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Direito Do Trabalho II

Profa. Andreia Ribeiro

Semana 2
1) ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

2) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO


(Material, Funcional, em Razão da Pessoa e Territorial)

Fonte: obra de Sérgio Pinto Martins


1- ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

• Em 1946 passou a compor o Poder Judiciário – Justiça


Federal Especializada.
A EC n. 24/1999: extinguiu as Juntas de Conciliação e
Julgamento. Art. 111 da CF/88 e art. 644 da CLT.

• 1ª instância:
- Varas do Trabalho.
- Na localidade que não possuir jurisdição trabalhista será
exercida pelo juiz de direito. Art. 668, CLT.
- Uma Vara do Trabalho pode ter jurisdição estendida até o
raio de 100 km. Lei nº 6.947/81 (art. 2º, §1º).
• 1ª instância:

- Uma Vara do Trabalho só pode ser criada por previsão


legal.

- As Varas do Trabalho são constituídas por um juiz e uma


secretaria.

- Terminologia: Juiz Federal do Trabalho / Juiz do Trabalho,


ingresso mediante concurso enquanto Juiz Substituto.
Competência das Varas do Trabalho: em regra, julgar
Dissídios Individuais de Trabalho e ações coletivas no
processo comum.
• 2ª instância:
- Tribunais Regionais do Trabalho.
- Têm jurisdição sobre determinada região. Art. 674 da CLT. 24 regiões. Art. 115
CF/88.
- 1ª Região: Estado do Rio de Janeiro, com sede no Rio de Janeiro.
- 2ª Região: Estado de São Paulo, com sede em São Paulo, abrangendo São Paulo, Arujá, Barueri,
Bertioga, Biritiba-Mirim, Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Cubatão, Diadema, Embu, Embu-
Guaçu, Ferraz Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guararema, Guarujá, Guarulhos,
Ibiúna, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira, Jequitiba, Mairiporã, Mauá, Moji das
Cruzes, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Praia Grande, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra,
Salesópolis, Santa Isabel, Santana de Parnaíba, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São
Caetano do Sul, São Vicente, Suzano, Taboão da Serra, Vargem Grande, Vicente de Carvalho.
- 3ª Região: Estado de Minas Gerais, com sede em Belo Horizonte.
- 4ª Região: Estado do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre.
- 5ª Região: Estado da Bahia, com sede em Salvador.
- 6ª Região: Estado do Pernambuco, com sede em Recife.
- 7ª Região: Estado do Ceará, com sede em Fortaleza.
- 8ª Região: Estado do Pará e Amapá, com sede em Belém.
- 9ª Região: Estado do Paraná, com sede em Curitiba.
- 10ª Região: Distrito Federal, com sede em Brasília, abrangendo o Distrito Federal e o Estado de
Tocantins.
- 11ª Região: Estado do Amazonas e de Roraima, com sede em Manaus;
2ª instância:
- 12ª Região: Estado de Santa Catarina, com sede em Florianópolis.
- 13ª Região: Estado da Paraíba, com sede em João Pessoa.
- 14ª Região: Estado de Rondônia e Acre, com sede em Porto Velho.
- 15ª Região: Estado de São Paulo (área não abrangida pela jurisdição estabelecida para a 2º
Região), com sede em Campinas.
- 16ª Região: Estado do Maranhão, com sede em São Luiz.
- 17ª Região: Estado do Espírito Santo, com sede em Vitória.
- 18ª Região: Estado de Goiás, com sede em Goiânia.
- 19ª Região: Estado de Alagoas, com sede em Maceió.
- 20ª Região: Estado de Sergipe, com sede em Aracaju.
- 21ª Região: Estado do Rio Grande do Norte, com sede em Natal.
- 22ª Região: Estado do Piauí, com sede em Teresina.
- 23ª Região: Estado do Mato Grosso, com sede em Cuiabá.
- 24ª Região: Estado do Mato Grosso do Sul, com sede em Campo Grande.
- COMPOSIÇÃO: No mínimo 07 juízes, com mais de trinta (30) anos e menos
de sessenta e cinco (65) anos.
- Juízes de carreira e quinto constitucional (advocacia e Ministério Público do
Trabalho), mais de dez anos de atividade profissional na área.
- Terminologia: Desembargador Federal do Trabalho / Desembargador do
Trabalho.
2ª instância:
- Pode ter caráter itinerante (nos limites da respectiva
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e
comunitários: art. 115,§1º, CF).

- O funcionamento poderá́ ser descentralizado, com a


constituição de Câmaras Regionais, a fim de assegurar o
pleno acesso à Justiça do jurisdicionado em todos os
momentos processuais (art. 115, § 2º, CF).

