Você está na página 1de 18

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE UMUARAMA – PR.

ANTÔNIO MÁXIMO, brasileiro, solteiro, desempregado, nascido


em 15.09.1982, filho de Jose Máximo e Maria Pereira Máximo, portador da cédula de
identidade RG nº 12.222.432-6 SSP/PR, inscrito no CPF sob o nº 434.467.973-11,
residente domiciliado na Rua Quebrada nº 111, na cidade de Cianorte – Pr., Tel: (44)
99965-2333, E-mail: antonio_maximo@hotmail.com, por intermédio de seu advogado
ao final assinado com escritório profissional na Avenida Guaíra, nº 1002, na cidade de
Cruzeiro do Oeste – Pr., onde recebe intimação, Tel: (44) 9998-7901, E-mail:
wellingtonkogien@utlook.com, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência
com fundamento no artigo 914 do CPC (Código de Processo Civil) opor:

EMBARGOS À EXECUÇÃO

Em face de CARLOS SIQUEIRA, brasileiro, casado, empresário,


nascido em 18.04.1978, filho de João Pedro Siqueira e Maria Batista Siqueira, portador
da cédula de identidade RG nº 12.221.545-5 SSP/PR, inscrito no CPF sob o nº
234.675.876-35, residente e domiciliado na Avenida João Resende, nº 2123, na cidade
de Umuarama – Pr., Tel: (44) 99956-4424, E-mail: carlos_siqueira@outlook.com, pelos
fundamentos de fato e de direito seguintes:

I – DA EXECUÇÃO:

Em data de 11.03.2023 o Embargante foi citado nos Autos da


Ação de Execução de Título Extrajudicial de nº 0004311.31.2023.8.16.0003 que lhe
move o Embargado perante a 5ª Vara Cível da Comarca de Umuarama – Pr., para
realizar o pagamento em 3 (três) dias do valor decorrente de quatro cheques de R$
2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) cada.
Como o Embargante não realizou o pagamento no prazo
estipulado, foi então penhorado o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) depositados na
conta poupança do Embargante e de mais R$ 800,00 (oitocentos reais) depositados na
conta corrente do Embargante. Não obstante ainda foi penhorado o imóvel residencial
do
Embargante localizado no Lote de terras nº 07, da Quadra no 10, do Loteamento
denominado Parque Metropolitano, localizado na Cidade de Umuarama – Pr., contendo
uma construção residencial em alvenaria com área de 80 m2.

Todavia a pretensão do Exequente, ora Embargado, na Ação de


Execução não merece prosperar.

II – PRELIMINARMENTE: INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO:

De acordo com o art. 53 inciso III Letra D do CPC:

Art. 53. É competente o foro:


III - do lugar:
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em
que se lhe exigir o cumprimento;

Assim, entende-se que o Juízo Cível da Comarca de Umuarama –


Pr., é incompetente para processar a Ação de Execução pois conforme art. 2º inciso I da
Lei 7.357/85:

Art. 2º O título, a que falte qualquer dos requisitos


enumerados no artigo precedente não vale como cheque,
salvo nos casos determinados a seguir:
I - Na falta de indicação especial, é considerado lugar de
pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado;
se designados vários lugares, o cheque é pagável no
primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o
cheque é pagável no lugar de sua emissão;
Desta forma, o Juízo competente para processar a Ação de
Execução deve ser o Juízo da Comarca onde os cheques foram emitidos sendo pagáveis
na mesma, no caso a Comarca de Cianorte – Pr., Comarca onde também localiza-se a
residência do Embargante.

Tal entendimento quanto a competência do Juízo para Ação de


Execução de Título Extrajudicial originária do não pagamento de cheque encontra
respaldo nas mais recentes decisões do TSJ (Tribunal Superior de Justiça) como segue:

AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL. CHEQUES NÃO PAGOS.
EMBARGOS À EXECUÇÃO. FIXAÇÃO DA
COMPETÊNCIA. FORO COMPETENTE PARA
PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DA AÇÃO
DE EXECUÇÃO. LOCAL DE PAGAMENTO.
PRECEDENTES. FUNDAMENTO DA DECISÃO EM
CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SÚMULA N.
83/STJ. CARÊNCIA DE PREQUESTIONAEMNTO.
VERBETE SUMULAR N 211/STJ. AGRAVO
INTERNO DESPROVIDO.
1. Consoante orientação do Superior Tribunal de
Justiça, "em se tratando de cheque, o local de
pagamento (foro competente para a execução) é aquele
onde está sediada a instituição financeira sacada, ou
seja, o lugar onde se situa a agência bancária em que o
emitente mantém sua conta corrente" (AgInt no REsp
n. 1.650.990/MG, relatora Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma, julgado em 10/4/2018, DJe de
13/4/2018.). Aplicação da Súmula 83/STJ.
2. Embora tenha sido levantada em embargos de
declaração a questão acerca do distrato e que seria este
o objeto da controvérsia, a segunda instância
reafirmou o entendimento no sentido de que a
competência seria do local da instituição financeira
sacada.
Entretanto, a parte não suscitou ofensa ao art. 1.022 do
CPC no apelo excepcional, a evidenciar a carência de
prequestionamento (Súmula 211/STJ) sobre a resilição
da avença ser a questão a ser dirimida.
3. Agravo interno desprovido.
(AgInt nos EDcl no AREsp n. 2.175.295/SE, relator
Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma,
julgado em 13/3/2023, DJe de 16/3/2023.)

Como observa-se a de entender-se que o Juízo competente para


está Ação deve ser o Juízo da Comarca de Cianorte – Pr., pois corresponde ao local de
emissão dos cheques.

Dessa forma requer que seja reconhecida a incompetência relativa


desse Juízo, e consequentemente determine a remessa dos Autos ao Juízo competente,
qual seja uma das Varas Cíveis da Comarca de Cianorte – Pr.

III – DO MÉRITO:
III.1 – DA PRESCRIÇÃO:

Foram apresentados no Processo de Execução já citado acima 4


(quatro) cheques no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) cada, porém com
datas emissivas diferentes.
As datas de emissão dos cheques fora: 10.06.2022, 20.06.2022,
10.07.2022 e 20.07.2022, desta forma percebesse que os dois primeiros cheques
emitidos estão por força de Lei prescritos.
Como os cheques foram emitidos na praça de pagamento, os
mesmos contavam com 30 (trinta) dias como prazo de apresentação conforme art. 33 da
Lei 7.357/85 que declara que:

Art . 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento,


a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias,
quando emitido no lugar onde houver de ser pago ; e de
60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do
País ou no exterior.

Posterior a esse prazo então começa a correr o prazo prescricional


conforme art. 59 da Lei 7.357/85:
Art . 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da
expiração do prazo de apresentação, a ação que o art. 47
desta Lei assegura ao portador.

E ainda conforme entendimento do próprio STJ:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. TÍTULO DE
CRÉDITO. CHEQUE. AÇÃO DE EXECUÇÃO.
PRESCRIÇÃO. PRAZO. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO
INTERNO NÃO PROVIDO.
1. Consoante jurisprudência desta Corte Superior, o
prazo prescricional para ajuizamento de ação de
execução de cheque é de seis meses após o fim do prazo
de apresentação, que é de trinta dias a contar da
emissão, se da mesma praça, ou de sessenta dias,
também da emissão, se de praça diversa. Incidência da
Súmula 83/STJ.
2. Na hipótese, o cheque, da mesma praça, foi emitido
em 1º/03/2010 e a ação de execução de título
extrajudicial foi ajuizada em 27/09/2010, não incidindo,
portanto, a prescrição.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp n. 1.208.737/SP, relator Ministro
Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 21/2/2019,
DJe de 13/3/2019.)

Assim sendo Excelência o Primeiro cheque, emitido em


10.06.2022 obteve a sua prescrição para essa ação na data de 09.01.2023 e o segunda
cheque, emitido em 20.06.2022, obteve a sua prescrição em 19.01.2023 visto que o
prazo de 30 (dias) para apresentação começa a correr já no dia da emissão do mesmo.
Como a Ação de Execução foi ajuizada em data de 20.01.2023, ou seja, data esta
posterior à data prescrição de 2 (cheques) os mesmos estão então prescritos e assim
sendo impossibilitados de serem cobrados nesta Ação.
Assim, considerando que a Ação Executiva somente foi proposta
em data de 20.01.2023, após prazo de prescrição, conforme apontado acima, dos
cheques emitidos em 10.06.2022 e 20.06.2022 tais títulos encontram-se prescritos,
devendo a execução sobre os mesmos ser extinta sem resolução do mérito.

