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FACUDADE ESUP

Graduação em Direito
Turma/turno: 6º Período/Noturno
Matéria: Direito de Sucessões
Facilitadora: Ronie Crisóstomo de França
Aluna: Karine de Faria Alves

SUBISTITUIÇÃO FIDEICOMISSÁRIA

1. CONCEITO
A disposição fideicomissária (ou substituição fideicomissária) é aquela em que “há
ato de disposição de vontade expressa em testamento, pelo qual uma pessoa pode deixar um
bem imóvel para o sucessor de seu herdeiro".
Essa disposição pode ser inclusa como cláusula no testamento. E por tal cláusula, o
testador determina um herdeiro ou legatário seja substituído por outro, estabelecendo que os
bens dele( testador) se transmita inicialmente a alguém chamado fiduciário e que, depois,
com a morte desse fiduciário ou a partir de determinada condição ou termo, esses bens se
transmitam a outra pessoa, chamada de fideicomissário.
Ou seja, eu em meu testamento, deixo o meu bem para o seu futuro filho, caro
professor- chamado fideicomissário (e não para você- que é fiduciário). Assim, determino
em tal documento que, após certo tempo, você repasse o bem que eu passei a você, ao seu
filho (o fideicomissário). Então, lembre-se: destino o meu bem, via testamento, a alguém
que ainda não nasceu (seu filho). Eu sou o fideicomitente.
Assim distribuído às denominações:
 Eu- fideicomitente/testador;
 Você- fiduciário;
 Seu filho que ainda não nasceu-fideicomissário;
 Disposição de testamento-fideicomisso;
É importante lembrarmos que a substituição fideicomissária é o instrumento que
tem como objetivo principal atender o desejo do autor de beneficiar herdeiro não existente
da abertura da sucessão.

2. MODALIDADES

Para que ocorra a substituição fideicomissária e a garantia do direito sucessório da


prole eventual, existem três modalidades de pessoas que compõem a substituição
fideicomissária:

O fideicomitente, que é a figura do testador, que institui a substituição mediante sua


declaração de vontade;

O fiduciário, pessoa de confiança do testador que será responsável por suceder no


lugar do autor da herança, encarregado de cuidar do patrimônio deixado e,
posteriormente, repassar para o fideicomissário;

O fideicomissário, que é o último destinatário da herança ou legado que vai receber


em razão da morte do fiduciário ou então se for realizada certa condição ou no caso
passado o tempo estabelecido pelo testador.

É relevante ressaltar que o termo “prole eventual” versa sobre o indivíduo que ainda
será concebido, futuramente, como um neto. Assim como esta prevista:

Art.1.952: “A substituição
fideicomissária somente se permite em
favor dos não concebidos ao tempo da
morte do testador”.
3. REQUISITOS PARA CONFIGURAÇÃO DO INSTITUTO
No que tange o instituto das substituições de modo geral, é importante elencar
princípios de relevância, sendo eles:

 Capacidade do substituto para ser instituído em primeiro grau;


 Possibilidade de haver mais de um substituto para um só herdeiro ou um
único substituto para mais de um herdeiro;
 Instituto condicional;
 Nomeação do substituto no testamento ou em ato posterior;
 Obrigatoriedade de cumprimento por parte do substituto de encargo ou
obrigação destinada ao herdeiro ou legatário primitivo, salvo se o testador
estipulou o contrário;

Vale mencionar o art. 1959 que diz: “São nulos os fideicomissos além do segundo
grau”, no qual, deixa claro que por mais que exista a possibilidade de se instituir vários
substitutos a um só herdeiro, como também um único substituto para vários herdeiros, a
substituição não pode ir além do segundo-grau, ou seja, ir além da figura do fideicomissário.
E é relevante mencionar que ao substituto incumbirá o cumprimento do encargo ou
da condição, salvo em hipótese de ter o autor da sucessão disposto de forma diversa em seu
ato de última vontade ou, ainda, se resultar o contrário da condição ou do termo, de acordo
com o que preceitua o artigo 1.949, do CC/2015:
É importante citar que só pode ser objeto de fideicomisso o item disponível ao
testador, assim, a legítima não é objeto de fideicomisso. Assim como, também é bom frisar
que todo fideicomisso é temporário, e que a efemeridade contradiz com os princípios do
instituto. A propriedade do fiduciário, é resolúvel, já que contém, no ato da sua constituição,
a causa da perda desta propriedade.
Sendo assim, os requisitos essências para que ocorra a substituição fideicomissária
são:

1) Dupla vocação: existem duas disposições do mesmo bem em favor de pessoas


distintas que auferirão a herança ou legado, uma a seguir da outra, posto que três
sujeitos devam intervir: testador, fiduciário e fideicomissário;
2) Ordem Sucessiva: Ambos (fideicomissário e fiduciário) são chamados
sucessivamente, mas seus direitos são simultâneos.  Somente após a abertura do
fideicomisso caberá o direito de lutar pelos bens alienados pelo fiduciário, assim
enquanto não receber a herança ou legado, não ocorrerá contra ele prazo algum;

3) Ônus de conservar para restituir:  o fiduciário tem o dever de manter o bem no


estado que recebeu, como também tem a faculdade realizar diligencias para impedir
danos como também obrigação de ampará-los;

4) Capacidade passiva do fiduciário: este requisito precisa ser analisado no momento


da abertura da sucessão, agora a capacidade do fideicomissário, no momento da
substituição;

