Você está na página 1de 7

AO DOUTO JUÍZO DO TRABALHO DA ...

VARA DO TRABALHO DE
PARAUPEBAS/PA

TITO, nacionalidade..., estado civil..., motoboy, portador do RG sob n.º ..., inscrito no
CPF sob n.º ..., CTPS n.º..., PIS...., residente e domiciliado no endereço..., nº...,
bairro..., cidade... estado..., CEP..., telefone..., endereço eletrô nico ..., vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio seu advogado (a)
ao final firmado (a), com procuraçã o anexa e endereço eletrô nico ..., com fulcro nos
artigos 769 e 840, § 1º, da CLT c/c artigos 15 e 319 do CPC , propor a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Em face de PIZZARIA GOURMET LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ n. º …, endereço …, endereço eletrô nico …, tendo em vista os motivos fáticos e de
direito a seguir descritos:

I - DA JUSTIÇA GRATUITA (art. 790, §§ 3º e 4º, CLT)


Inicialmente, requer-se, desde já , a concessã o do benefício da Gratuidade de
Justiça, consoante disposto no artigo 5º, LXXIV, da CF/88, eis que nã o dispõ e de
meios financeiros para suportar as custas processuais sem prejuízo do seu pró prio
sustento e da sua família, visto que se encontra desempregado, nos termos dos §§
3º e 4º do art. 790 da CLT e item I da Sú mula 463 do TST.

II. DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA (art. 625 – A, CLT)

Considerando que o entendimento doutriná rio e jurisprudencial majoritá rio (ADIs


2.139, 2.160 e 2.237) dispõ e que os conflitos trabalhistas deverã o ser submetidos à
comissã o de conciliaçã o prévia, prevista na CLT em seus artigos 625 – A e
seguintes, sendo uma faculdade do trabalhador a sua submissã o, vem o reclamante
a este juízo para buscar a soluçã o de seu conflito.
III. DOS FATOS
O reclamante Tito foi contratado na data de 15.12.2018, para exercer a funçã o de
motoboy para a empresa reclamada, sendo que cumpria jornada de trabalho das
18h à s 03h30min, durante seis dias na semana, com 40 minutos de intervalo
intrajornada.
Em determinada ocasiã o, no exercício de suas atividades laborativas, o reclamante
foi atacado por um cachorro ao realizar uma entrega para um cliente, em agosto de
2019.
Por decorrência do infortú nio, precisou se manter afastado do trabalho durante o
lapso de 30 dias, gozando do recebimento de benefício previdenciá rio pago pelo
INSS. Consequentemente, Tito também despendeu determinados valores
pecuniá rios em gastos com medicaçã o.
Todavia, quando o reclamante finalmente pode retornar ao trabalho, foi
dispensado pela empresa reclamada com o pagamento das verbas rescisó rias.
Assim, o reclamante pretende a reintengraçã o aos quadros funcionais do
empregador, bem como a indenizaçã o decorrente da supressã o do intervalo
extrajornada, da ausência de pagamento de horas extras, adicional noturno e
reconhecimento das bonificaçõ es por gorjetas, tudo com reflexos nas verbas
rescisó rias. Ainda, requer a indenizaçã o da empresa pelos danos morais e
materiais sofridos no exercício das funçõ es laborativas.
Por todo o exposto, esgotadas as tentativas de resoluçã o extrajudicial do conflito,
nã o resta outra alternativa ao reclamante senã o buscar a tutela jurisdicional para a
garantia dos direitos ora violados.

IV. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

IV.I. Da reintegração (art. 496, CLT)

Consoante descriçã o fá tica, em decorrência do acidente sofrido pelo reclamante,


