
tentada pela reclamada, envolvendo apenas os títulos e valores correlatos.
de percepção de auxílio-acidente'; conduz à conclusão de que o dis-
positivo não comporta leitura restritiva, no sentido de não estender a Nesse sentido, a Súmula 330 do Colendo TST.
estabilidade provisória decorrente de acidente de trabalho aos con- Ressalte-se por oportuno, que quitação jamais atingirá a totalidade do "quantum
tratos de experiência, já que previu, de forma geral, garantia ao em- debeatur" enquanto persistirem títulos contratuais não remunerados, sendo despi-
pregado para reinserção e aproveitamento no mercado de trabalho; cienda a formalização de ressalvas no termo rescisório.
e) o contrato de experiência é modalidade de contrato por prazo deter- DA MOLÉSTIA PROFISSIONAL
minado que confere às partes o tempo necessário a uma avaliação De acordo com o Perito Judicial, o reclamante é portador de Síndrome de Burnout,
recíproca, com a expectativa de ambas de que o contrato seja prorro- moléstia decorrente do estresse profissional.
gado e mesmo transmudado em contrato por prazo indeterminado. O assistente da reclamada, por sua vez, constatou que o reclamante soube de tramtor-
no bipolar que começou a se manifestar nos idos de 2000, portanto, durante o pacto
Ante as peculiaridades que envolvem os casos de acidente do trabalho, o Tri- laboral.
bunal Superior do Trabalho optou pela interpretação da ampla compatibilidade
Resta saber se a patologia que incapacitou o reclamante para o trabalho e para o
dos contratos de experiência e demais contratos por prazo determinado com a
convívio familiar e social, acarretando sua aposentadoria, tem nexo com as atividades
garantia de emprego prevista no art. 118 da Lei n. 8.213/91, privilegiando os princí-
laborais.
pios da proporcionalidade, da dignidade da pessoa humana, da valorização social
do trabalho, da função social da empresa, do meio ambiente de trabalho seguro, Entendo que sim.
da boa-fé objetiva e da não discriminação, para assegurar que os trabalhadores
vitimados não percam a sua fonte de sustento no momento em que a sua saúde e (39) Fonte: Última Instância, por Aparecida Tokumi Hashimoto (Advogada sócia do escritório
capacidade laboral estão debilitadas. Granadeiro Guimarães Advogados), 24.9.2012.
Maria José Giannella Cata/di
5TRESS NO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 67
66

