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Carlos Augusto M.

Pingarilho
OAB/AP 1168-B

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO


ESPECIAL SUL DA COMARCA DE MACAPÁ-AP

MARIA LEURIMAR DE AGUIAR PONTES, brasileira, viúva, portadora do RG


sob o nº 519065 e do CPF143.955.922-87, com endereço na rua Paraná,1646
G, Santa Rita ,CEP 68900-00 na cidade de Macapá – AP, vem através do seu
procurador, perante V.Exa., ajuizar AÇÃO DE COBRANÇA DE
INDENIZAÇÃO DE SEGURO DE VIDA em desfavor ZURICH SANTANDER
BRASIL SEGUROS S.A, Seguradora, sob a inscrição no CNPJ nº
06.136.920/0001-18,com sede na presidente Juscelino Kubitscheck,nº2041 e
2235 no 22º andar –CEP 04543-11-Vila Olímpia, pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos:

1. DOS FATOS

A REQUERENTE firmou contrato de proposta-vida proteção exclusiva


sob nº 00950581184, produto: 57 1075 com a REQUERIDA seguradora sob a
estipulante do Banco Santander, com os seguintes dados da referida
proposta:

 Nº de apólice 3422
 Nº certificado: 17078269
 Agencia: 7051/0000
 Ramo: Vida em grupo

Tendo como seus beneficiários o seu esposo FRANCISCO SOUZA


PONTES e seus quatro filhos e no período da aquisição do seguro de vida a

Av. Caramurú, 1293-A, B. Buritizal, Macapá-AP


Cel: 96 99118-1485
E-Mail: Pingarilho.adv.medeiros@hotmail.com
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RECLAMADA não repassou cópia dos contratos para que a REQUERENTE


ficasse ciente da cobertura e do capital segurado e das respectivas datas.

Refere que, considerando que seu marido faleceu dia 25/09/2012,


consoante certidão de óbito inclusa nos autos, dia 23/11/2017 a
REQUERENTE dirigiu-se a demandada para solicitar o cancelamento do
seguro e ficou ciente APENAS neste dia, que tem por direito de receber a
cobertura por morte do cônjuge do segurado principal, conforme a cópia da
proposta em anexo, qual recebeu apenas neste dia.

  A RECLAMANTE tão logo que soube dia 23/11/2017 da sua condição


de beneficiária, promoveu os atos necessários a receber a indenização e fez a
requisição do pagamento da indenização securitária, e no dia 11/ 12/2017 a
REQUERENTE foi comunicada através de uma carta sob o aviso n. ID 93-
129520, para tanto a solicitação não foi atendida, sob o argumento de que
estava prescrito seu direito ao recebimento do valor .

Pois bem, Excelência a REQUERENTE não sabia dos seus direitos


como segurada da proposta em razão da ausência de contrato e
esclarecimentos sobre os seguros, pois, o plano era descontado diretamente
em sua conta corrente conforme os extratos, neste caso, é de dez anos a
prescrição e se inicia com a negativa da seguradora quanto ao pagamento do
valor.
Importante ressalta que a RECLAMANTE jamais deixaria de exercitar
seu direito ao recebimento do valor por mera desídia ou renuncia tácita à
indenização securitária. Tratou-se, mesmo, de ignorância quanto à sua
condição de beneficiária.

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Contudo, a REQUERIDA até o momento não efetivou o pagamento da


indenização securitária a requerente. Em razão disso propõem a presente
ação, através da qual pugna a procedência dos pedidos para condenar a
demandada ao pagamento do valor da indenização securitária
citada, e conforme extrato bancário até em 05/12/2017 o pagamento da
mensalidade do seguro continuou sendo descontado mensalmente da conta
bancária da requerente.

2. DO DIREITO

2-1 PRETENSÃO E PRESCRIÇÃO/ CIÊNCIA DO FATO GERADOR


VIOLAÇÃO DO DIREITO-NEGATIVA DE COBERTURA.

A matéria prescricional está regulada nos arts. 189 a 206 do Código


Civil. É introduzida pelo art. 189 no seguinte teor:
Art. 189.

Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se


extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts.
205 e 206.

Pois, a prescrição somente passa a correr quando nasce a pretensão,


nos exatos termos do art. 189 do Código Civil, ao estabelecer que "violado o
direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição,
nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206 § 1°, II, "b", e § 3°, IX.