5) Eventualidade da vocação do fideicomissário: o fiduciário estar com o direito,


enquanto não ocorrer à substituição, pois este tem o direito meramente eventual
sobre o bem fideicometido;

Faltando um desses requisitos, ocorre a descaracterização da Substituição Testamentária


Fideicomisso

4. DIREITOS E DEVERES DO FIDUCIÁRIO

 Os direitos são os elencados abaixo:

1) Ter desde logo a propriedade, restrita e resolúvel da herança, apercebendo-


lhe os frutos e rendimentos, para uso e consumo sem qualquer restrição à
sua disponibilidade, salvo se o testador lhe houver imposto cláusula de
inalienabilidade;

2) Transmitir, se falecer depois do testador, mas antes de vencido o prazo, a


propriedade fiduciária a seus herdeiros legítimos ou testamentários, gravada
da mesma cláusula resolutiva e da mesma obrigação restituitória, até o
advento do termo ou condição resolutória, momento em que o
fideicomissário receberá os bens fideicometidos;

3) Ter a propriedade plena, em caso de renúncia do fideicomissário, sem


disposição em contrário, se o fideicomissário falecer antes do testador, ou,
antes de realizar-se a condição resolutória do direito do fiduciário;

4) Receber indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias que aumentaram


o valor da coisa fideicometida, podendo exercer, pelo valor delas, o direito
de retenção, por ser possuidor de boa-fé;

5) Renunciar expressamente ao fideicomisso, por termo judicial ou escritura


pública;

6) Sub-rogar o fideicomisso para outros bens, desde que com prévio


consentimento do fideicomissário;

7) Usar de todas as ações do herdeiro, inclusive a de petição de herança.

 Os deveres são os elencados abaixo:

1. Inventariar os bens fideicometidos (art. 1.953, parágrafo único), não


podendo ser dispensado, é obrigação legal e caracteriza-se o objeto do
fideicomisso, assim, responde pelas despesas do inventário e pelo
pagamento do imposto de transmissão causa mortis;

2. Prestar caução de restituí-los, se assim exigir o fideicomissário (art.  1.953,


do CC/02);

3. Conservar e administrar os bens, enquanto estiverem sob sua guarda, sem


direito ao reembolso de despesas pela conservação;

4. Restituir a coisa fideicometida no estado em que se encontrava quando da


substituição, não respondendo, porém, pelas deteriorações decorrentes do
uso regular, caso fortuito ou força maior, embora deva indenizar as oriundas
de sua culpa ou dolo.

5. DIREITOS E DEVERES DO FIDEICOMISSÁRIO

 Os direitos são os elencados abaixo:

1. Exigir do fiduciário o inventário das coisas fideicometidas e que preste


caução de restituí-las;

2. Conservar os bens, podendo realizar medidas cautelares e asseguradoras;


exercer atos referentes à testamentaria e à inventariança, quando o
fiduciário não estiver presente; assim como requerer a curadoria de ausentes
(art. 22, do CC/02);

3. Receber a parte da liberalidade pertinente ao fiduciário por direito de


acrescer (art. 1.956, do CC/02);

4. Recolher a herança ou o legado, como substituto do fiduciário, se este


falecer antes do testador, se renunciar à sucessão ou dela for excluído, ou
não se verificar a condição sob a qual o fiduciário foi nomeado;

5. Renunciar ou aceitar a herança, em caso de o fiduciário repudiar a


liberalidade, antecipando-lhe a vocação hereditária do fideicomisso. Se a
renúncia for expressa, por escritura ou a termo judicial, ter-se-á a
caducidade do fideicomisso, ficando o fiduciário com a propriedade plena
do bem, isso no caso em que não exista disposição contrária do testador, e
quando perceba a possibilidade de renúncia por parte do fideicomissário,
nomear um substituto que ficará no seu lugar;

6. Receber os bens, com a extinção do fideicomisso, livres de quaisquer ônus,


salvo o caso do art. 1.957, do CC/02, onde ao sobrevir a sucessão, o
fideicomissário responde pelos encargos da herança que ainda restarem;
7. Com o fim do fideicomisso, recolher o valor do seguro ou o preço da
desapropriação no qual se sub-roga o bem fideicometido, nos casos em que
ocorra a desapropriação ou destruição ocasionada por sinistro.

 Os deveres são os elencados abaixo:

1. Responder pelos encargos da herança que ainda restarem quando vier à


sucessão, se o fiduciário não pôde satisfazê-los (art. 1.957, do CC/02);

2. Indenizar o fiduciário pelas benfeitorias úteis e necessárias, que


aumentarem o valor da coisa fideicometida (CC, arts. 964, III, 1.219).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Paulo Thiago de Castro. Conheça a substituição fideicomissária. JusBrasil.


Disponível em https://advpt.jusbrasil.com.br/artigos/617241707/conheca-a-
substituicao-fideicomissaria. Consulta em 27 e 28 de Novembro e 03 de
dezembro de 2022.

Martha Turin. A substituição fideicomissária no direito sucessório.


JusBrasil. Disponível em.
https://marthaturin.jusbrasil.com.br/artigos/155304129/a-substituicao-
fideicomissaria-no-direito-sucessorio. Consulta em 27 e 28 de Novembro e 04
de dezembro de 2022.

Josefa Rosângela de Carvalho Mendes. Substituição Testamentária e


fideicomissivo. Conteúdo Jurídico. Disponível
https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/27313/substituicao-
testamentaria-e-fideicomisso Consulta em 27 e 28 de Novembro e 02 e 03 de
dezembro de 2022.

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