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Roberta Ramon Dias

Raquel Souza Pires


Rodrigo Venancio
Thiago Sobrinho
Esaú Justino

TRABALHO E SAÚDE MENTAL


Atividade Prática Supervisionada

Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU


São Paulo, 2018
SP, Brasil
1. BURNOUT
A Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é
uma reação negativa à tensão laboral crônica, sendo uma experiência subjetiva
que traz prejuízos práticos e operacionais ao sujeito. O nome Burnout é a
junção das palavras em inglês burn, que significa queimar e out, que significa
fora, dando ao termo o sentido de exaustão ou esgotamento.

O psiquiatra clínico Herbert Freudenbeger definiu, na década de 70,


pela primeira vez o termo “Burnout” como um distúrbio psíquico de caráter
depressivo, precedido de intenso esgotamento físico e mental diretamente
ligado à vida profissional. Ou seja, é resultante da vivência profissional,
causada por características de sobrecarga, falta de suporte na realização de
tarefas e autonomia, além de demissões sem justificativas e de realocamento
de setores. Vale ressaltar que, independente das definições estabelecidas por
diferentes autores, deve ficar claro que o Burnout é uma fase final de todo um
processo, sendo o resultado de uma exposição do indivíduo à um ambiente
estressor na área ocupacional ou profissional, dotado de tensões e pressões
(MELO; GOMES; CRUZ, 1999).

Os sintomas da síndrome são caracterizados pelo distanciamento


afetivo, exaustão, choro fácil, tédio, mau humor, insensibilidade, irritabilidade
ou indiferença - de modo geral, relacionadas ao trabalho -, perda de
disposição física e mental, dificuldade de concentração, sentimentos de
ineficiência, baixa realização profissional, e a visão de que o trabalho é inútil e
desprazeroso.

As consequências afetam não apenas o trabalho em sí e a vida


socioeconômica do sujeito, por conta da queda de produtividade, absenteísmo,
afastamento ou aposentadoria precoce, mas também englobam a saúde
mental e física do sujeito, com quadros de ansiedade, depressão, ingestão de
substâncias - como o abuso de álcool -, problemas cardiovasculares, diabetes
tipo 2, alterações fisiológicas, metabólicas e imunológicas, aumento de lipídios
séricos, distúrbios musculoesqueléticos, além de alterações do sono e apetite.

Uma das definições mais conhecidas dessa síndrome foi estipulada por
Maslach e Jackson (1981), que consiste na seguinte tríade: 1) Exaustão
Emocional, onde o indivíduo sente um esgotamento afetivo em relação ao
trabalho; 2) Despersonalização/Cinismo, em que ocorre o desenvolvimento de
atitudes e posicionamentos negativos em relação aos colegas de trabalho; 3)
Ineficácia/Baixa Realização Pessoal, que consiste na falta de envolvimento
pessoal no trabalho, afetando o rendimento, atendimento e a organização do
trabalho. A partir dessa tríade, foi estabelecido uma ferramenta de auto-registo
de 22 itens que relaciona tais sentimentos em relação ao labor, denominado
Maslach Burnout Inventory (MBI), conhecido como Inventário de Burnout de
Maslach. Nesse instrumento, o primeiro elemento foi avaliado através de 9
itens, o segundo através de 5 itens e, o terceiro, de 8 itens, onde esses
sentimentos são classificados em uma escala de 0 (nunca) à 6 (todos os dias),
(MELO; GOMES; CRUZ, 1999).

2. ESTRESSE
Mesmo o estresse sendo um termo amplamente utilizado tanto de modo
geral, como na comunidade científica, não existe um consenso sobre seu
significado e como o mesmo deve ser avaliado e medido. (GOMES, CRUZ
APUD MARMOT, MADGE 1987.)

No sentido de origem, o termo estresse vem do verbo latino stringo,


stringere, strinxi, strictum, que significa apertar, comprimir, restringir. Essa
expressao tem sido utilizada desde o século XIV, para designar uma pressão
ou constrição de natureza física. No entanto, a partir do século XIX o termo
passou a ser utilizado para nomear pressões que incidem sobre um órgão
corporal ou sobre a mente humana.

