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DA SUCESSÃO

TESTAMENTÁRIA
(Arts. 1857 a 1990)
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
A sucessão testamentária, também denominada sucessão voluntária, decorre
de expressa manifestação de última vontade, em testamento ou codicilo. Tal
espécie permite a instituição de herdeiros e legatários, que são,
respectivamente, sucessores a título universal e sucessores a título singular.
O testamento constitui ato de última vontade, pelo qual o autor da herança
dispõe de seus bens para depois da morte e faz outras disposições. O Código
Civil considera testamento o ato personalíssimo e revogável pelo qual
alguém dispõe da totalidade ou de parte dos seus bens, ou faz determinações
não patrimoniais, para depois de sua morte (Arts.1857 e 1858).
Ao lado das disposições patrimoniais, as extrapatrimoniais não descaracterizam o
testamento. Dentre elas pôde-se indicar a disposição do próprio corpo do testador,
com objetivo científico, orientações sobre funeral e sepultura, reconhecimento de
filiação fora do casamento (art.1609,CC), uma confissão, nomeação de tutor para
filhos menores, revogação de testamento anterior, nomeação de testamenteiro,
reabilitação do indigno (art.1818,CC), imposição de cláusulas restritivas, se houver
justa causa (art.1846,CC).

Por essa razão, o Código Civil acrescentou, no par.2º do art. 1857, que "são válidas as
disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a
elas tenha se limitado".
As principais características do testamento são:

1. Ato personalíssimo, privativo do autor da herança, art.1858, CC


2. Negócio jurídico unilateral – aperfeiçoa-se com uma única manifestação
de vontade (do testador), sendo proibido (art.1863) o testamento
conjuntivo (mancomunado), seja ele simultâneo ou recíproco.
3. Ato solene, com exceção do testamento nuncupativo (viva voz) T.Militar.
4. Ato gratuito, não objetivando vantagens para o testador.
5. Essencialmente revogável (art.1858 e art.1969,CC), sendo nula a cláusula
que proíba a sua revogação. O testador poderá revogá-lo total ou
parcialmente quando quiser.
6. Ato causa mortis: somente produz efeito após a morte do testador.
DA CAPACIDADE DE TESTAR
A capacidade testamentária ativa constitui a regra e essa capacidade especial não se
confunde com a capacidade geral para os atos da vida civil. O art.1860,CC declara que só
não podem testar os incapazes e os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno
discernimento. Exceto estas, todas as pessoas podem fazer testamento válido .

