Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TESTAMENTÁRIA
ÍNDICE
1. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA.........................................................................................4
Introdução e Modalidades de Testamento.................................................................................................................4
Observe-se que, apesar da disposição de bens ser a regra nos testamentos, existe a
possibilidade do desse instrumento tratar também do reconhecimento de filhos, nomeação
de tutor, reabilitação do indigno, etc..
MODALIDADES DE TESTAMENTO
Há três formas ordinárias de testamento:
a) testamento público;
c) testamento particular.
Qualquer desses testamentos poderá ter sua validade impugnada em até cinco anos a
partir de seu registro.
Características
Nesse contexto, vejamos algumas características básicas que permeiam o instituto do
testamento:
PERSONALÍSSIMO
Isso significa que o testamento não pode ser feito por mais ninguém além do próprio testador
em pessoa. Não é aceita nem mesmo a figura do procurador nessa matéria.
www.trilhante.com.br 4
NEGÓCIO JURÍDICO SOLENE
O testamento é um negócio jurídico solene (deve respeitar a forma prescrita em lei), gratuito,
revogável e causa mortis (só tem efeito após a morte).
Capacidade civil
A capacidade para testar é conferida aos plenamente capazes e aos maiores de dezesseis
anos. Observe-se que o instituto da capacidade sofreu diversas alterações com o Estatuto
do Deficiente, sendo certo que a capacidade desses presume-se plena.
Dessa forma, não podem testar os declaradamente incapazes e os que, no ato de fazê-lo, não
tiverem pleno discernimento para isso.
www.trilhante.com.br 5
2
FORMAS ORDINÁRIAS
2. Formas ordinárias
Como dito anteriormente, a sucessão testamentária pode se dar, ordinariamente, por meio
de três tipos de instrumento: o testamento público, o cerrado e o particular. Vamos, agora,
estudar cada um deles.
Testamento Público
O testamento é denominado público por ser escrito por tabelião, de acordo com as
declarações do testador, devendo ser lavrado instrumento e lido em voz alta pelo primeiro
ao segundo e as duas testemunhas (ou pelo testador na presença dos demais), com posterior
assinatura de todos.
Na hipótese de testador surdo, poderá também ele próprio realizar a leitura ou designar
quem o leia para ele, se não souber. Assim, enquanto, ao surdo, o testamento público é uma
faculdade, se o testador for cego, o instrumento público é obrigatório, devendo o testamento
ser lido a ele duas vezes (pelo tabelião e uma testemunha), e da mesma maneira ocorre com
o analfabeto.
Por fim, o surdo-mudo, não podendo ler em voz alta nem ouvir a leitura, e o mudo, não
podendo efetuar suas declarações, não podem fazer esse testamento. Isso se dá para não
haver risco de eles firmarem documento sobre o qual têm incertezas, trata-se de uma forma
de proteção à segura manifestação de suas vontades.
O testamento cerrado é escrito pelo testador ou outra pessoa (a seu rogo) e por aquele,
somente por aquele, assinado, desde que aprovado pelo tabelião, que o recebe na presença
de duas testemunhas, com a declaração pelo testador de que se trata de testamento e quer
que seja aprovado, lavrando-se auto de aprovação, que deve ser lido, em seguida, ao testador
e às testemunhas, assinando-o todos. Em seguida, deve-se lacrar o instrumento aprovado e,
ao final, entregá-lo ao testador e lançar o registro no livro local.
Aos que não sabem ou não podem ler, não é permitida a utilização dessa modalidade de
testamento. Ao surdo-mudo, sim, se ele próprio escrever todo o testamento, devendo o juiz
www.trilhante.com.br 7
desconsiderá-lo apenas se encontrar algum vício externo que o torne eivado de nulidade ou
suspeito de falsidade.
Testamento Particular
O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo
mecânico,devendo ser lido e assinado por quem o escreveu na presença de, pelo menos,
três testemunhas, que o devem subscrever.
Observe-se que as testemunhas devem confirmar em juízo, podendo o juiz validar o ato se
comparecer ao menos uma delas, havendo prova suficiente de sua veracidade. Não podem
utilizar essa modalidade os cegos e analfabetos.
www.trilhante.com.br 8
3
TÓPICOS IMPORTANTES
3. Tópicos importantes
Trataremos aqui de alguns pontos esparsos que contém observações pontuais que costumam
cair em provas de concurso.
Regras Proibitivas
Na sucessão testamentária, existem algumas coisas que são vedadas. Vejamos as principais:
HERDEIRO A TERMO
Não cabe nomeação de herdeiro a termo, seja termo inicial ou termo final.
Há uma única exceção incomum das disposições fideicomissárias, nas quais há ato de
disposição de vontade expressa em testamento, pelo qual uma pessoa pode deixar um bem
imóvel para o sucessor de seu herdeiro.
O herdeiro ou legatário que recebe em primeiro grau o imóvel denomina-se fiduciário, ficando
ele com o encargo de transmitir a propriedade para aquele que será o proprietário final do
bem, designado de fideicomissário. Cabe sempre, por outro lado, a nomeação de legatário a
termo, mas isso é outro assunto.
