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DIREITO PROCESSUAL CIVIL DECLARATIVO

CAPÍTULO III
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS RELATIVOS AO TRIBUNAL

Considerações Prévias
- O tribunal é a entidade imparcial que é chamada para dirimir um determinado conflito
de interesses levado a juízo. É este, enquanto órgão de soberania com competência para
administrar a justiça em nome do povo, que profere a decisão de mérito que poe termo
ao litígio entre as partes.
Contudo, em cada açao, o tribunal apenas estará em condições de exercer a sua função
se for o tribunal competente, sob pena de se verificar a incompetência do tribunal.
Organização dos Tribunais Portugueses
O sistema judiciário português tem as seguintes categorias de tribunais:
- Tribunal constitucional
- Supremo Tribunal de Justiça e os tribunais judiciais de 1 e 2 instância
- Supremo Tribunal Administrativo e os demais tribunais administrativos e fiscais
- Tribunal de Contas
- Julgados de Paz e tribunais arbitrais
- 209 a 214 da CRP e 31 a 33 da LOSJ

- Os tribunais judiciais são os tribunais comuns em mateira cível e criminal e exercem


jurisdição em todas as áreas não atribuídas por outra ordem jurisdicional.

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O objetivo das regras de competência dos tribunais é repartir o poder jurisdicional pelos
diversos tribunais, havendo várias motivações para o fazer, como sejam:
a especialização dos tribunais na resolução de determinados conflitos;
a necessidade de distinguir as ações de acordo com a sua complexidade e o valor;
facilitar o acesso à justiça aos cidadãos através de tribunais geograficamente mais
acessíveis;
a necessidade de corrigir erros e vícios do julgamento, daí a criação dos tribunais de
recurso.
- Trata-se da repartição da competência dos tribunais no seu conjunto, quando
confrontados uns com os outros. A este propósito importa então aferir da competência
internacional e da competência interna dos tribunais portugueses.

I – Competência Interna
- A competência dos tribunais portugueses afere-se conjuntamente pelo que se acha
estabelecido no CPC e nas leis de organização judiciaria – artigo 60, n.1, CPC.
- Na ordem interna, a jurisdição reparte-se pelos diferentes tribunais segundo os
seguintes critérios: a matéria, a hierarquia judiciaria, o valor da causa e o território –
artigo 60, n.2, CPC e 37, n.1 da LOSJ.
- a competência fixa-se no momento em que o autor propõe a ação – 38º, n.1, LOSJ.

Competência em razão da Matéria


- São da competência dos tribunais judiciais as causas que não sejam atribuídas a outra
ordem jurisdicional – art 64º, CPC, art 40º, n.1, LOSJ

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- Por sua vez, ao nível dos tribunais judiciais de 1 instancia, também há atribuições de
competência em razão matéria: o artigo 65 do CPC remete para as leis de organização
judiciaria, sendo a LOSJ que determina quais as espécies de tribunais ou juízos de
competência especializada e de competência genérica.
- Primeiramente, dentro dos tribunais judiciais de 1 instancia, segundo a matéria,
podemos ter os tribunais de comarca e os tribunais de competência territorial alargada.

- Os tribunais de competência territorial alargada são tribunais de competência


especializada e exercem jurisdição em mais do que uma comarca ou sobre áreas
definidas na lei e são:
Tribunal de propriedade intelectual – artigo 111.º LOSJ
Tribunal da concorrência, regulação e supervisão – artigo 112.º LOSJ
Tribunal marítimo – artigo 1113.º LOSJ
Tribunal de execução de penas – artigo 114.º LOSJ ▪ Tribunal central de instrução
criminal – artigo 116.º LOSJ
- Nos termos do artigo 80, n.2 da LOSJ, os tribunais de comarca são de competência
genérica ou de competência especializada. Por sua vez, os tribunais de Comarca
desdobram-se em juízos que podem ser:
Art 81.º, n.º1, LOSJ
- Juízos de competência especializada – art 81, n.3, LOSJ
- Juízos de competência genérica;
- Juízos de proximidade – artigo 130, n.5 e 6 LOSJ
- Há juízos de competência especializada aos quais compete julgar causas relativas a
determinadas matérias (independentemente do valor da causa) que a lei
especificadamente enumera, como sejam:
- juízo de família e menores – 122 a 125 º da LOSJ
- juízo do trabalho – 126 e 127º LOSJ

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- juízo de comercio – 128º LOSJ
- juízo de execução – 129º, LOSJ
- Há outros em que a lei classifica como competência especializada, porquanto ou
julgam matéria cível ou matéria criminal:
- juízos locais cíveis; juízos centrais cíveis;
- juízos locais criminais; juízos centrais criminais;
- juízos locais de pequena criminalidade.
- Estes têm uma competência residual relativamente aos demais juízos, já que a
atribuição da competência a estes juízos depende de outros fatores para além da matéria
da causa, como é o caso do valor da causa e da forma.
- Os juízos de competência genérica são competentes, nomeadamente, nas ações
declarativas, na respetiva área territorial, quando as causas não sejam atribuídas a outros
juízos ou tribunal de competência territorial alargada – artigo 130.º, n.º 1 LOSJ.
Competência em razão da hierarquia
- Em razão da hierarquia, os Tribunais Judiciais encontram-se hierarquizados para
efeitos de recurso das suas decisões – artigo 42.º, n.º1 LOSJ – nas seguintes categorias:

- No que diz respeito a este critério, a regra é a de que os tribunais superiores são
tribunais de recurso.

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- Ou seja, são tribunais que apenas reapreciam as decisões dos tribunais
hierarquicamente inferiores, quando em relação a elas tenha sido interposto recurso,
segundo as regras das leis de processo – art 629, CPC.
- Aos tribunais de 1ª instância cabe-lhes o julgamento de todas as questões, qualquer
que seja o valor da ação – artigo 67, CPC – pelo que, as ações judiciais devem ser
instauradas e conhecidas em 1ª instância.
- Apenas em casos excecionais é que a lei admite que se instaurem açoes diretamente
nos tribunais superiores, como é o caso das ações de revisão de sentenças estrangeiras –
979º, CPC
- Os tribunais da relação conhecem dos recursos e das causas que por lei sejam da sua
competência – 68, n.1, CPC
- Estes são, em regra, os tribunais de 2ª instancia e designam-se pelo nome do município
em que se encontram instalados – art 67, n.1, LOSJ:
Porto, Lisboa, Guimarães, Évora e Coimbra.
- À Relação compete apreciar os recursos das decisões proferidas pelo tribunal de 1ª
instancia – 68, n.2, CPC.
- O Supremo Tribunal de Justiça tem sede em Lisboa e possui jurisdição sobre todo o
território nacional. Compreende secções em matéria cível, penal e social – art 31, n.1,
43, n1, 45 e 47, n.1 todos LOSJ.
- O STJ apenas aprecia matéria de direito – 46º da LOSJ
- Conhece dos recursos e das causas que por lei sejam da sua competência – art 69, n.1,
CPC. É essencialmente um recurso de revista: cabe-lhe rever o modo como foi feita a
aplicação da lei substantiva aos factos provados.
- No entanto, em certas circunstâncias, as partes podem requerer que o recurso
interposto da 1ª instancia siga diretamente para o STJ – recurso per saltum – artigos 69,
n.2 e 678, CPC.

Competência em razão do valor


- As normas de competência em razão do valor estabelecem quais as ações declarativas
de processo comum que competem aos juízos centrais cíveis e aos juízes locais cíveis –
art 66º, CPC, 41º, LOSJ.
- Este critério tem por referência tem por referência o valor da causa, o qual é
determinado segundo as regras previstas na lei processual. Assim:
- O valor da causa é o valor certo, expresso em moeda legal, que representa a utilidade
económica do pedido – 296, n.1.
Atender o valor da causa para:
- Determinar a competência do tribunal (juízo local cível ou central cível);

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- Determinar a forma de processo de execução comum (processo sumário ou ordinário);
- Aferir a relação da causa com a alçada do Tribunal (interposição de recurso);
- Aferir as custas judiciais.

