Você está na página 1de 7

DOUTO JUÍZO DA _____ VARA DO TRABALHO DE xxxxx

xxxxxxxxxxxxx, brasileiro, solteiro, portador da CTPS nºxxxxxxxx, série nº xxxxxxx, do RG.


n.º xxxxxxx SSP/PA, inscrito no CPF/MF sob o n.º xxxxxxxxxxx, residente e domiciliado na
Rua xxxx, nº xxxxx, Bairro xxxxxxxx, nesta cidade de xxxxxxxxxxx, CEP xxxxxxxxxxx, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por sua advogada que a esta subscreve,
com base no artigo 840, pará grafo 1º da CLT, c/c artigo 319 do CPC, oferecer, pelo rito
sumaríssimo,
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
em face de xxxxxxxxxxxx, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº
xxxxxxxxxxxxxxx, situada na xxxxxxxxx, nº xxx, Bairro xxxxxxxxx, xxxxxxxxxxxxxx, CEP:
xxxxxxxxxxx, na cidade de xxxxxxxxxx pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir
expostos:
I – GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O Reclamante nã o possui recursos suficientes para arcar com o pagamento das custas
processuais estimadas para este processo sem o prejuízo do pró prio sustento ou de sua
família, uma vez que se encontra desempregado.
Ademais, percebeu salá rio inferior a 40% do valor correspondente ao teto dos benefícios
do Regime Geral, conforme dispõ e o art. 790, § 3º da CLT.
Desta forma, REQUER desde já que a concessã o da Justiça Gratuita seja deferida a seu favor,
com fulcro no art. 5º, LXXIV da CRFB/88, art. 98 do CPC e art. 790, § 3º da CLT.
II - CONTRATO DE TRABALHO
O Reclamante foi admitido em 01/11/2019 e exercia a funçã o de Atendente Balconista na
Reclamada, percebendo como salá rio base o valor de R$ 1.120,00, conforme CTPS em
anexo.
Em 05/03/2020 foi dispensado sem justa causa e sem comunicaçã o de aviso prévio, sendo
este o ú ltimo dia de prestaçã o de serviços.
Na ocasiã o da dispensa do obreiro, a Reclamada nã o anotou o fim do vínculo na sua CTPS,
tampouco pagou as verbas rescisó rias de praxe.
Diante da irregularidade narrada, e apó s diversas tentativas de solucionar a questã o com a
Reclamada, sem lograr êxito, vem à presença de V. Excelência requerer o que lhe é de
direito.
III - VERBAS RESCISÓRIAS
SALDO DE SALÁRIO
O Reclamante trabalhou até 05/03/2020, ú ltimo dia em que efetivamente prestou serviços,
nada recebendo a título de saldo de salá rios.
Dessa forma, conforme preceitua o art. 4º da CLT, considera-se como tempo de serviço o
tempo efetivamente trabalhado pelo empregado, integrando-se os dias trabalhados, antes
de sua dispensa sem justa causa, ao seu patrimô nio jurídico, consubstanciando-se direito
adquirido de acordo com o inciso IV do art. 7º e inciso XXXVI do art. 5º, ambos da CF/88, de
modo que faz o Reclamante jus ao saldo salarial.
Diante do exposto, REQUER a Vossa Excelência a condenaçã o a Reclamada ao pagamento
do saldo de salá rio referente ao período de 01/03/2020 a 05/03/2020.
AVISO PRÉVIO INDENIZADO
O Aviso Prévio indenizado, nos termos do art. 490, CLT, ocorre quando o empregador
praticar ato que justifique a rescisã o imediata do contrato, sujeitando-se ao pagamento da
remuneraçã o correspondente ao prazo do referido aviso, sem prejuízo da indenizaçã o que
for devida.
No caso em comento, a Reclamada dispensou o Reclamante sem dar-lhe notificaçã o da sua
saída, surgindo o direito deste ao Aviso Prévio indenizado na proporçã o de 30 (trinta) dias,
conforme art. 1º, da Lei 12.506/11.
Dessa forma, REQUER a Vossa Excelência a condenaçã o da Reclamada ao pagamento da
verba pertinente a este tó pico.
