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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO PRESIDENTE DOI 11º CSJE

CONSUMIDOR MATUTINO DE SALVADOR - BAHIA

Processo n. 0138785-89.2021.8.05.0001

GRAMADO PARKS INVESTIMENTOS E INTERMEDIAÇÕES S.A.,


inscrita no CNPJ/MF sob o nº 00.369.161/0001-57, com endereço na Rua Santa Maria, n.
193, sala 01, Bairro Carniel, na cidade da Gramado/RS, vem, por seus procuradores
signatários, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar

CONTESTAÇÃO

A Ação de Rescisão Contratual e Restituição dos Valores Pagos


c/c Reparação de Danos Morais c/c Pedido Liminar, movida por KEILA ALININE OLIVEIRA
ARAÚJO, já devidamente qualificada, dizendo e requerendo o que segue:

I – DOS FATOS

Trata-se de Ação de Rescisão Contratual e Restituição dos


Valores Pagos c/c Reparação de Danos Morais c/c Pedido Liminar, através da qual a
Requerente narra que, em 18 de julho de 2021, firmou contrato GVI 81745, através do qual
adquiriu uma fração imobiliária do empreendimento Gramado Buona Vitta Resort Spa, pelo
valor total de R$ 86.900,00 (oitenta e seis mil e novecentos reais), a serem pagos através de
uma entrada no valor de R$ 10.947,50 (dez mil, novecentos e quarenta e sete reais e
cinquenta centavos), e o saldo, no valor de R$ 75.952,50 (setenta e cinco mil, novecentos e
cinquenta e dois reais e cinquenta centavos), a ser pago em 78 (setenta e oito) parcelas

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Rua Felisberto Soares, n. 55 – sala 409 - Canela/RS – 95680-000
(54) 3282.7407

Assinado eletronicamente por: RACHEL BROCK;


Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
mensais reajustáveis, no valor de R$ 973,75 (novecentos e setenta e três reais e setenta e
cinco centavos) cada uma.

Afirma que pleiteou a rescisão contratual por insatisfação e


insegurança, justificando o pedido sob o argumento de que a Requerida utiliza técnicas
agressivas de vendas, que as informações prestadas no momento da venda não foram
suficientes e, suscitando a incidência dos termos do Código de Defesa do Consumidor,
pleiteia a rescisão contratual, o afastamento da multa contratualmente prevista e a
condenação da Requerida ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$
10.000,00 (dez mil reais).

Os termos da petição inicial não deixam dúvidas no sentido de


que a Requerente recebeu cópia da integralidade dos instrumentos que firmou, bem como
todas as informações e esclarecimentos pertinentes para garantir que tivesse integral ciência
sobre os seus termos, o que se comprova pelo fato de que a referida documentação foi
acostada aos autos juntamente com a inicial.

Embora faça referência a supostas estratégias agressivas de


venda, não há dúvidas de que a Requerente recebeu todos os documentos que firmou e,
ciente da integralidade dos seus termos, não exerceu o direito de arrependimento, conforme
previsto pelo Código de Defesa do Consumidor. Gize-se, por oportuno, que os argumentos
relativos às estratégias agressivas de venda, falta de clareza e venda emocional são afastados
pelo fato de que tendo recebido cópia da integralidade dos documentos, a Requerente
manteve hígida a vontade que manifestou no momento em que firmou o contrato, tendo
inclusive pedido que fosse feito o seu cadastro com RCI.

Melhor sorte não merece a afirmação no sentido de que deve


ser caracterizada a venda casada, o que se comprova pelo fato de que afiliação ao Programa
de Férias RCI é um brinde oferecido pela Requerida.

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Quanto à suposta falta de informação no momento e a
afirmação de que lhe foram prometidos resultados financeiros, cumpre sinalar que o fato de
se tratar da venda de uma fração imobiliária no sistema de multipropriedade importa na
necessidade de esclarecer detalhadamente os consumidores sobre o sistema, tendo a
Requerida o cuidado de apresentar um check list, no qual constam informações importantes
do contrato, que devem ser rubricadas individualmente pelo adquirente, para que não
pairem dúvidas sobre a sua ciência, dentre as quais a que informa que a fração é para
utilização pelo adquirente e, caso ele opte por disponibilizá-la no pool do empreendimento,
há garantia de resultados financeiros:

As partes firmaram Contrato Particular de Promessa de Compra


e Venda de Unidades Imobiliárias, no Regime de Multipropriedade, que oferece inúmeras
vantagens ao consumidor, dentre as quais, a garantia de um imóvel para utilizar várias
semanas por ano, a inequívoca valorização da fração com a conclusão das obras do
empreendimento e a possibilidade de utilizar infraestrutura de alto nível, tudo por um valor
muito menor e com muito menos preocupação do que envolve a aquisição e manutenção
individual de um imóvel em outra cidade ou Estado, para utilização em poucos dias do ano.

Os termos do contrato demonstram que o adquirente receberá,


por meio de escritura definitiva, fração ideal do imóvel comercializado, com todos os direitos
dela decorrentes, podendo usar, gozar, fruir e dispor do imóvel adquirido, o que possibilita o
direito de locá-lo, a seu critério, mas respeitando as normas que regem a utilização de um
imóvel em condomínio, tudo conforme foi amplamente esclarecido ao Requerente e
conforme consta claramente na documentação que lhe foi mostrada, esclarecida e entregue
no ato de assinatura do contrato.
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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Os termos da petição inicial não deixam dúvidas no sentido de
que a Requerente recebeu cópia da integralidade dos instrumentos que firmou, bem como
todas as informações e esclarecimentos pertinentes para garantir que tivesse integral ciência
sobre os seus termos, o que se comprova pelo fato de que a referida documentação foi
acostada aos autos juntamente com a inicial.

Embora faça referências a supostas estratégias agressivas de


venda, não há dúvidas de que o Requerente recebeu todos os documentos que firmou e,
ciente da integralidade dos seus termos, reafirmou sua vontade ao solicitar o cadastro
perante a RCI e só questionou sobre as consequências do desfazimento do contrato em 25 de
agosto de 2021, mais de um mês após a data da assinatura do instrumento e de ter recebido
cópia da integralidade dos documentos.

