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AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL

DA 35ª SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA - CARAGUATATUBA – SP – TRF3

Prioridade IDOSO

PRESENTES OS REQUISITOS DO ART 129, 129-A DA LEI 8.213/91

AUXÍLIO INCAPCACIDADE TEMPORÁRIA

Número do Benefício 636.834.877-5

DER 18/10/2021

DCB 04/03/2022

MARILZA PIEDADE NASCIMENTO DE MORAIS,


brasileira, casada, auxiliar de serviços gerais, portadora do RG nº 20.607.975-8, inscrita
no CPF sob o nº 101.583.578-33, residente e domiciliada na Rua Antonio Marques do
Vale, nº 467, Silop, CEP 11690-604, Ubatuba-SP, vem à presença de Vossa Excelência
propor

AÇÃO PARA RESTABELECIMENTO DE


AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA
COM PEDIDO DE CONCESSÃO/CONVERSÃO EM
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE
COM PEDIDO DE TUTELAS DE URGÊNCIA E DE EVIDÊNCIA

em face do INSS - INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL, autarquia federal


inscrita no CNPJ/MF 29.979.036/0001-40, com domicílio na cidade de Ubatuba/SP,
na Rua Conceição, nº 697, Centro, CEP – 11690-165.
QUESTÕES PRELIMINARES

- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

1. A Autora não possui condições financeiras para arcar


com as despesas e custas processuais sem prejuízo de sua subsistência (declaração de
insuficiência econômica anexa), requerendo assim os benefícios da gratuidade da justiça,
nos termos dos artigos 98 e seguintes do CPC e do artigo 5º, XXXV e LXXIV da
Constituição Federal.

- DA COMPROVAÇÃO DE ENDEREÇO

2. Junta aos autos comprovante de endereço em nome


de seu esposo, bem como certidão de casamento e documento pessoal.

3. Ainda junta declaração própria de residência nos


termos da Lei Federal 7.115/1983, art. 1º:

Art. . 1º - A declaração destinada a fazer prova de vida, residência, pobreza,


dependência econômica, homonímia ou bons antecedentes, quando firmada
pelo próprio interessado ou por procurador bastante, e sob as penas da Lei,
presume-se verdadeira.

4. Ademais, toda a documentação juntada, inclusive o o


cadastro junto ao sistema de base de dados do Réu (Meu INSS), atestam o logradouro de
residência da Autora.

- DA QUALIDADE DE SEGURADA

5. A Autora demonstra sua qualidade de segurada da


previdência social quando do requerimentos admnistrativo, bem como que preenche os
requisitos de carência contributiva à concessão do benefício, conforme demostra o extrato
CNIS anexo.

DOS FATOS

6. A Autora em 13/09/2019, sofreu queda de bicicleta


que resultou em grave fratura em seu antebraço esquerdo, com a necessidade de cirurgia
corretiva para inserção de parafusos e placa.

7. Conforme demonstram extrato de benefícios e CNIS


anexos, verifica-se que a Autora teve sua condição de incapacidade progredida e agravada
desde o evento inicial, vez que lhe foram concedidos 08 benefícios de auxílio por
icapacidade temporária.

8. Nesta sina, ao requerer a prorrogação de seu último


benefício concedido DIB 18/10/2021, teve seu pedido injustamente indeferido
04/03/2022, sob a alegação de não existência de incapacidade laboral.

I.i - DA INCAPACIDADE LABORAL – DESCRIÇÃO DA DOENÇA E DAS


LIMITAÇÕES QUE ELA IMPÕE – art. 129-A, “a” da Lei 8.213/91

CIDs 10
S 52.3 - FRATURA DA DIÁFISE DO RÁDIO
S 52.4 – FRATURA DAS DIÁFISES DO RÁDIO E DO CÚBITO (ULNA)
S 52.5 – FRATURA DA EXTREMIDADE DISTAL DO RÁDIO
T 93.2 – SEQÜELAS DE OUTRAS FRATURAS DO MEMBRO INFERIOR

9. A Autora, que conta hoje com 71 (setenta e um anos


de idade), diante das sequelas que detem, possui pouca ou nenhuma força no braço
lesionado, convive com dores, e não tem qualquer condição de realizar qualquer atividade
laboral, considerado seu histórico de trabalho, estando total e definitivamente
incapacitada.