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei


não lhe haja fixado prazo menor. (GRIFO NOSSO)

Art. 206. Prescreve:

§ 1o Em um ano:I - a pretensão dos hospedeiros ou


fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio
estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos
alimentos;II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a
deste contra aquele, contado o prazo:

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a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade


civil, da data em que é citado para responder à ação de
indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que
a este indeniza, com a anuência do segurador;

b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador


da pretensão;(grifo nosso)

§ 3o Em três anos: IX - a pretensão do beneficiário contra o


segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de
responsabilidade civil obrigatório.

E o termo inicial do prazo prescricional não é a data da ciência


do sinistro, mas, sim, a data da "ciência do fato gerador da pretensão", sendo
certo que o fato gerador da pretensão é recusa da seguradora em pagar a
indenização, pois a pretensão só surge quando da violação do direito do
segurado, e o fato que caracteriza a violação é o inadimplemento da obrigação
de indenizar. Tendo em vista que a prescrição ocorre em dez anos, neste
sentindo ainda está dentro do prazo conforme as datas:

 Data do sinistro: 25/09/2012


 Data do conhecimento do direito pelo seguro: 23/11/2017
 Data do aviso sobre a recusa do pagamento da Reclamada :11/
12/2017

Excelência, pois, neste caso trata-se de ação indenização securitária por


meio da qual pretende a demandante receber valor de seguro que mantinha
com RECLAMADA.

Sendo que a RECLAMANTE é beneficiária de seguro de vida em grupo,


em face do falecimento de seu marido e que, quando instou a demandada ao
pagamento do valor (porque seu marido faleceu em 25/09/2012), recebeu
negativa de cobertura, sob o argumento de que a pretensão estava prescrita.

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Nos termos de caudalosa jurisprudência, o prazo prescricional, para a


pretensão de receber indenização securitária, inicia-se da negativa da
seguradora em promover o seu pagamento. Veja-se o que diz ela:

PRELIMINAR. PRESCRIÇÃO. INÍCIO DO PRAZO A PARTIR


DA CIÊNCIA DO AUTOR DA NEGATIVA DO PAGAMENTO
DO SEGURO. IMPOSSIBILIDADE DE APONTAR O TERMO
INICIAL. PREJUDICIAL AFASTADA.
"Nas ações em que se discute o pagamento de indenização de
seguro, o prazo prescricional começa a fluir do momento em
que o beneficiário toma ciência inequívoca (expressa) por parte
da seguradora de que não fará jus à indenização. A contar
desta data interpreta-se o fato (ciência) como termo inicial do
prazo previsto no artigo 178, § 6°, inciso II, do Código Civil" (AC
nº 2008.064670-7, rel. Des. Joel Dias Figueira Júnior, DJ de
25.09.2009) (Apelação Cível nº 2010.079284-3, de Criciúma,
rel. Des. Carlos Prudêncio).

Para Humberto Theodoro Junior, "para haver prescrição é necessário


que (...) surja, então, a pretensão, como consequência da violação do direito
subjetivo, isto é, nasça o poder de exigir a prestação pelas vias judiciais"
(Comentários ao novo Código Civil. Coordenador: Sálvio de Figueiredo
Teixeira. Rio de Janeiro: Forense, v. III, 1. ed., 2003, p.154).É que, são os
requisitos para a prescrição:

"1º - existência de uma ação exercitável (actio nata); 2º - inércia


do titular da ação pelo seu não exercício; 3º - continuidade
dessa inércia durante um certo lapso de tempo; 4º - ausência
de algum fato ou ato, que a lei atribua eficácia impeditiva,
suspensiva ou interruptiva do curso prescricional" (ALVIM,
Pedro. O Contrato de Seguro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1986. p. 503).

No caso dos autos, a negativa da seguradora se deu em 11.12.2017.


Desta forma, este é o marco inicial da prescrição para a pretensão posta em
juízo, não a morte do cônjuge da demandante.

No caso do seguro, a pretensão nasce com a negativa da seguradora


em efetuar o pagamento da indenização, porque só a partir deste evento social

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se pode falar em direito violado. Se o direito violado é que faz nascer a


pretensão, no caso de seguro, não é a morte do segurado que dá nascimento à
pretensão, mas, sim, o inadimplemento da obrigação de indenizar, por parte da
seguradora. É o "fato gerador da pretensão", de que fala o art. 206, § 1º, II, 'b',
do CC/2002.