Dentre os incapazes, só os maiores de dezesseis anos, por exceção, podem testar (art.1860,
par.ú), mesmo sem assistência de seu representante legal. São incapazes para fazer
testamento: os menores de 16 anos, os que não estiverem em seu perfeito juízo (CC, art.
1.860) e os surdos-mudos que não tiverem desenvolvimento mental completo (art. 4º, III).
DO TESTAMENTO
TESTAMENTO é negócio jurídico unilateral por meio do qual uma pessoa dispõe
de seu patrimônio e faz outras disposições de última vontade para depois de sua
morte (art.1857, caput e par.2º).
O direito pátrio admite três formas de testamentos ordinários (público, cerrado e
particular) e três formas de testamentos especiais (marítimo, aeronáutico e militar),
nos arts. 1862 a 1886,CC. Caracterizam-se pela exigência do cumprimento de várias
formalidades, destinadas a dar seriedade e segurança à manifestação de última
vontade.
Não se admitem outras modalidades de testamento, além dos contemplados no CC.
DOS TESTAMENTOS ORDINÁRIOS
DO TESTAMENTO PÚBLICO
Os testamentos não são muito utilizados no Brasil. Entretanto, quando alguém resolve testar,
na maioria dos casos, a forma preferida é a do testamento público.
O testamento público é escrito por tabelião ou por seu substituto legal, que escreve as
declarações do testador, na presença de duas testemunhas, podendo este servir-se de minuta,
notas ou apontamentos (art.1864, I e II). É a modalidade mais segura de testar.
Só não podem testar publicamente os mudos e os surdos-mudos (arts. 1873 e 1864,I,CC), por
não poderem fazer declarações ao tabelião de viva-voz. Ao cego só se permite o testamento
público (art.1867,CC). Podem fazê-lo, também, os surdos (que não sejam mudos), os
alfabetizados em geral e os analfabetos (art.1865, CC).
TESTAMENTO CERRADO
TESTAMENTO CERRADO
O testamento cerrado, também denominado secreto ou místico, é o escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu
rogo, e por aquele assinado, ficando sujeito à aprovação por parte do tabelião ou seu substituto legal. É composto de
duas partes: a cédula ou carta testamentária, com as disposições de última vontade e pelo auto ou instrumento de
aprovação, que irá examinar e confirmar o conteúdo.
Os seus requisitos essenciais encontram-se no art. 1.864 do Código Civil e são, em síntese: 1. cédula testamentária;
2. ato de entrega; 3. auto de aprovação; 4. cerramento.
A última fase é do cerramento. O tabelião dobrará a cédula, costurará em cinco pontos de retrós e lançará pingos de
lacre sobre cada um. Depois de lavrado e cerrado, será entregue ao testador (art.1874,CC). Nada fica do testamento
no serviço notarial.
Os analfabetos e os cegos (porque não podem ler) estão proibidos de outorgar testamento cerrado (art.1872,CC). Já o
surdo-mudo pode fazer testamento cerrado, contanto que o escreva todo (art.1873).
DO TESTAMENTO PARTICULAR
O testamento particular, conhecido, também, como testamento privado ou testamento
hológrafo é o mais simples das formas ordinárias de testamento. O que caracteriza este
tipo de testamento é o fato de ser inteiramente escrito (autografia) e assinado pelo
testador, lido perante três testemunhas e por elas também assinado (art.1876,par.1º e 2º).
É a forma menos segura de se testar, porque depende de confirmação, em juízo, pelas
testemunhas, após a abertura da sucessão. Pode ser escrito de próprio punho ou através
de processo mecânico (art.1876,CC)
É aplicável apenas àqueles que sabem ler e escrever. Não podem dele utilizar-se o cego,
o analfabeto e os eventualmente incapacitados de escrever.
Existindo testamento, não será possível valer-se do inventário extrajudicial, previsto
na Lei 11.441/2007. Se a família não souber se o falecido deixou testamento, deve-se
retirar certidão no CENSEC (Central Notarial de Serviços Eletrônicos
Compartilhados – Colégio Notarial do Brasil) que fará uma busca em todos os
cartórios do país, verificando ou não a existência de testamento registrado.
DOS CODICILOS
Codicilo é palavra de origem latina, significa pequeno rolo, pequeno escrito. É o ato de disposição de
última vontade (mortis causa) em que o outorgante determina providências sobre seu enterro, dá esmolas de
pequena monta, lega bens de pequeno valor, podendo nomear e substituir testamenteiros (art.1883,CC),
reabilita o indigno (art.1818,CC), reconhece filho fora do matrimônio (art.1609,CC). O codicilo parece o
testamento. Não é meio idôneo para instituir herdeiro ou efetuar deserdações.
É destinado a disposições de pequeno valor. Não possui maiores formalidades, basta que o instrumento
particular seja inteiramente escrito pelo testador e por ele datado e assinado. Pode assumir a forma de ato
autônomo, tenha ou não o autor da herança deixado testamento, ou complementar deste (art.1882,CC).
Testamento revoga codicilo mas a recíproca não é verdadeira (art.1884,CC).
CODICILO
Pelo presente instrumento de Codicilo, escrito e assinado por mim, na cidade
de _____, Estado de_________, na Rua________ nº ________, eu
___________ (qualificar), em meu perfeito juízo e entendimento, de forma
livre e espontânea, manifesto minha última vontade, para determinar o
seguinte:
(colocar as disposições sendo valores de pequena monta)
Assim, dou por feito e concluído o meu codicilo, redigindo aos_____ dias do
mês de________do ano de dois mil e_____ e assinado por mim.
(Assinatura do disponente)
DOS TESTAMENTOS ESPECIAIS
TESTAMENTO MARÍTIMO E TESTAMENTO
AERONÁUTICO
O testamento marítimo, o aeronáutico e o militar constituem formas especiais de testamento, apenas
admitidos em situações emergenciais (art.1887,CC).
No testamento marítimo, estando o testador em viagem, como tripulante ou passageiro, marítima, fluvial,
a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante, incluídos aqui os de turismo ou transporte de pessoas,
diante do surgimento de algum risco de vida, pode testar perante o comandante, por forma que
corresponda ao testamento público ou cerrado, sendo registrado no diário de bordo deste. (art.1888,CC).
Caducará se o testador não morrer em viagem, nem nos noventa dias subsequentes ao desembarque em
terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento, 1891,CC
As mesmas regras se aplicam ao testamento aeronáutico (art. 1889 e s.).
DO TESTAMENTO MILITAR
É o testamento elaborado por militar e outras pessoas a serviço das Forças Armadas
em campanha, como médicos, enfermeiros, engenheiros, etc., que estejam
participando de operações de guerra, dentro ou fora do País.
Pode se revestir de três formas: a assemelhada ao público (art.1893), ao cerrado
(art.1894) e a nuncupativa (viva-voz, art.1896).
O testamento nuncupativo é feito de viva voz perante duas testemunhas, por pessoas
empunhadas em combate ou feridas. É uma exceção à regra de que o testamento é um
ato solene e deve ser celebrado por escrito. Forma bastante criticada e não terá efeito
se este não morrer morrer na guerra e convalescer do ferimento (art.1896, par.ú)
TESTAMENTO VITAL
O testamento vital ou biológico não se trata de um testamento, uma vez que não
produz efeitos após a morte, mas sim antes desta. Constitui uma declaração
unilateral de vontade em que a pessoa manifesta o desejo de ser submetida a
determinado tratamento, na hipótese de se encontrar doente, em estado terminal ou
incurável; ou apenas declara que não deseja ser submetida a nenhum procedimento
que evite a sua morte.
Possui por fundamento o princípio da dignidade da pessoa humana e o art. 15 do CC,
segundo o qual "ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica".
DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