Regras de aferição do valor da causa:


- Critério geral: se pela ação se pretende obter uma quantia em dinheiro, é esse o valor
da causa; se se pretende obter um benefício diverso, o valor da causa é a quantia
equivalente a esse benefício – art 297, n.1.
- Critérios especiais:
Ação de despejo – o valor é o da renda de 2 anos e meio, acrescido do valor das rendas
em dívida ou do valor da indemnização requerida, consoante o que for maior – 298, n.1.
Ações de alimentos definitivos – 5x a anuidade correspondente ao pedido – 298º, n.3
Ação de reivindicação do direito de propriedade – valor da coisa reivindicada – 302º;
Apreciação da existência, validade, cumprimento, modificação ou resolução de um ato
jurídico – valor do ato determinado pelo preço ou estipulado pelas partes – 301
Ações sobre o estado das pessoas – alçada da Relação mais 0,01€ - 30,000,01 – 303º,
CPC.
Assim:
- Compete aos juízos centrais cíveis, a preparação e o julgamento das ações declarativas
cíveis de processo comum de valor superior a 50 000, 00€ - art 117, n.1, a), LOSJ.
- Os juízos locais cíveis possuem competência quando as causas não sejam de
competência de outros juízos ou de um tribunal de competência territorial alargada –
130º, n.1, LOSJ

Competência em razão do território


- O STJ tem competência em todo o território nacional e os tribunais da Relação e de 1ª
instancia, na área das respetivas circunstancias – art 43º, LOSJ
- Para os tribunais da relação – art 32º LOSJ e Mapa II ROFTJ
- Para os tribunais de 1ª instancia – 33 e 83, n.4 LOSJ e Mapa III ROFTJ

Critérios legais relativos à competência territorial


Artigo 70.º: Foro real ou da situação dos bens
Artigo 71.º: Foro obrigacional

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Artigo 72.º: Foro do autor
Artigo 72.º-A: Foro hereditário
Artigo 73.º: Caso especial de honorários
Artigo 80.º: Foro geral ou do domicílio do réu (regra geral)

Competência interna convencional


- No âmbito da competência interna, importa ainda aferir da admissibilidade de as partes
acordarem o tribunal territorialmente competente para a resolução de determinados
conflitos que surjam entre as partes. É aí que surge a chamada competência interna
convencional. Assim, conforme determina o artigo 95.º:
- As partes podem afastar por convenção expressa, a aplicação das regras de
competência em razão do território, salvo nos casos a que se refere o artigo 104.º CPC
(casos de incompetência relativa de conhecimento oficioso do Tribunal).
- Fica-lhes, no entanto, vedada a possibilidade de afastar as regras de competência em
razão da matéria, da hierarquia e do valor da causa.
- O tribunal escolhido por convenção das partes tem competência exclusiva. Por issso, o
tribunal que segundo a lei seria competente deixa de o ser.
- Todavia, no caso de ser possível a celebração de um pacto de competência, este deve
adotar a mesma forma do contrato em causa, ou fonte da obrigação, contanto que seja
celebrado por escrito – artigo 94.º, n.º 4;
- E deve, ainda, designar as questões a que se refere e o critério de determinação do
tribunal que acordam ser o competente.

Falta do pressuposto processual relativo ao tribunal


- Em caso de incumprimento das regras de competência dos tribunais, ie, caso seja
proposta uma ação judicial sem serem respeitados os critérios de competência definidos
na lei (ou no contrato) há uma violação deste pressuposto processual.
- Consoante o critério que tenha sido violado, o vício processual pode dar origem:

➢ Incompetência Absoluta – artigos 96.º a 101.º

➢ Incompetência Relativa – artigos 102.º a 108.º.

Incompetência Absoluta
- A incompetência absoluta ocorre quando há violação das regras de competência em
razão da matéria e da hierarquia, de competência internacional e preterição de tribunal
arbitral - artigo 96.º.

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- Legitimidade e oportunidade para arguir – artigo 97.º, n.º1 e 2.
- Consequência: a verificação da incompetência absoluta constitui uma exceção dilatória
e como tal implica a absolvição do réu da instância – artigos 99.º, n.º1 + 576.º, n.º 2 +
577.º, n.º 1, al. a) + 278.º, n.º 1, al. a).
- Todavia, se a incompetência for decretada depois de findos os articulados, salvo se se
tratar da violação de pacto privativo de jurisdição ou preterição de tribunal arbitral,
observa-se o disposto no artigo 99.º, n.ºs 2 e 3.
- Note-se que as decisões de incompetência absoluta do tribunal são sempre suscetíveis
de recurso, independentemente do valor da causa – artigo 629.º, n.º 2, al. a)

Incompetência Relativa
- A incompetência relativa ocorre quando há violação das regras de competência
interna em razão do valor, do território ou decorrentes de competência convencional –
artigo 102.º.
- Legitimidade e oportunidade para arguir – distinguir consoante seja de conhecimento
oficioso do tribunal (artigo 103.º e 104.º) ou não. Caso seja inoficiosa, então a
incompetência só pode ser arguida pelo réu, na contestação, oposição ou resposta, ou
noutro meio de defesa que tenha a faculdade de arguir (artigo 109.º), devendo o juiz
decidir até ao despacho saneador.
- Consequência: a verificação da incompetência relativa constitui uma exceção dilatória,
que determina a remessa do processo para o tribunal competente (ou translatio judicii) –
artigos 105.º, n.º 3 + 576.º, n.º 2, in fine + 577.º, n.º 1, al. a) + 278.º, n.º 2, 1.ª parte.

Capítulo IV
FORMALISMOS PROCESSUAIS

CITAÇÕES E NOTIFICAÇÕES
Noções - Citação: ato pelo qual se dá conhecimento ao réu de que foi proposta contra
ele determinada ação e se chama ao processo para se defender; emprega-se ainda para
chamar, pela primeira vez, ao processo alguma pessoa interessada na causa – artigo
219.º, n.º 1;
- Notificação: serve para em quaisquer outros casos chamar alguém a juízo ou dar
conhecimento de um facto – n.º 2;
- As citações e as notificações são sempre acompanhadas de todos os elementos e de
cópias legíveis dos documentos e peças do processo necessárias à plena compreensão do
seu objeto – n.º 3.

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- O réu será ainda advertido do prazo dentro do qual pode oferecer a sua defesa, a
obrigatoriedade ou não de patrocínio judiciário e as cominações que encorra em caso de
revelia – artigos 227.º.
- Incumbe à secretaria promover oficiosamente as diligências necessária à regular
citação do réu – artigo 226.º, n.º 1;
- Se em 30 dias não se conseguir citar, o autor deve ser informado de tudo o que foi
feito para se conseguir e que mesmo assim não resultou, sendo o processo
imediatamente concluso ao juiz – n.º 2.
- Lugar da citação ou da notificação (artigo 224.º):

➢ As citações e as notificações podem-se efetuar em qualquer lugar onde o citando ou


notificando se encontre, por exemplo, na sua residência ou no seu local de trabalho.

➢ Proibição: ninguém pode ser citado ou notificado dentro de templos ou enquanto


estiver a desempenhar um ato de serviço público que não possa ser interrompido.
Modalidades de Citações
Pessoas singulares
As citações podem ser pessoais ou editais – artigo 225.º, n.º 1.

➢ Citação pessoal – é feita por via por via eletrónica ou mediante entrega ao citando de
carta registada com aviso de receção, ou através de contacto pessoal do agente de
execução ou do funcionário judicial com o citando – artigo 225.º, n.º 2.

➢ Citação edital – tem lugar quando o citando se encontre ausente em parte incerta ou
quando seja incertas as pessoas a citar – artigo 225.º, n.º 6.
- Pode ser a citação promovida por mandatário judicial nos termos dos artigos 237.º e
238.º - artigo 225.º, n.º 3.
- Tendo a citação sido efetuada em pessoa diversa do citando ou notificando - é
equiparada à citação pessoal, ficando o terceiro encarregado de transmitir ao citando o
conteúdo do ato, presumindo-se que este teve oportuno conhecimento dela, salvo prova
em contrário - artigo 225.º, n.º 4.
- Pode ainda efetuar-se a citação na pessoa do mandatário constituído pelo citando, com
poderes especiais para a receber, mediante procuração passada há menos de quatro anos
– 225.º, n.º 5
Citação Pessoas Sngulares

Citação por via postal – artigo 228º


- Em regra, a citação é feita por via postal. Esta faz-se por meio de carta registada com
aviso de receção dirigida ao citando e endereçada para a sua residência ou local de
trabalho incluindo os elementos previstos no artigo 227, CPC.