Pois, o (fato gerador = violação do direito = negativa de cobertura), e é a


comunicação da seguradora que dá ciência desse fato ao segurado. Segue
mais uma jurisprudência quanto a este sentindo de afastamento da prescrição
alegada pela RECLAMADA.

EMENTA: SEGURO DE VIDA EM GRUPO. PRESCRIÇÃO.


ART. 206, § 1º, II, 'A', DO CÓDIGO CIVIL DE 2002.
NASCIMENTO DA PRETENSÃO. VIOLAÇÃO DO DIREITO.
NEGATIVA DE COBERTURA. CIÊNCIA DO FATO GERADOR.
EXEGESE DO ART. 189 CC/2002. No caso do seguro, a
pretensão nasce com a negativa da seguradora em efetuar o
pagamento da indenização, porque só a partir deste evento
social se pode falar em direito violado. Se o direito violado é
que faz nascer a pretensão, no caso de seguro, não é a morte
do segurado que dá nascimento à pretensão, mas, sim, o
inadimplemento da obrigação de indenizar, por parte da
seguradora. É o "fato gerador da pretensão", de que fala o art.
206, § 1º, II, 'b', do CC/2002. É de um ano a prescrição da
pretensão de obter cobertura securitária, do segurado para com
o segurador, a contar da negativa da cobertura. Acórdão:
Apelação Cível n. 2012.024856-6, deita pema. Relator: Des.
Gilberto Gomes de Oliveira. Data da decisão:
05.07.2012.CONCLUSÃO
O voto é para manter a sentença, embora por fundamentos
diversos. Portanto: a) afasto a alegação de prescrição porque
aplicável o art. 206, § 1º, II, 'b' do CC/2002, cujo prazo
prescricional foi detonado com a negativa da seguradora; b)
não conheço da parte do recurso que ataca a aplicação da
prescrição quinqüenal do CDC, porque o Juiz não a utilizou a
sentença; c) mantenho a condenação.

Entretanto, no que tange à demarcação do prazo prescricional, o que


está em questão é o poder de agir em juízo, a partir de uma pretensão

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insatisfeita ou, na locução legal, de um "direito violado", e é Humberto


Theodoro Jr. que esclarece:

"para haver prescrição é necessário que (...) surja, então,


a pretensão, como consequência da violação do direito
subjetivo, isto é, nasça o poder de exigir a prestação pelas vias
judiciais." [03] (grifamos).

E, diante da NEGATIVA DE COBERTURA para a reclamante não


restou alternativa à RECLAMADA, senão recorrer ao Poder Judiciário, no
sentido de ver o seu direito satisfeito com o pagamento do capital segurado.

2-2 DA APLICAÇÃO DO  CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

De início, impende ressaltar que o caso é típico de relação de


consumo, por se tratar de serviço oferecido e fornecido, mediante
remuneração, no mercado de consumo, destinado a pessoas físicas e
jurídicas, senão, vejamos o disposto nos artigos 2.º e 3.º do Código de Defesa
do Consumidor, in verbis:

“Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que


adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas
relações de consumo.”

“Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.”
“§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou
imaterial.”

“§ 2º SERVIÇO É QUALQUER ATIVIDADE FORNECIDA NO


MERCADO DE CONSUMO, mediante remuneração, inclusive
as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”

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Outrossim, o negócio jurídico firmado pelas partes efetivou-se através


de contrato de adesão, cujas cláusulas são previamente estabelecidas pela
seguradora, em nada opinando o segurado ou o beneficiário. Assim sendo,
deve-se incidir à espécie as disposições do Código de Defesa do Consumidor .

Com esse postulado o Código de Defesa do Consumidor consegue


abarcar todos os fornecedores de produtos ou serviços – sejam eles pessoas
físicas ou jurídicas – ficando evidente que devem responder por quaisquer
espécies de danos, porventura, causados aos seus tomadores.

Com isso, fica espontâneo o vislumbre da responsabilização da


Requerida sob a égide da Lei nº 8.078/90, visto que se tratam de fornecedores
de serviços que, independentemente de culpa, causaram danos efetivos a
consumidora.

2.3 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Tendo em vista a verossimilhança das alegações, conforme


documentos acostados à presente inicial, bem como a inegável
hipossuficiência técnica e a vulnerabilidade da consumidora, mister se faz que
Vossa Excelência se digne em decretar a inversão do ônus da prova,
exonerando a parte autora de provar os fatos constitutivos de seu direito, com
fulcro na norma posto no inciso VIII, do artigo 6.º, do Diploma Consumerista.