Neste capítulo, o Código Civil trata do conteúdo do testamento, estabelecendo o que


pode e o que não pode conter (regras permissivas e proibitivas) e como deve ser
interpretada a vontade do testador (regras interpretativas).
Isto porque o testamento, além da nomeação dos herdeiros e legatários, pode conter
outras disposições.
São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação,
extinguindo-se em quatro anos o prazo para requerer a sua anulação (art.1909 e §.ú).
DOS LEGADOS
No Direito atual, podem ser nomeados herdeiros ou legatários todos aqueles que
têm legitimidade para suceder, ou seja, todas as pessoas nascidas ou concebidas ao
tempo da sucessão (art.1798,CC).
Legado é coisa certa e determinada, deixada a alguém, denominado legatário, em
testamento ou codicilo. Não é o mesmo que herança, que consiste na totalidade ou
de parte ideal do patrimônio do de cujus.
O legado constitui liberalidade mortis causa a título singular.
Quando o legado é atribuído a herdeiro legítimo (que passa a cumular as qualidades
de herdeiro e legatário) denomina-se prelegado ou legado precípuo.
O herdeiro encarregado de cumpri-lo é chamado de onerado.
DOS LEGADOS
Efeitos:
Pelo princípio da saisini, presente no art.1784 do CC, aberta a sucessão, o herdeiro
legítimo ou testamentário, adquire desde logo a propriedade e a posse da herança. O
mesmo não ocorre em relação ao legatário. Este adquiri apenas a propriedade de
coisa certa, existente no acervo, salvo se estiver mediante condição
suspensiva(art.1923,CC). E se tratar de coisa incerta, fungível, só se adquire com a
partilha.
Legado seria a doação deixada em testamento. Figura exclusiva da sucessão
testamentária.
Os LEGADOS se classificam, quanto ao objeto:

A) legado de coisas (arts. 1912-1917);


