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AO JUÍZO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE _____________,

Assistência Judiciária
QUALIFICAÇÃO DO IMPETRANTE, brasileiro, menor impú bere, portador da Cédula de
Identidade _________, inscrito no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas sob o nº__________,
neste ato assistido e representado por sua genitora/genitor (se menor)
__________________, nacionalidade, estado civil, profissã o, portadora da Cédula de Identidade
____________, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas sob o nº ______________,
residentes e domiciliados na Rua _________________________, Bairro _________, Cidade______,
Estado________, Goiá s. CEP: _________, email: _____________. Doravante denominado Impetrante,
vem, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado e bastante procurador, que
a esta subscreve, com fulcro no artigo 5º, inciso XXXIV, da Constituiçã o Federal, c/c o artigo
1º, da Lei 12.016/09, impetrar:
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA,
contra ato do SECRETÁRIO DE SAÚDE DO ESTADO DE___________, com endereço na Rua
___________________, Bairro_________, Cidade______ – Estado_______. CEP:________ doravante
denominado Autoridade Coatora, devendo ser citado na pessoa do PROCURADOR GERAL
DO ESTADO DE________, fazendo com base nos argumentos de fato e de direito a seguir
aduzidos:
I – DA JUSTIÇA GRATUITA:
A Constituiçã o da Republica, em seu art. 5º, inciso LXXIV, garante aos cidadã os a prestaçã o
de assistência jurídica integral à queles que comprovarem a insuficiência de recursos.
Conformando à referida garantia, a Lei nº 1.060/50, que estabelece normas para a
concessã o da assistência judiciá ria aos legalmente necessitados, recepcionadas por todas
as Constituiçõ es que lhe sucederam, traz como requisito para concessã o do direito à
gratuidade judiciá ria (art. 4º, § 1º) a mera afirmaçã o, na pró pria petiçã o inicial, de que a
parte nã o está em condiçõ es para pagar as custas do processo.
Nesse viés, o Impetrante declara - se necessitado, na forma da lei, nã o podendo arcar com
as custas do processo, daí porque merecer o reconhecimento do seu direito à prestaçã o de
assistência judiciá ria gratuita e integral, motivo pelo qual o pleiteia os benefícios da Justiça
Gratuita, assegurados pela Constituiçã o Federal, artigo 5º, LXXIV e Lei Federal 1.060/50
tendo em vista que nã o pode arcar com as despesas processuais, sem prejuízo de seu
sustento.
II – DA TEMPESTIVIDADE:
O Impetrante tomou conhecimento da decisã o administrativa em data:_____________. Sendo a
decisã o manifestamente ilegal, o prazo de impetraçã o do presente Mandado de Segurança
nã o supera o previsto no artigo 23, da Lei 12.016/09 (120 dias). Preenchido, portanto, o
pressuposto de admissibilidade no que tange à tempestividade.
III – DOS FATOS:
O Impetrante foi diagnosticado como portador de (informar a enfermidade) – CID _______.
Segundo o médico que lhe assiste, o Impetrante já foi submetido ao tratamento para o
controle das crises, tendo utilizado: (informar a medicaçã o utilizada). Contudo, sem
sucesso.
Relata o médico que o Impetrante apresenta (descrever a doença e os sintomas presentes
no laudo). Saliente ainda que “Diante da (descrever o motivo da indicaçã o no laudo), foi
indicado tratamento com Canabidiol.” (documentaçã o em anexo)
O Impetrante realizou diversos exames e passou por vá rios médicos que forneceram para
ele muitos documentos, receituá rios e relató rios que comprovam a sua doença e a
necessidade de receber o tratamento com Canabidiol, na posologia descrita no receituá rio
(documentaçã o em anexo)
De posse desses documentos o Impetrante protocolou pedido administrativo junto a
Secretaria de Saú de do Estado de _______, onde foi recebido e instaurado processo
administrativo. Contudo, o pedido foi denegado.
IV - DO DIREITO:
a) Da ilegalidade da decisão administrativa:
A negativa da Autoridade Coatora ao pedido administrativo do impetrante é
manifestamente ilegal, uma vez que é contrá ria ao entendimento judicial predominante e à
legislaçã o pá tria, sobretudo aos requisitos estabelecidos no julgamento do RESP nº
16517156/RJ, do Superior Tribunal de Justiça, no dia 25/04/2018:
“1. Comprovaçã o, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por
médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento,
assim como da ineficá cia, para o tratamento da moléstia, dos fá rmacos fornecidos pelo SUS;
2. Incapacidade financeira do paciente de arcar com o custo do medicamento prescrito;
3. Existência de registro do medicamento na Agência Nacional de Vigilâ ncia Sanitá ria
(Anvisa).”
Quanto ao requisito contido no item 1, como bem comprovado pelo relató rio médico e
avaliação da Câmara de Avaliação Técnica em Saúde - CATS, o Impetrante já fez uso
de todos diversos fármacos disponíveis para o tratamento da enfermidade, sem
sucesso.