É importante referir que, conforme será adiante demonstrado,


não obstante os termos da Lei 4.591/64, tratando-se de imóvel no sistema multipropriedade,
referida legislação deve ser analisada em conjunto com a definição e a natureza da
multipropriedade, bem como com sua legislação específica.

Ademais, a análise do contrato firmado entre as partes não


deixa dúvidas no sentido de que seus termos estão em consonância com o quanto disposto
na Lei 13.786, de 27 de dezembro de 2018, que expressamente definiu o percentual a ser
cobrado a título de multa, não havendo que se falar em abusividade, muito menos em
restituição integral e condenação ao pagamento de indenização por danos morais, tudo
conforme será adiante demonstrado.

O Requerente foi amplamente esclarecido sobre os termos do


contrato, recebeu a integralidade dos documentos que firmou, teve tempo para pensar,
analisar as cláusulas contratuais, para buscar assessoria, para exercer o seu direito de se

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arrepender no prazo de 07 (sete) dias e, mesmo assim, não manifestou intenção de desistir
do negócio no prazo que lhe é concedido pelo Código de Defesa do Consumidor.

A Requerida não descumpriu os termos do contrato ou praticou


qualquer ato que justificasse o pedido de rescisão após meses de regular cumprimento do
contrato e, não havendo qualquer nulidade ou abusividade, a rescisão deve ocorrer nos
termos em que contratualmente prevista, nos termos da Lei 13.786/18, com a realização do
pagamento da multa pelo Requerente.

A Requerida não se opõe à rescisão do contrato, mediante o


pagamento da multa prevista nos instrumentos para o caso de rescisão unilateral por
interesse do promitente comprador, que não pode ser afastada, nos termos da legislação,
seja pela inexistência de vício capaz de justificar a anulação do instrumento ou de suas
cláusulas, pela ausência de abuso, ou porque foi a Requerente quem pleiteou a rescisão
contratual.

Assim, conforme será adiante demonstrado, não há que se falar


na abusividade, falta de informação no momento da venda ou na existência de razões
capazes de justificar a nulidade do instrumento, o afastamento da multa contratualmente
prevista ou a anulação de cláusulas contratuais, devendo ser julgada totalmente
improcedente a presente demanda, tudo conforme será adiante cabalmente demonstrado.

II – DO DIREITO

Cumpre sinalar, inicialmente, que a Requerida não se opõe à


rescisão do contrato, mas não havendo que se falar em vício ou nulidade, a rescisão deve se
dar nos termos em que prevista no instrumento firmado pelas partes.

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Conforme será adiante demonstrado, não há nada nos autos
que justifique o afastamento ou a redução das multas contratualmente previstas,
especialmente considerando que, além de ter plena ciência dos termos dos contratos, ter
recebido a integralidade dos documentos firmados e não ser possível verificar qualquer
nulidade ou abusividade capazes de macular os instrumentos, os Requerentes efetuaram o
pagamento das parcelas durante anos antes de pleitear a rescisão contratual, que afirmam
decorrer exclusivamente do seu interesse pessoal, devendo ser julgada totalmente
improcedente a presente demanda, pelas razões e fundamentos abaixo referidos.

A – Da Inexistência de Vício de Vontade – Validade e Eficácia do Negócio Jurídico

A análise da narração dos fatos e dos documentos acostados


aos autos pelo Requerente demonstra, inicialmente, que ele recebeu todas as informações
necessárias e pertinentes à viabilizar ampla e prévia análise dos termos do contrato, inclusive
um check list detalhado sobre todas as cláusulas e condições, bem como que recebeu cópia
da integralidade dos documentos que firmou.

Restou comprovado, ainda, que o Requerente manteve hígida a


intenção que manifestou na oportunidade em que firmou o instrumento, tendo efetuado seu
cadastro na RCI para utilização do brinde e solicitado o cancelamento mais de um mês após a
data da assinatura do contrato.

A legislação confere o prazo de 07 (sete) dias para que o


consumidor se arrependa de negócios que lhe tenham sido ofertados fora do
estabelecimento comercial, conforme determina o artigo 49 do Código de Defesa do
Consumidor, justamente porque é um prazo mais do que suficiente para que o consumidor,
que recebeu a cópia de todos os instrumentos, tenha tempo de analisar a contratação e
verificar se não se deixou empolgar pelas circunstâncias.

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Estando demonstrado que o Requerente firmou o contrato por
sua livre, consciente e espontânea vontade, mantendo referida intenção por meses, resta
evidente que não estamos diante de nenhum vício de vontade que seja capaz de justificar a
nulidade dos contratos, mas da simples intenção do Requerente de rescindi-lo sem a
necessidade de arcar com os ônus contratuais da desistência injustificada.

Embora não se questione, portanto, o direito do Requerente de


buscar a rescisão do contrato, a mesma deve se operar nos termos em que prevista nos
instrumentos regularmente firmados por ambas as partes, se sujeitando à incidência das
penalidades contratualmente estipuladas, previstas nos exatos termos em que determinadas
pela Lei 13.786/18.

Nos termos em que acima demonstrado, portanto, a


contratação ocorreu regularmente e não há qualquer vício de vontade que seja capaz de
justificar a nulidade do contrato ou de determinadas cláusulas, especialmente considerando
que o Requerente, ciente da integralidade dos seus termos, optou por não utilizar da
prerrogativa conferida pelo artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor, tendo livremente
cumprido os termos por meses após a contratação, o que demonstra se tratar de
instrumento válido e plenamente eficaz.

B – Do Código de Defesa do Consumidor

Não se discute a incidência dos termos do Código de Defesa do


Consumidor ao contrato objeto desta demanda, mas, ao contrário do quanto exposto na
inicial, a contratação não violou a legislação consumerista.

Antes de qualquer outra consideração, necessário sinalar que o


simples fato de se tratar de contrato por adesão não significa que o instrumento tenha

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cláusulas abusivas, tampouco que os Requerentes não tenham sido suficientemente
esclarecido sobre a integralidade dos seus termos e tomado uma decisão livre e consciente
ou que não se possa exigir as multas sobre as quais os Requerentes tinham plena e
inequívoca ciência no momento em que firmou o instrumento. O contrato por adesão difere
do contrato de adesão justamente porque trata de um bem, produto ou serviço não
essencial e, embora o instrumento tenha cláusulas padrão, o consumidor tem plena
liberdade de escolher pela não contratação.