B) legado de crédito e de quitação de dívida (arts. 1918-1919);
C) legado de alimentos (art.1920);
D) legado de usufruto (art.1921);
E) legado de imóvel (art.1922);
F) legado de dinheiro (art.1925);
G) legado de renda ou pensão periódica (art.1926-1928);
H) legado de coisa incerta (arts.129-1931);
I) legado alternativo (arts.1932-1933).
CADUCIDADE DOS LEGADOS
O direito ao legado pode caducar, ou seja, extinguir-se sem cumprimento.
O legado pode deixar de produzir efeitos em razão da nulidade do testamento, de
sua ineficácia decorrente da revogação e também pela caducidade.
O legado válido pode caducar por causa superveniente, de ordem objetiva (falta do
objeto legado) ou subjetiva (falta do beneficiário), voltando ele à massa hereditária.
As causas de caducidade vêm enumeradas no art.1939 do CC.
Impende frisar que, em se tratando de legado alternativo, o perecimento de um dos
possíveis objetos não importa a caducidade do legado, que subsiste tendo amostra
coisa como seu objeto (art.1940).
Causas de caducidade
Causas Objetivas:
A) modificação da coisa legada, pelo testador, ao ponto de já não ter a forma nem lhe caber a denominação
que possuía (CC, art. 1.939, I);
B) alienação da coisa legada, pelo testador, por qualquer título, no todo ou em parte (art. 1.939, II);
C) evicção ou perecimento da coisa legada, sem culpa do herdeiro ou legatário incumbido do seu
cumprimento, estando vivo ou morto o testador (art. 1.939, II).

Causas Subjetivas:
a) exclusão do legatário por indignidade, nos termos do art. 1.815 (CC, art. 1.939, IV);
b) falecimento do legatário antes do testador: premoriência (art. 1.939, V) ;
c) renúncia do legatário (art. 1.943), que não pode ser parcial: ou aceita totalmente o legado ou a ele
renuncia integralmente;
d) falecimento do legatário antes do implemento da condição suspensiva a que estava subordinada a
eficácia da gratificação (art. 1.943);
e) falta de legitimação do legatário no momento da abertura da sucessão, nos termos do art. 1.802 do CC.
DO DIREITO DE ACRESCER
Dá-se o direito de acrescer quando o testador contempla vários beneficiários (coerdeiros ou
colegatários), deixando-lhes a mesma herança, ou a mesma coisa determinada e certa, em
porções não determinadas, e um dos concorrentes vem a faltar, não quiser ou não pôde
aceitá-la (art.1941,CC).
O art.1943 menciona as hipóteses em que o nomeado não pode ou não quer recolher a
herança: pré-morte, exclusão por indignidade ou falta de legitimação, não verificação da
condição sob a qual foi instituído e a renúncia.
A parte do que faltar será recolhida pelo substituto designado pelo testador, se este,
prevendo o acontecimento, tiver feito a nomeação. Caso contrário, acrescerá ao quinhão dos
coerdeiros ou legatários.
V. art. 1944, CC
Espécies:

• Conjunção real: quando os diversos instituídos são chamados, por frases distintas, a suceder na mesma
coisa, sem discriminação dos quinhões. Ex: deixo tal imóvel a Joaquim; e mais adiante … Deixo tal imóvel a
Maria (o mesmo imóvel)
• Conjunção mista: quando o testador, na mesma frase, designa vários herdeiros ou legatários para a mesma
coisa, sem distribuição de partes. Ex: deixo tal imóvel a Joaquim e a Maria.
• Conjunção verbal: quando o testador, na mesma disposição, designa herdeiros ou legatários, especificando
o quinhão de cada um. Ex: deixo tal imóvel a José e a João, metade para cada um
.
Somente é gerado o direito de acrescer na conjunção real e mista. O mesmo não ocorre com a verbal, em que o
testador especifica os quinhões, expressando a sua vontade de que cada um receba somente a quota por ele
determinada.
DAS SUBSTITUIÇÕES
Pode o testador, na hipótese de as pessoas beneficiadas, herdeiros ou legatários, não
aceitarem ou não poderem aceitar a herança, nomear-lhes substitutos (art.1947,CC).
Não é lícita a nomeação de substituto para herdeiro necessário, mas ao herdeiro facultativo,
o testador pode nomear substituto. Ex: se minha irmãs não aceitarem a herança, meu
herdeiro será Luiz.