III.2 – DA INCORREÇÃO DA PENHORA: IMPENHORABILIDADE DOS


ATIVOS FINANCEIROS:

Após a intimação e o não pagamento do Embargante em 3 (três)


referente ao ajuizamento da Ação de Execução de Títulos Extrajudiciais, foram
penhorados valores que encontravam-se nas contas poupança e corrente do Embargante.

Tal penhora deu-se da seguinte forma: Foram penhorados RS


3.000,00 (três mil reais) na conta poupança do Embargante e R$ 800,00 (oitocentos
reais) na conta corrente do Embargante.

Ocorre Excelência, que o nosso ordenamento jurídico declara que


há bens que não estão sujeitos a penhora conforme art. 832 do CPC:

Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei


considera impenhoráveis ou inalienáveis.

E assim sendo, esses valores penhorados nas contas do


Embargante são, conforme declarado por Lei, impenhoráveis, pois conforme o art. 833
inciso X do CPC:

Art. 833. São impenhoráveis:


X - A quantia depositada em caderneta de poupança, até
o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos.
E assim sendo, esses RS 3.000,00 (três mil reais) penhorados na
conta poupança do Embargante encontram-se protegidos quanto a penhora pelo diploma
legal acima.

Ainda, referente ao valor de R$ 800,00 (oitocentos reais)


penhorados na conta corrente do Embargante, mesmo a conta sendo corrente e o artigo
acima mencionar exclusivamente contas poupanças, a jurisprudência entende que a
impenhorabilidade do inciso X do art. 833 deve-se estender também para as contas
corrente:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


RECURSO ESPECIAL. IMPUGNAÇÃO
ESPECÍFICA DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO
AGRAVADA. SÚMULA 568/STJ. BLOQUEIO DE
VALORES DEPOSITADOS EM POUPANÇA.
RECURSO INADMISSÍVEL.
1. Cuida-se de agravo interno que desafia decisão
unipessoal que deu provimento a recurso especial.
2. É entendimento da Segunda Seção deste STJ que
"reveste-se de impenhorabilidade a quantia de até
quarenta salários-mínimos poupada, seja ela mantida
em papel-moeda; em conta corrente; aplicada em
caderneta de poupança propriamente dita ou em fundo
de investimentos, e ressalvado eventual abuso, má-fé,
ou fraude, a ser verificado caso a caso, de acordo com
as circunstâncias da situação concreta em julgamento
(inciso X do art. 649)" (REsp n. 1.230.060/PR, Segunda
Seção, DJe de 29/8/2014).
3. É inepta a petição de agravo interno que não
impugna, especificamente, os fundamentos da decisão
agravada, em especial aqueles que sejam, por si só,
suficientes à manutenção do julgado.
4. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp n. 2.042.009/SP, relatora Ministra
Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em
20/3/2023, DJe de 22/3/2023.)
Assim Excelência, requer que seja reconhecido a
impenhorabilidade dos valores penhorados tanto na conta poupança quanto na conta
corrente do Embargante conforme determina a Lei e o entendimento do próprio STJ.

III.3 – DA INCORREÇÃO DA PENHORA: IMPENHORABILIDADE DO


IMÓVEL:

Assim como ocorreu com os valores das contas poupança e


corrente do Embargante, após o esgotamento do prazo de pagamento em 3 (três) dias e a
não realização do mesmo por parte do Embargante, houve então a penhora de um
imóvel do Embargante uma casa de 80 m2 localizada no Lote de terras no 07, da
Quadra no 10, do Loteamento denominado Parque Metropolitano, localizado na Cidade
de Umuarama – Pr.

Porém Excelência, tal penhora também vai contra o ordenamento


jurídico brasileiro, pois no art. 1º da Lei 8009/90 temos a declaração de
impenhorabilidade do imóvel residencial:

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da


entidade familiar, é impenhorável e não responderá por
qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal,
previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus
proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses
previstas nesta lei.

Ainda, no art. 5º da mesma Lei temos entendimento de qual é este


imóvel protegido por Lei da penhora:

Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que


trata esta lei, considera-se residência um único imóvel
utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para
moradia permanente.
Assim Excelência, o imóvel penhorado enquadra-se na
salvaguarda que a Lei estabelece para proteger os imóveis da penhora pois conforme
juntada em anexo as certidões de todos os cartórios de registro de imóveis tanto da
cidade de Umuarama – Pr., quando da cidade de Cianorte – Pr., este imóvel penhorado é
o único imóvel do Embargante.