Como visto, o reclamante manifeStava doença psicológica não investigada na for-


Relata o Perito Judicial que a síndrome, inicialmente observada em profissionais que,
ma esperada.
porforça de seu trabalho, mantinham contatos interpessoais mais exigentes, citando
de forma exemplificativa os médicos, os carcereiros, os professores, os enfermeiros, A expressão Burnaut, que define a síndrome de natureza laboral, é resultado da
os bombeiros, os empregados de departamento pessoal, na atualidade, passou a
adição de duas palavras da língua inglesa, BURN (queima, queimar) OUT (externo,
exterior), revelando de forma precisa os sofrimentos do doente, que se vê consu-
abarcar todos os profissionais que interagem ativamente com pessoas, solucionando
mido física e emocionalmente.
seus problemas.
O reclamante cuidou de trazer aos autos atestados médicos comprobatórios dos cui-
Finaliza alertando que também são acometidos pela patologia aqueles que fazem
dados médicos a que foi submetido.
parte de organizações de trabalho submetidas à avaliação de desempenho.
Inegável que o encaminhamento ao Instituto Previdenciário foi frustrado pela re-
Pois bem. clamada, mesmo porque, não há como se pretender que pessoas acometidas por
Tanto o perito como o assistente constataram a gravidade dos distúrbios psicológicos distúrbio psicológico decorrente de estresse tenham a possibilidade de determinar
do autor, que, atualmente, recolhe latas na vizinhança e em estabelecimentos comer- qual o melhor tratamento ou a melhor ação a ser intentada.
ciais, para viabilizar seu sustento e de seus familiares. Dispõe o artigo 186 do Código Civil que todo aquele que por ação ou omissão volun-
Mesmo que se argumentasse que tal procedimento revelaria apenas desequilíbrio tária, negligência ou imprudência, causar prejuízo a outrem, ficará obrigado a reparar
mental, uma coisa é certa, é que a moléstia atingiu níveis superlativos, eis que ore- o dano.
clamante, que exerceu as funções de gerente do Banco, atualmente percorre as vias O empregador assume o risco do empreendimento, e este não se resume à perda de
públicas à cata de latas. safras, ao impacto dos planos econômicos, ao desinteresse do mercado no produto
Diz a reclamada que o nexo causal não restou comprovado, salientando que o recla- da empresa, mas também, às consequências legais da gestação, dos acidentes e das
mante não deixou de prestar serviços e tampouco foi afastado do trabalho para moléstias profissionais de seus empregados.
tratamento médico. "Mutatis mutandis"se o empregador dispensa, sem justo motivo, empregado acome;
No entanto, o que se denota da prova documental, é que deveria ter sido afastado, tido por moléstia profissional ou trabalhadora em estado de gestação, deve reparar o
e não o foi, omitindo-se a reclamada de investigar as razões dos sucessivos afas- dano decorrente da ruptura contratual, através do pagamento de indenizações se o
retorno ao emprego tiver sido impossibilitado pelo decurso do tempo.
tamentos, determinados por médicos do convênio, e os motivos do consumo de
medicamentos antidepressivos. A dispensa de empregado portador de moléstia profissional insidiosa gera a presun-
ção de tentativa do empregador em frustrar a estabilidade provisória garantida na
Por outro lado, as missivas internas enviadas pela reclamada aos gerentes (fls. 37/40)
Lei 8.213/91.
revelam a cobrança truculenta de atitudes e procedimentos.
O auxilio acidentá rio invocado no artigo 118 da Lei 8.213/91 deve ser considerado
Por certo, não há como se valorar a prova testemunhal, na medida em que revela como mero termo inicial da contagem da estabilidade e não condição de acesso ao
conduta contrária à expressada na prova documental. benefício; obviamente, se a possibilidade de afastamento foi frustrada pelo empre-
Não se trata de questionar o poder de comando do empregador, mas de constatar gador, a estabilidade será computada a partir da rescisão contratual.
que ameaçar gerentes, dizendo que estariam brincando com o fogo, por anos seguidos, Finalmente, o atestado médico demissional por espartano em suas conclusões é
denota pressão descabida, eis que se efetivamente ocorriam os desmandos relatados merecedor de repúdio e desconsideração.
na correspondência (liberação de créditos, pagamento de cheques devolvidos, etc.)
No período de garantia de emprego deve ser assegurado o recebimento de todas as
deveriam ter sido adotadas as medidas punitivas previstas pela Legislação Obreira.
benesses pecuniárias que teriam sido auferidas no caso do pacto laboral não ter sido
De qualquer forma, se o reclamante possuía tendências pessoais para a depressão, rescindido, no caso, a ajudante alimentar e a médica definidas nas normas coletivas.
por certo, as atitudes da empresa determinaram sua eclosão.
Mantenho inclusive no que tange à verba honorária, adequadamente fixada em R$
É obrigação de o empregador zelar pela saúde de seus empregados, garantindo não 1.500,00, tendo em vista o grau de complexidade e a qualidade do trabalho pericial.
apenas a segurança no ambiente de trabalho, mas essencialmente, promovendo a DA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS
avaliação periódica de sua higidez física, com maior empenho para aqueles que labu-
Não vislumbro os fundamentos legais para a expedição de ofícios, reformando a r.
tam em atividades deletérias, extenuantes ou particularmente estressantes.
sentença no particular.
A realização de exames médicos periódicos não é faculdade outorgada ao emprega-
PELO EXPOSTO, conheço dos recursos, rejeito a preliminar de carência de ação invo-
dor, mas obrigação legal (artigo 168, inciso 111 da CLT).
cada pela reclamada, e no mérito, dou provimento parcial ao recurso para coibir a ex-
Nem se argumente que os exames realizados pela reclamada revelavam a higidez pedição de ofícios; nego provimento ao recurso adesivo. Mantenho o valor arbitrado
física do reclamante; o conceito de saúde é abrangente, envolvendo o aspecto físico para efeito de custas (grifas nossos).
e o psicológico. De qualquer forma, a reclamada sonegou o prontuário médico do
ROSA MARIA VILLA, JUÍZA RELATORA"
reclamante, obstando a análise objetivada pelo Perito.
68 Maria José Giannella Cata/di 5TRESS NO MElO AMBIENTE DO TRABALHO 69