CONDIÇÃO CAPTATÓRIA
Não cabe disposição com condição captatória (e tal proibição decorre da proibição de pacto
sucessório), ou seja, não pode o testador obrigar seu beneficiário a nomear alguém específico
como herdeiro ou legatário.
Busca-se dessa forma que as partes acordem em nomear pessoas específicas como uma
troca de favores. A verificação de condição captatória gera nulidade da disposição.
PESSOA INCERTA
É nula a cláusula que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar. Observe-
se que, nessa hipótese, não se incluem as pessoas que ainda não nasceram, sendo possível
ter como beneficiário o nascituro.
Regras Permissivas
Ato contínuo, ultrapassada as observações relevantes acerca das regras proibitivas, voltemos
nossa atenção às regras permissivas em relação à nomeação de herdeiros no testamento:
1. A nomeação pode ser pura e simples quando não haja qualquer condição ou ônus a
quem será beneficiado pelo testamento, ambos os institutos permitidos em detrimento
do termo, como já visto.
2. A nomeação pode ser feita sob condição suspensiva ou resolutiva, desde que lícitas
e possíveis, ou mediante encargo (para certo fim ou modo), que pode ser exigido no
www.trilhante.com.br 10
beneficiário, não se falando, porém, em revogação pelo seu descumprimento, salvo se
expressamente prevista pelo testador e, ainda, por motivo justo.
LEGADO
O legado pode ser conceituado como a coisa certa e determinada deixada a alguém
(legatário) por testamento ou codicilo. Assim, o legado pode ser de coisas, créditos, quitação
de dívidas, alimentos, imóvel, dinheiro, renda ou pensão vitalícia.
Dessa forma, legado deve ser compreendido como uma disposição testamentária de última
vontade que nomeia o legatário para um bem certo e determinado dentro da herança, mas
não sendo ele um herdeiro. O testador tem total liberdade de escolha de seus legatários e
dos bens que a eles destinará.
Quanto a propriedade do legatário sobre o bem a ele deixado, essa é adquirida no momento da
morte do testador. Sobre a posse, entretanto, o legatário não pode exigi-la imediatamente e
nem por sua própria autoridade. Poderá apenas pedi-la aos herdeiros, sendo que normalmente
ela só se dará no momento da partilha.
CADUCIDADE
Nos termos do Código Civil, um testamento deixa de produzir efeitos pela nulidade,
revogação, caducidade ou pela falta do beneficiário (por sua exclusão, renúncia, falta de
legitimação ou morte). A caducidade se dá pela falta do objeto, a qual pode decorrer de
modificação substancial feita pelo testador a seu respeito, alienação da coisa, sua evicção
ou, ainda, seu perecimento.
DIREITO DE ACRESCER
O direito de acrescer é relevante na hipótese em que o testador contempla vários beneficiários
deixando-lhes a mesma herança ou coisa em porções não determinadas, e um dos
concorrentes vem a faltar.
Nesse caso, não havendo substituto designado pelo testador, será acrescido, ao quinhão
dos coerdeiros ou colegatários conjuntamente contemplados, o quinhão daquele que vem a
faltar, salvo se estes têm cotas hereditárias já determinadas. A situação será a seguinte:
1. “Deixo imóvel X a Fulana e a Beltrano”: vindo a faltar Fulana, Beltrano ficará com a
parte dela, pelo direito de acrescer.
2. “Deixo metade do imóvel X a Fulano e metade do imóvel X a Beltrana”: nesse caso,
vindo a faltar Fulano, e não havendo substitutos para ele, sua cota vai aos herdeiros legí-
timos, ficando Beltrana com sua outra metade.
www.trilhante.com.br 11
SUBSTITUIÇÃO
A substituição é compreendida como a indicação de certa pessoa para recolher a herança ou
legado, caso o nomeado venha a faltar, existindo em dois tipos:
1. substituição vulgar e recíproca, e
2. substituição fideicomissária.
A substituição vulgar e recíproca é que a se verifica quando o testador nomeia um herdeiro
ou legatário para receber a quota que caberia àquele que não quis ou não pôde receber; é
recíproca quando os herdeiros ou legatários são nomeados substitutos uns dos outros de
forma que, se um herdeiro ou legatário se negar a receber a herança, outro poderá recebê-la.
www.trilhante.com.br 12
4
SUCESSÃO
TESTAMENTÁRIA -
REVOGAÇÃO
4. Sucessão Testamentária - Revogação
Revogação Testamentária
Diante da certeza de que um testamento se trata de um ato de vontade do testador, é evidente
que esse ato pode ser revogado.
O testamento pode ser revogado expressamente pelo mesmo modo e forma pelos quais veio
a ser feito. Assim, é possível revogar um testamento público ou cerrado por outro testamento
particular, e vice-versa, com ampla variação e liberdade de forma na revogação. Dessa
forma, se o testador simplesmente fizer um novo testamento, o antigo restará revogado
tacitamente se for operado de forma diferente (público x particular).