No caso dos autos, é importante considerar, ainda, que embora


se esteja diante de um Contrato de Promessa de Compra e Venda, não se trata da aquisição
de um imóvel residencial, no qual o adquirente é inquestionavelmente o seu destinatário
final, mas da aquisição de uma fração de imóvel, administrado no sistema de hotel, em que o
adquirente visa a utilização com intuito de lazer e a disponibilização do imóvel no pool
hoteleiro, em contrapartida do recebimento do valor das diárias, situação que o afasta da
condição de destinatário final do bem, nos termos em que tem entendido a jurisprudência
Pátria, verbo ad verbum:

1023056-75.2019.8.26.0100
Classe/Assunto: Apelação Cível / Promessa de Compra e Venda
Relator(a): Adilson de Araujo
Comarca: São Paulo
Órgão julgador: 31ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 09/03/2020
Data de publicação: 09/03/2020
Ementa: APELAÇÃO. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. BEM IMÓVEL (UNIDADE
HOTELEIRA). AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL CUMULADA COM RESTITUIÇÃO
DE QUANTIAS PAGAS. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO, NO CASO.
ALEGAÇÃO DE CULPA EXCLUSIVA DA RÉ. ATRASO NA ENTREGA DA OBRA NÃO
CARACTERIZADO. PRESERVAÇÃO DO CONTRATO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA
MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1.- No caso, não incide o Código de Defesa do
Consumidor (CDC), pois a parte autora adquiriu a unidade hoteleira com
escopo de investimento e obtenção de lucros, não se tratando, por conseguinte,
de destinatária final do bem. Está descaracterizada, assim, a relação de
consumo, mormente porque não vislumbrada qualquer vulnerabilidade
técnica, jurídica ou econômica na relação negocial com o fim de viabilizar a

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mitigação da teoria finalista. 2.- Sopesando os elementos fáticos e jurídicos
constantes dos autos, forçoso concluir que a obra foi concluída dentro do prazo
adicional de tolerância ajustado entre as partes, inexistindo o alegado
inadimplemento contratual da requerida. Assim, considerando que o pedido de
rescisão contratual se funda exclusivamente na alegação de culpa da ré pelo
suposto atraso na entrega do imóvel e que não há pleito subsidiário ou
alternativo, é de rigor a preservação do contrato, impondo-se a manutenção da
sentença de improcedência da demanda. (grifamos)
0005658-94.2014.8.19.0006 - APELAÇÃO Des(a). LUIZ ROBERTO AYOUB -
Julgamento: 17/01/2017 - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL CONSUMIDOR
APELAÇÃO CÍVEL. EMENTA: COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS. UNIDADES DE
APART HOTEL EM ÁREA DE PARQUE AQUÁTICO. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE
CONSUMO. INTELIGÊNCIA DO ART. 3º, §1º DA LEI ESTADUAL 6.375/12.
ENUNCIADO 84 DO AVISO 15/2015 DO TJRJ. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL.
DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA PARA UMA DAS CÂMARAS CÍVEIS NÃO
ESPECIALIZADAS.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE COMPRA E VENDA COM O OBJETVO


DE EXPLORAR ATIVIDADE EMPRESARIAL HOTELEIRA. PRETENSÃO DE RESCISÃO
CONTRATUAL CUMULADA COM REPARAÇÃO DE DANOS. INEXISTÊNCIA DE RELA-
ÇÃO DE CONSUMO. LITÍGIO A SER DIRIMIDO COM BASE NA LEGISLAÇÃO CIVIL
COMUM. INCIDÊNCIA DO VERBETE Nº 307, DA SÚMULA DA JURISPRUDÊNCIA
DESTE TRIBUNAL DE JUSTI- ÇA. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA PARA UMA DAS
CÂMARAS CÍVEIS NÃO ESPECIALIZADAS. (APELAÇÃO CÍVEL N. 0382403-
57.2014.8.19.0001 - RELATOR: DESEMBARGADOR WERSON RÊGO - Data
13/06/2016 - Vigésima Quinta Câmara Cível Consumidor).

APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZATÓRIA. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE FLAT,


LOCALIZADO EM POOL LOCATÍCIO. PRESUMIDO FIM DE INVESTIMENTO QUE
NÃO TRANSIGE COM A ALEGADA NATUREZA CONSUMERISTA DA QUESTÃO.
PRECEDENTE DESTA EG. CÂMARA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ENUNCIADO
VINCULANTE Nº 84 DO AVISO TJRJ Nº 15/2015. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA. 1.
“DEMANDA QUE ENVOLVE CONTRATO DE COMPRA E VENDA COM O OBJETVO
DE INVESTIMENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 3º, DA LEI ESTADUAL 6375/12.
COMPETÊNCIA ABSOLUTA. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO. A
CONTROVÉRSIA NÃO DEVE SER DIRIMIDA À LUZ DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, MAS DO DIREITO COMUM. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA PARA
UMA DAS CÂMARAS CÍVEIS NÃO ESPECIALIZADAS. ” (AC nº 0015717-
61.2012.8.19.0023 – Des. Rel. Fábio Uchôa Vigésima Quinta Câmara Cível-
Julgado em: 01/09/2016);

2. “Compete às Câmaras Cíveis não especializadas o julgamento de demandas,


que versem sobre compromisso de compra e venda firmado entre particular e
incorporadora para aquisição de unidade hoteleira em empreendimento
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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
destinado à exploração de atividade empresarial de hotelaria.” (Enunciado nº
84 do Aviso TJRJ nº 15/2015); 3. In casu, tratando-se da aquisição de flat em
empreendimento voltado a pool locatício, está evidenciada a inaplicabilidade do
Código de Defesa do Consumidor; 4. Declínio de competência. (Vigésima Quinta
Câmara Cível - Apelação Cível nº 0018311-43.2015.8.19.0023 - Relator:
Desembargador Luiz Fernando de Andrade Pinto – Julg. 28/09/2016).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO. AÇÃO