10. Apresenta farta documentação comprobatória anexa.


I.ii – DA ATIVIDADE PARA A QUAL A AUTORA ESTÁ INCAPACITADA -
art. 129-A, “b” da Lei 8.213/91

11. A Autora, idosa, pessoa de pouca instrução, sempre


trabalhou, tanto informal quanto formalmente, em trabalhos que envolvem força física,
especialmente dos membros superiores, como auxiliar de serviços gerais, coletora de lixo
domiciliar, doméstica e faxineira, e serviços assemelhados, conforme demonstram as
carteiras de trabalho anexas, física e digital.

12. Portanto sua atividade habitual ao longo da vida


laboral, bem como os trabalhos que teria capacidade de desenvolver, caracterizam-se
fundamentalmente pelo uso da força física e atividade corporal constante, por toda a
jornada de trabalho.

13. Donde resta claro que está incapcitada para sua


atividade habitual, pel que faz jus ao benefício, não somente o auxílio por incapacidade
temporária, como merece lhe seja concedida a aposentadoria por incapacidade
permanente, dada a consequencia definitiva gerada pela doença, ns termos dos arts. 42 e
59, da Lei 8.213/91.

I.iii – DAS INCONSISTÊNCIAS DA AVALIAÇÃO MÉDICO-PERICIAL


REALIZADA PELO RÉU - art. 129-A, “c” da Lei 8.213/91

14. O laudo pericial da análise da prorrogação é


superficial, não considerou a o contexto situacional da vida laborativa da Autora, sua
idade , a gravidade da fratura sofrida bem como suas sequelas, muito menos concedeu a
devida validade aos documentos médicos que a Autora apresentou quando da perícia.

15. Tal fato se corrobora pelos laudos médico anexos, os


quais apresentam as seguintes conclusões:
- 04/01/2022 – Dr. Edgard Saito – CRM 97227 – HOSPITAL REGIONAL DE
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

- 16/08/2022 – Dr. Edgard Saito – CRM 97227 – HOSPITAL REGIONAL DE


SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

16. Veja-se que a perícia do Réu foi realizada em


04/03/2022, supostamente atestando normalidade funcional e, como se verifica dos
laudos médicos de profissional que tem acompanhado constante e detalhadamente a
situação da Autora, em competentíssima instituição hospitalar (Hospital Regional de São
José dos Campos), entre janeiro e agosto de 2022, a Autora ainda apresentava sequelas,
dor, diminuição de movimentos e necessidade de acompanhamento contínuo.

17. Outro importante ponto a se considerar é que,


conforme se verifica do CNIS da Autora, que estava registrada na empresa Agape Contábil
Ltda, não recebeu qualquer remuneração desde a cessação do benefício até
outubro/2022, quando finalmente foi rescinido o contrato de trabalho, pelo simples fato
de a própria empregadora entender que a Autora não tinha qualquer condição médica
para o trabalho, o que se comprova pela robusta documentação médica anexa.

18. Tanto é que em atestado de saúde ocupacional (ASO)


para retorno ao trabalho, de 28/07/2022 (quatro meses após a perícia do Réu),
constatou-se que a Autora permanecia inapta para o trabalho, em razão de dor no punho
e baixa força muscular, com riscos ocupacionais ergonômicos.
19. Observe-se que são documentos médicos
especializados de profissionais e instituições distintos, atestando a mesma cnclusão pela
incapacidade.

20. Verifica-se ainda pelo CNIS da Autora que, cansada


de perquirir suas prorrogações diante das cessações constantes e falta total de capacidade
técnica do Réu em verificar sua incapacidade permanente, teve um pequeno interregno
sem receber o benefício em que de fato tentou voltar a trabalhar (entre 30/12/2020 e
07/06/2021). Sem sucesso diante de sua condição de saúde. Tanto é que retornou a
receber o benefício.

