Especial Judiciária de Brasília, Distrito Federal.
Proc. nº. 2003.01.1.37059-5
BANCO ABN AMRO REAL S/A, já
devidamente qualificado nos autos acima referenciados, da AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO que promove neste Juízo e Secretaria em desfavor MARIA DE FÁTIMA DA S. HOLANDA DA SILVA, também qualificada, via do procurador e advogado ao fim assinado, em face da r. decisão de fls. 45/46, excluindo a verba honorários advocatícios na hipótese de eventual purgação da mora, bem como, inadmitindo na mesma hipótese de purgação de mora a comissão de permanência na forma do pedido inicial, vem à presença de V. Exa., inconformado com o “decisum”, pugnar por sua reconsideração, de início, no que tange ao aspecto honorários advocatícios, porquanto é cediço que a sucumbência decorre de princípio legal acolhido pelo vigente Código de Processo Civil, precisamente no art. 20, parágrafo 3º especialmente.
A propósito do tema supracitado, frise-se ser
este o entendimento da melhor doutrina e jurisprudência, como se infere da seguinte ementa, proferida em Agravo de Instrumento nº 15.497-2/180, acórdão de 16/03/1999, relatado pelo hoje Ministro Castro Filho, do STJ., enquanto desembargador no Tribunal de Justiça de Goiás, “verbis”: “Vencida a prestação sem que o devedor a cumpra, ao débito devem-se adicionar os consectários da mora, incluindo-se, evidentemente, as despesas processuais, de que os honorários de advogado fazem parte integrante. De sorte que, deferida a purgação da mora, na ação de busca e apreensão regida pelo Decreto-lei nº 911/69, são devidos os honorários do advogado ao autor. Agravo conhecido e parcialmente provido”. 2
Ainda, o entendimento do E. Superior
Tribunal de Justiça, no Resp. 0043366/94, 3ª Turma, relatado pelo E. Ministro Eduardo Ribeiro, publicado no DJ. de 23/05/94, pag. 12606, “verbis”: “Alienação fiduciária. Purgação da mora. Honorários. A circunstância de o artigo 2º, parágrafo 1º, do Decreto-lei 911/69, a que se refere o parágrafo 3º do mesmo diploma, omitir referência expressa a honorários não significa haja de se excluir quando se cuide de purgação de mora. Rege o tema o princípio de que com as despesas do processo haverá de arcar quem, de modo objetivamente injurídico, houver-lhe dado causa, não podendo redundar em dano para quem tenha razão. Acresce que o citado artigo 2º, ao cuidar da apuração da importância, a ser paga com o produto da venda do bem, refere-se ao crédito e despesas. Não há porque nessas não se compreender o que resultou da instauração do processo”.
Não é outro o entendimento de Orlando
Gomes em sua renomada obra “Alienação Fiduciária em Garantia”, Ed.RT, pág.100: “...no prazo marcado pelo juiz, tem o devedor de consignar a importância calculada pelo contador judicial, compreensiva de crédito e seus acessórios, além das despesas desembolsadas com a busca e apreensão e honorários do advogado”. (JTACSP – LEX 165/352)
Neste mesmo sentido YUSSEF SAID
CAHALI assim discorre: “Se o réu reconhece a procedência do pedido, o processo se extingue com julgamento de mérito (art.269,II, do CPC). Neste caso, a sentença condenará o réu nas despesas da demanda e nos honorários de advogado do autor (art.26)” (JTACSP – LEX 165/352 – RT, 1997, 3ª ed., págs. 596/599)
E ainda, a respeito da inclusão dos
honorários advocatícios e custas judiciais na purga da mora, o Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, no julgamento da Apelação nº. 483.917 – 00/00, proclamou: ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA – BUSCA E APREENSÃO – PURGA DA MORA – EXTINÇÃO DO FEITO – CONDENAÇÃO, NO ENTANTO, NAS VERBAS DO SUCUMBIMENTO – PROVIMENTO AO RECURSO PARA TAL FIM. A purgação da mora pelo devedor é a confissão máxima da existência da dívida e de seu inadimplemento. Por consequência, sujeita-se o devedor, ante o princípio da causação, isto é, de Ter dado causa ao feito, os ônus sucumbenciais, conforme explicitado no art.20 do Código de Processo Civil, bem compreendidas as custas e verba honorária. (Ap. – JT ACSP – LEX 165/351). 3
De outra sorte, no que tange a verba
acessória nominada como “comissão de permanência”, cujo percentual previsto no contrato em espécie foi da ordem de 2.60% ao mês (fls. 12 – sob a rubrica txa efetiva juros mês), “data máxima vênia”, até pela determinação contratual da taxa mensal de juros retro-invocada, sustentada por evidente legalidade, não sendo o caso de cláusula potestativa como inserto na r. decisão.
Por oportuno, não é demais a citação de
jurisprudência do próprio Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal – “a cobrança de comissão de permanência pelas instituições financeiras é autorizada pela Lei 4.595/64 (arts. 4º e incisos e art. 9º). O que não se admite é a cumulação dessa com a correção monetária (Súmula 30 do STJ). Contratada pelas partes, para a hipótese de inadimplência, em substituição às taxas de juros pré-pactuadas, e não havendo cumulação com a correção monetária, é devida” (cf. Ac. Um., de 10/10/2000, na Apel. 19990510033477, rel. Dês. Jair Soares, Registro 134626, in DJU 07/03/2000, pág. 52); bem como, do Egrégio STJ. – “a jurisprudência da Corte permite a cobrança da comissão de permanência, desde que pactuada; veda, em qualquer caso, a sua cumulação com a correção monetária” (cf. Ac. Un. Da 3ª Turma em 24/10/2000, Resp. 235.200RS., relator o Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, in DJU de 04/12/2000, pág. 65).
DESTA FORMA, não entendendo este douto
Juízo em modificar a r. decisão em comento, neste caso ante a hipótese de preclusão, fulcrado no inconformismo antes demonstrado, nos termos do artigo 523 do Código de Processo Civil, opõe o presente RECURSO DE AGRAVO, sob a forma retida, para, se for o caso, ser objeto de oportuna apreciação em sede de apelação.