VISANDO RESCISÃO DE UM CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL
DESTINADO A EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE EMPRESARIAL DE HOTELARIA.
DEMANDA QUE VERSA SOBRE RELAÇÃO REGIDA PELO DIREITO CIVIL.
RECURSO DISTRIBUÍDO PARA CÂMARA ESPECIALIZADA EM DEFESA DO
CONSUMIDOR. IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA ABSOLUTA. INTELIGÊNCIA
DO ART. 3º, 1º DA LEI ESTADUAL 63751/12. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA PARA
CÂMARA CÍVEL NAO ESPECIALIZADA". (TJRJ, Agravo de Instrumento n.
0067527-13.2013.8.19.0000, 24ª CC, Des. Regina Lucia Passos, j. 03.02.2014)
Trecho do voto: "Em análise dos autos, verifica-se que não estamos diante de
uma relação de consumo, eis que os autores não adquiriram o Imóvel com o
fim de utilizá-lo como destinatário final. O objetivo, que, inclusive, está
expresso no contrato elaborado entre as partes, é o de empregar o bem na
atividade hoteleira e, com isso, auferir rendimentos". (grifo nosso).

Dito isto, cumpre referir que, no que tange aos termos do


Código de Defesa do Consumidor é necessário, inicialmente, fazer referência sobre a
possibilidade de inversão do ônus da prova, sinalando que, estando todas as condições
claramente expressas no contrato, tendo o Requerente recebido cópia de todos os
instrumentos no momento da contratação, não tendo o Requerente manifestado sua
intenção de desistir no prazo em que o Código de Defesa do Consumidor lhe confere este
direito e não tendo a Requerida se oposto a rescisão do contrato, mediante o pagamento das
multas, há que se reconhecer que é da Requerente o ônus de comprovar as nulidades
suscitadas, ônus do qual, aliás, não se desincumbiu.

O artigo 6º do CDC, em seu inciso VIII, ao prever a possibilidade


de inversão do ônus da prova, refere que ela poderá ser deferida a critério do juiz, quando
“for verossímil a alegação” ou quando o consumidor for hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências.

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No caso ora posto ao crivo de Vossa Excelência, a
verossimilhança das alegações é prontamente afastada pelo fato de que a Requerente, tendo
recebido a integralidade dos instrumentos, não manifestaram seu arrependimento no prazo
de 07 (sete) dias. Ao contrário, efetuou oi seu cadastro perante a RCI para utilização do
brinde e sequer questionou sobre as consequências do desfazimento do negócio por mais de
mês após a data da assinatura do instrumento.

Afastada a verossimilhança das alegações, há que se referir que


a hipossuficiência que justifica o deferimento da inversão do ônus da prova é a probatória e
que os Requerentes comprovadamente receberam todas as cópias relativas à contratação, o
que afasta a hipossuficiência probatória capaz de justificar a inversão do ônus probatório.

A ausência de hipossuficiência probatória e a demonstrada


inexistência de verossimilhança do direito dos Requerentes, orienta para a não concessão da
inversão do ônus da prova, pena de obrigar a Requerida a produzir prova negativa e violar o
princípio do equilíbrio.

De outra banda, a breve leitura do contrato demonstra que não


há que se falar na exigência de vantagem manifestamente excessiva, ao contrário. Trata-se
de Contrato de Particular de Compra e Venda de Unidade Imobiliária, no Regime de
Multipropriedade, que oferece inúmeras vantagens ao consumidor, dentre as quais, a
garantia de um imóvel para utilizar várias semanas por ano, a inequívoca valorização da
fração com a conclusão das obras do empreendimento e a possibilidade de utilizar
infraestrutura de alto nível, tudo por um valor muito menor e com muito menos
preocupação do que envolve a aquisição e manutenção individual de um imóvel em outra
cidade ou Estado, para utilização em poucos dias do ano.

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Os termos do contrato demonstram que o adquirente receberá,
por meio de escritura definitiva, fração ideal do imóvel comercializado, com todos os direitos
dela decorrentes, podendo usar, gozar, fruir e dispor do imóvel adquirido, o que possibilita o
direito de locá-los, a seu critério, mas respeitando as normas que regem a utilização de um
imóvel em condomínio, tudo conforme foi amplamente esclarecido aos Requerentes e
conforme consta claramente na documentação que lhe foi mostrada, esclarecida e entregue
no ato de assinatura do contrato.

Não há nenhuma cláusula que preveja indevida vantagem para


a Requerida e não restam violadas, pelos termos do contrato, as regras do Código de Defesa
do Consumidor.

A Requerida sempre agiu com boa-fé e os termos do contrato


são bastante favoráveis ao consumidor, em total consonância com o disposto nos termos do
artigo 4º, III, do Código de Defesa do Consumidor.

Não há dúvidas no sentido de que a Requerente almeja


rescindir contrato perfeitamente formalizado, válido e eficaz sem a necessidade de arcar com
o ônus do seu descumprimento. As normas do Código de Defesa do Consumidor não podem
servir como pretexto para afastar o princípio que reza que os contratos devem ser
cumpridos, pilar que garante a segurança jurídica.

Sobre o aspecto, transcreve-se, verbo ad verbum:

“Nosso ordenamento jurídico, nem mesmo após o advento da Lei n.º


8.078/90, alberga pedido de rescisão contratual baseado no próprio
inadimplemento” (11ª Câm. Cível do TJ-SP. Ap. Cív. n.º 229.513-2/9, Rel. Dês.
Laerte Nordi, de 10.08.1995, RT 723/309) (grifamos)

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Por fim, no que tange a inquestionável aplicação dos termos do
Código de Defesa do Consumidor, necessário reconhecer que todas as alegações de nulidade
e vantagem excessiva suscitadas, ainda que pudessem ser de fato verificadas, estão
albergadas pelo direito de desistência previsto no artigo 49 do referido diploma legal.

Determina o artigo 49, in verbis:

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar


de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre
que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.

Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento


previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título,
durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente
atualizados.