21. Não pode a Autora, hoje com 71 anos e debilitada


para qualquer trabalho, viver em situação de “queda de braço” com o Réu, que possui o
sistemático hábito de negar benefícios devidos a fim de que milhares de segurados sejam
derrotados pelo cansaço. Portanto primordial o socorro do judiciário, a fim da devida
análise e verficação de seu direito.

22. No mais, a Autora permanece incapacitada,


conforme se demonstrará pela instrução processual e competente perícia especializada.
Junta documentos e protesta pela juntada de novos que corroborem a situação de
incapacidade.

I.iv - DA INEXISTÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA – INEXISTÊNCIA DE


AÇÃO JUDICIAL ANTERIOR – Art. 129-A, I, “d” da Lei 8.213/91

23. Não há ação judicial anterior proposta pela Autora


com o mesmo objeto ou causa de pedir.

I.v – DA DOCUMENTAÇÃO EXIGIDA PELO QUE DETERMINA O art. 129-


A, II, “a” e “c” da Lei 8.213/91

24. A Autora junta aos autos, além de toda documentação


de praxe, a comprovação do indeferimento do benefício (Comunicação de Decisão),
quando de seu pedido de prorrogação.

25. A Autora junta aos autos a documentação médica da


qual dispõe, relativa a sua doença e a causa da incapacidade discutida na via
administrativa.

I.vi - DO INDEFERIMENTO DO BENEFÍCIO PRETENDIDO

26. Contrariando todo o exposto, o Réu indeferiu o


benefício por “Não Constatação de Incapacidade Laborativa”, em Comunicação de
Decisão datada de 04/03/2022 (anexa).
II – DO DIREITO

II.i - DO AUXÍLIO-DOENÇA POR INCAPACIDADE LABORATIVA

27. A Lei nº 8.213/91 estabelece, nos artigos 59 e 62, os


requisitos para a concessão e manutenção do auxílio-doença:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo


cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei,
ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se


filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou
da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a
incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento
dessa doença ou lesão.

Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de


recuperação para sua atividade habitual, devera submeter-se a
processo de reabilitação profissional para o exercício de outra
atividade. Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado
para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência
ou, quando considerado não recuperável, for aposentado por
invalidez.

28. Conforme já se comprova pela documentação médica


anexa, a Autora preenche todos os requisitos necessários para a obtenção do auxílio por
incapacidade temporária, vez que totalmente incapacitada para a atividade laboral que
sempre lhe fora habitual.
II.ii - DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ/INCAPACIDADE PERMANENTE

29. A Lei nº 8.213/91 estabelece, no artigo 42, a


condição para o pagamento da aposentadoria por invalidez (incapacidade permantente):

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for
o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou
não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e
insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe
garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta
condição.

§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da


verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-
pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas
expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.

30. Conforme já demonstram os documentos e histórico


apresentados, e como será confirmado pela instrução processual, especialmente pela
perícia médica, a Autora está insusceptível de habilitação para as atividades laborais
necessárias à sua subsistência, pelo que deve lhe ser concedida a aposentadoria por
incapacidade permanente.

II.iii - DA NECESSIDADE DA IMPLANTAÇÃO DO AUXÍLIO POR


INCAPACIDADE TEMPORÁRIA EM CARÁTER LIMINAR – DA
TUTELA DE URGÊNCIA E DE EVIDÊNCIA.

31. Pelo que comprova com a documentação anexa,


evidente a possibilidade do direito da Autora, bem como a urgência e a necessidade da
providência liminar para a implantação do benefício do auxílio por incapacidade
temporária até final decisão, tendo em vista o caráter alimentar de tal verba, bem como a
clara impossibilidade da Autora de trabalhar para seu próprio sustento, sem colocar em
risco sua saúde e sua vida.
32. A prova inequívoca que conduz à verossimilhança da
alegação reside na documentação médica anexa.