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- Deve ainda conter a advertência, quando dirigida ao terceiro que a receba, que se não
for entregue à pessoa do citando o fará incorrer em responsabilidade em termos
equiparados ao da litigância de má-fe – 228, n.1 – remete 542. Cabendo ao distribuidor
do serviço postal adverti-lo expressamente do dever da pronta entrega ao citando – 228,
n4.
- A carta pode ser entregue, após assinatura do aviso de receção, ao citando ou a
qualquer pessoa que se encontre na sua residência ou local de trabalho e que declare
encontrar-se em condições de a entregar prontamente ao citando – 228, n.2
- A citação postal considera-se feita no dia em que se mostre assinado o aviso de receçõ
e tem-se por efetuada na própria pessoa do citando, mesmo quando o aviso de receção
haja sido assinado por terceiro, presumindo-se, salvo demonstração em contrario, que a
carta foi oportunamente entregue ao destinatário – 230, n.1
- Não sendo possível a entrega da carta – será deixado aviso ao destinatário
identificando o tribunal de onde provém e o processo a que respeita, os motivos da
impossibilidade da entrega, permanecendo a carta durante 8 dias à sua disposição no
estabelecimento postal devidamente identificado – 228, n.5
- Em caso de recusa do recebimento da carta por parte do citando ou de alguém que
esteja na sua residência ou local de trabalho e que possa entregar a carta ao citando: o
distribuidor do serviço postal lavra nota do incidente, antes de a resolver – 228, n.6
- Quando o citando recuse a assinatura do aviso de receção ou o recebimento da carta, o
distribuidor postal lavra nota do incidente antes de a devolver e a citação considera-se
efetuada face à certificação da ocorrência – 229, n.3.
Citação mediante contacto pessoal – 231
- Frustrando-se a via postal, a citação é efetuada mediante contacto pessoal do AE com
o citando – artigo 231.º, n.º 1.
- Ao AE compete transmitir ao citando os elementos referidos no artigo 227.º,
elaborando e entregando ao citando nota com tais indicações – n.º 2.
- Esta citação tem também lugar quando o autor assim o declare na PI – artigo 231.º, n.º
8.
- O n.º 9 admite que o contacto pessoal para citação seja cometido a funcionário
judicial, quando o autor assim o manifeste na PI.
Citação com hora certa – artigo 232.º
- No caso de citação por contacto pessoal, se o AE ou o funcionário judicial apurar que
o citando reside ou trabalha efetivamente no local indicado, não podendo, no entanto,
proceder à sua citação por não o encontrar, deixa uma nota com indicação da hora certa
para a diligência, na pessoa que encontrar que estiver em melhor condições de transmitir
a informação ao citando, ou afixa o respetivo aviso no local mais indicado – artigo
232.º, n.º 1.

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- Advertência ao citando, quando a citação não haja sido efetuada na pessoa deste – ver
artigo 233.º.
Citação promovida por mandatário judicial – artigo 237.º
- O mandatário judicial deve na PI declarar o propósito de promover a citação por si,
por outro mandatário judicial, por via de solicitador ou de pessoa identificada que preste
serviços forenses junto das secretarias, no interesse e por conta dos mandatários
judiciais.
- Pode também requerer tal diligência em momento posterior, sempre que outra forma
de citação se tenha frustrado – artigo 237.º, n.º 2.

Citação Edital
- Conforme o disposto no artigo 225.º, n.º 6 - a citação tem lugar quando o citando se
encontre ausente em parte incerta, nos termos dos artigos 236.º ou 240.º ou, quando
sejam incertas as pessoas a citar, ao abrigo do artigo 243.º.
- A citação edital determinada pela incerteza do lugar em que o citando se encontra é
feita por afixação de edital, seguida da publicação. O edital é ainda afixado na porta da
casa da última residência ou sede que o citando teve no País – artigo 240.º.
- A citação considera-se efetuada no dia da publicação do anúncio. A partir dessa data
conta-se o prazo de dilação; findo este começa a correr o prazo para oferecimento da
defesa – artigo 242.º
- Quanto aos procedimentos cautelares veja-se o artigo 366.º, n.º 4 – quando se certificar
que a citação pessoal não é viável, não tem lugar a citação edital, devendo o juiz
dispensar a audiência prévia do requerido.
Citação das Pessoas Coletivas
- Citação efetuada nos termos do artigo 223.º.
- A citação por via postal prevista no artigo 228.º, n.º 1, é endereçada para a sede da
citanda inscrita no RNPC – artigo 246.º, n.º 2.
- Em caso de recusa da assinatura do AR, o distribuidor lavra nota do incidente antes de
a devolver e a citação considera-se efetuada face à ocorrência – artigo 246.º, n.º 3.
- Nos demais casos de devolução do expediente, é repetida a citação – n.º 4
Falta de Citação
- A falta de citação ocorre nos casos previstos no artigo 188.º.
- No entanto, se o réu ou o MP intervier de imediato no processo, sem arguir a falta de
citação, considerase sanada a nulidade – artigo 189.º.
- O artigo 190.º refere-se às consequência da falta de citação de vários réus:

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➢ No caso de litisconsórcio necessário: anula-se tudo o que se tenha processado depois
das citações;

➢ No caso de litisconsórcio voluntário: o processo prossegue sem o citando em falta,


no entanto, no caso de ter sido já designada data para a audiência final, a sentença não
lhe fará referência.

Notificações
- As notificações às partes em processos pendentes são feitas na pessoa dos seus
mandatários judiciais. Quando a notificação se destine a chamar a parte para a prática de
ato pessoal, além de ser notificado o mandatário, é também expedido pelo correio um
aviso registado à própria parte, indicando a data, o local e o fim da comparência – artigo
247.º, n.ºs 1 e 2.
- Os mandatários são notificados eletronicamente, devendo o sistema informático
certificar a data da elaboração da notificação, presumindo-se esta feita no 3.º dia
posterior ao da elaboração ou no 1.º dia útil seguinte a esse, quando não o seja – artigo
248.º.
-Se a parte não tiver constituído mandatário, as notificações são feitas por carta
registada, dirigida para a sua residência ou sede ou para o domicílio escolhido para o
efeito de as receber, presumindo-se feita no 3.º dia posterior ao do registo ou no 1.º dia
útil seguinte a esse, quando o não seja – artigo 249.º, n.º 1.
- ATENÇÃO! O dia em que se considera notificado tem de ser sempre um dia útil.
Notificação judicial avulsa
- Noção: artigo 256.º

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- As notificações avulsas não admitem oposição, devendo os direitos respetivos ser
exercidos nas ações próprias – artigo 257.º, n.º 1.
- Do despacho de indeferimento da notificação cabe recurso até à Relação – n.º 2.
PRAZOS PROCESSUAIS
Considerações Iniciais
- Por via de regra, os atos processuais devem ser praticados dentro do prazo fixado na
lei processual.
- O prazo processual é determinado pela lei adjetiva ou fixado pelo juiz. Assim, a
doutrina classifica como prazo legal o fixado na lei e como judicial o prazo fixado pelo
juiz no decurso da ação. Artigo 137.º, n.º 1:

➢ Regra: não se praticam atos processuais nos dias em que os tribunais estiverem
encerrados, nem durante o período de férias judicias.