Por tudo o que foi referido, não há que se falar em violação aos
termos do Código de Defesa do Consumidor e, não tendo os Requerentes exercido o direito
que lhe confere o artigo 49 da legislação consumerista, não deve prevalecer o pedido de
afastamento ou redução da multa, devendo ser mantida a cobrança da multa
contratualmente prevista, por se tratar de rescisão por interesse exclusivo dos Requerentes,
devendo ser julgada totalmente improcedente a demanda.

C – Da Taxa Condominial e Pool

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Assinado eletronicamente por: RACHEL BROCK;


Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
A Requerente afirma que ocorreu uma majoração irregular do
valor da taxa condominial, referindo que, na oportunidade que firmou o contrato, lhe foi
afirmado que a taxa condominial seria “na faixa de R$ 190,00” e referindo que restou
caracterizada a propaganda enganosa, situação considerada por esse MM. Juízo para
determinar a suspensão das cobranças das quotas condominiais.

Antes de qualquer outra consideração, desnecessárias maiores


informações no sentido de demonstrar que os valores a título de taxa condominial, antes da
entrega do empreendimento, são estimados e que os valores efetivamente cobrados
dependerão, dentre outras inúmeras variáveis, dos serviços que os proprietários decidirem
que serão prestados no empreendimento.

Ademais, a leitura do contrato demonstra que a previsão de


entrega da fração de tempo adquirida pela Requerente é 28 de fevereiro de 2022, com
tolerância de 180 (cento e oitenta) dias, razão pela qual sequer a Requerente recebeu
qualquer cobrança à título de condomínio antes da data da interposição da presente
demanda:

Embora seja evidente a ilegitimidade da incorporadora para


responder pelo valor ou pela suspensão da cobrança da taxa de condomínio, necessários
fazer referência a afirmação da Requerente no sentido de que a Requerida informou aos seus
consumidores que o valor da taxa condominial seria em torno de R$ 190,00 (cento e noventa
reais), haja vista que o valor do condomínio depende, por exemplo, das decisões que serão
tomadas pelos proprietários em assembleia.

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Há que se considerar, ainda, que o valor do IPTU das unidades,
uma vez que os carnês ainda não foram individualizados por frações pela Prefeitura
Municipal, está incluído no valor do condomínio das frações de tempo que já foram
entregues, bem como que o elevado índice de inadimplência, ocasionado por uma série de
crises pontuais, também precisa ser absorvido pelos condôminos adimplentes, como é usual
em todos os condomínios e indispensável à manutenção e funcionamento do
empreendimento hoteleiro.

Sobre a evidente impossibilidade de fixar judicialmente o valor


de taxa condominial, como se o valor independesse das decisões dos proprietários e dos
serviços colocados a sua disposição, transcreve-se decisão proferida pelo egrégio Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul, em julgamento ao Agravo de Instrumento n. 5012500-
42.2019.8.21.7000/RS, verbo ad verbum:

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Nesta senda, ainda que a incorporadora seja parte ilegítima
para responder pelo valor da taxa de condomínio, evidente a impossibilidade de limitar
judicialmente o seu valor, desconsiderando que o valor depende dos serviços prestados, da
estrutura disponível no condomínio, que foi aprovada na Assembleia de Constituição do
Condomínio e, principalmente, que o não pagamento integral pela Requerente irá em
prejuízo dos demais coproprietários e do funcionamento do empreendimento, não da
incorporadora.

No que se refere ao pool, é plenamente possível que a


Requerente utilize ou empreste, a seu exclusivo critério e a quem indicar, a sua fração.
Contudo, a previsão no sentido de que a Administradora fará a gerência, operação e a
exploração do sistema unificado denominado pool, se refere à disponibilização das frações
para comercialização de diárias, o que evidentemente, em um universo de milhares de
proprietários, deve ser feito por uma administradora, não apenas porque é indispensável
know-how para operar e manter um bom serviço em um empreendimento hoteleiro deste
porte, mas também porque a permissão para que as diárias sejam comercializadas
diretamente através de sites ocasionaria imensa variação de valores e criaria concorrência
entre os coproprietários, ocasionando prejuízo aos próprios coproprietários, que veriam a
desvalorização do empreendimento e a redução do valor das diárias.

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Ademais, a Requerente foi suficientemente informada no
sentido de que a disponibilização da fração no pool é uma opção do adquirente e que a
rentabilidade não pode ser garantida, conforme constou no check list, em itens
individualmente rubricados pela adquirente:

Pelo exposto, deve ser julgada improcedente a demanda.

D – Venda Casada - RCI

A Requerente afirma que deve ser caracterizada a ocorrência de


venda casada, em razão da sua afiliação à RCI, situação que não guarda nenhuma relação
com o caso em comento, posto que a afiliação ao Programa de Férias RCI é um brinde
oferecido pela Requerida.

Não há que se falar em venda casada na medida em que, caso


não tenha interesse, o adquirente sequer precisa fazer seu cadastro na RCI. A Requerida
oferece gratuitamente afiliação ao programa pelo período de 05 anos, esclarecendo que só
poderão utilizá-lo após o pagamento de 12% do valor do contrato e se estiverem
adimplentes e, que ao final do período de 05 (cinco) anos, caso queiram continuar
utilizando o programa, terão que se afiliar novamente. O cadastro do cliente, no entanto, só
é realizado se e quando o adquirente fizer uma solicitação específica neste sentido.

Assim, além de não ter qualquer custo ao adquirente, o


cadastro na RCI só é feito para aqueles adquirentes que o solicitam, sendo que todos os que

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
não solicitarem não terão nenhuma relação com a RCI, sendo importante sinalar que menos
de 50% dos adquirentes efetivamente realizam o cadastro.

E – Da Alegada Falta de Informação e Indução em Erro Sobre em Relação a Utilização dos


Parques

A Requerente afirma estar caracterizada a propaganda


enganosa em razão da limitação ao uso dos parques Snowland, afirmando que lhe foi dito no
momento da venda que o uso do parque era irrestrito.

Cumpre esclarecer, inicialmente, que o parque não faz parte do


empreendimento do qual a Requerente adquiriu uma fração imobiliária para utilização no
sistema de multipropriedade e a possibilidade de utilização dos mesmos, nos exatos termos
em que definida no Contrato, foi previamente negociada com o parque que, aliás, não
integra o polo passivo da presente demanda.