"2) ACÓRDÃO Os sintomas relacionados pelo Sr. Perito são os mesmos descritos pela reclamante, a
qual obteve a concessão de auxílio-doença junto ao INSS em 13.3.2003 (fls. 69) em
PROCESSO TRT/SP N2 00234-2004-464-02-00-0
menos de dois meses após a data da dispensa, esta em 21.1.2003 (fls. 69).
RECURSO ORDINÁRIO DA 4ª VARA DO TRABALHO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
O documento a fls. 61 comprova a prescrição de fluoxetina, medicamento antide-
RITO ORDINÁRIO pressivo, em 13.8.2002.
1• RECORRENTE: MARIA JOSIÔ DO NASCIMENTO SILVA O exame médico demissional (fls. 274) indica apenas estar apta, com indicação de
2ª RECORRENTE: BASF S/A. pressão e pulso, sendo feitos exames de sangue em agosto de 2002.
PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO: 14.03.2008 Reconheço o nexo causal entre a doença e o labor na reclamada, a qual não poderia
VOTO ter sido dispensada, mas afastada para tratamento médico.

1. Admissibilidade. Condeno a reclamada na reintegração da reclamante no emprego, com a suspensão


do contrato de trabalho até o fim do afastamento com a percepção de benefício previ-
Conheço dos recursos interpostos, vez que atendidas as formalidades legais.
denciário, devendo pagar os salários do período de 22.1.2003 a 13.3.2003.
2. Mérito. Recurso da reclamante.
Reconheço a garantia de emprego até doze meses após o término do auxilio-doença,
2.1. Adicional de horas extras. o qual deverá ser considerado como acidentá rio, na forma do art. 118 da Lei 8.213/91,
A r. sentença recorrida fixou os adicionais de horas extras como aqueles previstos com o restabelecimento do convênio médico. Provejo.
nas normas coletivas. Apenas em caso de não constarem dos autos normas coletivas 2.5. Dano moral e material.
ou se estas não estipularem o adicional, deverá ser considerado o adicional legal de
Na exordial, o pedido de dano matéria I foi formulado sucessivamente ao pedido de
50%, daí a expressão "de forma supletiva" utilizada. Constando dos autos as normas
reintegração, conforme alínea "q" fts. 26. Ante a condenação à reintegração, nada ~
coletivas, não há razão para insurgência da reclamante. Mantenho.
devido a este titulo.
2.2. Intervalo intrajornada.
No que tange ao dano moral, há que se ponderar que a redução da capacidade labo-
A própria reclamante confessou o gozo de uma hora de intervalo para refeição rativa é de grande monta. O Perito atestou que"as limitações impostas pela patologia
(fts. 234). Mantenho. psiquiátrica é máxima e pode ser caracterizada como: impossibilidade de realizar
2.3. Minutos que antecederam e sucederam a jornada. tarefas de auxiliar de enfermagem ou atividades com o mesmo grau de complexidade
ou tarefas que exijam responsabilidade com maior grau de complexidade". Declarou
Na exordial, a reclamante informou que chegava 20/30 minutos antes e saía 20/30 mi-
que a doença gera invalidez total e temporária.
nutos após a jornada, para uniformizar-se e receber ou dar informações relativas ao
turno de trabalho. Nada comprovou neste sentido. Assim, a doença adquirida produz reflexos no campo moral da autora não apenas
no campo de trabalho, mas também enquanto individuo, eis que limita a sua ação
O depoimento da testemunha da ré no sentido de que a reclamante utilizava condu-
também nas tarefas cotidianas.
ção da ré para ida e volta ao trabalho e que a condução chega aos pátios da reclama-
da cerca de 20 minutos antes do início do turno não socorre a reclamante, porquanto O sentimento de incapacidade e/ou dificuldade maior para realização de atos co-
se trata de fatos diversos. Mantenho. muns do cotidiano afeta diretamente o campo do ser humano, na medida em que a
utilidade é uma das razões existenciais do homem.
2.4. Garantia de emprego.
O Perito médico declarou não haver nexo de causalidade entre a doença da recla- Posto isto, acolho o pedido de indenização por dano moral, arbitrada em R$ 25.000,00
mante, episódio depressivo grave com sintomas psicóticos - CID 10: F 32. com a (vinte e cinco mil reais) para a data da propositura da ação. Provejo em parte.
atividade desenvolvida na reclamada (fls. 373). 2.6. Honorários periciais.
Fez explanação sobre a chamada "Sindrome de Burnout'; descrevendo se tratar Ante a sucumbência da ré no objeto da perícia, responderá esta pelos honorários
de doença decorrente de estresse profissional, que acomete principalmente pro- periciais fixados na r. sentença. Provejo.
fissionais que mantêm relação constante e direta com outras pessoas, principal-
2.7. Honorários advocatícios.
mente quando é considerada de ajuda, sendo que a reclamante era auxiliar de
enfermagem, laborando no ambulatório da empresa. A tese da reclamante, embora seja juridicamente válida, encontra óbice na sistemá-
tica processual trabalhista.
De acordo com o informado, verifica-se relação entre o labor executado e a referida
síndrome, que apresenta quadro depressivo, ainda mais considerando a prestação Em se acolhendo a referida tese, teria a Justiça do Trabalho que igualmente acolher
habitual de horas extras em jornadas alternadas semanalmente. eventual reconvenção da reclamada para que fosse indenizada pelos prejuízos cau-
70 Maria José Giannella Cata/di 5TRESSNO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 71