FÉRIAS PROPORCIONAIS + 1/3
Os arts. 7º, XVII da CF/88, 146, pará grafo ú nico da CLT e a Sú mula 328, do E. TST dispõ em
que o empregado terá direito a remuneraçã o equivalente ao período incompleto de férias,
acrescido do terço constitucional, na proporçã o de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço
ou fraçã o superior a 14 (quatorze) dias.
Assim, considerando o período aquisitivo incompleto, tendo em vista a extinçã o do
contrato de trabalho sem justa causa, verifica-se que o Reclamante faz jus as férias
proporcionais, acrescidas do terço constitucional.
Dessa forma, REQUER a Vossa Excelência a condenaçã o da Reclamada ao pagamento de
4/12 avos de férias proporcionais, acrescidas do terço constitucional.
13º SALÁRIO PROPORCIONAL
O décimo terceiro salá rio será pago até o dia 20 de dezembro de cada ano, conforme
disposto no art. 7º, VIII, da CF/88, bem como nas Leis 4.090/62 e 4.749/65, sendo certo
que a fraçã o igual ou superior a 15 dias de trabalho será havida como mês integral para
efeitos do cá lculo do 13º salá rio.
À vista disso, e considerando a projeçã o do aviso prévio indenizado, faz jus o Reclamante ao
pagamento da quantia de 4/12 avos em relaçã o à remuneraçã o percebida.
Portanto, resta requerer a Vossa Excelência a condenaçã o da Reclamada ao pagamento do
valor proporcional relativo ao 13º Salá rio a que tem direito o Reclamante.
FGTS + MULTA DE 40%
Preceitua o art. 15 da Lei 8.036/90 que o empregador deverá depositar até o dia 7 de cada
mês na conta vinculada do empregado a importâ ncia correspondente a 8% de sua
remuneraçã o devida no mês anterior.
Ocorre que, no caso em apreço, a Reclamada não realizou os depósitos mensais
durante o pacto laboral, o que implica no pagamento, em uma ú nica vez, da totalidade das
parcelas em atraso (corrigidas monetariamente) para que o Reclamante tenha seu direito
assegurado.
Sendo assim, REQUER a condenaçã o da parte Reclamada para efetuar os depó sitos
correspondentes a todo o período do contrato de trabalho e, caso já efetuado, que
demonstre por meio de prova documental o devido pagamento do depó sitos de FGTS
referentes ao período trabalhado.
Além disso, em razã o da ruptura imotivada do contrato de trabalho, REQUER o pagamento
multa de 40% sobre o valor total a ser depositado a título de FGTS, de acordo com § 1º do
art. 18 da Lei 8036/90 c/c art. 7º, I, CF/88.
HORAS EXTRAS
O Reclamante laborava de segunda a sá bado, em regra, em regime de jornada mista,
ultrapassando, muitas vezes, a jornada de 8h diá rias e 44h semanais, constitucionalmente
previstas, fazendo, habitualmente, horas extras, conforme cartã o de ponto referente ao mês
01/2020, em anexo.
Nos termos do art. 7º, XVI, da CF e 58, § 3º e 59, § 1º da CLT, as horas suplementares à
duraçã o do trabalho normal serã o pagas com acréscimo de 50% (cinquenta por cento)
sobre o salá rio-hora normal.
Ademais, é consabido que as horas extras, quando habituais, integram o salá rio do
empregado para todos os efeitos, refletindo-se no cá lculo de outras verbas trabalhistas.
Diante do exposto e considerando a habitualidade das horas extras realizadas, conforme
anotaçõ es em folha de ponto e contracheques, requer a integraçã o salarial da referida
verba, bem como seu pagamento referente a horas extras realizadas e nã o pagas, para fins
rescisó rios, com reflexos sobre 13º, aviso Prévio, Férias + 1/3 proporcional, DSR e feriados
trabalhados.
INTERVALO INTRAJORNADA
O Reclamante laborava de segunda a sá bado, em regra, em regime de jornada mista,
cumprindo, por vezes, jornada de 6h diá rias, ou até mesmo ultrapassando a jornada
constitucionalmente prevista de 8h diá rias.
Nesse sentido, o art. 71, caput, da CLT, dispõ e que aqueles que laboram mais de 6 horas
diá rias fazem jus a um intervalo intrajornada de, no mínimo, 1 hora, e seu § 1º prescreve
que, nã o excedendo 6 (seis) horas, será obrigató rio um intervalo de 15 (quinze) minutos.