É evidente, portanto, que para a enfermidade do paciente, a política pú blica de saú de é
falha, nã o restando alternativa a nã o ser pleitear medicamento fora dessa relaçã o. Quanto a
imprescindibilidade do medicamento, resta plenamente demonstrada nos relató rios
médicos juntados.
No tocante ao item 2, tal requisito está plenamente demonstrado na declaraçã o de
hipossuficiência (documento em anexo)
Em relaçã o ao item 3, o medicamento Canabidiol tem sua comercializaçã o autorizada no
Brasil por intermédio da Resoluçã o RDC nº 17, de 06 de maio de 2015.
Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) já expediu para o
Impetrante a autorização de importação do medicamento ora pleiteado.
(Documentaçã o em anexo).
b) Do direito líquido e certo:
Estabelece o artigo 6º da Constituiçã o Federal:
“Sã o direitos sociais a educaçã o, a saúde, a alimentaçã o, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteçã o à maternidade e à infâ ncia,
a assistência aos desamparados, na forma desta Constituiçã o.” (original sem negrito)
O referido dispositivo visa resguardar o direito à saú de, elevando à categoria de direitos
sociais fundamentais e impondo ao Estado a obrigaçã o de zelar pela saú de dos cidadã os,
por meio de políticas pú blicas, e implementar normas e açõ es destinadas à concretizaçã o
deste direito.
No mesmo diapasã o é a norma inscrita no artigo 196, da Constituiçã o Federal:
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econô micas que visem à reduçã o do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitá rio à s açõ es e serviços para sua promoçã o, proteçã o e recuperaçã o.”
(original sem negrito)
Nestes termos, a saú de é um direito social e fundamental, de modo que o Estado deve
prover as condiçõ es indispensá veis ao seu pleno exercício, disponibilizando serviços de
saú de adequados, eficientes e seguros, inclusive o adequado fornecimento de
medicamentos.
É consoante o entendimento deste Egrégio Tribunal:
“MANDADO DE SEGURANÇA ORIGINÁ RIO. GARANTIA CONSTITUCIONAL À SAÚDE DA
CRIANÇA E ADOLESCENTE. TRATAMENTO DE EPILEPSIA À BASE DE CANABIDIOL.
REAL SCIENTIFIC HEMP OIL (CANABIDIOL). AUSÊ NCIA DE REGISTRO DO MEDICAMENTO
NA ANVISA. AUTORIZAÇÃO DE IMPORTAÇÃO OBTIDA NO Ó RGÃ O FEDERAL
COMPETENTE COM PRAZO DE VALIDADE POR UM ANO. APLICAÇÃ O DA SÚ MULA 35 DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁ S. 1. O conjunto probató rio dos autos
demonstra nã o apenas a indispensabilidade do tratamento prescrito à paciente, menor e
substituída processualmente pelo Ministério Pú blico, mas, também, de que o tratamento
médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado, porquanto
responsabilidade solidá ria dos entes federados. 2. No caso da substituída, as provas pré-
constituídas revelam que apresenta quadro de encefalopatia epilética, com crises epiléticas
tô nicas associadas a um atraso global do desenvolvimento, ataxia global e deficiência
intelectual grave (CID G 40.8), fazendo-se necessá rio o uso do medicamento denominado
Real Scientific Hemp Oil (Canabidiol), conforme receita médica constante dos autos. Trata-
se de medicamento nã o registrado pela Agência Nacional de Vigilâ ncia Sanitá ria (ANVISA).
3. O remédio exige autorizaçã o especial da Agência Nacional de Vigilâ ncia Sanitá ria
(ANVISA), por meio do Ofício 38/2017 COCI/GPCON/GGMON/DIMON/ANVISA, permitindo
que a substituída importe, de forma excepcional, produto à base de Canabidiol, em
associaçã o com outros canabinó ides, com validade de um ano. 4. No julgamento do recurso
especial repetitivo 1657156, tema 106, Relator o eminente Ministro Benedito Gonçalves,
decidiu o Superior Tribunal de Justiça que a concessã o dos medicamentos nã o
incorporados em atos normativos do Sistema Ú nico de Saú de exige a presença cumulativa
dos seguintes requisitos: comprovaçã o, por meio de laudo médico fundamentado e
circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou
necessidade do medicamento, assim como da ineficá cia, para o tratamento da moléstia, dos
fá rmacos fornecidos pelo Sistema Ú nico de Saú de; incapacidade financeira de arcar com o
custo do medicamento prescrito; e existência de registro na Agência Nacional de Vigilâ ncia
Sanitá ria do medicamento. A Corte modulou os efeitos da decisã o, exigível a tese para os
processos que forem distribuídos a partir da conclusã o do presente julgamento, que
ocorreu em 25 de abril de 2018. Nã o se aplica a tese do precedente obrigató rio porque a
petiçã o inicial da impetraçã o foi distribuída em 28 de abril de 2017. 5. A Sú mula 35 do
Tribunal de Justiça do Estado de Goiá s prescreve que é dever da Uniã o, do Estado e dos
Municípios, solidariamente, o fornecimento ao cidadã o, sem ô nus para este, de
medicamente essencial ao tratamento de moléstia grave, ainda que nã o previsto em lista
oficial do Sistema Ú nico de Saú de. ORDEM CONCEDIDA. (TJGO, Mandado de Segurança (L.