➢ Exceções: citações e notificações, registos de penhora e atos que se destinem a evitar


um dano irreparável.
Prazo Supletivo
Artigo 149.º
- Na falta de norma expressa ou caso o juiz não fixe um prazo, as partes dispõem de um
prazo de 10 dias para requererem qualquer ato ou diligência, arguirem nulidades,
deduzirem incidentes ou exercerem qualquer outro poder processual;
- O prazo para a parte responder ao que for deduzido pela parte contrária é também de
10 dias.
Modalidades de Prazo
- O prazo pode ser dilatório ou perentório – artigo 139.º, n.º 1
- O prazo dilatório difere para certo momento a possibilidade de realização de um ato ou
o início da contagem de um outro prazo – n.º 2
- O prazo perentório é o período de tempo dentro do qual um ato pode ser realizado,
cujo decurso extingue o direito de o praticar – n.º 3
Quando um prazo perentório se seguir a um prazo dilatório, os dois contam-se como um
só - artigo 142.º
A soma dos dois prazos (perentório + dilatório) é considerada como um prazo único.
Prazo dilatório – artigo 245.º
Dilação de cinco dias - artigo 245.º, n.º 1, als. a) e b
- Citação realizada em pessoa diversa do réu;
- O réu tenha sido citado fora da área da comarca sede do tribunal onde pende a ação.

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Dilação de quinze dias - artigo 245.º, n.º 2
- O réu haja sido citado no território das Regiões Autónomas, correndo a ação no
continente ou em outra ilha, ou vice-versa.
Dilação de trinta dias - artigo 245.º, n.º 3
- O réu haja sido citado para a causa no estrangeiro;
- Citação edital
- Artigo 245.º, n.º 4 – a dilação resultante do disposto na alínea a) do n.º 1 acresce à que
eventualmente resulte do estabelecido na alínea b) e nos n.ºs 2 e 3.
- Nos procedimentos cautelares, a dilação nunca pode exceder os 10 dias! – artigo 366.º,
n.º 3
Regras sobre a contagem de prazos
- Na contagem de qualquer prazo não se inclui o dia em que ocorrer o evento a partir do
qual o prazo começa a correr (dia em que a pessoa se considera citada ou notificada) –
artigo 279.º, al. b) CC.
- O prazo processual é contínuo, isto é, incluem-se sábados, domingos e feriados.
Suspendendo-se, no entanto, durante as férias judiciais, salvo se a sua duração for igual
ou superior a seis meses ou se tratar de atos a praticar em processos que a lei considere
urgentes - artigo 138.º, n.º 1.
- As férias judiciais decorrem de 22 de dezembro a 3 de janeiro, do Domingo de Ramos
à Segunda-Feira de Páscoa e de 16 de julho a 31 de agosto - artigo 28.º LOSJ
- Quer a citação quer a notificação podem ser efetuadas durante as férias judiciais
(artigo 137.º, n.º 2), neste caso, o primeiro dia para a contagem do prazo é o primeiro
dia após as férias, mesmo que esse dia seja um dia não útil.
- Se o prazo terminar um sábado, domingo, feriado ou de qualquer forma, um dia em
que os tribunais estiverem encerrados, como a tolerância de ponto, o seu termo
transfere-se para o primeiro dia útil seguinte – artigos 138.º, n.º 2 CPC e 279.º, al. e)
CC.
Exemplos:
Imaginemos que o autor tem 10 dias para a prática de um ato e que o primeiro dia desse
prazo é o dia 21 de dezembro (terça-feira), qual o segundo dia do prazo? Quando
termina o prazo?
- Segundo dia do prazo é dia 4 de janeiro. Prazo termina a 12 de janeiro
A secretaria expede a notificação na pessoa do mandatário no dia 8 de dezembro de
2021 (quarta-feira).
Quando se considera feita a notificação? Qual o primeiro dia da contagem do prazo?
- Considera-se feita no dia 13 de dezembro. Primeiro dia da contagem do prazo: 14 de
dezembro.

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Suponha que o réu tinha o prazo de 10 dias para a prática do ato. Quando termina o
prazo? Prazo termina a 05 de janeiro de 2022.

Prorrogação do prazo
Por acordo das partes - artigo 141.º, n.º 2

➢ Pode ser prorrogado por uma só vez, por período igual ao da sua duração inicial;

➢ O acordo deve ter lugar antes de decorrido o prazo inicial. Quando a lei o preveja –
artigo 141.º, n.º 1
- É possível a prorrogação do prazo da contestação, até ao limite máximo de 30 dias -
artigo 569.º, n.º 5 e 6. Livre prorrogabilidade, pelo juiz, dos prazos por ele fixados.
Justo impedimento – artigo 140.º
- Considera-se “justo impedimento” o evento não imputável à parte nem aos seus
representantes ou mandatários que obste à prática atempada do ato.
- A parte requer a prática do ato mediante alegação e prova do justo impedimento, fora
ou dentro do prazo, mas logo que cesse a causa impeditiva.
- Se o juiz julgar verificado o impedimento, admitirá o requerente a praticar o ato fora
do prazo, depois de ouvida a parte contrária.
- É do conhecimento oficioso a verificação do impedimento que constitua facto notório
e seja previsível a impossibilidade da prática do ato dentro do prazo.
Exemplos: uma greve; encerramento do tribunal por causa acidental, estado de
emergência nacional ou local.
Exemplos de justo impedimento invocados:
1. Doença súbita da parte ou do mandatário
2. Acidentes automóveis – Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 21.01.2002
3. Greve dos funcionários judiciais – Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra de
16-02-2005
4. O casamento do mandatário não constitui justo impedimento – Acórdão do Tribunal
da Relação de Coimbra de 11.06.2002
5. Não constitui justo impedimento a avaria do computador do mandatário – Acórdão
do Tribunal da Relação de Coimbra de 30.06.2015
- Artigo 139.º, n.º 5: Independentemente de justo impedimento, o ato pode ser praticado
dentro dos três primeiros dias úteis subsequentes ao termo do prazo, ficando a sua
validade dependente do pagamento imediato de uma multa.
Se o prazo terminar a 3 de dezembro de 2021 (sexta-feira), até quando pode ser
praticado o ato, com o pagamento da multa?

15
Até quarta feira (dia 8 de dezembro), porque sábado e domingo não são dias úteis.
Prazo no caso de pluralidade de réus
- No caso de pluralidade de réus, o termo do prazo para a contestação de cada um pode
ocorrer em datas distintas, dado ao facto de poderem ser citados em dias diferentes ou
poderem ter diferentes prazos de dilação.
- Neste caso, todos ou qualquer um deles pode oferecer a sua contestação até ao termo
do prazo que começou a correr em último lugar – artigo 569.º, n.º 2.

Resumo Regras aplicáveis à contagem de prazos


- Determinar o dia em que se considera feita a citação ou notificação;
- Aferir qual o prazo perentório; -
- Verificar se ocorre alguma dilação;
- Não se inclui o dia em que se considera citado/notificado;
- Os prazos são contínuos, logo contam-se sábados, domingos e feriados;
- Os prazos podem começar a um sábado, domingo ou feriado;
- A contagem suspende durante as férias judiciais, exceto nos casos referidos (Ex:
procedimentos cautelares);
- Se o prazo terminar um sábado, domingo ou feriado transfere-se para o 1.º dia útil
seguinte.

CONTESTAÇÃO
- O segundo articulado é a contestação. Através da contestação é dada ao réu a
oportunidade de se defender da pretensão contra si formulada. Em suma, é a resposta do
réu à petição inicial apresentada pelo autor.
- O réu pode contestar no prazo de 30 dias a contar da citação, começando o prazo a
correr desde o termo da dilação, quando aplicável – artigo 569.º, n.º 1.
- Quando termine em dias diferentes o prazo para a defesa por parte dos vários réus, a
contestação de todos ou de cada um deles pode ser oferecida até ao termo do prazo que
começou a correr em último lugar – artigo 569.º, n.º 2.
- Em termos formais, esta tem um conteúdo semelhante ao da PI, podendo distingui-lo
em três partes: o introito, a narração e a conclusão.
Elementos que devem constar da contestação – artigo 572.º:

➢ Individualizar a ação;

➢ Expor as razões de facto e de direito por que se opõe à pretensão do autor;

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➢ Expor os factos essenciais em que se baseiam as exceções deduzidas, especificando-
as separadamente, sob pena de os respetivos factos não se considerarem admitidos por
acordo, por falta de impugnação;

➢ Apresentar o rol de testemunhas e requerer outros meios de prova.