Ainda que alegue-se que embora seja o único imóvel do


Embargante, mas que esse encontra-se alugado pelo mesmo, não sendo assim a moradia
onde reside o Embargante, tal imóvel é entendido ainda como sendo impenhorável pois
mesmo estando alugado para terceiros, tal ação por parte do Embargante somente se deu
pois o mesmo encontrasse desempregado conforme documenta comprobatória em anexo
(carteira de trabalho e extrato do CNIS), a acabou tendo de lugar o próprio imóvel para
que com o dinheiro do aluguel pudesse pagar um aluguel inferior, conforme contrato de
alugueis em anexo, e que assim sendo, lhe sobrasse um pequeno valor para conseguir
manter-se enquanto permanece desempregado .

Essa situação do Embargante já foi apreciada pelo STJ que


declara em sua Súmula 486:

É impenhorável o único imóvel residencial do devedor


que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida
com a locação seja revertida para a subsistência ou a
moradia da sua família. (SÚMULA 486, CORTE
ESPECIAL, julgado em 28/06/2012, DJe 01/08/2012).

Desta forme Excelência mesmo o Embargante não residindo em


seu único imóvel por estar alugado o mesmo, mas utilizando o valor do aluguel para sua
subsistência, como é o caso do Embargante, tal imóvel segue protegido pela Lei contra a
impenhorabilidade.

E mesmo ainda que se alegue que o imóvel do Embargante é


penhorável pois o Embargante não constitui uma entidade familiar, tal alegação não
encontra amparo legal e nem jurisprudencial já que a Súmula 364 também do STJ deixa
bem claro que:

O conceito de impenhorabilidade de bem de família


abrange também o imóvel pertencente a pessoas
solteiras, separadas e viúvas. (SÚMULA 364, CORTE
ESPECIAL, julgado em 15/10/2008, DJe 03/11/2008).

E desta forme Excelência o Embargante, mesmo sendo solteiro,


mas possuidor de um único imóvel, que mesmo estando locado no presente para que o
mesmo possa alugar um outro imóvel inferior a assim pagar o aluguel deste imóvel
inferior e poder ter como manter-se enquanto permanece desempregado, é
impenhorável.

Diante disso Excelência, requer que seja reconhecida a


impenhorabilidade do imóvel penhora do Embargante na Ação de Execução de Títulos
Extrajudiciais, bem como a revogação da mesma.

III.4 – DO EXCESSO DE EXECUÇÃO:

Conforme foi demonstrado no item III.1 deste Embargos à


Execução, há dois cheques, os de data de emissão de 10.06.2022 e 20.06.2022, que
encontram-se prescritos, desta forma conforme art. 917 § 2º inciso I do CPC:

Art. 917. Nos embargos à execução, o executado


poderá alegar:
§ 2º Há excesso de execução quando:
I - O exequente pleiteia quantia superior à do título;

Estamos diante de um excesso de execução pois o valor devido a


se cobrar dever-se-ia ser de R$ 5.509,51 (cinco mil quinhentos e nove reais e cinquenta
e um centavos) conforme tabela abaixo:

TABELA DEMONSTRATIVA DE CÁLCULO


CHEQUE EMITIDO EM 10.07.2022 CHEQUE EMITIDO EM 20.07.2022
VALOR: R$ 2.500,00 VALOR R$ 2.500,00
JUROS LEGAIS: R$ 220,27 JUROS LEGAIS: R$ 212,20
CORREÇÃO MONETÁRIA INPC: R$ CORREÇÃO MONETÁRIAINPC: R$ 38,52
38,52
TOTAL: R$ 2.758,79 TOTAL: R$ 2750,72
TOTAL A SER COBRADO: R$ 5.509,51.

Não obstante Excelência o Próprio TJ-PR entende também que:

APELAÇÃO CÍVEL – EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL – CHEQUE PRESCRITO –
SENTENÇA QUE ACOLHEU A EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE PARA DECLARAR A
NULIDADE DA EXECUÇÃO POR AUSÊNCIA DE
EXIGIBILIDADE DO TÍTULO – INSURGÊNCIA –
CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE – MATÉRIA DE ORDEM
PÚBLICA E QUE PRESCINDE DE NECESSÁRIA
DILAÇÃO PROBATÓRIA – PRAZO
PRESCRICIONAL PARA EXECUÇÃO DE CHEQUE
– 6 (SEIS) MESES – EXEGESE DO ARTIGO 59, DA
LEI Nº 7.357/85 – SENTENÇA ESCORREITA –
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS
MAJORADOS – INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 85, §
11, DO CPC – RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
(TJPR - 16ª Câmara Cível - 0046914-77.2019.8.16.0021
- Cascavel - ) Rel.: DESEMBARGADORA MARIA
MERCIS GOMES ANICETO - J. 21.03.2022.