VULGAR- o testador designa uma ou mais pessoas para ocupar o lugar do herdeiro, ou
legatário, que não quiser ou não puder aceitar o benefício.
FIDEICOMISSÁRIA – verifica-se quando o testador nomeia um favorecido e, desde logo,
designa um substituto, que recolherá a herança , ou legado, depois daquele. Os
contemplados são nomeados em ordem sucessiva. A utilidade do instituto está em
possibilitar a deixa testamentária a pessoas ainda não existentes, como a prole eventual
(art.1952,CC)
DA SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMISSÁRIA
Fideicomisso: é uma espécie de substituição na qual o substituto não herda no lugar do substituído,
mas após o substituído, beneficiando pessoas não concebidas ao tempo da morte do testador (ex:
deixo minha casa de praia para o primeiro filho de minha sobrinha Ana, só que Ana é uma criança,
então se um dia ela tiver um filho, esse concepturo será o beneficiado, 1.952; enquanto o concepturo
não vem, designo meu amigo João para cuidar da casa).

Vamos assim identificar as pessoas no fideicomisso: a) fideicomitente: é o


morto/testador/hereditando; b) fiduciário: é o amigo João; c) fideicomissário: é o concepturo, é o
filho de Ana; d) fideicometido: é a coisa, a casa na praia (1.951).

Conceito: instituto pelo qual o herdeiro ou legatário (fiduciário) tem a obrigação de, a certo tempo,
transmitir a herança ou legado a terceira pessoa (fideicomissário). No fideicomisso há dois
beneficiários: o fiduciário por um tempo, e depois o fideicomissário. O fiduciário tem a propriedade
da casa, mas resolúvel (1.953), ou seja, sua propriedade se extingue se Ana tiver um filho.
DA DESERDAÇÃO
Deserdação é o ato unilateral pelo qual o testador exclui da sucessão herdeiro
necessário, mediante disposição testamentária motivada em uma das causas
previstas em lei. Não se confunde com indignidade, embora tenham a mesma
finalidade.
A deserdação exige a presença dos seguintes pressupostos:
1. Existência de herdeiros necessários (art.1961)
2. Testamento válido (art.1964) não produz efeito em testamento nulo, revogado ou
caduco. É o único meio admitido. A deserdação deve ser expressa.
3. Expressa declaração de causa prevista em lei (arts.1962 e 1963, CC rol taxativo)
4. Propositura de ação ordinária (art.1965) não basta exclusão expressa do herdeiro
em testamento, é necessário que o herdeiro a quem aproveite a deserdação
promova a ação ordinária e prove, em seu curso, a veracidade da causa alegada
pelo testador. Extingue-se esse direito em quatro anos a contar da abertura do
testamento.
DA DESERDAÇÃO E EXCLUSÃO POR
INDIGNIDADE

Há muita semelhança entre a exclusão da sucessão por indignidade e a deserdação.


A exclusão da sucessão opera open legis, por força da lei, e o indigno é afastado em
consequências da sentença do juiz. A deserdação só pode decorrer da vontade do
autor da herança, expressamente manifestadas em testamento, embora haja
necessidade, após a abertura da sucessão, de ser provada, judicialmente, a
veracidade da causa alegada pelo testador (art.1965, CC).

V.arts 1814, 1862 e 1863, CC.


