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Centro Universitário ICESP

Direito Civil VI – Sucessões


Professor: Anderson Sampaio
DIREITO DAS SUCESSÕES
 Formas de Testamentos Especiais
O Código Civil reconhece como testamentos ordinários unicamente o
público, o cerrado e o particular. Esses são de livre escolha do disponente
capaz e que tenha a legitimação exigida para a respectiva forma. Cada
modalidade tem a sua própria regulamentação, como visto.
Mas, além das formas ordinárias, o Código Civil prevê também formas
especiais de testamento, que não são livremente escolhidas por qualquer
pessoa.
*São determinadas por circunstâncias e situações excepcionais em que se encontra aquele que pretende
manifestar a sua última vontade e que justificam a diminuição de formalidades e exigências legais.

O Código Civil regula três formas de testamentos especiais: marítimo,


aeronáutico e militar.
DIREITO DAS SUCESSÕES
Testamento Marítimo
 É a declaração de última vontade feita a bordo de navios de guerra ou
mercantes, em viagem de alto-mar, fluvial ou lacustre.
*Pode ser elaborado por passageiros e tripulantes, estando o testador em viagem, a bordo de navio
nacional, de guerra ou mercante (CC, art. 1.888), diante do surgimento de algum risco de vida.
Essa modalidade testamentária apresenta duas peculiaridades:
 não prevalece o testamento marítimo, se a embarcação estiver em
pequeno cruzeiro, ou mesmo no curso de uma viagem, se ao tempo de sua
confecção “o navio estava em porto onde o testador pudesse desembarcar
e testar na forma ordinária” (CC, art. 1.892);
 caducará, como se verá adiante, “se o testador não morrer em viagem nem
nos noventa dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde possa
fazer, na forma ordinária, outro testamento” (art. 1.891)
Pode revestir forma assemelhada ao público ou ao cerrado (art. 1.888).
DIREITO DAS SUCESSÕES
Requisitos
 que a viagem se realize em navio nacional, pois este é considerado
extensão do território nacional, ainda que se encontre em águas territoriais
ou portos de outros países;
 que se trate de navio de guerra ou mercante — os navios de excursões
turísticas e os que deslocam pessoas de um porto a outro enquadram-se
como mercantes, pois o transporte de pessoas é mercancia;
 que o testador esteja a bordo do navio, em viagem;
 que a cédula testamentária seja registrada em livro diário de bordo, que
todos os navios possuem — o registro fará referência ao autor do
testamento, à data e a outros dados dignos de nota que ocorrerem;
 que o testamento fique sob a guarda do comandante, que o entregará às
autoridades administrativas do primeiro porto nacional (CC, art. 1.890).
DIREITO DAS SUCESSÕES
Testamento Aeronáutico
O testamento aeronáutico, por guardar semelhança com o marítimo, foi
disciplinado na mesma seção, estendendo-se-lhe a regulamentação deste.
Formas e requisitos
Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, pode
testar perante pessoa designada pelo comandante (art. 1.899), observado o
disposto no art. 1.888.
Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer
na viagem, nem nos noventa dias subsequentes ao seu desembarque em terra,
onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento.
DIREITO DAS SUCESSÕES
Testamento Militar
É o elaborado por militar e outras pessoas a serviço das Forças Armadas em
campanha, como médicos, enfermeiros, engenheiros, capelães, telegrafistas,
dentre outros, que estejam participando de operações de guerra, dentro ou
fora do País.
Pode revestir três formas:
a assemelhada ao testamento público (CC, art. 1.893),
a correspondente ao testamento cerrado (art. 1.894)
e a nuncupativa (art. 1.896).
*O testamento nuncupativo é o feito de viva voz perante duas testemunhas, por pessoas empenhadas em
combate ou feridas.
Caducará o testamento militar desde que, depois dele, o testador esteja,
noventa dias seguidos, em lugar onde possa testar na forma ordinária, salvo
se esse testamento tomar a forma de testamento cerrado (art. 1.895).
DIREITO DAS SUCESSÕES
Testamento Vital
O denominado “testamento vital” ou “biológico” constitui uma declaração
unilateral de vontade em que a pessoa manifesta o desejo de ser submetida a
determinado tratamento, na hipótese de se encontrar doente, em estado incurável ou
terminal, ou apenas declara que não deseja ser submetida a nenhum procedimento
que evite sua morte.
Enquanto capaz, a pessoa escolhe, por escrito, o tratamento médico que deseja
receber ou manifesta o desejo de não se submeter a nenhum.
*Não se trata, verdadeiramente, de um testamento ou ato causa mortis, uma vez que não se destina a produzir efeitos
após a morte, mas sim antes desta, aos pacientes terminais.

A referida declaração de vontade tem por fundamento jurídico o princípio


constitucional da dignidade humana e o art. 15 do Código Civil, segundo o qual
“ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento
médico ou a intervenção cirúrgica”. Não se pode obrigar uma pessoa a fazer
tratamento contra a sua própria vontade.
DIREITO DAS SUCESSÕES
 Codicilos
Conceito: é ato de última vontade, destinado porém a disposições de
pequeno valor.
Formalidades
Não se exigem maiores formalidades para sua validade.
 Basta que o instrumento particular seja inteiramente escrito pelo testador e por
ele datado e assinado (CC, art. 1.881).
 Têm sido admitidos codicilos datilografados, que devem, porém, ser datados e
assinados pelo de cujus.
Não se exige a assinatura de testemunhas.
 Pode assumir a forma de ato autônomo ou complementar do testamento (art.
1.882).
DIREITO DAS SUCESSÕES
Finalidades
Para o autor da herança fazer disposições sobre o seu enterro;
Deixar esmolas de pouca monta;
 Legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal (CC, art.
1.881);
Nomear e substituir testamenteiros (art. 1.883);
Reabilitar o indigno (art. 1.818);
Destinar verbas para o sufrágio de sua alma (art. 1.998);
 Reconhecer filho havido fora do matrimônio, uma vez que o art. 1.609, II, do
CC permite tal ato por “escrito particular”.
DIREITO DAS SUCESSÕES
Objeto
Só valem liberalidades que tenham por objeto bens e valores de pouca
monta.
*A aferição do pequeno valor é feita com base no montante do patrimônio deixado.

Revogação
Revoga-se o codicilo por outro codicilo (expressamente) ou pela
elaboração de testamento posterior, sem confirmá-lo, ou modificá-lo
(tacitamente).
A falta de qualquer referência ao codicilo, no testamento posterior,
importa revogação tácita daquele (CC, art. 1.884).
*Testamento revoga codicilo, mas a recíproca não é verdadeira.

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