Ou seja, cheques prescritos, como no caso em tela, quando


cobrados em Ação de Execução de Títulos Extrajudiciais caracterizam excesso de
execução.

Requer então Excelência que seja reconhecido o excesso de


execução por parte do Embargado e que a mesma então prossiga pelo valor real do
débito exigível que é de R$ 5.509,51 (cinco mil quinhentos e nove reais e cinquenta e
um centavos).

III.5 – DO EFEITO SUSPENCIVO:

Embora seja sabido que os Embargo à Execução não possuam


caráter de efeito suspensivo, o juiz poderá concedê-lo caso julgue pertinente ou
necessário conforme art. 919 § 1º do CPC:
Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito
suspensivo.

§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante,


atribuir efeito suspensivo aos embargos quando
verificados os requisitos para a concessão da tutela
provisória e desde que a execução já esteja garantida por
penhora, depósito ou caução suficientes.

Sendo assim Excelência, quando nos Embargos à Execução


tivermos a probabilidade do direito bem como o perigo da demora e a garantia da
execução o Juízo poderá, diante da solicitação do Embargante, conceder efeito
suspensivo aos Embargos à Execução.

Conforme julgado a seguir do STJ, há de se alegar efeito


suspensivo nos Embargos à Execução quando tivermos bem de família penhorado:

PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL.