O requerimento ainda encontra respaldo em diversos estatutos de nosso


ordenamento jurídico, a exemplo do Código Civil, que evidenciam a pertinência
do pedido de reparação de danos.

Além disso, segundo o Princípio da Isonomia, todos devem ser tratados


de forma igual perante a lei, mas sempre na medida de sua desigualdade. Ou
seja, no caso ora debatido, a Requerente, realmente, deve receber a

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supracitada inversão, visto que se encontra em estado de hipossuficiência,


uma vez que disputa a lide com duas empresas de grande porte, que possui
maior facilidade em produzir as provas necessárias para a cognição do
Excelentíssimo magistrado.

2.4 DO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA

Não pode subsistir a negativa da seguradora em pagar indenização


securitária a REQUERENTE no valor de R$ 15.055,98(QUINZE MIL REAIS E
CINQUENTA E CINCO REAIS E NOVENA E OITO CENTAVOS),
condicionando o seu pagamento que não se enquadra no condições gerais do
Seguro.
Tendo em vista que a requerente tomou conhecimento apenas no dia
23/11/2017 as 15:24:11, CONFORME o anexo da proposta. Ora, o contrato
firmado entre as partes prevê, especificadamente, a cobertura do sinistro por
MORTE DE CONJUGE DO SEGURADO PRINCIPAL e não especificar datas
para buscar o capital segurado.

Logo, a exigência é inócua e desproporcional, tendo em vista que a


requerente já comprovaram de forma cabal através de documentos que o de
cujus  faleceu e era beneficiário do plano seguro de vida.

Até porque, o contrato de seguro tem o objetivo de garantir o


pagamento de indenização para a hipótese de ocorrer à condição suspensiva,
consubstanciada no evento danoso previsto contratualmente, cuja obrigação
do segurado é o pagamento do prêmio devido e de prestar as
informações necessárias para a avaliação do risco. Em contrapartida a
seguradora deve informar as garantias dadas e pagar a indenização
devida no lapso de tempo estipulado , a teor do artigo 757 do Código
Civil, in verbis:

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“Art. 757.Pelo contrato de seguro, o segurador se


obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir
interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a
coisa, contra riscos predeterminados”.

E nesse sentido, colaciona-se os seguintes julgados do Egrégio TJ/RS:

Processo N:70068745256Inteiro Teor:dochtml


Órgão Julgador:Quinta Câmara Cível Tipo de
Processo:Apelação Cível Comarca de
Origem:Comarca de Porto Alegre Tribunal:Tribunal
de Justiça do RS Seção:CIVEL Classe
CNJ:Apelação
Assunto CNJ:Seguro Relator:Jorge Luiz Lopes do
Canto Decisão:Acórdã.
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE
COBRANÇA.  SEGURO DE VIDA. PROVA DA
CONTRATAÇÃO. PAGAMENTO DO PRÊMIO.
SINISTRO. MORTE NATURAL.
INDENIZAÇÃODEVIDA DE ACORDO COM O
PACTUADO.
APELAÇÃO CÍVEL. SEGURO DE VIDA. MORTE DO
SEGURADO. NEGATIVA DE COBERTURA
SECURITÁRIA. ALEGAÇÃO DE DOENÇA
PREEXISTENTE E MÁ-FÉ DO
SEGURADO. ACEITAÇÃO DA PROPOSTA SEM A
REALIZAÇÃO DE EXAMES PRÉVIOS. ASSUNÇÃO
DO RISCO PELA SEGURADORA. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DE MÁ-FÉ POR PARTE DO
SEGURADO.INDENIZAÇÃO DEVIDA. NEGARAM
PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. (Apelação
Cível Nº 70058478611, Sexta Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Luís Augusto Coelho
Braga, Julgado em 08/05/2014)

Não há como tratar do seguro, sem automaticamente emergir a ideia


subjacente da boa-fé objetiva. Esse princípio geral é inerente ao contrato em
todas as suas fases e é igualmente considerado para as partes contratantes e
para as intervenientes, sem exceção.

O art. 765, do CC/2002, expressa o dever-anexo da boa-fé objetiva na


fase pré-contratual, abrangendo as duas partes contratantes: o segurado e o
segurador são obrigados a guardar, na conclusão e na execução do contrato,

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a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das


circunstâncias e declarações a ele concernentes.