este precisou se manter afastado de suas atividades laborativas durante o lapso de
30 (trinta) dias, período durante o qual gozou do recebimento de benefício
previdenciá rio oferecido pelo INSS. Apesar do acidente de trabalho, o obreiro foi
dispensado pela empresa reclamada, quando retornou para suas atividades, na
data de 20.09.2019.
Logo, denota-se flagrante ofensa ao que disciplinam os artigos 21-A, caput, e artigo
118 da lei n.º 8.213/91, bem como à Sú mula 378, I, do TST, dispositivos que
conferem ao empregado o direito à estabilidade provisó ria por ocasiã o de acidente
sofrido em funçã o do exercício laboral, durante o período de 12 (doze) meses apó s
o auxílio-doença.
Por conseguinte, é impositiva a reintegraçã o do trabalhador, por meio de tutela
antecipada, do reclamante ao trabalho, de acordo com o que prescreve o artigo 294
e 300 do CPC, bem como a OJ 64 da SBDI-2. Subsidiariamente, pugna-se pela
indenizaçã o por tempo de estabilidade devida, consoante estabelece o artigo 496
da CLT.
IV.II. Da indenização pelos danos materiais e morais (art. 223-C, CLT)
O reclamante teve sua integridade física ofendida durante o exercício de suas
atividades laborativas, visto que ficou significativamente lesionado em decorrência
de um ataque provocado pelo cachorro de um cliente.
Via de consequência, por recomendaçã o médica, o reclamante teve o ô nus de
comprar uma vacina antirrá bica, medicamento cuja compra lhe custou o valor de
R$ 30,00 (trinta reais).
De mais a mais, é inequívoco o dano moral sofrido em decorrência dos fatos,
decorrente do abalo psicoló gico provocado no trabalhador, seja em razã o do
acidente de trabalho, seja pela indevida dispensa ao retornar as suas funçõ es.
Nesse sentido, aplicam-se à reparaçã o de danos de natureza extrapatrimonial
decorrentes da relaçã o de trabalho apenas os dispositivos do respectivo Título da
CLT, conforme consta do artigo 223-C do diploma legal. Logo, deve a reclamada
indenizar o reclamante conforme se dispõ e no artigo 223-E, 223-C e 223-G da CLT,
e, subsidiariamente, no artigo 186 e 927 do CC.
Finalmente, o artigo 6º da Lei 12.009/09 preconiza que os danos suportados pelo
reclamante sã o de total responsabilidade da reclamada, cabendo o ressarcimento
dos valores gastos com medicaçã o, conforme disciplina o artigo 223-F da CLT.
IV.III. Das Horas Extras (artigo 58, caput, da CLT)
O reclamante trabalhava durante seis dias da semana, das 18h à s 03h30min, com
intervalo de apenas 40 minutos, ou seja, mais de 08 horas diá rias trabalhadas, tudo
sem o recebimento das horas extras equivalentes.
Nesse contexto, verifica-se ofensa à disposiçã o mandamental do artigo 7º, inciso
XIII, da CF e do artigo 58, caput, da CLT, que disciplinam que a jornada de trabalho
nã o deve exceder a razã o de 8 horas diá rias.
Destarte, o horá rio trabalhado além das 08 horas diá rias impõ e o pagamento de
indenização ao obreiro, com o acréscimo de 50% do valor da remuneraçã o da
hora normal de trabalho, nos termos do artigo 59, caput, e 1§º da CLT, importe que
também causa reflexo nas verbas rescisó rias.

IV.IV. Do Adicional Noturno (artigo 73, § 2º, da CLT)

O reclamante exercia suas atividades laborativas no horá rio compreendido das


18h à s 03h30min, logo, no período noturno.
Nã o obstante, o empregador nunca adimpliu ao reclamante qualquer valor a título
de adicional do período noturno, em manifesta violaçã o à disposiçã o do artigo 73, §
2º, da CLT.
Assim, impõ e-se o pagamento de indenizaçã o ao reclamado, no valor do
pagamento de adicional noturno com o acréscimo de 20% sobre a hora noturna
trabalhada, com reflexos nas verbas rescisó rias, em obediência ao artigo 7º, inciso
IX, da CF e artigo 73, caput da CLT.

IV.V. Do Adicional de Periculosidade (artigo 193, § 4º, CLT)

Consoante preconiza o artigo 193, § 4º, da CLT, o trabalhador que se utiliza de


motocicleta para exercer suas atividades funcionais enquadra-se na condiçã o de
periculosidade, exatamente como ocorre no caso em apreço, já que reclamante
exercia funçã o de motoboy. Apesar disso, o obreiro nã o recebeu qualquer valor a
título de adicional de periculosidade.
Por conseguinte, pugna-se pelo pagamento de indenizaçã o no valor de 30% sobre
seu salá rio, consoante dispõ e o artigo 193, § 1º da CLT, a Sú mula 132, inciso I, do
TST e a Sú mula 132, inciso I, do TST, impondo-se os reflexos sobre as verbas
rescisó rias.