8069/90) 5127236-28.2017.8.09.0000, Rel. ORLOFF NEVES ROCHA, 1ª Câ mara Cível,
julgado em 08/05/2019, DJe de 08/05/2019).” (original sem negrito)
Sob outro prisma, A Lei nº 8.080/90, no pará grafo 1º do artigo 2º e artigos 4º e 6º, prevê
que o Poder Pú blico deverá fornecer assistência integral, inclusive farmacêutica:
“§ 1º O dever do Estado de garantir a saú de consiste na formulaçã o e execuçã o de políticas
econô micas e sociais que visem à reduçã o de riscos de doenças e de outros agravos e no
estabelecimento de condiçõ es que assegurem acesso universal e igualitá rio à s açõ es e aos
serviços para a sua promoçã o, proteçã o e recuperaçã o.
(...)
Art. 4º O conjunto de açõ es e serviços de saú de, prestados por ó rgã os e instituiçõ es
pú blicas federais, estaduais e municipais, da Administraçã o direta e indireta e das
fundaçõ es mantidas pelo Poder Pú blico, constitui o Sistema Ú nico de Saú de (SUS).
(...)
Art. 6º Estã o incluídas ainda no campo de atuaçã o do Sistema Ú nico de Saú de (SUS):
I - a execuçã o de açõ es:
(...)
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
(...)”
Dito isto, é importante frisar a determinaçã o do artigo 1º, da Lei 12.016/09:
“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, nã o
amparado por habeas corpus ou habeas data” (original sem negrito)
Ora, Excelência, o direito líquido e certo do Impetrante está mais do que demonstrado
através da extensa argumentaçã o de fato e de direito apresentada em linhas pretéritas,
bem como da vasta documentaçã o acostada aos autos.
Ainda, o impetrante apresentou prova incontestá vel do ato ilegal da Autoridade Coatora,
por meio do indeferimento do pedido administrativo junto à Secretaria de Saú de no que
tange à solicitaçã o do medicamento necessá rio à manutençã o da saú de do Impetrante.
Portanto, a concessã o do referido writ é medida imperiosa, que se faz necessá ria no caso
em concreto, como sucedâ neo da mais lídima Justiça, o que desde já requer.
V – DA TUTELA DE URGÊNCIA:
Estabelece o artigo 300 do Có digo de Processo Civil:
“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.”
(original sem negrito)
O referido dispositivo visa resguardar o direito do Impetrante, quando houver perigo de
dano (evidente no caso em tela), risco ao resultado do processo ou, seja prová vel o direito,
o que facilmente se verifica no caso em deslinde, mediante a documentaçã o em anexo,
como resultado de uma decisã o manifestamente ilegal da Autoridade Coatora que indeferiu
o pedido administrativo para fornecer o medicamento ora pleiteado (mencionar aqui o
medicamento prescrito na receita).
A probabilidade do direito está evidenciada nã o somente pela farta documentaçã o em
anexo, mas, também pelos argumentos de fato e de direito alegados pelo Impetrante,
assegurados tanto pela Constituiçã o Federal, quanto pela legislaçã o ordiná ria que
embasam o entendimento jurisprudencial apresentado.
O risco ao resultado útil do processo e o perigo de dano estã o demonstrados pelo
evidente agravamento do estado clínico do Impetrante que será causado pela demora do
provimento jurisdicional, em vista da comprovada necessidade de utilizaçã o do
medicamento, cujo alto custo torna inacessível o tratamento do Impetrante.
Portanto, estã o presentes os requisitos para a concessã o da Tutela de Urgência ora
pleiteada, o que requer antecipadamente.
VI – DOS PEDIDOS:
Diante o exposto, requer:
i. A concessã o dos benefícios da Justiça Gratuita, por nã o ter o Impetrante condiçõ es de
arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu sustento;
ii. A Concessã o da Tutela de Urgência, inaudita altera pars, para obrigar a Autoridade
Coatora a fornecer imediatamente o medicamento CBD Carmens Kids 3.000mg/30ml
na quantidade prescrita (12 vidros para 1 ano), conforme receita em anexo;
iii. A notificaçã o da Autoridade Coatora para prestar as devidas informaçõ es, no prazo
legal;
iv. A intimaçã o do representante do Ministério Pú blico;
v. A concessã o integral do Mandado de Segurança para que seja fornecido o
medicamento prescrito no receituá rio médico de forma definitiva;
vi. Dá – se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).
Local, data.
ADVOGADO
OAB______

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