33. A finalidade do direito previdenciário é propiciar aos


segurados os meios indispensáveis à existência digna, e a atitude do Réu em dificultar e
obstar a concessão do benefício, antes do efetivo retorno da capacidade laborativa da
Autora, fere frontalmente o sentido teleológico do direito previdenciário. Tratando-se de
benefício previdenciário, que tem caráter nitidamente alimentar, o fundado receio de dano
irreparável decorre da evidente condição de saúde incapacitante da Autora, que faz
presumir inadiável a prestação jurisdicional postulada, ainda mais no presente caso.

34. Assim, uma vez presentes os requisitos dos artigos


300 e 311 do CPC, de rigor a concessão da tutela de urgência e de evidência para a
implantação do auxílio por incapacidade temporária, convertido em aposentadoria por
incapacidade permanente quando do julgamento da lide.

35. De outro lado, caso não seja do entendimento do


Juízo pela concessão liminar da tutela de implantação, impõe-se a designação de perícia
médica, com urgência, a fim de que, após o laudo, possam ser antecipados os efeitos da
tutela, como medida de salvaguardar a subsistência da Autora, pelas mesmas razões e
fundamentos já expostos.

III – PEDIDOS E REQUERIMENTOS

36. Requer:

a) liminarmente, a concessão da tutela de urgência, determinando-se ao réu que de


imediato restabeleça o pagamento das prestações do nenefício de Auxílio por
Incapacidade Temporária, A PARTIR DA DCB (04/03/2022), enquanto
persistir a condição de saúde ensejadora do benefício;

b) liminarmente, caso não entenda Vossa Excelência pela concessão liminar do


restabelecimento do benefício de incapacidade temporária, a designação de
perícia médica especializada em ORTOPEDIA para conceder a implantação
pleiteada;
c) nos termos do art. 11 da Lei Federal 10.259/2001, seja o Réu intimado a
fornecer cópia do Processo Administrativo objeto desta demanda, bem como do
Laudo Médico da perícia realizada na esfera admnistrativa;

d) a procedência da ação, para restabelecer o beneficio de auxílio-doença, a partir


de 04/03/2022, acrescidos de juros e correção monetária, na forma da lei,
abatidos eventuais valores já pagos;

e) a procedência da ação para converter o auxílio por incapacidade temporária em


aposentadoria por incapacidade permanente, ou concedê-la diretamente, diante
da especificidade do caso concreto;

f) a citação do Réu;

g) a concessão do benefício da gratuidade da justiça.

h) DESDE JÁ A APRESENTAÇÃO DOS SEGUINTES QUESITOS, A SEREM


RESPONDIDOS PELO(A) DR(A). PERITO, EM CONJUNTO COM OS
QUESITOS DO R. JUÍZO E DO RÉU:

a. A condição física da Autora lhe permite exercer normalmente a atividade


habitual que sempre exerceu, qual seja Auxiliar de Serviços Gerais,
Faxineira e Coletora de Lixo Domiciliar e atividades similares?

b. A condição física da Autora lhe permite exercer atividade laboral que exija
o esforço físico realizado com os braços por período igual ou superior a 06
(seis) horas diárias? Em caso positivo quais atividades,
exemplificativamente, que a Autora pode exercer?

c. A condição física da Autora lhe permite carregar peso acima de 6kg de


forma repetida ao longo do dia, arrastar móveis, utilizar rodo e vassoura
por períodos superiores a 02 (duas) horas contínuas?

d. Qual a dificuldade física específica que o(a) Dr(a). Perito(a) observou


apresentar a Autora, independentemente da documentação médica
apresentada?
37. Para a prova dos fatos alegados, além do
conhecimento dos documentos que acompanham a presente ação, requer e protesta pela
produção de todos os meios admitidos em direito, sem exclusão de qualquer deles, em
especial a perícia médica e juntada de documentos novos e atualizados, e demais que se
fizerem necessários ao ideal julgamento da causa.

38. Dá à causa o valor de R$ 78.120,00 (setenta e oito


mil, cento e vinte reais).

Pede deferimento.

Ubatuba, 17/04/2023.

Paulo Márcio Alves Coelho Prado


OAB/SP 170.615

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