sados pela necessidade de contratação de advogado para defender-se dos pedidos Visa à racionalização dos elementos do processo produtivo, qual seja, aumento da
improcedentes. Estaríamos, assim, instituindo no Processo do Trabalho não só a su- competitividade e da produtividade das empresas, em estratégia agressiva de impor
cumbência, mas, principalmente, a sucumbência parcial. aos empregados metas cada vez maiores, às vezes inatingíveis, em busca incessante
As despesas com o advogado eventualmente suportadas pelo reclamante não de- (e em muitos casos frustrante) do empregado para alcançá-las. O empregado que
correm de ato da ré, e sim da sua opção pela contratação de advogado particular (cuja não atinge as metas estabelecidas está malfadado a ser excluído e discriminado no
qualidade, diga-se, não se discute). Tivesse o autor procurado o sindicato de classe, seu ambiente de trabalho, pois a ele será imputada (também pelos próprios pares)
receberia a assistência gratuitamente. Logo, este "dano" não tem nexo causal com a pesada responsabilidade pelo fracasso da equipe e, consequentemente, pelo in-
qualquer ação ou omissão da reclamada e sim com a escolha voluntária do reclamante. sucesso da empresa na competitividade própria do mercado de trabalho. Torna-se
Mantenho. vítima de campanhas motivacionais, que nada mais são do que a fórmula encontrada
pelo empregador para humilhar e expor ao ridículo aqueles que não alcançam as
DO EXPOSTO, CONHEÇO dos recursos ordinários interpostos pelas partes e, no metas estabelecidas, isso quando não é vítima de castigos físicos e alcunhas depre-
mérito, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso da reclamante para condenar a
ciativas. Cabe ao Judiciário repudiar atos patronais desse jaez e impedir lesão a di-
reclamada a reintegração da autora no emprego, com a suspensão do contrato
reitos fundamentais dos trabalhadores. Cada individuo é único, deve ser respeitado
de trabalho até o fim do afastamento com a percepção de benefício previdenciário,
em sua singularidade, e não instrumentalizado. A capacidade de gerir fortes tensões
devendo pagar os salários do período de 22.1.2003 a 13.3.2003, com garantia de em-
emocionais em um ambiente de trabalho é personalíssima. Necessário que se garan-
prego até doze meses após o término do auxílio-doença, o qual deverá ser considerado
ta ao trabalhador o direito de não se subjugar a permanente estresse ambiental cau-
como acidentário, na forma do art. 118 da Lei 8.213/91 e com o restabelecimento do
sado pela cobrança excessiva de metas. O artigo 225, caput, da Constituição Federal
convênio médico. Acresço à condenação, ainda, a indenização por dano moral, arbi-
assegura à todos um meio ambiente ecologicamente equilibrado, aí incluído o meio
trada em R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) para a data da propositura da ação, e
ambiente laboral. Por sua vez, o inciso V do mesmo dispositivo constitucional atribui
determino que a responsabilidade da ré na satisfação de honorários periciais. NEGO
ao Poder Público o dever de controlar a produção, comercialização e o emprego de
PROVIMENTO ao recurso da reclamada. Por força dos acréscimos, rearbitro o valor
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade dê
da condenação em R$80.000,00 (oitenta mil reais) e das custas em R$1.600,00 (um
vida e o meio ambiente. Um meio ambiente de trabalho seguro e saudável é essen-
mil e seiscentos reais). No mais fica mantida a r. sentença recorrida, nos termos da
cial à qualidade de vida do trabalhador, o que não se atinge com constrangimentos
fundamentação do voto (grifas nossos).
desmesurados e humilhações de ordem moral. O poder diretivo não é absoluto, en-
ANTERO ARANTES MARTINS, Juiz Relator': contra limites no princípio protetivo da dignidade da pessoa humana, assim como o
direito de propriedade deve ser exercido respeitando os limites de sua função sociaL
"3) ACORDÃO Não se pode negligenciar direitos e garantias asseguradas na Constituição Federal
i. de 1988. O sentimento de inutilidade e fracasso causado pela pressão psicológica
PROCESSO: AIRR- 2060-20.2011.5.11.0004- DATA DE JULGAMENTO: 23.4.2014,
RELATOR MINISTRO: JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA, 2ª TURMA, DATA DE PUBLICA- extrema no exercício da atividade laboral não gera apenas desconforto; representa
ÇÃO: DEJT 2.5.2014. prejuízo moral incompatível com os fundamentos do Estado Democrático de Direito.
Ameaças de desemprego e cobranças excessivas por meio de repetidas condutas
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. QUANTUM IN- assediadoras não mais podem ser toleradas como forma de compelir o empregado
DENIZATÓRIO. ASSÉDIO MORAL. EXIG~NCIA NO CUMPRIMENTO DE METAS EXTRAVA-
a atingir resultados lucrativos para a empresa. Os abalos psíquicos que surgem em
GANTES DE PRODUTIVIDADE. ARBITRAMENTO DO VALOR DE R$ 300.000,00 (TREZEN- decorrência de pressão desmesurada do empregador (abuso do poder diretivo) são
TOS MIL REAIS) PELA INSTÂNCIA ORDINÁRIA. de difícil reversão ou até mesmo irrecuperáveis, mesmo com tratamento psiquiátrico
O Regional detectou política organizacional de cobrança abusiva de metas de pro- adequado, podendo culminar, até mesmo, em incapacidade laboral. A Sindrome de
dutividade, com a utilização, inclusive, de meios intimidatórios, em conduta reite- Burnout e a depressão são citadas na literatura médica como as doenças ocupacio-
rada, ao longo de todo o contrato de trabalho, -ficando mais intenso no final do nais mais frequentes desencadeadas pela tensão e estresse no ambiente de trabalho.
contrato com a necessidade de licenças médicas decorrentes de doença oriunda das A primeira, identificada como 'estresse crônico associado ao trabalho; é comumen-
condições do ambiente de trabalho-. Inexistindo no ordenamento jurídico brasi- te desencadeada por gestão inadequada do estresse laborativo, caso dos autos. Na
leiro critérios objetivos para a fixação da quantia devida, cabe ao julgador arbitrar o valoração do potencial lesivo do ato causador do dano moral, o Regional levou em
montante indenizatório com base na própria moldura fática e probatória constante consideração a política intimidadora do reclamado no cumprimento de metas e as
dos autos, observando o disposto no artigo 8º da CLT. A imposição de metas de pro- investidas desarrazoadas dos superiores hierárquicos. Considerou-se, ainda, a gravi-
dução, na constante busca pelo lucro, não pode ultrapassar os limites do razoável dade do dano, a situação do lesante e a satisfação do ofendido. O arbitramento da
na finalidade de forçar o empregado ao alcance cada vez maior da produtividade. indenização por dano moral deve, sobretudo, constituir uma pena, uma sanção ao
O dogma da Qualidade Total (total quality management) é identificado por Paula ofensor como forma de obstar a reiteração de conduta (finalidade reparadora e pe-
Cristina Hott Emerick como a nova fórmula de gerir a mão de obra no capitalismo. dagógica). Pelos fundamentos expostos, considera-se adequado o quantum estabe-
Maria José Gianne/la Cata/di 5TRESS NO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 73