- A conclusão deve conter a formulação do respetivo pedido, que pode ser o de
absolvição da instância ou de absolvição total ou parcial do pedido.
- O réu deve, ainda, indicar os documentos que junta.
- Sendo obrigatória a constituição de advogado, o articulado deve ser assinado pelo
respetivo mandatário.
- Tendo havido Reconvenção e caso o autor Replique, o réu é admitido a alterar o
requerimento probatório inicialmente apresentado, no prazo de 10 dias a contar da
notificação da réplica – 572.º, al. d), in fine.
Consequência da falta de requisitos
- A falta de requisitos formais constitui fundamento de recusa pela secretaria – artigo
558.º, als. a), b), c), f), g), h) e i).
- Da recusa cabe reclamação para o juiz e recurso até à Relação (artigo 559.º) ou, em
vez disso, pode o réu apresentar nova contestação (artigo 560.º).
Modalidades de defesa – 571º, CPC
Na contestação cabe tanto defesa por impugnação como por exceção.
A. Defesa por Impugnação (ou defesa direta) – o R. nega frontalmente os factos
alegados pelo autor ou, sem negar a realidade dos mesmos, contradiz o efeito
jurídico que o autor pretende obter. - artigo 571.º, n.º 2, 1.ª parte
Assim:

➢ O R. nega a exatidão dos factos narrados pelo A. referindo que os mesmos ocorreram
de forma diferente e que por isso o A. não pode obter o efeito jurídico que pretende;

➢ O R. aceita os factos mas alega que tais factos não justificam o pedido formulado
pelo A.
B. Defesa por Exceção (ou defesa indireta) – o R. defende-se por exceção quando
alega factos que obstam à apreciação do mérito da causa ou que, servindo de
causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pelo autor,
determinam a improcedência total ou parcial do pedido – artigo 571.º, n.º 2, 2.ª
parte.
Assim, na defesa por exceção, o réu não nega os factos articulados pelo autor, nem
contradiz o efeito jurídico que ele se propõe a obter. O réu opõe-lhe contra factos.
Podendo fazê-lo por uma de duas vias:

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➢ Invoca factos que obstam a que o tribunal conheça do mérito da causa – ex:
litispendência, ilegitimidade processual.

➢ Invoca factos que determinam a improcedência do pedido – ex: pagamento,


prescrição.
- As exceções que obstam a que o tribunal conheça do mérito da causa e dão lugar à
absolvição do réu da instância ou à remessa do processo para o tribunal competente
denominam-se dilatórias – artigo 576.º, n.º 2
- As exceções que consistem na alegação de factos impeditivos, modificativos e
extintivos do direito invocado pelo autor e determinam a absolvição total ou parcial do
pedido designam-se de exceções perentórias – artigo 576.º, n.º 3

➢ Trata-se de uma defesa indireta porque, como se disse, o réu não ataca frontalmente a
causa de pedir. Ele serve-se de um facto novo que inutiliza a instância (exceção
dilatória) ou o pedido (exceção perentória).
Exceções dilatórias
- As exceções dilatórias obstam a que se aprecie a relação material controvertida. Elas
não afetam o direito de ação, elas dilatam, protelam, adiam a decisão do litígio, isto é,
adiam o conhecimento do mérito da causa.
- Contudo, embora afastem a possibilidade do conhecimento do mérito naquele
momento, não o afastam definitivamente, já que a absolvição da instância não obsta a
que se proponha outra ação com o mesmo objeto – artigo 279.º, nº 1.
- Enumeração exemplificativa – artigo 577.º
- Casos em que o juiz deve abster-se de conhecer do pedido e absolver o R. da instância
– artigo 278.º, n.º 1
- A lei prevê em casos especiais a possibilidade do juiz proferir decisão de mérito, não
obstante ter detetado uma exceção dilatória não sanada, não determinando a absolvição
do R. da instância – artigo 278.º, n.º 3, 2.ª parte.
Exemplo:
A, menor de 17 anos, intenta uma ação contra B pedindo a sua condenação no
pagamento de uma quantia pecuniária. B, na contestação, não nega a dívida mas
defende-se por exceção invocando a incapacidade judiciária do A. pedindo a sua
absolvição da instância (artigo 278.º, n.º 1, al. c)).
- Não tendo o R. negado a dívida a decisão seria inteiramente favorável ao A. Logo, nos
termos do artigo 278.º, n.º 3, embora se estivesse perante uma exceção, o juiz deve
julgar a ação procedente e condenar o R. no pagamento – Princípio de economia
processual.
Assim, a constatação de uma exceção dilatória não suprida não constitui obstáculo à
decisão do mérito da causa quando:

➢ O interesse processual em falta se destina a tutelar interesses da parte;

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➢ O juiz só se apercebe da existência da exceção dilatória no momento em que já
dispõe de todos os elementos necessários para proferir decisão;

➢ Com os elementos que dispõe, a decisão a proferir seja inteiramente favorável à parte
cujo interesse seria tutelado pelo pressuposto processual em falta.
- PODERÁ O JUIZ PROFERIR DECISÃO DE MÉRITO E NÃO ABSOLVER O
R. DA INSTÂNCIA
Claro que se a existência da exceção dilatória ocorrer em momento anterior, quando o
tribunal ainda não dispõe de todos os elementos que lhe permitem proferir decisão de
mérito favorável à parte, então o juiz deve providenciar pelo suprimento da falta dos
pressupostos processuais.
Artigo 6.º, n.º 2
O tribunal conhece oficiosamente das exceções dilatórias, com exceção da
incompetência absoluta decorrente de pacto privativo de jurisdição, preterição de
tribunal arbitral voluntário e de incompetência relativa nos casos não abrangidos no
artigo 104.º – artigo 578.º.
Exceções Perentórias
- Meio de defesa em que o R. invoca factos impeditivos, modificativos ou extintivos do
direito alegado pelo autor, ou seja, do efeito jurídico que aquele se propõe a obter,
dando lugar à absolvição total ou parcial do pedido – artigos 571.º, n.º 2, in fine e 576.º,
n.º 3.

❖ Factos impeditivos: aqueles a que obstam a que o direito do A. se tenha como


validamente constituído. Exemplo: invalidade do negócio jurídico: erro, dolo, coação.

❖ Factos extintivos: determinam a extinção do direito invocado pelo A. Exemplo:


pagamento, perdão, renúncia, prescrição e caducidade.

❖ Factos modificativos: modificam os termos do direito alegado pelo A. Exemplo:


alteração do percurso de uma servidão de passagem, concessão de moratória ao
devedor.
- Conhecimento oficioso – artigo 579.º.
Princípio da concentração da defesa
- O réu deve concentrar toda a sua defesa na contestação. – artigo 573.º, n.º 1 - trata-se
do princípio da concentração de defesa ou da preclusão.
- Os factos que não forem alegados dentro do prazo para a apresentação da defesa, não
podem mais tarde vir a ser atendidos. Fica precludida a sua invocação para além desse
prazo.
Desvios ao princípio:
▪ Defesa em separado – “incidentes que a lei mande deduzir em separado” – 573.º, n.º 1,
in fine.

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▪ Defesa diferida – 573.º, n.º 2 e 588.º, n.º 2.
Ónus de impugnação
- Ao contestar, o réu deve tomar uma posição definida sobre os factos que constituem a
causa de pedir invocada pelo autor – artigo 574.º, n.º 1.
- Assim, consideram-se admitidos por acordo os factos que não forem impugnados,
salvo se estiverem em oposição com a defesa considerada no seu conjunto, se não for
admissível a confissão sobre eles ou só puderem ser provados por documento escrito.
- A admissão de factos instrumentais pode ser afastada por prova posterior – artigo
574.º, n.º 2.
- Ao não impugnar os factos essenciais, isso equivale a uma confissão tácita.
Desvios à regra do ónus de impugnação - Artigo 574.º, n.º2 – apesar de não
impugnados, os factos não se consideram admitidos por acordo:

➢ Quando os factos estão em oposição com a defesa considera no seu conjunto.

➢ Quando não é admissível a confissão dos factos (ex. direitos indisponíveis – artigo
354.º, al. b) CC);

➢ Quando os factos apenas puderem ser provados por documento escrito (ex. a prova
do casamento só pode ser feita mediante certidão passada pelo registo civil).
Impugnação por negação: Se o R. referir que não sabe se determinado facto é real -
equivale a confissão quando se trate de um facto pessoal ou de que o R. deva ter
conhecimento; e equivale a impugnação no caso contrário – artigo 574.º, n.º 3.