A Cláusula Décima Oitava do Contrato firmado entre as partes é


muito clara, foi amplamente esclarecida à Requerente no momento da venda e assegura o
direito de ir ao parque “em condições especialmente negociadas e custeadas pelo
Condomínio GRAMADO BUONA VITTA RESORT SPA”, não existindo nenhuma irregularidade
em determinar os dias nos quais os condôminos poderão ir aos parques, já que os parques
não são obrigados a aceitar clientes em condições especiais, especialmente nos seus dias
de maior movimento.

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Reitera-se que se a Requerente quiser escolher o dia de ir ao
parque não há qualquer impossibilidade, mas que o referido parque não é obrigado a
conceder descontos nos outros dias da semana.

Ademais, considerando que nenhuma das frações corresponde


a um período inferior a uma semana, todos os condôminos tem plena possibilidade de
utilizar ambos os parques, nas condições definidas no contrato ou, caso pretendam visita-los
em outras datas, efetuando o pagamento da mesma forma que os demais clientes dos
referidos locais.

As condições foram impostas pelo parque, previamente a


elaboração dos contratos, constam claramente nos instrumentos e não há qualquer
abusividade latente, já que o uso deve ser irrestrito quando o consumidor se dispuser a pagar

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o ingresso nas mesmas condições ofertadas a todos os demais usuários, sendo lícito ao
parque determinar os dias nos quais receberão clientes por valores de ingresso reduzidos.

Assim, é verdade que em todas as vezes em que vier se


hospedar no empreendimento para utilizar a sua semana o proprietário poderá utilizar o
parque Snowland, nos exatos termos em que previsto no contrato firmado entre as partes,
nas condições especiais e com os descontos que foram previamente negociados com o
parque, não se verificando nenhum prejuízo aos adquirentes que ingressará nos parques por
valores muito menores que os valores pagos por todos os demais.

F – Da Rescisão Contratual por Interesse da Requerente

Demonstrada a validade e eficácia do contrato firmado entre as


partes e a ausência de desrespeito às normas do Código de Defesa do Consumidor, cumpre
reiterar que a Requerida não se opôs à rescisão contratual, tendo inclusive enviado
notificação extrajudicial através da qual concedia prazo para pagamento das parcelas
pendentes, sob pena de operar-se a rescisão de pleno direito. A rescisão, contudo, deve se
operar nos termos em que contratualmente prevista.

A Lei 13.786, de 27 de dezembro de 2018, regulamentou a


forma dos contratos de promessa de compra e venda de unidades integrantes de
incorporação imobiliária, determinando que os instrumentos tenham um quadro resumo no
qual conste “as consequência do desfazimento do contrato, seja por meio de distrato, seja
por meio de resolução contratual motivada por inadimplemento de obrigação do adquirente
ou do incorporador, com destaque negritado para as penalidades aplicáveis e para os prazos
para devolução de valores ao adquirente”.

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
O instrumento firmado entre as partes contém Quadro Resumo,
elaborado nos exatos termos em que exigido pela legislação, cujo item VII refere claramente
as consequências do desfazimento do contrato, com espaço para que seja rubricado pelas
partes, de forma que não pairem dúvidas sobre a ciência e anuência dos Requerentes sobre a
multa contratual, no momento em que firmam o contrato, conforme abaixo comprovado:

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
A Cláusula Sétima, item 8, do Contrato firmado entre as partes
prevê, para o caso de rescisão contratual por iniciativa do PROMITENTE COMPRADOR, in
verbis:
“(...)
8 – Rescindido o contrato por inadimplemento ou culpa do PROMITENTE
COMPRADOR, este fará jus a restituição das importâncias pagas atualizadas
pelo índice estipulado no contrato, que lhe serão restituídas após a dedução
do valor correspondente a 25% (vinte e cinco por cento) do valor já
integralizado, ou 50% (cinquenta por cento) no caso da PROMITENTE
VENDEDORA já ter submetido a incorporação ao regime do patrimônio de
afetação, nos termos da lei 13.786 de 27 de dezembro de 2018.

A multa contratualmente prevista, portanto, está em


consonância com o quanto disposto no artigo 67-A, § 5º da Lei 13.786/18, que determina, in
verbis:

Art. 67-A . Em caso de desfazimento do contrato celebrado exclusivamente


com o incorporador, mediante distrato ou resolução por inadimplemento
absoluto de obrigação do adquirente, este fará jus à restituição das quantias
que houver pago diretamente ao incorporador, atualizadas com base no índice
contratualmente estabelecido para a correção monetária das parcelas do
preço do imóvel, delas deduzidas, cumulativamente:
I - a integralidade da comissão de corretagem;
II - a pena convencional, que não poderá exceder a 25% (vinte e cinco por
cento) da quantia paga.
§ 1º Para exigir a pena convencional, não é necessário que o incorporador
alegue prejuízo.

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
§ 2º Em função do período em que teve disponibilizada a unidade imobiliária,
responde ainda o adquirente, em caso de resolução ou de distrato, sem
prejuízo do disposto no caput e no § 1º deste artigo, pelos seguintes valores:
I - quantias correspondentes aos impostos reais incidentes sobre o imóvel;
II - cotas de condomínio e contribuições devidas a associações de moradores;
III - valor correspondente à fruição do imóvel, equivalente à 0,5% (cinco
décimos por cento) sobre o valor atualizado do contrato, pro rata die;
IV - demais encargos incidentes sobre o imóvel e despesas previstas no
contrato.
§ 3º Os débitos do adquirente correspondentes às deduções de que trata o §
2º deste artigo poderão ser pagos mediante compensação com a quantia a ser
restituída.
§ 4º Os descontos e as retenções de que trata este artigo, após o desfazimento
do contrato, estão limitados aos valores efetivamente pagos pelo adquirente,
salvo em relação às quantias relativas à fruição do imóvel.
§ 5º Quando a incorporação estiver submetida ao regime do patrimônio de
afetação, de que tratam os arts. 31-A a 31-F desta Lei, o incorporador
restituirá os valores pagos pelo adquirente, deduzidos os valores descritos
neste artigo e atualizados com base no índice contratualmente estabelecido
para a correção monetária das parcelas do preço do imóvel, no prazo máximo
de 30 (trinta) dias após o habite-se ou documento equivalente expedido pelo
órgão público municipal competente, admitindo-se, nessa hipótese, que a
pena referida no inciso II do caput deste artigo seja estabelecida até o limite
de 50% (cinquenta por cento) da quantia paga.
(...) (Grifamos)