lecido no Colegiado de origem ao fixar o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). máquina, que as cumpre passo a passo. O trabalhador fica impotente para exercer
Agravo de instrumento desprovido:' Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta. julgamento independente, tanto na fábrica como no escritório, e tem pouco ou
nenhum controle sobre os resultados previamente ditados por programadores
4)ACÓRDÃO especializados. Antes do computador, a gerência dispunha de instruções detalha-
Processo: RR- 32700-11.2006.5.01.0246. Data de Julgamento: 18.3.2015, Relatora das na forma de"cronogramas" que os trabalhadores deviam cumprir.
Ministra: Delaíde Miranda Arantes, 2ªTurma, Data de Publicação: DEJT 31.3.2015. Como a execução da tarefa estava nas mãos dos trabalhadores, era possível
EMENTA: introduzir um elemento subjetivo no processo. Com a complementação do crono-
grama de trabalho, cada empregado conferia sua marca no processo produtivo. A
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. SiNDROME DE BUR-
NOUT. DOENÇA OCUPACIONAL EQUIPARADA A ACIDENTE DE TRABALHO. REIN- transição da produção de cronograma para a produção programada alterou pro-
TEGRAÇÃO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. Demonstrada fundamente o relacionamento dos trabalhadores com o trabalho.
possível violação do art. 118 da Lei 8.213/91, impõe-se o provimento do agravo de Atualmente, eles agem exclusivamente como observadores, sem a possibili-
instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de ins- dade de participar .ou interferir no processo de produçã.o. O que acontece na fá-
trumento provido. brica ou no escritório já foi pré-programado por outra pessoa que, provavelmente,
li- RECURSO DE REVISTA jamais participará pessoalmente do processo produtivo.

