EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Processo nº Vara de Origem: Agravante: Agravado:
Executado_____________________, por intermédio de seu advogado e
bastante procurador infra-assinado, nos autos da Execução Fiscal que lhe move o ____________ vem, inconformado com a decisão de fls. 54, interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, com fundamento no art. 1.015, parágrafo único, do Código de Processo Civil, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
Embora exista dispensa de juntada de peças obrigatórias, conforme
artigo 1.017, §5º, do CPC, por se tratar de autos eletrônicos, o Agravante requer a juntada da cópia da decisão agravada, cópia da certidão de publicação de referida decisão, bem como outros documentos que reputa necessários.
Ademais, indica o nome e o endereço completo dos advogados
constantes dos autos (art. 1.016, inc. IV, CPC):
Do Agravado: Do Agravante:
I – DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE DO RECURSO
Este agravo de instrumento tem como fundamento o permissivo
previsto no p. único do artigo 1.015 do CPC, pois interposto em face de decisão interlocutória, de fls. 54 dos autos de origem, proferida em processo de Execução Fiscal, conforme abaixo será detalhadamente exposto. Ademais, a decisão agravada, fora publicada em --- no Diário da Justiça Eletrônico, iniciando o prazo recursal em ----, e tendo como prazo final ----, logo, o presente recurso é tempestivo.
II – DA BREVE SÍNTESE DA DEMANDA
Trata-se de execução fiscal proposta pelo------, com o objetivo de
cobrança de ISS sobre construção civil relativo ao exercício de ----, lançado em ----- -.
Em decisão interlocutória, o juízo a quo, não acolheu a exceção de
pré-executividade oposta pelo Executado, afirmando que o fato gerador do ISS ocorreu em 08/08/2012, tendo sido lançado pela notificação do contribuinte em novembro de 2012, e que não haveria prescrição no caso em questão, pois o crédito teria sido constituído em 2017, não tendo decorrido o prazo quinquenal previsto no art. 174 do CTN.
No entanto, embora o Executado tenha oposto embargos de
declaração da decisão, referido recurso não foi provido. Assim, conforme restará demonstrado a seguir, a sentença merece reforma.
III – PRELIMINARMENTE – DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA
Inicialmente, verifica-se que a decisão prolatada pelo juízo de
origem, restou omissa no que tange ao pedido de assistência judiciária gratuita.
Consoante entendimento pacífico do C.STJ, em não havendo a
apreciação do pedido de justiça gratuita, presume-se seu deferimento tácito a autorizar interposição do recurso sem seu correspondente preparo, sendo defeso ao Tribunal julgar deserta a apelação sem antes analisar o pleito. (REsp nº 1125169/SP (2009/0129996-1)).
Dessa forma, considerando que o benefício não foi enfrentado pelo
magistrado, o Executado deixa de recolher o preparo devido para a interposição do presente recurso.
IV – DAS RAZÕES DE REFORMA DA DECISÃO AGRAVADA – DA
OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO ORIGINÁRIA
Sabe-se que prescrição ocorre quando a Fazenda Pública não
propõe, no prazo legalmente estipulado, a ação de execução fiscal com o intuito de obter a satisfação do crédito tributário. O art. 174 do CTN dispõe que o prazo prescricional é de 5 anos, iniciando sua contagem a partir da data da constituição definitiva do crédito tributário:
“A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco
anos, contados da data da sua constituição definitiva.”
No caso em apreço, verifica-se que a constituição definitiva do ISS
Construção Civil cobrado ocorreu em 08/08/2012, com o lançamento, nos termos do art.142 do CTN, conforme se verifica da CDA que instrui a execução. Veja-se:
Conforme o parágrafo único do art. 174 do CTN, o despacho do juiz
que ordenar a citação interrompe a prescrição.
Nos autos, o despacho que ordenou a citação ocorreu apenas em
06/05/2022, veja-se, quase 10 anos após o lançamento do ISS construção civil cobrado na presente demanda.
Ainda que se alegue que o marco interruptivo da prescrição
retroage ao ajuizamento da execução fiscal, nos termos do art. 240, §1º do CPC, a Fazenda Pública Municipal ingressou com a presente execução, a fim de cobrar o tributo lançado em 08/08/2012, apenas em 20/12/2017, ou seja, decorridos 5 anos 4 meses e 12 dias da sua constituição definitiva.
Neste sentido, confira-se a tabela a seguir, a qual demonstra que
mesmo que a interrupção retroaja à data da distribuição, o presente feito executivo foi ajuizado intempestivamente, ultrapassado o prazo quinquenal para a cobrança do tributo:
A Jurisprudência confirma o entendimento exarado, no sentido de
que, ultrapassados 5 anos da constituição definitiva do tributo, sem que ocorra o ajuizamento da execução fiscal, opera-se a prescrição. Vejamos:
PRESCRIÇÃO – Execução fiscal de ISS CONSTRUÇÃO CIVIL –
EXERCÍCIODE 2002 - Reconhecimento da prescrição – Admissibilidade, vez que o marco interruptivo do lustro prescricional é o despacho citatório, conforme redação do art. 174, parágrafo único do CTN – Execução fiscal distribuída em 26/10/2009 e Despacho citatório proferido em seguida (09/11/2009), tudo depois de consumada a prescrição – Inaplicabilidade da Súmula 106 do STJ – Sentença mantida – RECURSO DESPROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 0073745- 11.2009.8.26.0224; Relator (a): Mônica Serrano; Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Foro de Guarulhos - 2ª Varada Fazenda Pública; Data do Julgamento: 14/04/2020; Data de Registro:14/04/2020)
Insta salientar que não é aplicável ao caso a súmula 106 do STJ, a
qual dispõe que “proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência”, pois a presente ação não foi proposta dentro do prazo prescricional, mas sim 4 meses e 12 dias após a consumação da prescrição originária.
Ademais, a decisão Agravada ao julgar a matéria da prescrição,
elucida que o fato gerador ocorreu em 08/08/2012 com notificação em novembro de 2012, também aduz que o crédito teria sido constituído em 2017, não tendo decorrido o prazo prescricional de 5 anos para propositura da execução. Vejamos o trecho da decisão:
O art. 142 do CTN dispõe que a constituição do crédito é realizada
pelo lançamento, entendido como o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinando a matéria tributável, calculando o montante do tributo devido, identificando o sujeito passivo e, sendo caso, propondo a aplicação da penalidade cabível.
Ainda, conforme o art. 144 do CTN, o lançamento reporta-se à data
de ocorrência do fato gerador da obrigação.
Logo, conforme exposto anteriormente, a constituição definitiva do
crédito de ISS, se deu com o lançamento, datado de 08/08/2012, e não em 2017, conforme constou na decisão agravada.
A própria decisão consignou que o fato gerador ocorreu em
08/08/2012, mas ao julgar a prescrição, assinalou que o crédito foi definitivamente constituído apenas em 2017. Deste modo, demonstrada a ocorrência da prescrição originária da cobrança realizada, a decisão merece reforma para julgar extinto o feito executivo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso II do CPC.
V – DO PEDIDO RECURSAL
ANTE O EXPOSTO, requer seja CONHECIDO e dado
PROVIMENTO ao presente recurso de agravo de instrumento para reformar a decisão ora agravada, no sentido de julgar extinto o feito executivo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso II do CPC, condenando a Municipalidade ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais nos termos do art. 85, § 2º do CPC.