IV.VI. Do Intervalo Intrajornada (art. 71, caput, CLT)

Considerando que o horá rio de labor do trabalhador ultrapassava o período de 08


horas diá rias, este possuía direito ao intervalo intrajornada de 01 hora diá ria,
conforme estabelece o artigo 71, caput, da CLT.
Contudo, o obreiro somente realizava intervalo intrajornada para alimentaçã o e
repouso durante 40 minutos, o que acarretava a supressã o de 20 minutos do
horá rio devido, circunstâ ncia que viola o artigo 71, § 4º, da CLT.
Logo, ante a ilegalidade apontada, o reclamante fazer jus ao percebimento do valor
de 50% de acréscimo sobre o período suprimido (20 minutos).

IV.VII. Da integração salarial das gorjetas (art. 457, caput, CLT)

O reclamante percebia mensalmente, a título de bonificaçã o espontâ nea, o valor de


R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais) de seus clientes, importe que nã o estava
compreendido na remuneraçã o total.
Logo, cabe ao reclamante, consoante disciplinam os artigos 457, caput, da CLT e
sú mula 354 do TST, a integraçã o das gorjetas recebidas em sua remuneraçã o.
Finalmente, é impositiva a anotaçã o do valor total em sua carteira de trabalho, em
conformidade ao que dispõ e o artigo 29, § 1º, da CLT, com a aplicaçã o dos reflexos
no 13º salá rio e nas férias.

IV.VIII. Da devolução do desconto da contribuição sindical (artigo 578 da


CLT)
Preconiza o artigo 578 da CLT que a possibilidade do desconto de contribuiçã o
sindical deve se dar com a previa e expressa autorizaçã o do empregado.
Nã o obstante, o reclamante – que nunca autorizou qualquer desconto sindical –
tinha debitado de seu salá rio o valor mensal de R$ 31,80 (trinta e um reais e
oitenta centavos).
Destarte, pugna-se a devoluçã o do valor descontado a título de contribuiçã o
sindical, ante a ausência de consentimento do trabalhador, o que caracteriza
violaçã o ao disposto nos artigos 578, 579 e 582 da CLT.

IV.IX. Dos Honorários advocatícios (art. 791-A, § 2º, da CLT)

Os artigos 791-A e 791-A, pará grafo 5º, da CLT, asseguram que ao advogado serã o
devidos honorá rios de sucumbência, fixados entre o mínimo de 05% e o má ximo
de 15 % sobre o valor que resultar da liquidaçã o da sentença, do proveito
econô mico obtido, ou, nã o sendo possível mensurá -lo, sobre o valor atualizado da
causa.
Pugna o reclamante pela fixaçã o dos honorá rios de sucumbência em razã o deste
estar sendo representado por advogado particular, conforme se observa do artigo
791-A, § 2º, da CLT.

V. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, pugna-se a procedência dos pedidos constantes nessa açã o,
com a consequente condenaçã o da reclamada à (ao):
a) Reintegraçã o do reclamante, ou, alternativamente, ao pagamento da indenizaçã o
pelo tempo da estabilidade, importe que totaliza R$....;
b) Pagamento de indenizaçã o pelos danos materiais e morais sofridos pelo
reclamante, no montante de R$...;
c) Pagamento das horas extras trabalhadas no valor de 50% da hora normal, no
valor de R$...;
d) Pagamento de 20% do acréscimo do adicional noturno sobre as horas noturnas
trabalhadas, com os devidos reflexos rescisó rios, verbas que totalizam o importe
de R$...;
e) Pagamento do adicional de periculosidade em 30%, com os reflexos devidos e
integraçã o salarial no valor de R$...;
f) Indenizaçã o sobre o tempo suprimido no intervalo intrajornada, no montante de
R$..;
g) A integraçã o das gorjetas percebidas no salá rio do reclamante, no numerá rio de
R$..., , com reflexos no 13º e anotaçã o na carteira;
h) A concessã o dos benefícios da justiça gratuita de acordo com a forma
disciplinada pelo art. 5º, inc. XXXIV, alínea a, da Carta Magna em vigor e leis
1.060/50 e 7.115/83;
i) Pagamento de honorá rios advocatícios de sucumbência, fixado em 15% sobre o
valor da liquidaçã o da sentença, consoante justificativa em tó pico pró prio;
Pugna, por fim, pela notificaçã o da reclamada, sob as penas da lei, para responder a
presente reclamaçã o trabalhista.

VI. DAS PROVAS

Protesta o requerente pela produçã o de provas por todos os meios em direito


admitidos.

VII. DO VALOR DA CAUSA


Dá -se à causa o valor de R$ ....

Nestes termos,

Pede deferimento.

Município/estado..., data...

ADVOGADO (a)

OAB...

Você também pode gostar