1 -NULIDADE DO ACÓRDÃO DO TRIBUNAL REGIONAL. NEGATIVA DE PRESTA- Quando os controles numéricos começaram a ser introduzidos, um mecânico
ÇÃO JURISDICIONAL. Deixa-se de examinar a preliminar de nulidade do acórdão da fábrica da Boeingi<OI, em Seattle, expressou a raiva e a frustração de muitos
do Tribunal Regional por prestação negativa, em razão do disposto no art. 249, § 2º, trabalhadores semiqualificados e qualificados, cuja experiência estava sendo
do CPC. transferida para uma fita magnética: ·
2- SiNDROME DE BURNOUT. DOENÇA OCUPACIONAL EQUIPARADA A ACIDEN-
"Senti-me tão sufocado, meu cérebro já não era mais necessário. Você fica
TE DE TRABALHO. REINTEGRAÇÃO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MA-
TERIAIS. No caso concreto, a Corte de origem, conquanto reconheça a existência de lá sentado como um boneco, com o olhar fixo naquela coisa (uma fresadu-
prova pericial, conclusiva pela existência de doença ocupacional, entendeu neces- ra de quatro eixos).
sário que a patologia fosse atestada pelo INSS. Não obstante, esta Corte já firmou Eu estava acostumado a controlar, fazer meu próprio planejamento. Agora
jurisprudência no sentido de que o direito à estabilidade não pode ser afastado pela sinto-me como se alguém tivesse tomado todas as decisões por mim':
mera ausência de formalidade quanto à apuração da doença profissional pelo INSS,
nos termos do Incidente de Uniformização de Jurisprudência suscitado no E-RR-
736.593/2001.0, que culminou com o cancelamento da Orientação Jurisprudencial É verdade que a reengenharia e as novas tecnologias da informação per-
154 da SBDI-1 do TST. Além disso, nem sequer o fato de a doença ter sido atestada mitem que as empresas eliminem diversos níveis de gerência e coloquem mais
após a rescisão contratual afasta do direito da autora, consoante entendimento deste controle nas mãos de equipes de trabalho no ponto da produção. Em última aná-
Tribunal sedimentado na Súmula 378, 11, do TST. Recurso de revista conhecido e lise, a intenção é aumentar o controle sobre a produção. Mesmo o esforço de solicitar
provido". ideias aos trabalhadores sobre como melhorar o desempenho tem a finalidade
de aumentar tanto o ritmo quanto a produtividade da fábrica ou do escritório e de
explorar de forma mais completa o potencial dos empregados.
5. O ESTRESSE HIGH-TECH
Uma grande quantidade de estatísticas colhidas ao longo dos últimos anos
Muito já se falou e escreveu sobre círculos de controle de qualidade, trabalho questiona seriamente os méritos de muitas das "novas" técnicas gerenciais sendo
em equipe e maior participação dos funcionários no local de trabalho. Entretanto, introduzidas em fábricas e escritórios em todo o mundo. Nas fábricas japonesas,
pouco tem sido dito ou escrito sobre a desabilitação do trabalho, a aceleração do por exemplo, onde a jornada de trabalho anual é de 200 a 500 horas, mais longa do
ritmo de produção, a maior carga de trabalho e as novas formas de coação e sutil que nos Estados Unidos, o ritmo na linha de montagem é tão acelerado e estres-
intimidação usadas para forçar a concordância do trabalhador com os requisitos sante, que a maioria dos trabalhadores sente uma fadiga significativa. Segundo
das práticas estressantes de produção.
As novas tecnologias da informação são desenvolvidas para remover qual-
(40) Entrevista de Jarry Kuusinen, mecânico da Boing, 5 de junho de 1979, em Noble, David Forces of
quer controle residual que os trabalhadores ainda exerçam sobre o processo production: A society history of industrial automation. Nova York: Alfred Knof, 1984. p. 242. Citação
de produção, com a programação de instruções detalhadas diretamente para a de Jeremy Rifkin. O fim dos empregos. São Paulo: Makron Books, 1995. p. 78.
Maria José Giannella Cata/di 5TRESS NO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