Da redução das disposições testamentárias

Os herdeiros necessários não podem ser privados da legítima. Se a quota disponível deixada a
terceiros ultrapassar o limite de 50%, afetando a legítima, poderão aqueles pleitear a redução das
disposições testamentárias (arts. 1.967 e 1.968) e das doações (art. 549).
Não se anula o testamento, ou a cláusula testamentária, mas procede--se apenas a uma transferência
de bens da quota disponível para a legítima.
Opera-se a redução consoante a ordem estabelecida no art. 1.967 e parágrafos do Código Civil.
DA REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO
Uma das características do testamento, proclamada no art.1858 é ser essencialmente
revogável. Nula é a cláusula pela qual o declare irrevogável pois a liberdade de
testar é de ordem pública e não admite limitações. Há, no entanto, apenas uma
exceção: é irrevogável o testamento na parte em que o testador reconhece filho
havido fora do casamento (art.1609, III, CC).
A revogação pode ser total ou parcial (art.1970, §ú).
Quanto à forma, pode ser expressa ou tácita.
Expressa é a que resulta de declaração inequívoca do testador manifestada em novo
testamento. Tácita quando o testador não declara que revoga o anterior, mas há
incompatibilidade entre as disposições deste e as do novo testamento.
DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO
O Código Civil distinguiu revogação de rompimento de testamento, inclusive tratando a
matéria em capítulos diferentes (arts.1973-1975, CC).
Ocorre o rompimento do testamento por determinação legal, na presunção de que o testador
não teria disposto de seus bens em testamento se soubesse da existência de algum herdeiro
necessário.
O art. 1.973, como visto, declara rompido o testamento quando sobrevém descendente
sucessível ao testador que “não o tinha”. Entretanto, já proclamou o Supremo Tribunal
Federal, com efeito, que “se o testador já tinha descendente, quando testou, o fato de surgir
outro descendente não revoga o testamento”.
DO TESTAMENTEIRO
Testamenteiro é o executor do testamento. É a pessoa encarregada de promover e
fiscalizar o cumprimento do testamento, defendo a validade deste. Pode ser
testamenteiro herdeiro ou não, legatário ou não, parente ou estranho.
A lei faculta ao testador encarregar pessoa de sua confiança de cumprir as
disposições de sua última vontade. Pode nomear testamenteiro em testamento ou
codicilo (art.1883,CC), um ou mais testamenteiros, conjuntos ou separados
(art.1976, CC)
Todos os alunos são inesquecíveis, cada um de vocês passa por uma experiência
incrível de vida, e aqui existem as trocas, o aprendizado, o companheirismo, o
carinho, a interação entre professor e aluno.
Hoje é nossa despedida, em um ano que podemos chamar de atípico, incomum,
diferente; mas que plantou em nós a superação, a determinação, a fibra.
Posso dizer que somos privilegiados, vocês são privilegiados!
Vocês estão aqui, nós estamos aqui.
Por isso, peço que estudem, que aproveitem as oportunidades que a vida lhes
trouxe.
Aprendi muito com todos vocês e espero ter contribuído com o aprendizado de
cada um de vocês, queridos alunos!

Fim
DO INVENTÁRIO E PARTILHA
(arts.1991-2027)
DO INVENTÁRIO E PARTILHA
Inventário e partilha são procedimentos subsequentes à abertura da sucessão, por
meio dos quais se identificam os bens do acervo e os sucessores, liquida-se a
herança e, em seguida, distribuem-se os bens entre os herdeiros, e pagam-se os
legados.
O instituto do inventário foi concebido pelo Direito Romano e consiste no
arrolamento exato de tudo quanto o defunto possuía ao tempo da abertura da
sucessão. Era aplicado, primeiramente, como benefício, para proteger um herdeiro,
para que este não tivesse sua vida arruinada, ao receber uma herança negativa – pois
a responsabilidade dos sucessores era ultra vires hereditatis, ou seja, além das forças
da herança. Posteriormente, o benefício do inventário pôs-se como regra.
Por sua vez, a partilha tem lugar devido ao fato de que, quando abertura a sucessão,
a herança é devolvida em comunhão aos herdeiros, tornando eles condôminos e
sendo necessária a divisão dos bens.
DO INVENTÁRIO
Por meio do procedimento do inventário, identificam-se os bens deixado pelo autor
da herança, entre os quais as suas dívidas, bem como os sucessores.
Trata-se de matéria procedimental, sendo disciplinada pelo novo CPC (arts. 610 e
s.).
O Código Civil se limitou a estabelecer que a administração da herança cabe a
inventariante desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha
(art.1991), a regular o tema dos sonegados, da colação e do pagamento de dividas.

Importante destacar que desde o ano de 2007, quando o CPC foi alterado pela Lei
11.441, nosso ordenamento contempla tanto o inventário judicial quanto o
extrajudicial (não havendo testamento e estando todos os herdeiros de acordo).
DO INVENTÁRIO JUDICIAL
De acordo com o art.983 do CPC, o inventário judicial deve ser aberto dentro de
sessenta dias contados da abertura da sucessão, e ser concluído nos doze meses
subsequentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de
uma das partes. O foro é do último domicílio do morto (art.96,CPC).