EMBARGOS À EXECUÇÃO. DÍVIDA NÃO-
TRIBUTÁRIA. INMETRO. PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE. REDIRECIONAMENTO DA
EXECUÇÃO. TEMA 444 DOS RECURSOS
REPETITIVOS. RECURSO ESPECIAL.
INOCORRÊNCIA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. DISSÍDIO NÃO
DEMONSTRADO. CONTROVÉRSIAS QUE
DEMANDAM REEXAME DE FATOS E PROVAS.
SÚMULAS N. 5 E 7 DO STJ. DEFICIÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO RECURSAL.
JURISPRUDÊNCIA DO STJ. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA PARTE,
IMPROVIDO.
I - Na origem, trata-se de embargos à execução fiscal
opostos contra o Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade - INMETRO objetivando,
em síntese, o pronunciamento da prescrição
intercorrente para cobrança dos créditos a que se
referem a execução fiscal de origem, o reconhecimento
de ilegitimidade passiva dos executados, o
reconhecimento de nulidade no redirecionamento da
execução fiscal, a declaração de impenhorabilidade de
imóvel urbano indicado.
II - Na instância de origem, atribuiu-se efeito
suspensivo aos embargos (fl. 121). Na sentença, os
embargos foram julgados parcialmente procedentes,
para o fim de reconhecer como bem de família a área
superior do imóvel indicado, devendo a penhora
efetivada ser reduzida à área térrea, destinada a
comércio. No Tribunal a quo a sentença foi mantida.
III - Deve ser indeferida a tutela provisória de efeito
suspensivo quando não demonstrado nas razões
recursais o perigo na demora, especialmente
considerando que o pedido foi formulado em dezembro
de 2012 e estes autos somente vieram ao Superior
Tribunal de Justiça em dezembro de 2021, não tendo
havido, na petição de encaminhamento apresentada
pelos recorrentes em novembro de 2021 (fls. 782),
renovação do pedido de tutela provisória ou qualquer
manifestação quanto à necessidade da medida.
IV - Não há violação do art. 535 do CPC/1973 (art.
1.022 do CPC/2015) quando o Tribunal a quo se
manifesta clara e fundamentadamente acerca dos
pontos indispensáveis para o desate da controvérsia,
apreciando-a (art. 165 do CPC/1973 e art. 489 do
CPC/2015), apontando as razões de seu convencimento,
ainda que de forma contrária aos interesses da parte,
como verificado na hipótese.
V - Não se considera, no caso, comprovada a
divergência jurisprudencial, uma vez que a parte
recorrente não realizou o indispensável cotejo analítico
a fim de demonstrar a existência de identidade jurídica
e similitude fática entre o acórdão recorrido e os
paradigmas indicados. Quanto à alegação de existência
de dissídio jurisprudencial, que tem por objeto a
mesma questão aventada sob os auspícios da alínea "a"
e obstaculizada pelo enunciado da Súmula n. 7/STJ,
impõe-se o reconhecimento da inexistência de
similitude fática entre os arestos confrontados,
requisito indispensável ao conhecimento do recurso
especial pela alínea "c".
VI - Esta Corte somente pode conhecer da matéria
objeto de julgamento no Tribunal de origem. Ausente o
prequestionamento da matéria alegadamente violada,
não é possível o conhecimento do recurso especial.
Nesse sentido, o enunciado n. 211 da Súmula do STJ:
"Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a
despeito da oposição de embargos declaratórios, não
foi apreciada pelo Tribunal a quo"; e, por analogia, os
enunciados n. 282 e 356 da Súmula do STF.
VII - Não há incompatibilidade entre a inexistência de
ofensa ao art. 1.022 do CPC/2015 e a ausência de
prequestionamento, com a incidência do enunciado n.
211 da Súmula do STJ quanto às teses invocadas pela
parte recorrente, que, entretanto, não são debatidas
pelo tribunal local, por entender suficientes para a
solução da controvérsia outros argumentos utilizados
pelo colegiado. Nesse sentido: AgInt no AREsp
1.234.093/RJ, relator Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, Terceira Turma, julgado em 24/4/2018, DJe
3/5/2018; AgInt no AREsp 1.173.531/SP, relator
Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado
em 20/3/2018, DJe 26/3/2018.
VIII - O art. 471 do CPC1973 ressalva a possibilidade
de reapreciação da matéria quanto houver modificação
das circunstâncias de fato ou de direito a respeito do
que decidido, além de outras hipóteses previstas em lei.
Nessa perspectiva, reavaliar as circunstâncias que
justificaram a renovação do pedido de
redirecionamento da execução fiscal, com seu
consequente deferimento, demandaria o reexame
fático-probatório, o que é vedado pelo enunciado n. 7
da Súmula do STJ, segundo o qual "A pretensão de
simples reexame de provas não enseja recurso
especial".
IX - Também as controvérsias relativas à ilegitimidade
passiva da sócia quotista Elenice e à ausência de dolo
ou culpa dos sócios executados encontram-se
obstaculizadas pelas Súmulas n. 5 e 7 do STJ. Com
efeito, estabelecidas as premissas fáticas pela Corte de
origem, incidem os óbices das Súmulas ns. 5 e 7 do
STJ, quando a pretensão recursal demanda reexame
de cláusulas contratuais e reexame do acervo fático-
probatório juntado aos autos.
X - A questão relativa à impenhorabilidade de imóvel
sede de microempresa familiar que serve,
conjuntamente, à residência da família também não
comporta conhecimento. Isso porque, além de não ter
sido demonstrado o dissídio jurisprudencial no ponto,
nos termos da jurisprudência desta Corte, não foi
indicado, em relação a essa controvérsia, o dispositivo
de lei federal objeto de violação ou interpretação
divergente pelo Tribunal de origem, atraindo a
incidência do óbice da Súmula n. 284 do STF.
XI - Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa
extensão, improvido.
(REsp n. 1.976.299/RS, relator Ministro Francisco
Falcão, Segunda Turma, julgado em 28/2/2023, DJe de
3/3/2023.)

Dessa forma Excelência na penhora de bem de família, que é


protegido por Lei através da impenhorabilidade como já visto acima, temos o direito
mais que provável como no nosso caso em tela visto ser o único bem do Embargante e
que o mesmo enquadra-se em todo o entendimento legal e jurisprudencial para ter
direito a impenhorabilidade do seu imóvel ora penhorado, e de igual forma nós temos a
possibilidade desse imóvel ser arrematado em uma leilão por um valor muito menor do
seu valor real de mercado por um terceiro de boa-fé o que resultará em prejuízos
irreparáveis para o Embargante, e ainda preenche-se o requisito da necessidade de
garantia para com a execução haja visto a própria penhora do bem imóvel do
Embargante.

Assim, requer que seja atribuído efeito suspensivo aos Embargos


à Execução para determinar a suspensão da Ação de Execução até o trânsito em julgado
da decisão dos presentes Embargos.