Ocorre que, independentemente da jornada mista cumprida pelo Reclamante, o qual
realizava 6h ou 8h diá rias ou mais, o intervalo intrajornada nã o era observado, conforme
pode ser demonstrado a partir da folha de ponto em anexo.
Por essa razã o, requer a condenaçã o da reclamada ao pagamento do período suprimido,
acrescidos de 50% (cinquenta por cento), nos termos do art. 71, § 4º da CLT.
ADICIONAL NOTURNO
O Reclamante, durante todo o período trabalhado, cumpria jornada mista de trabalho e
fazia horas noturnas, pois ultrapassava o horá rio das 22h e, por vezes, laborava além das
05h, conforme demonstra cartã o de ponto em anexo, nã o sendo pago, durante todo o
contrato de trabalho o adicional noturno de 20% devido.
Por se tratar de jornada mista durante todo o pacto laboral, o adicional noturno de 20%
deve integrar o salá rio da Reclamante para todos os efeitos, conforme dispõ es a Sú mula nº
60, item I, do TST.
Nesse sentido, nã o cabe à Reclamada alegar que o salá rio-base mensal engloba o aludido
adicional, pois nã o é permitido salá rio complessivo, segundo o disposto na Sú mula nº 91 do
TST.
Ademais, por ter laborado habitualmente em horas extras, também deve ser aplicada a
Orientaçã o Jurisprudencial nº 97 da SDI-1 do TST: “Horas extras. Adicional noturno. Base
de cá lculo. O adicional noturno integra a base de cá lculo das horas extras prestadas no
período noturno.”
Dessa forma, por ter trabalhado nas circunstâ ncias acima descritas, REQUER a condenaçã o
da Reclamada ao pagamento do adicional noturno de 20% de horas noturnas normais com
os seguintes reflexos: DSR e Feriados, aviso prévio indenizado (30 dias), 13º salá rio
proporcional e férias proporcionais + 1/3.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS.
Como já declinado, o Reclamante foi dispensado em 05/03/2020 e, apó s sua dispensa, a
Reclamada nã o procedeu a baixa da sua CTPS, bem como nã o realizou as comunicaçõ es
inerente ao término do contrato.
Tal situaçã o impediu o Reclamante de requerer o Auxílio Emergencial diante da situaçã o de
desemprego, uma vez que, considerando a ausência de baixa na CTPS, nã o foi possível
preencher todos requisitos estabelecidos na Lei 13.982/2020:
Art. 2º Durante o período de 3 (três) meses, a contar da publicaçã o desta Lei, será
concedido auxílio emergencial no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais) mensais ao
trabalhador que cumpra cumulativamente os seguintes requisitos:
(...)
II - não tenha emprego formal ativo;
(...)
Como destacado, o trabalhador que nã o tenha emprego formal ativo receberá o valor de
R$600,00 (seiscentos reais) referentes ao Auxílio Emergencial.
No caso, nã o obstante o Reclamante ter sido dispensado em 05/03/2020, ainda consta
como se estivesse com vínculo empregatício ativo, uma vez que a Reclamada nã o efetuou a
baixa na CTPS.
Assim, resta evidente o ato ilícito cometido por parte da Reclamada que, por omissã o, vem
causando prejuízo ao sustento do Reclamante, situaçã o esta que enseja o pagamento de R$
1.800,00 (mil e oitocentos reais) correspondente as 3 (três) parcelas do auxílio que faria
jus o Reclamante, conforme dita os artigos 186 e 927 do CC.
Por essa razã o, REQUER a condenaçã o da Reclamada ao pagamento da indenizaçã o a título
de danos materiais no valor de R$1.800,00 (mil e oitocentos reais) correspondente as 3
(três) parcelas do Auxílio Emergencial que nã o fora recebido por ausência de
preenchimento do requisito constante no art. 2º, II, da Lei 13.892/2020.
DA MULTA DO ART. 477 DA CLT
Prescreve o novo art. 477 da CLT que na extinçã o do contrato deverá o empregador a
proceder à anotaçã o na CTPS, comunicar a dispensa aos ó rgã os competentes e realizar o
pagamento das verbas rescisó rias no prazo estabelecido no referido artigo, notadamente
do pará grafo 6º.