FASE INTERMÉDIA DO PROCESSO CIVIL


Fase Intermédia do Processo
- A fase intermédia do processo civil declarativo ocorre no final dos articulados. É uma
fase de verificação em que o juiz vai analisar o processo e escrutinar a existência ou
inexistência de algum vício processual e praticar todos os atos necessários que lhe
permitam preparar o julgamento.
- Daí que esta fase também se designe por Fase do Saneamento e Condensação do
Processo.
- Assim, de um modo geral, esta fase constitui a primeira oportunidade de o juiz
contactar com o processo:

❖ Dever do juiz de evitar a prática de atos inúteis – artigo 130.º;

❖ Dever de obstar ao prosseguimento da ação quando constate a ocorrência de


exceções dilatórias insanáveis;

❖ Revela-se imperioso proceder ao aperfeiçoamento dos articulados.

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- Saneamento – Trata-se de procurar eliminar obstáculos suscetíveis de impedir o
conhecimento do mérito da causa.
Para este pretendido saneamento, a lei prevê a prática de atos que se enquadram:
▪ Gestão inicial do processo – artigo 590.º;
▪ Audiência Prévia – artigo 591.º e seguintes;
▪ Despacho saneador – artigo 595.º;
▪ Despacho destinado a identificar o objeto de litígio e os temas da prova – artigo 596.º;
▪ Despacho a programar a audiência final e a designar as respetivas datas – artigo 593.º,
n.º 1, al. d).
Gestão Inicial do Processo
1. Indeferimento da PI – artigo 590.º, n.º 1
Nos casos em que, por determinação legal ou por imposição do juiz, a PI seja
apresentada a despacho liminar, a PI é liminarmente indeferida quando:

➢ O pedido seja manifestamente improcedente;

➢ Ocorram exceções dilatórias insupríveis e de que o juiz deva conhecer oficiosamente


(artigos 560.º e 578.º).
2. Apresentação de nova PI – nos casos em que a PI é indeferida, verifica-se a
possibilidade prevista no artigo 560.º
Despacho Pré-saneador
- Findo os articulados, o juiz profere, sendo caso disso, despacho pré-saneador
destinado ao suprimento de exceções dilatórias, a providenciar pelo aperfeiçoamento
dos articulados ou a determinar a junção de documentos.
1. Providenciar pelo suprimento de exceções dilatórias – artigos 6.º, n.º 2 e 590.º, n.º 2,
al. a):
- O artigo 6.º, n.º 2 obriga a que o juiz providencie oficiosamente pelo suprimento da
falta de pressupostos processuais suscetíveis de sanação (diligência direta do juiz);
- Ou deve convidar as partes para a prática do ato, quando a sanação dependa de ato a
praticar por aquelas.
Não prolação/ emanação do despacho pré-saneador:
- O juiz só pode não proferir este despacho quando não exista a violação de
pressupostos processuais ou não existam exceções dilatórias.
Qual a consequência da não prolação deste despacho pré-saneador quando exista uma
exceção dilatória suprível ou a falta de um pressuposto processual suscetível de
sanação?
- Nulidade processual nos termos do artigo 195.º CPC

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2. Convite ao aperfeiçoamento dos articulados – artigo 590.º, n.º 2, al. b) e n.ºs 3 e 4:
▪ O juiz convida as partes ao suprimento das irregularidades dos articulados;
▪ Insuficiência ou imprecisões na exposição ou concretização na matéria de facto
alegada;
▪ Fixação de um prazo para apresentação do articulado corrigido;
Podemos considerar que existem dois tipos de irregularidades:
- Propriamente ditas – são articulados que carecem de requisitos legais.
Exemplo: falta a identificação das partes, a indicação do valor da causa ou da forma do
processo.
-Documentalmente insuficientes - são articulados que não são instruídos pelas partes
com documentos essenciais para prova dos factos, onde as suas pretensões assentam.
Exemplo: o contrato de arrendamento numa ação de despejo.
Nota: devem ser incluídos nos articulados, não só os documentos que sua junção é
exigida por lei, mas também os documentos imprescindíveis à prova de um facto para
que a pretensão formulada tenha êxito.
- Se a parte não fizer a alteração do articulado, isto equivale a que não seja possível a
prova do facto em causa, pressupondo-se uma eventual improcedência da pretensão
respetiva, a qual será decidida em despacho saneador (artigo 595º, n.º1, al. b)).
- Esta questão surge do disposto no artigo 5.º (princípio do dispositivo) em que cabe às
partes o ónus de alegar os factos essenciais que constituem a causa de pedir e aqueles
em que se baseiam as exceções invocadas.
- O juiz tem, assim, uma postura ativa, devendo advertir as partes para procederem à
correção das insuficiências ou imprecisões fáticas que foram detetadas nas peças
processuais, contribuindo deste modo para a adequação da sentença à verdade.
- Além disso, quando o juiz profira o despacho previsto no n.º 4 do artigo 590.º, deve
indicar os concretos pontos de facto que, na sua perspetiva, precisam de ser
completados ou corrigidos, fixando-se prazo para que a parte proceda ao
aperfeiçoamento do articulado original.
- Em contrapartida, deve proporcionar-se à parte contrária o exercício ao contraditório –
artigo 590.º, n.º 5.
3. Junção de documentos – artigo 590.º, n.º 2, al. c)
- O juiz determina a junção de documentos que lhe permitam a apreciação de exceções
dilatórias ou o conhecimento, no todo ou em parte, do mérito da causa no momento de
proferir o despacho saneador (artigo 595.º).
- O legislador teve a preocupação de evitar que, por razões documentais, seja deixado
para julgamento a decisão de matérias que podiam ser conhecidas pelo juiz na fase
intermédia do processo.

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- Limites impostos ao aperfeiçoamento dos articulados:
▪ Se a parte aceitar o convite ao aperfeiçoamento, ao alterar a matéria de facto deve
atender a determinadas regras – 590.º, n.º6:

❖ Autor – artigo 265.º

❖ Réu – artigo 573.º e 574.º


Audiência Prévia
- Findos os articulados, se a instância se encontrar sem irregularidades, partimos do
pressuposto de que não existem razões que obstem ao conhecimento do mérito da causa.
Assim, se o processo fornecer todos os elementos, de facto e de direito, pode haver
neste momento a apreciação da questão de fundo.
- Caso não se verifiquem todos os elementos necessários à decisão do mérito da causa,
então será necessário preparar o processo para a audiência de discussão e julgamento e é
aqui que surge a audiência prévia.
- A audiência prévia, prevista no artigo 591º, assegura a aproximação das partes e a
aproximação destas ao tribunal através de um diálogo.
- É nesta fase que se verifica o envolvimento de todos os sujeitos processuais, e a sua
atuação é dominada pela oralidade e cooperação entre todos: estamos no âmbito dos
princípios da cooperação e da oralidade.
Convocação
- Concluídas as diligências, se a elas houver lugar, é convocada audiência prévia, a
realizar nos 30 dias seguintes, destinada a algum ou alguns fins previstos no artigo
591.º, n.º 1.
- O despacho que marque a audiência prévia deve indicar o seu objeto e finalidade, mas
não constitui caso julgado sobre a possibilidade de apreciação imediata do mérito da
causa – artigo 591.º, n.º 2;
- A não comparência das partes ou mandatários não constitui motivo de adiamento –
artigo 591.º, n.º 3; - Gravação, sempre que possível – artigo 591.º, n.º 4.
Finalidades da Audiência prévia
a) Tentativa de conciliação das partes - Esta é a primeira finalidade da audiência prévia
prevista no artigo 591.º, n.º 1, al. a).
- Nunca existirá no domínio dos direitos indisponíveis;
- Pode ter lugar em qualquer estado do processo (artigo 594.º, n.º 1) – impossibilidade
de serem convocadas mais do que uma vez para esse fim;
- Comparência pessoal das partes e a necessidade de procuração com poderes especiais
– artigo 594.º, n.º 2;