Descrições recentes definem o estresse como resultado de um processo


de interação, surgindo como consequência da relação entre estímulos
ambientais e respostas individuais. Para essas abordagens, o stress ocorre
apenas quando o indivíduo avalia as exigências externas como excedentes às
suas capacidades e recursos para lidar com as mesmas. Os focos destes
estudos é o modo como as pessoas lidam como o stress. (GOMES E CRUZ
APUD LAZARUS 1991)
Nos anos 50 o médico Hans Selye introduziu o conceito de Síndrome
Geral da Adaptação para designar as modificações orgânicas produzidas no
indivíduo para adaptar-se às exigências às quais estava sujeito. Síndrome
indica o fato de surgirem alguns sinais e sintomas, e geral aponta para o efeito
global sobre o organismo. QUIRINO, 2008.

Esta síndrome inclui três fases: 1) Reação de Alarme, que consiste na


mobilização de todos os recursos do organismo para lidar com o agente
estressor. Esta estimulação orgânica resulta da liberação de hormônios pelo
sistema endócrino produzidos pela hipófise. Os mesmos provocam elevada
secreção de cortisol das glândulas supra-renais, que também elevam os níveis
de adrenalina e noradrenalina por influência do sistema nervoso simpático; 2)
Fase de Resistência, na qual o organismo tenta adaptar-se ao estresse, se o
agente indutor se mantém ativo. A estimulação fisiológica diminui, mas
continua acima dos parâmetros normais; 3) Fase de Exaustão. Se este
processo se mantiver, a estimulação fisiológica prolongada, que tem origem em
exigências repetitivas ou persistentes acaba por acarretar demasiado esforço
para o organismo, fazendo com que este se torne mais propenso à doenças
fisiológicas e psicológicas, podendo até lhe sobrevir a morte (QUIRINO, 2008).

Uma das ferramentas amplamente usadas como medida do stress é a


Escala de Percepção do Stress (EPS), uma medida global que propõe avaliar o
grau em que o indivíduo considera situações de sua vida como estressantes.
Seu foco são os sentimentos negativos e reações nos últimos tempos. Os itens
contemplam reações como ficar preocupado, ter ou não controle sobre as
coisas, sentir-se nervoso e estressado, eficaz ou não e ser ultrapassado pelas
dificuldades. (RIBEIRO, MARQUES apud LAZARUS 1988).

3. COMPARAÇÃO

Apesar desses dois conceitos estarem relacionados a um esgotamento


emocional, mental e físico eles não devem ser confundidos. O Burnout é mais
uma reação subjetiva as relações do sujeito com as atividades laborais e
ocupacionais. Essa síndrome é caracterizada pela despersonalização, pelo
esgotamento emocional e pela falta de interesse nas atividades laborais, que
surgem como uma resposta do sujeito a essas relações com as atividades do
trabalho. O Burnout também pode ser visto como uma resposta do sujeito ao
estresse crônico. Ao ser exposto a fatores estressores durante longos períodos
de tempo, pode ocasionar um estresse crônico. O estresse é uma reação do
organismo a uma demanda externa ou interna, e a forma como reagimos a
esse estresse pode determinar o quanto esse estado do organismo se
prolonga. Esse prolongamento do estresse pode levar ao Burnout, que é
justamente o completo esgotamento emocional, mental e físico do sujeito.

O estudo da literatura internacional indica que não existe uma


definição única sobre Burnout, mas é consenso até os estudos
hoje desenvolvidos que seria uma resposta ao stress laboral
crônico, não devendo contudo ser confundido com stress. O
primeiro envolve atitudes e condutas negativas com relação
aos usuários, clientes, organização e trabalho; é assim, uma
experiência subjetiva, envolvendo atitudes e sentimentos que
vêm acarretar problemas de ordem prática e emocional ao
trabalhador e à organização. O conceito de stress, por outro
lado, não envolve tais atitudes e condutas, é um esgotamento
pessoal com interferência na vida do indivíduo e não
necessariamente na sua relação com o trabalho. (VASQUEZ-
MENEZES, 2018)

