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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS — UNIDADE DIAMANTINA


ESTUDO DIRIGIDO DA DISCIPLINA DIREITO CIVIL VI – SUCESSÕES

Discente: Diogo Barbosa


Docente: Nathalia Bastos do Vale Brito

Explique as Regras dos testamentos especiais

A. Marítimo

O testamento marítimo é uma forma especial de testamento que pode ser utilizada em situações
de emergência durante uma viagem a bordo de um navio mercantil. Este documento expressa
as últimas vontades de uma pessoa que se encontra em uma embarcação em alto mar. Ele pode
ser utilizado por qualquer pessoa a bordo de um navio, seja ele mercante ou militar.

Este testamento deve ser elaborado dentro de um navio de bandeira brasileira (não pode ser
estrangeiro), seja ele mercante ou militar (não pode ser um navio particular).

O testamento marítimo é feito de forma especial, sendo utilizado em situações de emergência:


durante uma viagem, a bordo de um navio mercantil, o testador pode fazê-lo perante o
comandante, na presença de duas testemunhas, de forma que corresponda ao testamento público
ou ao testamento cerrado.

B. Aeronáutico

O testamento aeronáutico é uma modalidade de testamento que pode ser feito a bordo de uma
aeronave militar ou comercial. O testamento deve ser feito pelo testador, na presença de duas
testemunhas e seguir as mesmas formalidades para a forma pública ou cerrada. O testamento
aeronáutico deve ser registrado no livro de bordo e entregue à autoridade administrativa no
primeiro aeroporto em que a aeronave pousar. A validade do testamento está condicionada à
morte do testador na viagem, ou até noventa dias subsequentes ao seu desembarque em terra,
onde possa elaborar, ordinariamente outro testamento.

C. Militar

O testamento militar é uma forma especial de testamento que deve ser utilizado em
circunstâncias excepcionais, quando o testador está impossibilitado de usar as formas
originárias de testamento. É uma garantia aos militares que desejam testar e estão a serviço das
Forças Armadas. O testamento militar deve ser feito na presença de um militar que tenha pelo
menos o posto de capitão.

As regras do testamento militar são:

1. O testamento militar deve ser feito na presença de um militar que tenha pelo menos o
posto de capitão;
2. O testamento militar pode ser feito em qualquer lugar onde o testador se encontre;
3. O testamento militar pode ser feito por escrito ou verbalmente;
4. Se o testamento militar for feito verbalmente, ele deve ser reduzido a escrito tão logo
quanto possível;
5. O testamento militar pode ser feito por qualquer pessoa que esteja a serviço das Forças
Armadas;
6. O testamento militar pode ser revogado ou alterado a qualquer momento pelo testador;
7. O testamento militar não precisa ser registrado em cartório.

2. O que são codicilos? Quais as suas formalidades e requisitos?

Os codicilos são atos de última vontade, nos quais uma pessoa pode estabelecer disposições
especiais sobre fatos relacionados à sua morte. Eles são considerados uma forma simplificada
de testamento. Aqui estão algumas formalidades e requisitos para os codicilos:

1. Forma: Os codicilos podem ser escritos à mão ou digitados. Se forem digitados,


precisam da rubrica do autor em todas as páginas.
2. Assinatura e Data: Para ter validade e eficácia, o documento precisa ser assinado e
datado pelo autor.
3. Conteúdo: O autor pode tratar de questões relativas ao seu enterro, doações de pequenas
quantias em dinheiro, bens pessoais móveis, roupas ou objetos de pequeno valor. Além
disso, alguns especialistas defendem que o codicilo pode ser usado para perdoar um
herdeiro indigno ou reconhecer um filho concebido fora do casamento.
4. Testemunhas: Ao contrário do testamento particular, o codicilo não precisa da presença
de três testemunhas.
5. Revogação: O codicilo pode ser revogado por outro codicilo ou por um testamento
posterior que não o mencione, o confirme ou o altere.

É importante notar que, embora os codicilos sejam menos formais que os testamentos, eles
ainda são considerados atos de última vontade e devem ser tratados com a devida seriedade e
consideração.

3. O que é legado? Quais os tipos de legado?

O legado é um conceito jurídico que se refere a um bem ou valor específico que é atribuído a
uma pessoa na sucessão. Em outras palavras, o legado é um dos modos de atribuição mortis
causa do patrimônio do autor da sucessão.