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- Frustração da tentativa de conciliação - consignação em ata das concretas soluções
sugeridas pelo juiz bem como os fundamentos das partes no prosseguimento da
demanda – artigo 594.º, n.º 4
Finalidades da Audiência prévia
b) Discussão de facto e de direito sobre questões a decidir em despacho saneador
- Esta finalidade, prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 591.º, pretende:

➢ Apreciar uma exceção dilatória de conhecimento oficioso que não tenha sido
suscitada e discutida pelas partes nos articulados;

➢ Proporcionar a verificação do princípio do contraditório, quando se trate de uma


exceção dilatória que uma parte tenha invocado no último articulado do processo
conforme o n.º 4 do artigo 3.º;

➢ Aprofundar melhor uma exceção que já tenha sido discutida no processo de modo a
que o juiz decida a questão.
- A audiência prévia também poderá versar sobre a faculdade de discussão do mérito da
causa, quando o juiz pretenda conhecer imediatamente, no todo ou em parte, do mérito
da causa – artigo 595.º, n.º 1, b) e 591.º, n.º 1, d)
Objetivo: Impedir que as partes sejam confrontadas com uma decisão surpresa (cfr.
artigo 3.º, n.º 4).
c) Discussão sobre a posição das partes
- Finalidade da audiência prévia prevista no artigo 591.º, n.º 1, al. c).
- Tem em vista a delimitação dos termos dos litígios e a suprir insuficiências ou
imprecisões na exposição da matéria de facto alegada que ainda subsistam.
d) Proferir despacho saneador
- Conforme o artigo 591.º, n.º 1, al. d), encontra-se previsto no artigo 595.º.
- Havendo audiência prévia, este deve ser proferido oralmente, sem prejuízo de casos de
maior complexidade em que o juiz pode, excecionalmente, proferi-lo por escrito – artigo
595.º, n.º 2;
- Não havendo audiência prévia, este é proferido por escrito e notificado às partes –
artigos 593.º, n.º 2 e 3.
Nota: O despacho saneador é uma figura autónoma relativamente à audiência prévia.
Despacho Saneador Este destina-se a:

❖ Conhecer das exceções dilatórias insanáveis ou que não foram sanadas até ao
momento e nulidades processuais suscitadas pelas partes ou que deva conhecer
oficiosamente.

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❖ Conhecer de imediato do mérito da causa sempre que o estado do processo o permita,
sem necessidade de mais provas.
- Quando for suscitada uma exceção dilatória insanável, o juiz deve proferir despacho
saneador a absolver o réu da instancia (cfr. artigos 576.º, n.º 2 e 278.º, n.º 1, al. e) CPC).
Finalidades da Audiência prévia
e) Adequação formal, simplificação ou agilização processual
- A audiência prévia, segundo a al. e) do n.º 1 do artigo 591.º, destina-se a “determinar a
adequação formal, a simplificação ou a agilização processual”, nos termos dos artigos
6.º, n.º 1 e 547.º.
- Neste contexto, deve o juiz seguir a tramitação processual que mais se adequa às
especificações da causa e deve, ainda, ajustar o conteúdo e a forma dos atos processuais
ao fim que visam atingir.
f) Proferir despacho destinado a identificar o objeto do litígio e a enunciar os temas da
prova
- A audiência prévia, segundo a al. f) do n.º 1 do artigo 591.º, visa ainda “proferir, após
debate, o despacho destinado a identificar o objeto do litígio e a enunciar os temas da
prova”, como resulta do artigo 596.º.
- Este despacho também se destina a decidir as reclamações que as partes deduziram.
- O legislador prevê este despacho para as ações judiciais que devam prosseguir para a
fase da instrução, pelo que devem ser enunciadas as questões essenciais de facto que
constituem o tema de prova.
- No fundo, o que se pretende é que o juiz leve as partes a tomarem consciência dos
temas que estão em discussão e que carecem de prova.
Nota: este despacho também tem autonomia relativamente à audiência prévia.
g) Programar os atos a realizar na audiência final - Artigo 591.º, n.º 1, al. g)
- Serve para o juiz e advogados das partes definirem o modo de como a audiência final
irá decorrer, onde estabelecem os atos a realizar, o número de sessões, a sua duração e
respetivas datas. Assim, esta programação exige e impõe uma grande cooperação entre
todos.
Objetivos:
- Evitar adiamentos sucessivos da audiência final; - Evitar a deslocação em massa de
testemunhas e peritos.
Não realização da audiência prévia
- A audiência prévia é de realização tendencialmente obrigatória, nos processos que
devam seguir para julgamento.
Exceções do artigo 592.º:

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a) Ações não contestadas que tenham prosseguido em obediência ao disposto nas als. b),
c) e d) do artigo 568.º - revelia inoperante;
b) Quando, havendo o processo de terminar no despacho saneador pela procedência de
alguma exceção dilatória, esta já tenha sido debatida nos articulados.
- Se o processo finda no despacho saneador, com a consequente absolvição do réu da
instância, não há lugar à realização da audiência prévia.
Dispensa de audiência prévia
- O juiz pode dispensar a realização da audiência prévia nos casos em que a mesma se
destina apenas a proferir despacho saneador, ou o despacho com vista à adequação
formal, simplificação ou agilização processual ou ainda a proferir despacho a identificar
o objeto do litigio e a enunciar os temas de prova – finalidade previstas no artigo 591.º,
n.º 1, als. d), e) e f).
- Por determinação do n.º2, nos 20 dias seguintes ao termo dos articulados, o juiz
profere:

➢ Despacho saneador – artigo 595.º, n.º 1;

➢ Despacho a determinar a adequação formal, a simplificação ou a agilização


processual - artigos 6.º, n.º 1 e 547.º;

➢ Despacho previsto no artigo 596.º, n.º 1;

➢ Despacho destinado a programar os atos a realizar na audiência final a estabelecer o


n.º de sessões e a sua provável duração e a designar as datas.
- O n.º 3 do artigo 593.º prevê a possibilidade de, uma vez notificadas, as partes se
pretenderem reclamar de algum dos despachos previstos nas alíneas b) a d) do n.º 2,
pode requerer no prazo de 10 dias a realização de audiência prévia.
FASE DA INSTRUÇÃO
- A instrução tem por objeto os temas da prova enunciados ou, quando não tenha de
haver lugar a esta enunciação, os factos necessitados de prova – artigo 410.º.
- Aqui se destaca o princípio do inquisitório – artigo 411.º.
- A prova serve para criar no espírito do juiz a convicção acerca da veracidade de cada
um dos factos – artigo 607.º, n.º 5;
- Aliás, a função da prova consiste na demonstração da realidade dos factos – artigo
341.º CC.
- Existem, porém, determinados factos que não carecem de prova e nem sequer de
alegação: são os chamados factos notórios (factos de conhecimento geral) – artigo 412.º,
n.ºs 1 e 2.
Assim como não carecem de prova os factos que o tribunal tem conhecimento em
virtude do exercício das suas funções

26
Início
- A fase da instrução tem início com a indicação dos meios de prova, logo na fase dos
articulados.

❖ Artigo 552.º, n.º 6 – o autor deve apresentar, no final da PI, o rol de testemunhas,
bem como requerer outros meios de prova.

❖ Artigo 572.º, al. d) – o réu tem de apresentar, na contestação, o rol de testemunhas e


requerer outros meios de prova.
- Quer dizer que as provas devem ser apresentadas com os articulados.
- Todavia, admite-se que o requerimento probatório seja alterado nos termos dos artigos
552.º, n.º 6, in fine e 572.º, al. d), in fine.
- O requerimento probatório só pode ser alterado na audiência prévia, se a esta houver
lugar (…) – artigo 598.º, n.º 1.
- O rol de testemunhas pode ser aditado ou alterado até 20 dias antes da data em que se
realize a audiência final, sendo a parte contrária notificada para, querendo, usar de igual
faculdade, no prazo de 5 dias – n.º 2.
- As provas são oferecidas com os articulados, ou na fase da instrução, e a sua produção
realiza-se normalmente na audiência final – artigo 604.º, n.º 1.
- Porém, havendo justo receio de vir a tornar-se impossível o depoimento de certas
pessoas ou a verificação de certos factos por meio de perícia ou inspeção, pode a prova
produzir-se antecipadamente, nos termos do artigo 419.º.

