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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE CAPIVARI

DE BAIXO/SC

Autos n.

RÉU, nacionalidade, documentação, endereço, vem mui respeitosamente perante Vossa


Excelência na AÇÃO MONITÓRIA através de seu defensor nomeado pelo juízo em evento n.
129 apresentar CONTESTAÇÃO12 conforme os fatos e argumentos jurídicos que serão
explanados a seguir.

ARGUMENTAÇÃO FÁTICA

É uma ação monitória proposta no primeiro semestre de ANO da qual almeja a constituição
dos cheques em título executivo judicial.

Em suma, são dois cheques, sendo o primeiro emitido DATA XX/XX/XXXX, no valor de R$
XX.XXX,XX, cheque n. XXXXXX e o segundo, emitido em XX/XX/XXXX, no valor de R$
X.XXX,XX, cheque n. XXXXXX.

Ambos pré-datados com datas, respectivas, para XX/XX/XXXX e XX/XX/XXXX.

Também, ambos os cheques foram emitidos na mesma praça, ou seja, cidade de XXXXX/SC
sem haver qualquer menção quanto à indicação especial para pagamento.

Por fim, requereu a citação para honrar a obrigação no importe de R$ XXX.XXX,XX;


produção de todos os meios de prova e condenação em custas processuais e honorários
advocatícios.

Com o prosseguimento do feito, todas as tentativas para formalizar a triangularização


processual restaram sem efeito.

A citação por edital foi perfectibilizada e o comparecimento espontâneo nos autos não
ocorreu.

Nomeado defensor dativo para representar os interesses, o processo em questão está nesta
fase sob o crivo do contraditório e ampla defesa.

ARGUMENTOS JURÍDICOS

PRELIMINAR

INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL

Da leitura processual, os autos estão devidamente instruídos com documentos probantes


acerca da titularidade do credor a respeito dos títulos de créditos bem como da cobrança
de crédito que lhe é devido.

Malgrado o direito pleiteado, a ação pleiteada foi proposta justamente no domicilio do


credor contrariando posicionamento legislativo de jurisprudencial.
De acordo com os ditames do Código de Processo Civil, o artigo 53, III, d estabelece a
competência do lugar onde a obrigação deve ser satisfeita, ipsis litteris:

Art. 53. É competente o foro:

III - do lugar:

d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;

Na mesma linha de raciocínio, na ausência de convenção onde a obrigação deve ser


satisfeita, adota-se o lugar de sua emissão, nos termos do artigo 2º da Lei n. 7.357/85:

Art. 2º O título, a que falte qualquer dos requisitos enumerados no artigo precedente não
vale como cheque, salvo nos casos determinados a seguir:

I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado


junto ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro
deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão;

II - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado


junto ao nome do emitente.

No caso em voga, os cheques foram emitidos em XXXXX/XX e não há prova bastante nos
autos para comprovar indicação diversa para pagamento.

O posicionamento recente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina reafirma a tese


suscitada, ou seja, compete ao juízo do local do pagamento para julgamento, senão
vejamos:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE EXECUÇÃO. CHEQUE. DEMANDA


AJUIZADA PELO CREDOR NO LOCAL DO PAGAMENTO. FORO COMPETENTE. LOCAL DE
PAGAMENTO DO TÍTULO. REGRA DE COMPETÊNCIA TERRITORIAL (CPC, ART. 46, CAPUT).
NATUREZA RELATIVA. IMPOSSIBILIDADE DE DECLINAÇÃO EX OFFICIO. NECESSIDADE DE
IMPUGNAÇÃO DO DEMANDADO, EM PRELIMINAR DE CONTESTAÇÃO (CPC, ARTS. 64 E
65). EXEGESE DA SÚMULA N. 33 DO STJ. CONFLITO PROCEDENTE. "O foro competente para
a execução de cheque é o local do pagamento, sendo irrelevantes os locais de domicílio do
autor e do réu, assim como o fato deste último estar em lugar incerto e não sabido." (STJ.
AgRg no AREsp n. 485.863/MS, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 2.9.2014). CONFLITO
CONHECIDO E PROVIDO PARA DECLARAR COMPETENTE O JUÍZO SUSCITADO. (TJSC,
Conflito de Competência Cível n. 0001056-64.2019.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Sebastião César Evangelista, Terceira Câmara de Direito Comercial, j. 18-
03-2021) grifei.

AGRAVO RETIDO. AÇÃO DE COBRANÇA FUNDADA EM CHEQUE. ALEGAÇÃO DE


COMPETÊNCIA RELATIVA DO LOCAL DE SATISFAÇÃO DA DÍVIDA. IMPOSSIBILIDADE NO
CASO CONCRETO. NA AUSÊNCIA DE DESIGNAÇÃO DO LOCAL DE PAGAMENTO NA
CÁRTULA PREVALECE O DA EMISSÃO PARA DEFINIR O FORO COMPETENTE. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. "1 Na dicção do art. 87, do Código de Processo Civil, a
competência para o processamento e julgamento de determinada causa é fixada no
momento da propositura da ação. 2 A competência para processar e julgar ação monitória
sustentada em cheque destituído de provisão de fundos é do juízo com jurisdição no lugar
do respectivo pagamento, correspondendo esse local, na ausência de convenção expressa
em contrário, ao da emissão do título, o que impõe a prevalência da regra contida no art.
100, IV, letra 'd', do Código de Processo Civil" (Conflito de Competência n. 2013.023730-8,
de São José, Rel. Des. Trindade dos Santos, j. 6-6-2013). [...]. (TJSC, Apelação Cível n.
2015.008257-2, de Brusque, rel. Rejane Andersen, Segunda Câmara de Direito Comercial, j.
16-06-2015) grifei.