III.6 – DA TUTELA PROVISÓRIA:

Tendo em vista a situação atual em que se encontra o Embargante,


desempregado, conforme já demonstrado, e tendo como única fonte de renda para se
manter o aluguel do seu único bem que é usado para pagar o aluguel da sua atual
moradia mais barata e sobrando assim alguns poucos reais para que o mesmo possa
custear o seu sustento há de se invocar o art. 300 do CPC que declara:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

Pois como já demonstrado no item III.2 os valores penhorados nas


contas poupança e corrente do Embargante são impenhoráveis conforme declara a Lei e
a Jurisprudência, dessa forma Excelência temos o direito do Embargante claramente
demonstrando e de igual forma temos a possibilidade de termos um prejuízo
irrecuperável pois esses valores penhorados são os únicos valores que o Embargante
tem para poder sobreviver, visto estar desempregado, e sem eles o mesmo pode vir até
mesmo a passar privações tanto alimentícias quanto privações decorrentes do não
pagamento de contas essenciais como conta de água e luz.

Assim Excelência, requer que seja concedida a Tutela Provisória


referente à penhora dos valores que encontram-se nas contas poupança e corrente do
Embargante visto o mesmo estar desempregado e sem nenhuma outra fonte de renda e
visto também tais valores serem impenhoráveis.

III.7 – DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA:


Tendo em conta a atual situação do Embargante, onde o mesmo
está desempregado e sem rendas extras para conseguir custear o processo e tendo-se em
vista o nosso ordenamento jurídico garante o direito a assistência judiciária gratuita
conforme expressa o art. 98 do CPC:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou


estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as
custas, as despesas processuais e os honorários
advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na
forma da lei.

E como demonstrou-se no decorrer do caso em tela, o Embargante encontra-se


atualmente impossibilitado de arcar com qualquer custa processual haja vista a sua atual
situação financeira, desta forma fazendo jus à concessão da gratuidade da justiça.

Assim sendo, requer que seja concedido ao Embargante o direito a assistência judiciária
gratuita nos termos da Lei.

IV – DOS REQUERIMENTOS FINAIS:

Isto posto, requer se digne Vosso Excelência em:

1 – Conceder os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, nos


termos do art. 98 do CPC, tendo em vista que o Embargante não tem condições
financeiras de arcar com o pagamento das custas e demais despesas processuais sem
prejuízo de seu sustento.

2 – Receber os presentes Embargos e determinar que sejam


distribuídos por dependência à Ação de Execução de Título Extrajudicial nº
0004311.31.2023.8.16.0003.

3 – Seja atribuído efeito suspensivo aos Embargos, determinando


a suspensão da Ação de Execução até o trânsito em julgado da decisão dos presentes
Embargos.
4 – Conceder a tutela provisória de urgência, para determinar a
imediata liberação dos valores bloqueados.

5 – Determinar a intimação do Embargado para, querendo, dentro


do prazo legal de 15 (quinze) dias, impugnar os presentes.

6 – Ao final acolher a preliminar de incompetência do juízo e


determinar a remesso doas Autos ao juízo competente, qual seja uma das Varas Cíveis
da Comarca de Cianorte – Pr, ou no mérito julgar procedente os Embargos para:

6.1 – Declarar a impenhorabilidade dos valores penhorados nas


contas poupança e corrente do Embargado, por serem inferiores a 40 (quarenta) salarias
mínimos, bem como do imóvel penhorado

6.2 – Reconhecer a prescrição dos cheques emitidos nas datas de


10.06.2022 e 20.06.2022, devendo a execução ser extinta em relação a eles com
resolução do mérito.

6.3 – Declarar o excesso de execução de execução, devendo está


prosseguir pelo valor de 5.509,51 (cinco mil quinhentos e nove reais e cinquenta e um
centavos), com os acréscimos de juros legais e correção monetária, condenando o
Embargado ao pagamento das verbas sucumbenciais.

7 – Permitir a produção de todos os meios de prova em direito


admitidas, especialmente provas documentais, depoimento pessoal do Embargado sob
pena de confesso, oitiva de testemunhas e prova pericial.

Dá-se a causa o valor de 5.509,51 (cinco mil quinhentos e nove


reais e cinquenta e um centavos).

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Umuarama – Pr., ao 5º dia do mês de Abril de 2023

Wellington Kogien da Silva


____________________________________
OAB – 00207023

- ROL DE DOCUMENTOS:

Você também pode gostar