- Competência do TRT: art. 678 da CLT, julgar


originariamente Dissídio Coletivo de Trabalho, mandado de
segurança, ação rescisória, habeas corpus, habeas data,
também tem competência recursal.
• 3ª instância:

- Tribunal Superior do Trabalho. Art. 111-A CF/88.

- Composição: 27 ministros, mais de trinta e cinco anos e


menos de sessenta e cinco anos (carreira e quinto
constitucional).

- Competência fixada por lei: turmas, SDC, SDI: SBDI 1 e 2,


Pleno: Órgão Especial.
• 3ª instância:
- Base: oito turmas (com 3 ministros) – competência
funcional recursal para recurso de revista e agravo de
instrumento em recurso de revista.
- Meio: SDC (9 ministros) e SBDI-1 (14 ministros) SBDI-2
(10 ministros): originária e recursal. Competência da SDI:
mandado de segurança, ação rescisória, habeas corpus e
habeas data.
- Topo: Pleno (Mínimo 14 ministros), função jurisdicional
limitada (declara a inconstitucionalidade de lei / instrumento
normativo, cria, cancela e modifica as súmulas do TST):
órgão especial do Pleno (14 Ministros) – substitui as
funções do Pleno.
2) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

2.1 – Conceitos

- Jurisdição: é o poder que o juiz tem de dizer o direito nos casos


concretos a ele submetidos, pois está investido desse poder pelo
Estado.

- Competência: é uma parcela da jurisdição, dada a cada juiz. Ou


seja, é a área geográfica e o setor do Direito em que vai atuar,
podendo emitir suas decisões. Trata-se da delimitação do poder
jurisdicional (limite da jurisdição).
2.2 – Aspectos Relevantes

- As questões relativas à competência devem ser interpretadas restritivamente e não de


forma extensiva.
- A Justiça do Trabalho é uma justiça especializada para resolver causas trabalhistas.
- A competência da Justiça do Trabalho está disciplinada no art. 114 da CF.
- Na incompetência absoluta, a matéria é de ordem pública, podendo o juiz declará-la de
ofício (art. 64, § 1º, CPC).
- Na incompetência relativa, a matéria não é de ordem pública, mas é direcionada à
parte, ao interesse exclusivo delas, devendo ser arguida no momento próprio.
- A competência da Justiça do Trabalho pode ser dividia em: Material, Funcional, em
Razão da Pessoa e Territorial.
2.3 – Competência Material

- Competência Material ou em Razão da Matéria (ex ratione materiae) diz respeito a


questões que podem ser suscitadas na Justiça do Trabalho, compreendendo a apreciação
de determinada matéria trabalhista.

- Nesse sentido, a Justiça do Trabalho é competente para analisar RELAÇÃO DE


TRABALHO e não qualquer relação jurídica (Art. 114, I, CF = competência específica
/ Art. 114, IX, CF = competência decorrente).

- Tem como origem uma relação de trabalho, inclusive Administração Pública Direta e
Indireta. Exceto: relação mercantil, prestação de serviços por Pessoa Jurídica; relação
de consumo; competência criminal.
2.4 – Competência Funcional
Competência Funcional diz respeito à função desempenhada pelos juízes na Justiça do
Trabalho.

- O Juiz titular ou substituto preside as audiências; executa suas próprias decisões, as


proferidas pela Vara e aquelas cuja execução lhes for deprecada; despacha petições e
recursos interpostos pelas partes; concede medida liminar em reclamação trabalhista
(art. 659, CLT).

- Ao Juiz Presidente do TRT cabe presidir as reuniões do tribunal, tendo voto de


desempate. Nas sessões administrativas, vota como os demais juízes. As competências
dos Presidentes dos Tribunais Regionais estão previstas no art. 682 da CLT, dentre
elas: dar posse aos titulares das Varas de juízes substitutos e funcionários do próprio
Tribunal e conceder férias e licenças a tais pessoas; presidir as audiências de
conciliação nos dissídios coletivos; executar suas próprias decisões e as proferidas pelo
Tribunal; convocar suplentes dos juízes do Tribunal, nos impedimentos destes;
despachar os recursos interpostos pelas partes.
- O Tribunal Pleno do TST, tem competência para: declaração de inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo do Poder Público; eleição do Presidente, Vice-Presidente e
Corregedor Geral; proposição ao Poder Legislativo da criação ou extinção de Tribunal
Regional; julgamento dos incidentes de uniformização da jurisprudência em dissídios
individuais; aprovar os enunciados da Súmula da jurisprudência dominante em
dissídios individuais; aprovar os precedentes da jurisprudência predominante em
dissídios coletivos etc (art. 4º da Lei 7.701/88, que dispõe sobre a especialização de
Turmas dos Tribunais do Trabalho em Processos Coletivos).