No procedimento judicial do inventário o juiz decidirá todas as questões de direito,


assim como as questões acerca de fato que se encontre provado por documentos nos
autos (art.984, CPC). Já as chamadas questões de alta indagação , ou outras, que
dependam de outras provas, deverão ser remetidas para o meio ordinário.
DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL

O inventário extrajudicial, conforme asseverado, é asseverado quando todos os


herdeiros forem capazes e contestes e não houver testamento, e toma afirma de
escritura pública, a qual constitui título hábil para o registro imobiliário
(art.982,CPC).

Exige-se que as partes estejam assistidas por advogado, sem o que o tabelião se
recusará a lavrar a escritura art.982, par.1ºCPC

Administração da herança (art.1797, CC)


DA COLAÇÃO

Como se sabe, as doações de ascendente a descendente, ou de um cônjuge ao outro,


importam adiantamento da legítima (art.544,CC). Por esta razão, o descendente ou
cônjuge donatário deve, quando da abertura da sucessão do doador, se concorrendo
com outros descendentes, declarar o valor do que recebeu, para conferência, a fim
de que sejam mantidas iguais as legítimas (art.2002) sob pena de sonegação. Esta
declaração de denomina-se colação.

Quanto à conferência, deve-se frisar que se computa no montante indisponível o


valor dos bens levados à colação, sem, no entanto, aumentar a parte disponível
(art.2002,CC).
CASO PRÁTICO

EX: Caio, filho de César é irmão de Augusto e Berenice, recebeu um apartamento


do pai em doação, no valor de R$ 300.000,00. Morto César, apurou-se que deixou
um patrimônio de R$ 1.800.000. A legítima, por conseguinte, é de R$ 900.000,00 à
qual se deve somar o valor do apartamento. Conclui-se, pois, que cabe a cada
herdeiro um quinhão de R$ 400.000,00 (R$ 900.000,00 + R$ 300.000,00 : 3). Como
Caio já recebera R$ 300.000,00, fará jus a apenas R$ 100.000,00. Os demais R$
900.000,00 (parte disponível) serão divididos igualmente entre os irmãos.

Segundo a lei, deve-se levar em conta o valor do bem atribuído na doação


(art.2004,CC)
SONEGADOS

Fala-se em sonegados com relação aos bens do acervo hereditário que um herdeiro
deixa de descrever no inventário, muito embora tenha sua posse, ou saiba de sua
existência em favor de terceiro, ou que um herdeiro deixa de levar à colação.
(Art.1992)

A sonegação constitui matéria de alta indagação, que não pode ser resolvida no
procedimento do inventário. Requer ação própria, a ação de sonegados, a qual pode
ser utilizada tanto pelos herdeiros quanto pelos credores da herança.

Se os bens sonegados não forem restituídos, o sonegador ficará obrigado a indenizar


os prejudicados pelo valor dos bens, mais perdas e danos (art.1995).
PAGAMENTOS DE DÍVIDAS

O espólio é responsável pelo pagamento das dívidas que compõem a herança.


Contudo, após a partilha, cada sucessor só pode ser demandado na proporção em
que sucedeu o autor da herança (art.1997,CC)
PARTILHA
Partilha é o procedimento por meio do qual os bens do acervo, após a liquidação,
são divididos entre os herdeiros, até então condôminos da herança. A partilha deve
sempre observar a maior igualdade possível entre os bens, considerando tanto seu
valor quanto sua natureza e qualidade (art.2017,CC).

Contanto que os herdeiros sejam capazes e contestes, a partilha pode sempre se dar
pela via extrajudicial, ainda que o inventário tenha sido judicial (art.2015,CC).

Tem lugar a sobrepartilha quando, após a conclusão da partilha, descobrem-se


sonegados ou quaisquer outros bens que compunham o acervo (art.2022,CC e
art.1040,CPC). A sobrepartilha, na verdade, é uma nova partilha, a qual correrá nós
mesmos autos do inventário.

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