Cumpre ainda dizer que os documentos juntados, demonstram


indubitavelmente que a segurada ficou sabendo APENAS NO DIA 23/11/2017
QUE FOI CANCELAR O SEGURO, sobre o direito de receber o capital
segurado POR MORTE DE CONJUGE, e este nitidamente comprovado que a
reclamada agiu de má-fé, por justamente não ter prestados os devidos
esclarecimentos e a cópia do contrato a segurada.

Dessa forma, requer desde já a procedência da ação para condenar a


requerida a pagamento a requerente no valor correspondente a indenização
securitária na monta de R$ 15.055,98(QUINZE MIL REAIS E CINQUENTA E
CINCO REAIS E NOVENA E OITO CENTAVOS), a qual as mesmas fazem
jus por direito, devidamente corrigido monetariamente pelo IGPM-FGV desde
a data do sinistro (25/09/2012) e acrescido de juros de mora de 1% ao mês a
contar da citação.

Resultado da Correção pelo IGP-M (FGV)

Dados básicos da correção pelo IGP-M (FGV)

Dados informados

Data inicial 09/2012

Data final 11/2017

Valor nominal R$   15.055,98   ( REAL )

Dados calculados

Índice de correção no período 1,2991219

Valor percentual
29,9121900 %
correspondente

Valor corrigido na data final R$   19.559,55   ( REAL )

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2.4 DO DANO MORAL

Da situação narrada na presente peça é possível vislumbrar que foram


ocasionados transtornos e frustrações à parte REQUERENTE. Esta teve seu
direito a receber a indenização securitária a qual fazem jus por direito junto a
companhia seguradora frustrada, do que decorreu, em dano moral.

Apesar da REQUERENTE ter tido a ciência apenas no dia 23/11/2017


e apresentado todos os documentos necessários a seguradora, a
REQUERIDA, lhe informou que não efetuará o pagamento do seguro,
obrigando a recorrer ao Judiciário para ver satisfeito o seu direito.

Trata-se, evidentemente, de descumprimento contratual que, tem o


condão de, por si só, gerar lesão à personalidade de modo a ensejar danos
morais. Assim, incontroverso a negativa da seguradora, tal fato constitui
motivo bastante à configuração de lesão a atributo da personalidade.

Até porque, vislumbra-se agressão aos elementos formativos da ideia


do dano moral. Na medida em que os valores espirituais da parte autora
foram agredidos o que torna possível o acolhimento da pretensão.

Isso porque a reparação por dano moral deve envolver,


necessariamente, a ideia de uma compensação pela agressão a valores tais
como paz, tranquilidade de espírito, liberdade, direitos de personalidade,
valores afetivos, sendo justamente esse o caso dos autos.

Ademais, o dano moral, está assegurado na Constituição Federal,


cabendo, portanto, ser aplicado no presente feito, eis que em decorrência
deste incidente, a REQUERENTE está sendo submetida a um forte abalo

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emocional novamente causando-lhe imensurável dor e mais sofrimento,


sendo o suficiente para ensejar danos morais.

Pois a REQUERENTE já forneceu todos os documentos necessários a


seguradora, o que demonstra nitidamente a má-fé da REQUERIDA,
impedindo que as autora receba a indenização securitária a qual fazem jus
por direito e pagou.

Os efeitos dos danos suportado pela requerente, por sua gravidade,


exorbitam o aborrecimento diário, atingindo a dignidade da requerente, sendo
cabível, portanto, a postulação da condenação à indenização por dano
moral in re ipsa, caracterizado pela negativa da requerida em pagarem às
autora a indenização securitária a qual faz jus por direito.

Assim, configurado está o dano moral da autora, uma vez que houve
abalo emocional a ensejar a indenização. Haja vista que as autora ficou
sabendo do seu direito apenas no dia do cancelamento e no mesmo dia fez a
pretensão e apresentou todos os documentos necessários que comprovam a
morte do segurado.

Além disso, a Constituição Federal de 1988 preceitua em seu artigo 5º,


inciso X, que:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
X - São invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas,

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assegurado o direito à indenização pelo dano


material ou moral decorrente de sua
violação;"

Desta forma, a requerida, ao cometer tal imprudência, afrontaram


confessada e conscientemente o texto constitucional acima transcrito,
devendo, por isso, serem condenadas à respectiva indenização pelo dano
moral sofrido pelas requerentes.