- A Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do TST - tem competência


originária para conciliar e julgar dissídios coletivos que excedam a jurisdição dos
Tribunais Regionais do Trabalho, estendendo ou revendo suas decisões. Pode julgar
ações rescisórias contra suas decisões, mandados de segurança contra atos do
Presidente do Tribunal ou Ministros integrantes da Seção, julgando também conflitos
de competência entre Tribunais Regionais em dissídios coletivos etc (art. 2º da Lei
7.701/88).
- A Seção de Dissídios Individuais (SDI) do TST - tem competência originária para
julgar as ações rescisórias das Turmas do TST e sus próprias; os mandados de
segurança de sua competência originária. Em única instancia, julgará os agravos
regimentais interpostos em dissídios individuais; os conflitos de competência entre
Tribunais Regionais e aqueles que compreendem juízes de Direito investidos da
jurisdição trabalhista e Varas do Trabalho em processo de dissídio individual. Em
última instância, os recursos ordinários interpostos contra decisões dos Tribunais
Regionais em ações rescisórias e mandados de segurança; embargos de divergência
interpostos às decisões das Turmas ou destas com decisão da Seção de Dissídios
Individuais ETC (art. 3º da Lei 7.701/88).

- As Turmas do TST têm competência para julgar: os recursos de revista interpostos de


decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho; Em última instância: os agravos de
instrumento dos despachos do Presidente do Tribunal Regional que denegarem
seguimento a recurso de revista; Em última instância: os agravos regimentais; os
embargos de declaração opostos a seus acórdãos (art. 5º da Lei 7.701/88)
2.5 – Competência em Razão da Pessoa
- A Justiça do Trabalho tem competência para dirimir as controvérsias entre trabalhadores e
empregadores, que são as PESSOAS envolvidas diretamente nos polos ativo e passivo da ação
trabalhista. Trata-se da competência em razão das pessoas (ex ratione personae). - Vide art. 652
da CLT (Compete Às Varas DO Trabalho...)
- Assim, a Justiça do Trabalho tem competência para disciplinar questões relativas a:
a) Empregados Urbanos e Rurais (art. 7º, CF; lei 5.889/73: Estatui normas reguladoras do trabalho
rural).
b) Empregados domésticos (Lei 5.859/72 - Decreto Lei nº 71.885/73 – Lei Complementar 150 de
01/06/2015).
c) Trabalhadores Temporários (Lei 6.019/74).
d) Trabalhadores Avulsos (Lei 7.494/86; art. 64, §3º, CLT).
- A Justiça do Trabalho é incompetente para disciplinar questões relativas a:
a) Servidores temporários de entes públicos (art. 37, IX, CF) contratados para atender necessidade
temporária de excepcional interesse público (regime administrativo): desvirtuamento do contrato
temporário previsto em lei federal, estadual ou municipal.
b) Empregados de empresas públicas, sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que
explorem atividade econômica serão regidos por lei, que irá dispor sobre a sujeição ao regime
jurídico próprio das empresas privadas (art. 173,§1º, II, CF). Enquanto não existir a mencionada
lei, tais trabalhadores serão regidos pela CLT.
c) Servidores estaduais estatutários, no exercício de cargo de comissão.
2.6 – Competência Territorial
- A competência territorial ou em razão do lugar (ex ratione loci) é determinada à Vara do Trabalho
para apreciar os litígios trabalhistas no espaço geográfico de sua jurisdição.
- Cada Vara tem competência para examinar as questões que lhe são submetidas dentro de
determinado espaço geográfico, que pode ser um Município ou de alguns Municípios. A
competência é estabelecida pela lei federal que cria a Vara.
- As regras de competência são instituídas no intuito de facilitar a propositura da ação trabalhista
pelo trabalhador, para que este não tenha gastos desnecessários com locomoção e possa melhor
fazer sua prova (Princípio da Proteção).
- As regras de competência estão disciplinadas no art. 651 da CLT e não pelo CPC (por isso, não se
exige que a ação seja proposta no domicílio do réu).
- REGRA: último local da prestação de serviços do empregado, ainda que o empregado tenha sido
contratado em outra localidade ou no estrangeiro.
- §1º - VIAJANTE COMERCIAL – Vara em que a empresa tenha agência ou filial e, na falta, a Vara
da localidade em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.
- §2º - Prestação de Serviços no Estrangeiro: Vara onde o empregador tenha sede no Brasil ou onde
o empregado foi contratado.
- §3º - Empresador promove atividade fora do lugar do contrato: Foro da celebração do contrato ou
no da prestação dos serviços.
PRÓXIMA AULA:

Procedimentos no Processo do Trabalho

Fonte:
GARCIA, Gustavo Felipe Barbosa, Curso de Direito Processual do
Trabalho.
www.unifran.edu.br

Av. Dr. Armando Salles Oliveira, 201


14404 600
Franca SP Brasil
T 55 16 3711 8888
F 55 16 3711 8886

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