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I – PROPRIEDADE RESOLÚVEL

O que é propriedade resolúvel?

A propriedade resolúvel se dá quando o título aquisitivo (do bem móvel ou imóvel) está
subordinado a uma condição resolutiva ou advento do termo. A propriedade deixa de ser
plena, passando a ser limitada. A hipótese encontra-se descrita no art. 1.359 do Código
Civil, que preceitua, sendo resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou
pelo advento do termo, desaparecem os direitos reais concedidos em sua pendência, e o
proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa de quem a
possua ou detenha. Um exemplo de propriedade resolúvel é a propriedade fiduciária,
onde há a transmissão do bem ao credor fiduciário, em garantia de uma dívida, sendo o
bem resgatado pelo devedor no momento da quitação do débito (condição resolutiva).

Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento


do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua
pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a
coisa do poder de quem a possua ou detenha.

Já o art. 1.360 do Código Civil, dispõe acerca de hipótese distinta. Trata-se do que
alguns autores chamam de propriedade ad tempus ou revogável. Neste caso, a
propriedade se resolverá por causa superveniente, sendo considerado proprietário
perfeito o possuidor que a tiver adquirido por título anterior à sua resolução, restando à
pessoa em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se
resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor.
Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o
possuidor, que a tiver adquirido por título anterior à sua resolução, será
considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a
resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria
coisa ou o seu valor.

O que significa a condição na propriedade resolúvel?

A condição na propriedade resolúvel significa a cláusula que, inserida no título de


aquisição do bem, subordina a resolução da propriedade a um evento futuro e incerto.

Realizado assim o evento futuro e incerto, a propriedade desaparece, ou pode


desaparecer, se resolve, como se jamais o fenômeno houvesse existido. Há modificação
subjetiva do titular do domínio, tornando perfeito o direito eventual do proprietário
diferido.

O que significa o termo na propriedade resolúvel?

Diversamente da condição, o termo subordina a resolução da propriedade a um evento


futuro e certo. Observando-se assim que o termo é inexorável e sempre ocorrerá, ao
passo que a condição é falível.

Com o advento do termo, ocorrerão os efeitos inerentes à propriedade resolúvel. A


propriedade se extingue com o implemento da condição ou advento do termo.
Propriedade fiduciária é uma propriedade adquirida como garantia de uma
dívida (um bom exemplo é a propriedade que o banco tem do imóvel [garantia]
decorrente de um financiamento imobiliário [dívida]).

Propriedade resolúvel é a propriedade que se desfaz quando uma situação da


vida/condição/termo acontece (ainda como um bom exemplo, a propriedade do banco
sobre o imóvel se desfaz a partir do momento que o devedor quitou totalmente o
financiamento. Assim, o banco deixa de ser o proprietário e a pessoa que quitou o
financiamento se torna o proprietário).

É justamente em razão do instituto da propriedade fiduciária resolúvel que o


imóvel financiado é de PROPRIEDADE DO BANCO e não do mutuário (devedor do
financiamento).

Dessa forma acabamos de traduzir para você o que dizem os


art. 1.359 do Código Civil, o art. 23 da Lei nº 9.514/1994 (Lei de Alienação Fiduciária),
e o texto abaixo:

Código Civil: art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição


ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos
na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar
a coisa do poder de quem a possua ou detenha.

Lei 9.514/1997: art. 23. Constitui-se a propriedade fiduciária de coisa imóvel


mediante registro, no competente Registro de Imóveis, do contrato que lhe serve de
título.
Parágrafo único. Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o
desdobramento da posse, tornando-se o fiduciante possuidor direto e o fiduciário
possuidor indireto da coisa imóvel.

Em conclusão, a propriedade fiduciária é aquela propriedade do banco (ou outro


credor fiduciário), com o objetivo de ser uma garantia, mas que deixará de existir se o
devedor-fiduciante realizar a condição legal ou contratual.

Qualifica-se como direito real de garantia porque o devedor-fiduciante fica na


posse direta, restando o direito do credor como uma garantia inerente à alienação
fiduciária. Daí denominar-se propriedade resolúvel, pois é revogável, sujeita à condição
e termo.

Porém se o devedor não realiza a condição, invés de se desfazer, a propriedade


do credor-fiduciário se consolida. (se quiser entender melhor, você pode acessar: o que
é a consolidação da propriedade?).

A posse direta é do devedor-fiduciante, e a indireta do credor-fiduciário. O


devedor-fiduciante pode, portanto, usar e fruir do bem. O credor-fiduciário mantém o
direito de reaver posse plena, no caso de inadimplemento. Com o pagamento, extingue-
se a propriedade resolúvel. Não havendo pagamento, o credor pode realizar a venda
judicial ou extrajudicial, aplicando o valor para a satisfação do crédito e das despesas de
cobrança. Não pode ficar com o bem, sendo nula a cláusula neste sentido. Eventual
saldo deve ser devolvido ao devedor.

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