Existem diferentes tipos de legados, que podem variar dependendo das leis de cada país. No
entanto, aqui estão alguns tipos comuns:

1. Legado Universal: Este é o tipo de legado em que o testador deixa a totalidade de seus
bens para uma ou mais pessoas.
2. Legado Particular: Neste tipo de legado, o testador deixa um bem específico para uma
pessoa. Por exemplo, um testador pode deixar um carro, um prédio específico, ou certas
ações de uma empresa para alguém.
3. Legado de Quota: Este é um tipo de legado em que o testador deixa uma parte
específica de seus bens para uma pessoa. Por exemplo, o testador pode deixar metade
de seus bens para um filho e a outra metade para outro filho.

É sempre bom notar que os legados são atos de última vontade e, portanto, só entram em vigor
após a morte do testador. Além disso, os legados podem ser revogados ou alterados pelo
testador a qualquer momento antes de sua morte.

4. Explique todas as regras relativas ao legado.

O legado é uma disposição testamentária que designa um bem ou um conjunto de bens


específicos dentro da herança para um legatário, que não é necessariamente um herdeiro. Aqui
estão algumas regras relativas ao legado:

1. Sujeitos do Legado: No legado, sempre são necessárias duas pessoas: a que dispõe (o
testador ou legante), e aquela a cujo favor a atribuição patrimonial é feita (o legatário).
Pode haver uma terceira pessoa, que é aquela que deve prestar o legado (o onerado).
2. Objeto do Legado: O objeto do legado é um bem ou um conjunto de bens
individualizados. O legatário tem a certeza do direito que lhe resulta dessa nomeação,
desde a abertura da sucessão.
3. Modalidades do Legado: O legado pode ser puro e simples, condicional, a termo,
modal ou subcausa. Quando for puro e simples, produzirá seus efeitos
independentemente de qualquer fato.
4. Aquisição do Legado: O legatário poderá pedir o legado a todos os herdeiros
instituídos, e, não os havendo, aos legatários, se o disponente não houver indicado
aquele (herdeiro ou legatário) que deverá executá-lo.
5. Revogação do Legado: O legado pode ser revogado ou alterado a qualquer momento
pelo testador antes de sua morte.

Os legados são atos de última vontade e, portanto, só entram em vigor após a morte do testador.

5. Quais as hipóteses de caducidade dos legados?

A caducidade do legado ocorre quando, apesar de o legado ter sido feito de forma válida, ele
perde a razão de existir devido a circunstâncias que ocorrem após a criação do testamente. As
hipóteses de caducidade dos legados podem ser de ordem objetiva ou subjetiva:

1. Ordem Objetiva: A caducidade ocorre quando falta o objeto do legado. Isso pode
acontecer, por exemplo, se o bem legado não existir mais no momento da morte do
testador.
2. Ordem Subjetiva: A caducidade ocorre quando falta o beneficiário. Isso pode
acontecer se o legatário morrer antes do testador, por exemplo.

Se ocorrer qualquer uma dessas hipóteses, o legado retorna à massa hereditária, beneficiando
os herdeiros, conforme o artigo 1.788, última parte do Código Civil.
6. Qual a regra geral de interpretação dos testamentos?

A regra geral de interpretação dos testamentos é focada em entender e respeitar a intenção do


testador expressa no documento. Aqui estão algumas diretrizes principais 1:

1. Intenção do Testador: Nenhum elemento externo pode ser levado em consideração


para obtenção da real intenção da vontade do testador. A vontade do testador deve ser
aquela expressa de modo inteligível no documento.
2. Cláusula Duvidosa: Se houver uma cláusula duvidosa, o intérprete deve aplicá-la da
maneira que melhor harmonize com a vontade manifestada pelo testador.
3. Disposição Expressa: É válida a disposição expressa em termos ásperos ou de censura,
considerando-se possível a cláusula testamentária de conteúdo patrimonial.
4. Substituição: O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário
nomeado, para o caso de um ou outro não querer ou não poder aceitar a herança ou o
legado.

Essas regras ajudam a garantir que a vontade do testador seja respeitada e que o testamento seja
interpretado de maneira justa e precisa.