A nã o observâ ncia das obrigaçõ es previstas no caput no prazo de 10 dias a contar da data
do término do contrato, enseja o pagamento de multa de um salá rio previsto no pará grafo
8º do mesmo artigo.
Portanto, requer a condenaçã o da Reclamada no pagamento de 1 salá rio do obreiro pela
ausência de pagamento das verbas rescisó rias e da comunicaçã o do fim do vínculo do
obreiro aos ó rgã os competentes.
DA MULTA DO ART. 467 DA CLT
Requer a condenaçã o da Reclamada no pagamento da multa prevista no art. 467 da CLT
caso nã o pague as verbas incontroversas em audiência.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Nos termos do artigo 791-A da CLT, REQUER a Vossa Excelência a condenaçã o da
Reclamada ao pagamento de Honorá rios Advocatícios de Sucumbência no valor de 15%
sobre a liquidaçã o da sentença.
PEDIDOS
Ante todo o exposto, requer:
1 – A notificaçã o da Reclamada para que, querendo, apresente defesa no momento
oportuno, sob pena de incorrer em revelia e seus efeitos jurídicos;
2 – A concessã o da gratuidade de Justiça nos termos do art. 790, § 3º da CLT;
3 – A anotaçã o do fim do vínculo na CTPS do Reclamante, realizada pela secretaria desta
vara;
4 – A PROCEDÊ NCIA DA AÇÃ O para condenar a Reclamada ao pagamento das verbas
rescisó rias e indenizató rias, conforme abaixo elencadas:
13º salá rio proporcional .......................R$686,54 (seiscentos e oitenta e seis reais e cinquenta
e quatro centavos)
Adicional Noturno 20% ...................... R$624,96 (seiscentos e vinte e quatro reais e noventa e
seis centavos)
Horas Extras 50%......................................................R$1.365,60 (mil seiscentos e trinta e cinco
reais e sessenta centavos)
Intervalo Intrajornada..........................................R$999,86 (novecentos e noventa e nove reais e
oitenta e seis centavos)
Aviso Prévio....................................................................R$1.647,70 (mil seiscentos e quarenta e sete
reais e setenta centavos)
Férias + 1/3 proporcional...................................R$915,39 (novecentos e quinze reais e trinta e
nove centavos)
Saldo De Salá rio...........................................................R$1.647,70 (mil seiscentos e quarenta e sete
reais e setenta centavos)
Multa Do Artigo 477..................................................R$1.120,00 (mil cento e vinte reais)
Fgts 8% ......................................................................R$1.497,40 (mil quatrocentos e noventa e sete
reais e quarenta centavos)
Multa Sobre Fgts 40%...............................................R$598,96 (quinhentos e noventa e oito reais e
noventa e seis centavos)
5 – A condenaçã o da Reclamada ao pagamento da multa prevista no art. 467 da CLT sobre
todas os valores incontroversos ora devidos;
6 - A condenaçã o da Reclamada no pagamento de R$1.800,00 (mil e oitocentos reais) a
título de indenizaçã o por danos materiais, em razã o da impossibilidade de o Reclamante
receber o Auxílio Emergencial, tendo em vista a ausência de baixa na CTPS (vínculo formal
ativo);
7 – Requer seja a Reclamada intimada a trazer aos autos todos os documentos inerentes ao
contrato de trabalho, notadamente o extrato de deposito de FGTS na conta vinculada do
Reclamante, bem como os cartões de ponto referentes ao período de contrato de
trabalho, sob pena de incorrer em revelia quanto matéria de fato nos termos do art. 400 do
NCPC.
8 – Requer ainda a condenaçã o da Reclamada no pagamento de honorá rios sucumbenciais
no importe de 15% sobre o que resultar a condenaçã o em sede de liquidaçã o.
Protesta provar por todos os meios de prova admitidos em direito, especialmente a prova
documental carreada nos autos, sem prejuízo de outras que se fizerem necessá rias durante
a instruçã o processual.
Por fim, requer seja abatido qualquer valor pago aos títulos aqui discutidos e se provados
nos autos, a fim de evitar o enriquecimento ilícito do Reclamante.
Dá -se a causa o valor de R$ 19.201,42 (dezenove mil duzentos e um reais e quarenta e
dois centavos)
Nestes termos, pede deferimento
Cidade, data.
______________________________
Lilian Maria da Cruz Pedroso
OAB/PA nº 29.546

Você também pode gostar