Em suma: a revogação do testamento pode ser expressa, quando há uma evidente declaração
de vontade; ou tácita, quando houve um novo testamento em claro conflito com o anterior.
Além disso, a revogação do testamento pode ser total ou parcial, nos termos do art. 1970,
CC. Vejamos:
Parágrafo único. Se parcial, ou se o testamento posterior não contiver cláusula revogatória expressa, o anterior
subsiste em tudo que não for contrário ao posterior.
A revogação produzirá seus efeitos ainda quando o testamento, que a encerra, vier a caducar
por exclusão, incapacidade ou renúncia do herdeiro nele nomeado (art. 1971, CC). Porém,
não valerá a revogação se o testamento revogatório for anulado por omissão ou infração de
solenidades essenciais ou por vícios intrínsecos.
Por fim, observe-se que o testamento cerrado que o testador abrir ou o que for aberto com
o seu consentimento será tido revogado (art. 1972, CC). Em suma, a lei trata a hipótese de
abertura do testamento cerrado como hipótese de revogação.
www.trilhante.com.br 14
5
SUCESSÃO
TESTAMENTÁRIA
- ROMPIMENTO E
TESTAMENTO VITAL
5. Sucessão Testamentária - Rompimento e
Testamento Vital
Rompimento de Testamento
O rompimento do testamento consiste na ineficácia deste pelo fato de o testador não ter
conhecimento da existência de herdeiros necessários seus quando da sua elaboração.
Assim, se o testador não sabia que existia um herdeiro quando elaborou o testamento, paira
a incerteza acerca de qual seria a vontade do testador a respeito dele.
Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia quando testou,
rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se esse descendente sobreviver ao testador.
Destarte, diante da situação em que subsiste descendente sucessível ao testador que este
não conhecia, o testamento será rompido em relação a todas as suas disposições.
Por outro lado, nos termos do art. 1.975 do Código Civil, não se rompe o testamento se o
testador dispuser da sua metade não contemplando os herdeiros necessários de cuja
existência saiba, ou quando os exclua dessa parte.
Testamento Vital
O testamento vital é um termo que pode confundir porque parece ser uma modalidade de
testamento, o que não é.
O testamento vital se torna relevante se alguma doença acomete o testador e ele fica
impossibilitado de expressar sua vontade, situação em que o testamento servirá como
parâmetro que guiará seu tratamento, indicando o tipo de procedimento que gostaria, ou
não, de receber.
www.trilhante.com.br 16
6
SUCESSÃO
TESTAMENTÁRIA
- TESTAMENTOS
EXTRAORDINÁRIOS
6. Sucessão Testamentária - Testamento
Extraordinários
Os testamentos extraordinários, como o próprio nome já sugere, são aqueles elaborados em
situações extraordinárias, podendo ser
1. marítimo;
2. aeronáutico;
3. militar.
Observe-se que, ao contrário do que preceitua o antigo Código Civil, a embarcação não
precisa estar necessariamente localizada em alto-mar e em estado de perigo, admitindo-se
a elaboração do testamento durante qualquer viagem marítima de curta ou longa duração,
em água salgada ou doce.
O testamento marítimo deve ser feito na presença do comandante (ou outro agente
competente), que certificará o ocorrido na presença de duas testemunhas, que devem, junto
com ele, assinar o documento após o próprio testador tê-lo feito, registrando-se tal fato no
livro de bordo. Ficará o documento, enfim, em poder do comandante para que o entregue à
autoridade portuária competente mediante contra recibo.
Além disso, as disposições restantes se regulam nos mesmos moldes que o testamento
marítimo, sendo necessário que a declaração de vontade ocorra na presença de duas
testemunhas, bem como na do comandante ou outra pessoa designada por este. Ademais,
se aplica o prazo de 90 dias para caducidade do ato.
www.trilhante.com.br 18
Testamento Extraordinário Militar
O testamento militar somente pode ser efetuado em situação de guerra, por militares e
pessoal envolvido a serviço das forças armadas, e no impedimento do testador de efetuar
testamento nas condições normais, sendo admitido de três formas:
1. a similitude do testamento público, na presença do comandante ou oficial graduado;
2. para o testamento particular ou cerrado, diante de duas testemunhas, de um auditor,
ou de um oficial ou alguém que lhe faça as vezes;
3. a maneira nuncupativa, como previsto no art. 1.896, sendo uma forma verbal, efet-
uado em campo de batalha ou feridas, diante de duas testemunhas que têm a in-
cumbência de transcrever essas instruções posteriormente, assinar o documento e
apresentá-los ao auditor.
No mesmo termo dos outros, o testamento militar vai caducar em 90 dias se o testador
ainda estiver vivo em lugar onde possa atestar na forma ordinária. Ademais, não terá efeito o
testamento se o testador não morrer na guerra ou convalescer do ferimento.
www.trilhante.com.br 19
Sucessão
Testamentária
www.trilhante.com.br