De acordo com a fundamentação exarada, requer a declaração da incompetência do juízo


sobre o feito e a consequente remessa dos autos à Comarca competente, ou seja,
XXXXX/XX.

MÉRITO

CAUSA DEBENDI

De acordo com o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema, o cheque


que não tenha sido circulado, continua atrelado à relação jurídica e é possível a discussão
da causa debendi, conforme jurisprudência pinçada:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CHEQUE. AUTONOMIA.


VINCULAÇÃO. CONTRATO. DESCUMPRIMENTO. EXCEÇÕES PESSOAIS. OPOSIÇÃO.
CIRCULAÇÃO. AUSÊNCIA. POSSIBILIDADE. REEXAME. SÚMULAS N. 5 E 7-STJ. NÃO
PROVIMENTO. 1. Se “o cheque não houver circulado, estando, pois, ainda atrelado à
relação jurídica originária estabelecida entre seu emitente (sacador) e seu beneficiário
(tomador), é possível que se discuta a causa debendi. (REsp 1228180/RS, Rel. Ministro RAUL
ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 17/03/2011, DJe 28/03/2011).

No caso em questão, vê-se que a petição inicial não está fundamentada sobre a causa
debendi. É um título executivo judicial, não circulado e devolvido sem fundos e sua
argumentação é devida em momento oportuno.

Colhe-se posicionamento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO MONITÓRIA FUNDADA EM CHEQUES. DECISÃO


INTERLOCUTÓRIA QUE AUTORIZOU A AUTORA JUNTAR AOS AUTOS OS DOCUMENTOS
QUE EMBASARAM A COBRANÇA DOS TÍTULOS. RECURSO DA AUTORA. SUSCITADA
IMPOSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO DA "CAUSA DEBENDI", EM RAZÃO DAS
CARACTERÍSTICAS DA LITERALIDADE, ABSTRAÇÃO E AUTONOMIA DO CHEQUE. CASO
CONCRETO NO QUAL OS CHEQUES NÃO CIRCULARAM. AUTORA/AGRAVANTE QUE É A
CREDORA ORIGINÁRIA DOS TÍTULOS. PRINCÍPIOS DA AUTONOMIA E DA ABSTRAÇÃO DO
TÍTULO DE CRÉDITO EXCEPCIONADOS. POSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO ACERCA DA
"CAUSA DEBENDI". PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DESTA CORTE.
TESE AFASTADA. DECISÃO MANTIDA. É assente na jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça que "O cheque ostenta a natureza de título de crédito, portanto, é não-causal (CPC,
art. 585, I), ou seja, em decorrência de sua autonomia e abstração, não comporta discussão
sobre o negócio jurídico originário. Entretanto, se o cheque não houver circulado, estando,
pois, ainda atrelado à relação jurídica originária estabelecida entre seu emitente (sacador) e
seu beneficiário (tomador), é possível que se discuta a causa debendi" (REsp n.
1.228.180/RS, Relator Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 17/3/2011, DJe
28/3/2011).(...) (AgInt no AREsp 695.167/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
QUARTA TURMA, julgado em 27/05/2019, DJe 30/05/2019) RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 4002161-08.2019.8.24.0000, da Capital, rel.
Luiz Zanelato, Primeira Câmara de Direito Comercial, j. 07-11-2019).

Pelo fato de não haver a menção da causa debendi na petição inicial, requer a extinção do
feito com fulcro nos artigos 330, I, c/c 485, I, ambos do CPC.

NEGATIVA GERAL

No mérito, através da prerrogativa assegurada3 atrelada a falta de maiores elementos para


ofertar uma contestação mais técnica, contraria no ponto, os argumentos ventilados pelo
autor em todos os termos, por NEGATIVA GERAL, controvertendo todos os fatos.

REQUERIMENTO

Ante o exposto, requer:

a) Concessão do benefício da justiça gratuita;

b) Preliminarmente a incompetência do juízo a fim do feito ser julgado na Comarca de


XXXXX/XX;

c) No mérito, a extinção do feito sem resolução do mérito com fulcro nos artigos 330, I, c/c
485, I, ambos do CPC;

d) Julgamento improcedente dos pedidos nos termos do artigo 341, § único do CPC;

e) Inversão do ônus sucumbencial;

f) Produção de todos os meios de prova admitidas nos termos do artigo 369, CPC e

g) Fixação dos honorários advocatícios nos termos do artigo 22, § 1º do Estatuto da


OAB/SC.

Nestes Termos,

Pede-se Deferimento.

Local e Data.

Advogado

1 Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias,
cujo termo inicial será a data:

2 Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as
razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas
que pretende produzir.
3 Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato
constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor
público, ao advogado dativo e ao curador especial.

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