Diante do acima narrado, fica claramente demonstrado o dano moral


sofrido pela autora.

O ilustre jurista Rui Stoco, em sua obra Responsabilidade Civil e sua


Interpretação Judicial (4 ed. Ver. Atual. E ampl. Editora RT, p..59), nos traz
que: “A noção de responsabilidade é a necessidade que existe de
responsabilizar alguém por seus atos danosos”.

A única conclusão a que se pode chegar é a de que a reparabilidade do


dano moral puro não mais se questiona no direito brasileiro, porquanto uma
série de dispositivos, constitucionais e infraconstitucionais, garantem sua
tutela legal.

À luz do artigo 186 do Código Civil, “aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

Para que se caracterize o dano moral, é imprescindível que haja:

a) ato ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência;

b) ocorrência de um dano de ordem patrimonial ou moral;

c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.

Evidente, pois, que devem ser acolhidos os danos morais suportados,


visto que, em razão de tais fatos, decorrentes da culpa única e exclusiva da
REQUERIDA, a requerente teve a sua personalidade afligida, a paz de
espírito e a tranquilidade da demandante e a sua insatisfação com a negativa

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no pagamento da indenização securitária a que fazem jus, ensejam a


reparação do dano.

Preconiza o Art. 927 do Código Civil, in verbis:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a


outrem, fica obrigado  a repará-lo”.

Com efeito, o Código de Defesa do Consumidor (lei nº. 8.078/90)


também prevê o dever de reparação em seu art. 6º, incisos VI e VII:

“VI  –  a efetiva prevenção e reparação de danos


patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos;
VII  –  o acesso aos órgãos judiciários e
administrativos com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
proteção jurídica, administrativa e  técnicas aos
necessitados”.

Não se pode deixar de favorecer compensações psicológicas ao


ofendido moral que, obtendo a legítima reparação satisfatória, poderá,
porventura, ter os meios ao seu alcance de encontrar substitutivos, ou alívios,
ainda que incompletos, para o sofrimento.

Para tanto, o valor a ser arbitrado não pode ser meramente simbólico,
ou seja, num patamar tão insignificante que não represente agravo ao agente
lesante, notadamente, quando cometido por instituições financeiras que
possuem grande porte econômico (função punitiva), além disso, a
responsabilização deve dissuadir o responsável pelo dano a cometer
novamente as mesmas modalidades de violações e prevenir que outra
pessoa pratique ilícito semelhante (função dissuasória ou preventiva), sugere-

Av. Caramurú, 1293-A, B. Buritizal, Macapá-AP


Cel: 96 99118-1485
E-Mail: Pingarilho.adv.medeiros@hotmail.com
Carlos Augusto M.Pingarilho
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se, portanto, a fixação do quantum no montante de R$ 10.000,00 (dez mil


reais).

3. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:

1. A citação da requerida para audiência de conciliação instrução e


julgamento, alertados de que sua ausência ensejará a revelia;
2. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidas, sem exceção de nenhum, em especial pela juntada de
documentos, depoimento pessoal da requerida, de testemunhas,
perícias e demais meios que se fizerem necessários.
3. Requer a inversão do ônus da prova de acordo com o inciso VIII do
artigo 6º da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa
do Consumidor). Determinando a requerida que tragam aos autos todos
os documentos relativos ao presente feito, sob pena de revelia e
confissão ficta quanto à matéria;
4.  A  TOTAL PROCEDÊNCIA  da ação, para o fim de condenar a
Demandada ao pagamento: R$19.559,55 (dezenove mil reais e
quinhentos e cinquenta e nove reais e cinquenta e cinco reais) e
acrescido de juros de mora de 1% ao mês a contar da citação.

1. Requer a cópia dos contratos devidamente assinados.


2.  Indenização por danos morais,  no valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais) para cada uma das autoras, considerando a situação
apresentada na presente peça processual que confirma a
responsabilidade da Demandada e o direito da Demandante em ser
indenizada.

Dá-se à causa o valor R$ 29.559,55 (vinte e nove mil reais e quinhentos e


cinquenta e nove reais e cinquenta e cinco reais) acrescido de mora de 1 %
ao mês a contar da citação.

Nestes termos,

Av. Caramurú, 1293-A, B. Buritizal, Macapá-AP


Cel: 96 99118-1485
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Carlos Augusto M.Pingarilho
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Pede deferimento.

Carlos Augusto Medeiros Pingarilho

OAB 1075AP

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