❖ Princípio da audiência contraditória – artigo 415.º


- O princípio do contraditório deve ser fundamentalmente observado na fase da
instrução, constituindo um dos princípios fundamentais para que as provas mereçam
credibilidade.
- Trata-se de proporcionar a cada uma das partes a possibilidade de defesa contra as
provas oferecidas pela outra, ou ambas se pronunciarem quanto às provas trazidas pelo
tribunal.

❖ Provas atendíveis – artigo 413.º


- Subjacente o princípio da aquisição processual, as provas produzidas no processo
consideram-se adquiridas para efeitos de decisão do mérito da causa, sem que interesse
averiguar que parte as ofereceu.

❖ Dever de cooperação para a descoberta da verdade – artigo 417.º

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Prova por Documentos
Artigos 423.º a 451.º
A prova documental é a que resulta de documento.
Diz-se documento qualquer objeto elaborado pelo homem com o fim de reproduzir ou
representar uma pessoa, coisa ou facto – artigo 362.º CC.
▪ Momento de apresentação – artigo 423.º
▪ Apresentação em momento posterior – artigo 425.º
▪ Notificação à parte contrária – artigo 427.º
▪ Documentos em poder de terceiros e da parte contrária – artigo 429.º e 432.º
▪ Requisição de documentos – artigo 436.º
▪ Legalização de documentos estrangeiros – artigo 440.º
▪ Impugnação da genuinidade de documento – artigo 444.º
▪ Ilisão da autenticidade ou da força probatória do doc. – artigo 446.º
Prova por Confissão
Artigos 452.º a 465.º
Confissão é o reconhecimento que a parte faz da realidade de um facto que lhe é
desfavorável e favorece a parte contrária – artigo 352.º CC.
- Artigo 452.º, n.º 1 – o juiz pode, em qualquer momento do processo, determinar a
comparência pessoal das partes para prestarem depoimento, informações ou
esclarecimentos sobre factos que interessam à decisão da causa.
- Análise dos artigos 452.º e seguintes
Nota: Esta confissão não se pode confundir com a confissão do pedido, enquanto
manifestação do princípio do dispositivo. Esta última não é um meio de prova, mas sim
um meio de extinção da instância nos termos do artigo 277.º, al. d) do CPC. Além de
que a confissão do pedido só pode partir do réu, pois é a ele que o autor dirige o pedido

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(artigo 283.º, n.º 1). A confissão como meio de prova, sendo apenas o reconhecimento
de algum ou alguns factos desfavoráveis, pode partir de qualquer uma das partes.
Prova por Declarações de Parte
Artigo 466.º
As partes podem requerer, até ao início das alegações orais em 1.ª instância, a prestação
de declarações sobre factos em que tenham intervindo pessoalmente ou de que tenham
conhecimento direto.

Prova Pericial
Artigos 467.º a 489.º
Visa a perceção ou apreciação de factos por meio de peritos quando sejam necessários
conhecimentos especiais que os julgadores não possuem ou quando os factos relativos a
pessoas não devam ser objeto de inspeção judicial – artigo 388.º CC;
▪ A perícia pode ser realizada por um ou mais peritos.
▪ Exames periciais – elementos meramente informativos – cabe ao Juiz a valoração
definitiva dos factos pericialmente apreciados – Princípio da livre apreciação da prova.
▪ Análise do artigo 467.º
▪ A perícia pode ser singular ou colegial – artigo 468.º
▪ Análise dos artigos 469.º e ss.
▪ Segunda perícia – artigo 487.º e ss.
Prova por Inspeção Judicial
Artigos 490.º a 494.º
Tem por fim a perceção direta de factos pelo Tribunal – artigo 390.º CC.
▪ Observação direta e pessoal do Juiz;
▪ Prova direta em que o Juiz é confrontado diretamente com o próprio facto; ▪ Objeto da
inspeção: artigo 490.º, n.º 1
▪ Intervenção das partes – artigo 491.º
▪ Verificações não judiciais qualificadas – artigo 494.º
Prova Testemunhal
Artigos 495.º a 526.º

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Testemunha é toda a pessoa que não sendo parte na ação nem seu representante é
chamada a narrar as suas perceções sobre os factos que interessam para a decisão da
causa.
▪ Diferente do depoimento de parte e das declarações de parte. Não se confunde.
▪ Estão impedidos de depor como testemunhas os que possam depor como partes –
artigo 496.º
▪ Capacidade para testemunhar – artigo 495.º, n.ºs 1 e 2
▪ Recusa legítima a depor – artigo 497.º
▪ Admissibilidade da prova testemunhal – artigo 392.º e 393.º CC
Apresentação do rol de testemunhas – artigo 498.º, n.º 1

✓ Possibilidade de alterar o requerimento probatório – cfr. artigos 552.º, n.º 6, 572.º, al.
d) e 598.º, n.º 1

✓ Aditamento ao rol de testemunhas – artigo 598.º, n.º 2 (ver possibilidade de


substituição em caso de não comparência prevista no artigo 508.º).
Limite de testemunhas: 10 testemunhas; nas ações de valor inferior à alçada do Tribunal
de 1.ª instância (< cinco mil euros) - redução para metade – 5 testemunhas - artigo
511.º, n.º 1
- Possibilidade de inquirição além daquele limite – artigo 511.º, n.º 4
- Ver ainda o artigo 526.º
▪ Designação das testemunhas – artigo 507.º, n.º 2 e 3
▪ Ordem dos depoimentos – artigo 512.º
▪ Interrogatório – artigo 516.º, n.º2, 3 e 4.
▪ Possibilidade de depoimento apresentado por escrito – artigo 518.º, n.º1.
▪ Livre apreciação da prova – artigos 396.º CC e 607.º, n.º5 CPC.
Incidentes de inquirição das testemunhas:

❖ Impugnação – impedir que a testemunha seja admitida a depor – 514.º

❖ Contradita – colocar em causa a credibilidade do depoimento e a sua força probatória


– 521.º

❖ Acareação – descobrir a verdade entre dois depoimentos contraditórios – artigo 523.º

FASE DA AUDIÊNCIA FINAL E PROLAÇÃO DA SENTENÇA


Audiência Final ou de Julgamento
- Esta fase compreende a produção da prova e a decisão sobre o mérito da causa.

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- A matéria é decidida por apenas um juiz – artigo 599.º
- Princípio da plenitude da assistência do juiz previsto no artigo 605.º.
- Marcação da audiência – 151.º, n.º 1, 172.º, n.º 6 e 603.º, n.º 1. Quanto ao adiamento
ver n.º 2 e 151.º
- A audiência é gravada – artigo 155.º, n.º 1 - Poderes do juiz na audiência – artigo 602.º
- Atos a praticar na audiência final – artigo 604.º, n.ºs 1, 2 e 3.
- A audiência final é pública e contínua – ver artigo 606.º, n.º 1, 2, 3 e 5 – Princípio da
publicidade e da continuidade da audiência – artigos 606.º e 163.º, n.º1 CPC e 206.º
CRP.
Sentença
- Encerrada a audiência final, o processo é concluso ao juiz para este, no prazo de 30
dias, proferir sentença – artigo 607.º, n.º 1.
- Se não se julgar suficientemente esclarecido, pode ordenar a reabertura da audiência –
607.º, n.º 1, parte final. - A sentença constitui a atividade do juiz em que este conhece
do mérito da causa, ou seja, que decide a causa principal.
- Constitui o resultado da aplicação do direito vigente aos factos considerados provados,
quer após a audiência final, quer em momento anterior, no despacho saneador, quando o
processo já contém a prova de todos os factos que fundamentam a decisão.
- A sentença começa por identificar as partes e o objeto do litígio, indicando as questões
que cumpre ao tribunal solucionar – artigo 607.º, n.º 2
- Seguem-se os fundamentos – n.º3 e 5
- Responsabilidade por custas – n.º 6
- Limites da condenação – artigo 609.º
- Mesmo depois de proferida sentença, é lícito ao juiz corrigir erros materiais, suprir
nulidades e reformar a sentença – artigo 613.º, n.º1 e 2 + 614.º + 616.º
- Causas de nulidade da sentença – artigo 615.º!

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