A Lei específica é clara ao prever multa no patamar de 50%


sobre os valores pagos pelos Promitentes Compradores caso o empreendimento esteja
submetido ao regime do patrimônio de afetação, o que é o caso do empreendimento objeto

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
desta demanda, conforme comprova a anexa Matrícula Imobiliária e o contrato objeto da
demanda cumpre especificamente todos os termos da legislação, inclusive Quadro Resumo
com declaração de ciência e anuência expressa dos Promitentes Compradores em relação à
multa contratual, estipulada nos exatos termos em que autorizada pela Lei 13.783/18.

E não há que se falar em vantagem indevida ou no princípio da


transparência dos contratos a justificar o pleito inicial, posto que a análise da documentação
e o fato de que ela foi integralmente entregue para os Requerentes no momento da
contratação não deixa dúvidas no sentido de que os Requerentes tinham plena ciência dos
termos do contrato, tiveram ampla oportunidade de buscar assessoria especializada durante
o período de 07 (sete) dias no qual poderia desistir sem a necessidade de efetuar nenhum
pagamento, mas ciente dos benefícios do contrato, preferiram efetuar os pagamentos por
meses.

Comprovada a validade e eficácia do contrato, a regularidade e


legalidade da multa e o descumprimento das cláusulas contratuais pelos Requerentes, que
por sua iniciativa pleiteiam a rescisão contratual, requer seja reconhecido o dever dos
Requerentes de efetuar o pagamento da multa contratualmente prevista, julgando
improcedente a presente demanda.

G – Do Pedido de Indenização por Danos Morais

Tendo sido demonstrado que o contrato não fere os termos do


Código de Defesa do Consumidor e que foi a Requerente quem deu causa a rescisão
contratual, em razão do inadimplemento, resta demonstrado, também, que não há que se
falar na condenação da Requerida ao pagamento de indenização por danos morais.

A Requerente faz genéricas referências à ocorrência de danos


morais, afirmando que é necessário o desestímulo e inibição de práticas lesivas e prossegue

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
afirmando ter sofrido decepção em relação ao negócio, mas sequer refere quais teriam sido
os danos morais efetivamente sofridos, cingindo-se a pleitear a condenação da Requerida ao
pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

A Requerida nunca se opôs à rescisão do contrato, mas não


tendo a Requerente exercido o direito de se arrepender, nos termos em que lhe confere a
legislação e não estando o contrato eivado de qualquer vício, a rescisão importa na
necessidade de pagamento da multa contratualmente prevista, não havendo nada na sua
conduta que justifique a sua condenação ao pagamento de indenização por danos morais.

Ainda que se pudesse vislumbrar qualquer conduta da


Requerida que fosse capaz de justificar a sua condenação ao pagamento de indenização, o
que não é o caso dos autos, necessário reconhecer que não estamos diante de nenhum dos
casos que a doutrina convencionou chamar de dano moral objetivo, ou dano moral in re
ipsa, razão pela qual a efetiva ocorrência de dano moral, caso de fato existisse, deveria ter
sido cabalmente comprovada pela Requerente, o que não ocorreu, já que não há sequer
argumentação que faça referência direta a quais teriam sido os danos morais, sendo
desnecessárias maiores considerações para demonstrar a improcedência do pedido.

Para que se configure o dever de indenizar é necessário que se


demonstre a efetiva ocorrência do dano, a configuração da culpa da Requerida e o nexo de
causalidade entre a culpa e o dano ocasionado.

Em nosso ordenamento jurídico, os artigos 186 e 927 do Código


de Civil vigente dispõem sobre o dever de reparar danos, determinando que o dever de
indenizar depende de uma conduta antijurídica e da comprovação da existência de culpa.

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Transcreve-se, por oportuna, a lição de HUMBERTO THEODORO
JÚNIOR, na obra “Responsabilidade Civil, Doutrina e Jurisprudência”, 4ª edição, Rio de
Janeiro, 1997, p. 52:

“Se o direito ao ressarcimento do dano provocado pelo ato ilícito pressupõe o


concurso dos três elementos essenciais já aludidos - dano, culpa e nexo causal
- incumbirá ao autor da ação a prova acerca da configuração, in concreto, de
todos aqueles elementos, é o que, conforme se vê no art. 333, nº I do CPC, ‘o
ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito.’
(...)
Cabe, pois, ao autor da ação indenizatória fundada no art. 159 do Código Civil
(responsabilidade aquiliana ou delitual, o ônus de provar, em princípio, os três
elementos essenciais do dever de indenizar, segundo a teoria que prevalece
em nosso direito positivo, ou seja: a conduta ‘culposa’ do agente (violação a
um dever ou erro de comportamento); o ‘dano’ (prejuízo suportado pela
vítima); e o ‘nexo da causalidade” entre aquela e este.” (Grifamos)

Não há qualquer ato da Requerida que justifique a sua


condenação ao pagamento de indenização por danos morais. SÍLVIO DE SALVO VENOSA, em
sua obra “Direito Civil: Responsabilidade Civil, 2ª edição, São Paulo, Atlas, 2002, (coleção
direito civil; v.4), p. 21, leciona sobre o conceito de culpa:

“Em sentido amplo, culpa é a inobservância de um dever que o agente devia


reconhecer e observar. Não podemos afastar a noção de culpa do conceito de
dever. O mestre da tradicional responsabilidade civil entre nós, José de Aguiar
Dias (1979; v.1:136), após comentar a dificuldade de conceituá-la, não
consegue fugir da definição prolixa:

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
‘A culpa é falta de diligência na observância de conduta, isto é, o desprezo,
por parte do agente, do esforço necessário para a observá-la, com resultado
não objetivado, mas previsível, desde que o agente se detivesse na
consideração das conseqüências eventuais de sua atitude.” (Grifamos)

Ainda a demonstrar a improcedência da demanda, transcreve-


se a lição de CAIO MÁRIO DA SILVA, em sua obra “Responsabilidade Civil”, Rio de Janeiro,
Forense, 1996, p.75:

“Para que se concretize a responsabilidade é indispensável se estabeleça uma


interligação entre a ofensa à norma e o prejuízo sofrido, de tal modo que
possa afirmar ter havido o dano “porque” o agente procedeu contra direito.”
(René Rodiére, Responsabilité Civile, p. 232; Marty e Raynaud, Droit Civil,
Tomo II, vol. 1º, Les obligations, nº 477 - grifamos).