7. Quais as hipóteses de nulidade das disposições testamentárias?

As disposições testamentárias podem ser anuladas em várias situações, geralmente relacionadas


a problemas com a forma como o testamento foi feito ou com a capacidade do testador. Aqui
estão algumas hipóteses de nulidade das disposições testamentárias:

1. Nulidade Absoluta: Ocorre quando o testamento viola preceitos de ordem pública,


como a falta de um elemento substancial ao ato jurídico.
2. Nulidade Relativa (Anulabilidade): Ocorre quando o testamento prejudica o interesse
particular de uma pessoa que o legislador buscou proteger. O testamento anulável pode
se tornar válido se a deficiência for corrigida.
3. Erro, Dolo ou Coação: As disposições testamentárias podem ser anuladas se forem
contaminadas por erro, dolo ou coação.
4. Negócio Inexistente: Ocorre quando falta algum elemento estrutural do negócio
jurídico, como por exemplo, quando não houver manifestação ou declaração de vontade.
5. Ineficácia: Ocorre quando um negócio jurídico não produz os efeitos desejados pelas
partes, o qual pode ser classificado pela forma retro mencionada conforme o grau de
imperfeição verificado 1.

É bom notar que a anulação de uma disposição não prejudica o testamento inteiro. Além disso,
o direito de anular a disposição se extingue em quatro anos, contados de quando o interessado
tiver conhecimento do vício.
8. Explique as regras sobre direito de acrescer na sucessão legítima e testamentária.

O direito de acrescer é um princípio jurídico que se aplica tanto na sucessão legítima quanto na
testamentária. Ele ocorre quando, na ausência de um dos herdeiros ou legatários, a parte que
lhe caberia é distribuída entre os demais. Aqui estão algumas regras sobre o direito de acrescer:

1. Sucessão Legítima: Na sucessão legítima, se um dos herdeiros não puder ou não quiser
aceitar a herança, sua parte será distribuída proporcionalmente entre os demais
herdeiros.
2. Sucessão Testamentária: Na sucessão testamentária, o direito de acrescer pode ocorrer
quando vários herdeiros são chamados conjuntamente à herança em quinhões não
determinados, e qualquer deles não puder ou não quiser aceitá-la. Nesse caso, a parte
do herdeiro que recusou ou não pôde aceitar a herança acrescerá à dos co-herdeiros. No
entanto, para que o direito de acrescer possa ser aplicado, devem-se preencher
determinados requisitos:
o Mais de um herdeiro deve ser beneficiado no mesmo item do testamento.
o Os quinhões não devem ser individualizados.
o Não deve haver previsão de substituto no testamento.
3. Caso de Falecimento: Se o herdeiro testamentário com quota fixa falecer antes da
abertura da sucessão, sem previsão de substituto, aquela parcela deve retornar ao monte
e ser objeto de partilha com todos os herdeiros legítimos.

O direito de acrescer é uma forma de vocação sucessória indireta e pressupõe a nomeação dos
herdeiros na mesma cláusula testamentária.

9. Quais os tipos de substituição nos testamentos? Explique cada uma delas.

Existem várias modalidades de substituição em testamentos:

1. Substituição Vulgar ou Ordinária: Esta ocorre quando o testador indica uma pessoa
para ocupar o lugar do herdeiro ou legatário que não quer ou não pode aceitar o que lhe
compete. Pode ser singular ou coletiva, conforme sejam nomeadas uma ou mais pessoas
para recebimento da cota vaga.
2. Substituição Recíproca: Nesta modalidade, os herdeiros são designados substitutos
uns dos outros. Por exemplo, um legado de uma casa em favor de A e de outra em favor
de B, sendo que cada um substituirá o outro que faltar3.
3. Substituição Fideicomissária: Aqui, o herdeiro ou legatário recebe a liberalidade para
transmiti-la, por sua morte, ou depois de certo tempo, ao seu substituto 2. Por exemplo,
um legado de um imóvel em favor de A, para que, depois de sua morte, certo tempo ou
condição, transmita-se a propriedade do bem para B.
4. Substituição Compendiosa: Esta ocorre quando há a concorrência da substituição
vulgar e da fideicomissária2. Por exemplo, um legado de imóvel para A, para que depois
de sua morte se transmita a B, ou, na sua falta, para C.

Cada tipo de substituição tem suas próprias características e é usado de acordo com as intenções
do testador.