um levantamento feito em 1986 pela Ali Toyota Union, mais de 124 mil dos 200 mil social, o obreiro que executa suas atividades em extensas jornadas fica excluído so-
trabalhadores da empresa sofriam de fadiga crônicai"i. cialmente, permitindo a sua segregação do convívio familiar e dos amigos.

Deve ser salientado que os princípios da gerência científica há muito já são Ainda, quanto ao aspecto econômico, o trabalhador estressado produz pouco,
conhecidos no Japão. Os fabricantes de automóveis japoneses começaram a usá- durante o exercício de suas atividades laborais, com maiores riscos de acidente de
-los intensamente ao final da década de 1940. Em meados da década de 1950, as trabalho, acarretando prejuízos aos empregadores.
empresas japonesas haviam criado uma forma específica, ajustada exclusivamente Considerando os princípios acima, a legislação trabalhista vigente estabelece
às suas próprias circunstâncias e metas de produção. Assim, as equipes de trabalho a duração normal do trabalho não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
compostas de funcionários em cargos administrativos e de produção participam horas semanais facultada a compensação de horários e a redução da jornada, me-
das decisões de planejamento para melhorar a produtividade. Uma vez que um diante acordo ou convenção coletiva de trabalho (art. 7º, inciso XIII, da Constitui-
consenso é alcançado, o plano de ação é automatizado no processo de produção ção Federal).
e executado sistematicamente por todos na linha de montagem. Os trabalhadores Todavia, poderá a jornada diária de trabalho dos empregados maiores de ida-
também são encorajados a parar a linha de produção a tomar decisões imediatas de ser acrescida de horas suplementares, em número não excedentes a duas, no
referentes ao controle de qualidade, novamente com a finalidade de aumentar o máximo, para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo individual, acordo
ritmo e a previsibilidade das operações. coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa. Excepcionalmente, ocorrendo
A administração, muitas vezes, conta com suas equipes de trabalho para dis- necessidade imperiosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente permitido.
ciplinar seus membros. Comitês críticos de colegas pressionam constantemente O Estatuto Consolidado assim determina:
trabalhadores mais obstinados ou lentos a desempenharem de acordo com seus
pares. Como as equipes de trabalho não recebem ajuda extra para compensar as Art. 382. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho, haverá um intervalo de 11 (onze) horas
ausências de seus pares, os demais membros precisam trabalhar ainda mais ar- consecutivas, no mínimo, destinado ao repouso.
duamente para cumprirem suas metas. Como resultado, os empregados recebem Art. 383. Durante a jornada de trabalho, será concedido à empregada um período
uma enorme pressão de seus pares para que estejam no trabalho pontualmente. para refeicão e repouso não inferior a 1 (uma) hora nem superior a 2 (duas) horas
A administração japonesa é inflexível na questão do absenteísmo. Em muitas fábri- salvo a hipótese prevista no art. 71, § 3°.
cas, todas as faltas, mesmo as justificadas por doença, são anotadas nas fichas dos Art. 384. Em caso de prorrogação do horário normal, será obrigatório um descanso
empregados. Na fábrica da Toyota, no Japão, se um empregado faltar ao trabalho de quinze minutos no mínimo, antes do período extraordinário do trabalho.
cinco dias durante o ano está sujeito à demissãd"l. Art. 38S. o descanso semanal será de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas e coinci-
dirá no todo ou em parte com o domingo, salvo motivo de conveniência pública ou
necessidade imperiosa de serviço, a juízo da autoridade competente, na forma das
6. AS HORAS EXTRAORDINARIAS E O ESTRESSE disposições gerais, caso em que recairá em outro dia.
Parágrafo único. Observar-se-ão, igualmente, os preceitos da legislação geral sobre a
As normas de medicina e segurança do trabalho envolvem as horas em ati-
proibição de trabalho nos feriados civis e religiosos.
vidades dos empregados, bem como os períodos de descansos e as condições de
trabalho. Tais regras são imperativas e de ordem pública, o que não permite que as Art. 386. Havendo trabalho aos domingos será organizada uma escala de revezamento
quinzenal, que favoreça o repouso dominical (grifo nosso).
partes renunciem ou transacionem benefícios previstos em lei.
Essas normas têm como fundamento três aspectos importantes: fatores bioló-
Mesmo tendo a Constituição Federal estabelecido por princípio que todos
gicos, sociais e econômicos. É indiscutível o fato de que o excesso de trabalho causa
são iguais perante a lei, e que não deve haver distinção de qualquer natureza, en-
fadigas física e mental, estresse e cansaço ao trabalhador. No tocante ao aspecto
tre homens e mulheres, que têm iguais direitos e obrigações, o art. 383 da CLT não
aplica à mulher maior de 18 anos o mesmo tratamento dispensado ao homem,
(41) Dohse, Knuth,Jurgerns, Ulrich e Malsh, Thomas."From fordism totoyotism ?The social organization quanto ao período para refeição e repouso durante a jornada laboral.
of the labor process in the japanese automobile industry". Politics and society, 1985. p. 115. Citação de
Diante do princípio constitucional que trata da equiparação no tratamento
Jeremy Rifkin. Ofim dos empregos. São Paulo: Makron Books, 1995, p. 123.
da mulher e do homem, o Enunciado n. 17 da Anamatra estende a proteção do
(42) KENNY, Martin; RICHARD, Florida.ln: Beyond moss production:the japanese system and its transfer
to the U. S. Nova Iorque: Oxford University Press, 1993. p. 271. Cit. idem 1 1, p. 278. descanso intrajornada a todos os trabalhadores, como a seguir dispõe:
17. LIMITAÇÃO DA JORNADA. REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. DIREITO CONSTI-
TUCIONALMENTE ASSEGURADO A TODOS OS TRABALHADORES. INCONSTITUCIO-
NALIDADE DO ART. 62 DA CLT. A proteção jurídica ao limite da jornada de trabalho, Capítulo/V
consag~ada nos incisos XIII e XV do art. 7º da Constituição da República, confere, ASPECTOS ESTRESSANTES DE ALGUMAS
respectivamente, a todos os trabalhadores, indistintamente, os direitos ao repouso
semanal remunerado e à limitação da jornada de trabalho, tendo-se por inconstitu- ATIVIDADES LABORAIS
cional o art. 62 da CLT.