Mesmo comprovada a inocorrência da caracterização do dever


de indenizar ou ressarcir, cumpre reiterar a referência à completa ausência de comprovação,
pelos Requerentes, da efetiva ocorrência de danos morais, haja vista que sequer referem
quais teriam sido os danos suportados, mais uma vez não tendo se desincumbido do ônus
que lhe impõe o artigo 333, I, do Código de Processo Civil, não comprovando a efetiva
ocorrência de danos morais indenizáveis, o que importa na improcedência do pedido, nos
exatos termos em que orienta o Egrégio Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, verbo ad
verbum:

APELAÇÕES CÍVEIS. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. EMPREENDIMENTO


IMOBILIÁRIO. PRAZO DE ENTREGA DO IMÓVEL. ATRASO NA OBRA. MORA DA
RÉ. MULTA. JUROS DA OBRA. COMISSÃO DE CORRETAGEM. RESTITUIÇÃO.
PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA. DANOS MORAIS. INOCORRÊNCIA. I.
Análise detida das cláusulas da promessa de compra e venda firmada entre as

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
partes, bem como do contrato de financiamento imobiliário firmado com o
agente financeiro, que permite concluir estar a obra atrasada desde
27/06/2013, já considerado o prazo de tolerância de 180 dias. II. MULTA.
INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. ART. 35, §5º, DA LEI 4.591/64. DESCABIMENTO.
Regular incorporação imobiliária, antes da alienação do imóvel. Descabida a
incidência de multa. III. (...). VII. O atraso de oito meses na entrega do imóvel,
após escoado o prazo de tolerância, por si só, não acarreta direito ao
recebimento de indenização por danos morais. Para que seja indenizável, o
dano deve resultar de ato ilícito capaz de atingir um dos direitos de
personalidade daquele que o sofreu, situação inocorrente no caso dos autos.
APELOS PROVIDOS EM PARTE. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70065217820,
Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liege Puricelli
Pires, Julgado em 10/09/2015) (grifamos)

O Egrégio Superior Tribunal de Justiça também já pacificou o


entendimento no sentido de que deve ser comprovada a efetiva ocorrência de danos
morais, que inconvenientes não são aptos a justificar a condenação ao pagamento de
indenização e ainda que se pudesse verificar no caso dos autos, o mero descumprimento
de contrato não enseja indenização por danos morais, conforme se depreende dos seguinte
julgado, relativo a comprova e venda de imóvel, in verbis:

Processo AgInt no AgInt no AREsp 1578219 / RJ


AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL
2019/0269098-5
Relator(a) Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE (1150)
Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA
Data do Julgamento 29/06/2020
Data da Publicação/Fonte
DJe 03/08/2020
Ementa
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA. DESCUMPRIMENTO
CONTRATUAL.

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DANO MORAL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO A DIREITO DA PERSONALIDADE.
REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que
"o mero descumprimento contratual, caso em que a promitente
vendedora deixa de entregar o imóvel no prazo contratual
injustificadamente, não acarreta, por si só, danos morais" (AgInt no
REsp n. 1.684.398/SP, Relator o Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, julgado em 20/3/2018, DJe 2/4/2018).
2. A revisão dos fundamentos adotados pelo Tribunal estadual
exigiria deste Tribunal de Uniformização o reexame dos elementos
fático-probatórios dos autos, o que é vedado pela Súmula 7/STJ.
3. Agravo interno desprovido. (grifamos)

No mesmo sentido é a pacífica orientação do egrégio Tribunal


de Justiça do Rio Grande do Sul, ad litteram:

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. TRANSPORTE AÉREO. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. COMPRA DE PASSAGENS
DE IDA E VOLTA. NO SHOW NO TRECHO DE IDA. CANCELAMENTO DAS
PASSAGENS DO TRECHO DE VOLTA. PRÁTICA ABUSIVA. ENTENDIMENTO
PACIFICADO PELO STJ. DEVER DE RESTITUIR O VALOR DESPENDIDO PARA A
PASSAGEM DE VOLTA, ALÉM DA QUANTIA ADIMPLIDA COM HOSPEDAGEM E
DESLOCAMENTO. MERO DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO QUE NÃO GERA
O DEVER DE INDENIZAR. AUSENTE DEMONSTRAÇÃO DE SITUAÇÃO
EXCEPCIONAL A CARACTERIZAR OFENSA AOS ATRIBUTOS DA
PERSONALIDADE. DANOS MORAIS INOCORRENTES.(Recurso Cível, Nº
71008478745, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Jerson
Moacir Gubert, Julgado em: 16-11-2020) (grifamos)

Assim, demonstrado que não estamos diante de nenhum dos


casos que a doutrina e jurisprudência convencionaram chamar de dano moral in re ipsa e que
não veio aos autos a comprovação da efetiva ocorrência de danos morais indenizáveis, até
porque eles não existiram, deve ser julgada totalmente improcedente a presente demanda.

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Código de validação do documento: 82116d22 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
III – DO PEDIDO

Por todo o exposto, requer seja julgada totalmente


improcedente a presente demanda, reconhecendo a validade e eficácia do contrato firmado
pelas partes, o dever da Requerente de arcar com os ônus da rescisão a que deram causa,
mantendo a multa contratualmente prevista e julgando improcedente o pedido de
indenização por danos morais.

Requer, outrossim, seja deferida a produção de todos os meios


de prova em direito admitidos.

Termos em que,
Pede deferimento.

Gramado, 14 de fevereiro de 2022.

Rachel Brock
OAB/RS 49.636

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