10. Quais as regras para a redução das disposições testamentárias?


As regras para a redução das disposições testamentárias são as seguintes:

1. Finalidade: A redução de disposições testamentárias ocorre quando excedem o valor


da quota disponível do testador, havendo herdeiros necessários. Isso protege as
legítimas desses herdeiros.
2. Previsão legal: A redução das disposições testamentárias está prevista nos artigos 1.966
a 1.968 do Código Civil.
3. Procedimento: O procedimento a observar é o ordinário.
4. Legitimidade: A lei permite que herdeiros ou terceiros interessados requeiram a
redução de disposições testamentárias quando essas disposições são consideradas
injustas ou contrárias à legislação civil.
5. Motivos para a redução: Alguns dos motivos que podem justificar a redução incluem
erro, coação, falsificação e outras circunstâncias prejudiciais.
6. Redução proporcional: De acordo com o artigo 1.967 do Código Civil, as disposições
testamentárias que excederem a parte disponível devem ser reduzidas aos limites da
porção disponível. O parágrafo 1º estabelece que, em caso de excedência das
disposições testamentárias à porção disponível, as quotas dos herdeiros instituídos serão
proporcionalmente reduzidas e, caso ainda assim excedam, os legados também serão
reduzidos na proporção do seu valor.
7. Ordem de redução: A redução começa pela última liberalidade; se não bastar, passa-
se à imediata, e assim sucessivamente. Se as doações foram feitas na mesma data, a
redução é feita mediante rateio.
8. Remanescente: Segundo o artigo 1.966 do Código Civil, se o testador dispõe apenas
parcialmente da sua quota hereditária disponível em testamento, o remanescente
pertencerá aos herdeiros legítimos.

Essas regras garantem a equidade na distribuição da herança e protegem os direitos daqueles


que têm direito à herança independentemente de disposições testamentárias.

11. Quais as hipóteses de rompimento do testamento?

Existem algumas situações em que um testamento pode ser rompido:

1. Descendente sucessível desconhecido: O rompimento do testamento ocorrerá se, na


época de sua elaboração, o testador não possuía (ou não tinha ciência da existência de)
nenhum descendente. Isso não se aplica no caso de o autor da herança já ter um
descendente e surgirem outros posteriormente.
2. Herdeiros necessários desconhecidos: O testamento também pode ser rompido se o
testador desconhecia outros herdeiros necessários. Por exemplo, é o caso do testador
solteiro que vem a casar – nesse caso, ele ignorava a existência de herdeira necessária,
que veio a garantir tal condição apenas após o casamento.

Além disso, um testamento pode ser anulado em casos de vício de vontade, como erro, dolo,
coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. Nesses casos, é possível a anulação,
sendo necessário fazer o pedido em juízo e comprovar as irregularidades.

12. O que são os sonegados?


Os sonegados são bens que deveriam ter sido inventariados ou trazidos à colação, mas não o
foram, pois foram ocultados pelo inventariante ou por um herdeiro. A pena de sonegados é uma
sanção ou penalidade civil imposta para os casos de ocultação de bens da herança, gerando a
perda do direito sobre os bens ocultados. O ato de sonegar deve pressupor a existência do dolo,
da intenção maliciosa de omitir a existência dos bens.

Consideram-se sonegados os bens que, embora devessem ser partilhados, não o foram em razão
de ocultação daquele que estava em sua administração, aqueles que foram omitidos pelo
herdeiro que os tenha recebido em doação, quando sujeitos a colação, bem como os não
restituídos pelo herdeiro, quando os tenha em seu poder.

Apenas o inventariante e os herdeiros, legítimos ou testamentários, podem cometer a


sonegação. Aquele que sonega bens da herança, não os arrolando no inventário, ou omiti-los na
colação, perderá o direito que sobre eles lhe cabia, pagando, ainda, a importância dos valores
que ocultou, acrescida de perdas e danos.

13. O que é colação?

No contexto do Direito Civil, a colação é um instituto jurídico que se refere à obrigação que têm certos
herdeiros (descendentes) de trazer à massa hereditária os bens ou valores que receberam do de cujus
(pessoa falecida), em vida, por doação.

A colação tem como objetivo igualar as legítimas dos herdeiros necessários descendentes, para que a
partilha seja feita de forma igualitária. Isso significa que, se um dos herdeiros recebeu uma doação em
vida do de cujus, esse valor será considerado adiantamento da sua parte na herança.

É importante notar que a colação não se aplica a todos os tipos de doações. Por exemplo, as doações
com a cláusula de dispensa de colação, as doações remuneratórias e as doações feitas a estranhos não
estão sujeitas à colação. Além disso, a colação só é exigida na presença de mais de um descendente
ou se existirem descendentes e ascendentes concorrendo à herança.

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