1. CONCEITO DE ACIDENTE DE TRABALHO OU DOENÇA PROFISSIONAL

Preliminarmente, vale observar as definições sobre acidente de trabalho, lem-


brando que, para efeito da nossa legislação, a doença profissional equipara-se a<l
acidente do trabalho ou infortúnio do trabalho, chamado accident du trava i/ pelos
franceses, industrial accident pelos ingleses, betriebsunfal pelos alemães, e infortu-
nio su/lavore pelos italianos, conceituado pela legislação, assenta-se nos requisitos
de causalidade, prejudicialidade e do nexo etiológico ou causal.

a) Causalidade: porque o acidente do trabalho é um acontecimento, um


evento que não é provocado, ao menos em princípio, mas que acontece normal-
mente por acaso e, assim, não há dolo.

b) Prejudicialidade: porque provoca lesão corporal ou perturbação funcio-


nal que pode causar a morte, ou a perda, ou a redução permanente ou temporária,
da capacidade para o trabalho.

c) Nexo etiológico ou causal: consiste na relação de causa e efeito entre o


trabalho e o acidente típico (ou doença profissional ou do trabalho equiparada ao
acidente de trabalho). A ligação entre ambos, id est, o fato de que o trabalho é a
causa do infortúnio.

A expressão exercício do trabalho diz respeito ao fato de que, na execução de


suas atividades laborais, decorre o infortúnio.

A expressão"a serviço da empresa" refere-se aos empregados segurados, uma


vez que pessoas estranhas poderão estar a serviço de uma empresa como autô-
nomos e sem vínculo empregatício.

A expressão"ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais" foi incluí-


da pelo art. 19, inciso VIl, da Lei n. 8.213, de 1991, pelo art. 62, inciso VIl, do Decreto

Você também pode gostar