Nessa perspectiva o estresse é uma reação natural do organismo em


relação ao ambiente. Ele vem para modificar esse organismo preparando ele
para agir em determinadas situações. Muitos elementos ambientais podem
desencadear o estresse e isso varia de organismo pra organismo. A falta de
habilidade para lidar com esse estresse pode levá-lo a se prolongar e, em
algum determinado momento, chegar a um esgotamento total: o Burnout.
Em vista disso, é importante o quanto antes buscar e tomar algumas
precauções para tratar tanto o estresse como o burnout. Há diversas maneiras
de lutar contra o surgimento dessas patologias, porém uma que vai favorecer e
dar uma base é a busca por um profissional da Área da Saúde que o auxilie
nessas questões. Cabe também a nós, psicólogos, divulgarmos mais
informações sobre essas patologias, alertando sobre os sinais e sintomas,
além de estarmos aptos para servir como auxílio para essas pessoas que
sofrem e solicitam a nossa total ajuda. Todavia, métodos simples como a
alteração de rotina, dedicar mais tempo a atividades foras do trabalho, buscar
uma forma de melhorar os relacionamentos interpessoais e como também
romper o isolamento, além de não traçar metas surreais.
Portanto, é necessário falar sobre ambas as patologias e,
principalmente, procurar a ajuda de um profissional, visto que há um tabu a ser
quebrado, onde se defende a ideia de que o estresse e o burnout são normais,
ou até mesmo coisas que devem acontecer ao decorrer dos anos de trabalho.
Assim, a ajuda do profissional é de grande relevância para o paciente. O
burnout não é mais apenas um dito, e tampouco algo longe. Está perto de
pessoas que são cobradas acima do seu limite e essas pessoas estão mais
próximas do que se imagina. E o estresse, por sua vez, pode vir através de
várias circunstâncias, como por meio social, de trabalho, de emoções e até
mesmo através do desempenho.
A atuação do profissional pode ser de diversas maneiras, dentre elas
através da empresa, onde o psicólogo pode ajudar tanto dentro da empresa,
tentando entender a situação como um todo, levantando se há mais casos da
doença, fazendo ações de prevenção com seus funcionários e auxiliando no
tratamento daqueles que já estão doentes, além de encaminhá-los a outros
profissionais da área da saúde, pois pôde-se analisar o seu desempenho e
tentar chegar no motivo do ocorrido. Ou seja, o profissional pode intervir
através de psicoterapia, onde ajudaria de uma forma externa em relação à
organização, e por meio de intervenções psicológicas dentro do ambiente de
trabalho, onde ajudaria de uma forma interna. Por meio disso, observamos que
a atuação do profissional na ajuda do sujeito afetado e a intervenção são de
extrema importância para o paciente.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CODO, Wanderley. VASQUES-MENEZES, Iône. O que é Burnout?. Disponível


em:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/jornaldoprofessor/midias/arq/Bu
rnout.pdf. Acesso em: 22 de outubro de 2018.
GOMES, Antônio Rui; CRUZ, José Fernando A. A Experiência de Stresse e
“Burnout” em Psicólogos Portugueses: um estudo sobre as diferenças de
género. 2004.

MELO, Bárbara T.; GOMES, António Rui; CRUZ, José Fernando A.


Desenvolvimento e adaptação de um instrumento de avaliação psicológica do
“burnout” para os profissionais de Psicologia. 1999.

QUIRINO, Ana Margarida Guerreiro Vicente. Stresse, Coping e Burnout em


Professores do 3º Ciclo. 2008. Tese de Doutorado.

PAIS RIBEIRO, J.; MARQUES, TMPFS. A avaliação do stresse: a propósito de


um estudo de adaptação da escala de percepção de stresse. Psicologia, Saúde
& Doenças, v. 10, n. 2, p. 237-248, 2009.

VIEIRA, Isabela. Conceito (s) de burnout: questões atuais da pesquisa e a


contribuição da clínica. Revista brasileira de Saúde ocupacional, v. 35, n.
122, 2010.

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