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Direito Processual do

Trabalho
Profa. Andreia Ribeiro
Semana 6
Ação Trabalhista: Dissídios Individuais e Coletivos – Introdução

Referencial: MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do


Trabalho.
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA - DISSÍDIO INDIVIDUAL e COLETIVO

DISSÍDIO INDIVIDUAL

 No processo do trabalho é comum utilizar como sinônimas as expressões


RECLAMAÇÃO TRABALHISTA e DISSÍDIO TRABALHISTA.
 DISSÍDIO = DESINTELIGÊNCIA/DISSENÇÃO
 NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO = Natureza privada. É dirigida contra o
demandado (que resiste à pretensão do demandante) e não contra o Estado.
 A AÇÃO decorre do direito de petição, autônomo do direito material, sendo um
direito público subjetivo da parte de invocar a tutela jurisdicional prestada pelo
Estado (este só é titular da ação na ação penal ou quando é proposta pelo
ente público).
 SÃO ELEMENTOS DA AÇÃO: o Sujeito (trabalhador); o Objeto (o pedido de
obtenção de um pronunciamento judicial); a Causa de Pedir (pressupõe a
existência de um direito material assegurado ao autor).
DISSÍDIO INDIVIDUAL
 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES: Individuais (um autor); Plúrimas (vários
autores) e Coletivas (beneficia número indeterminado de pessoas: dissídios
coletivos).
 As AÇÕES ou DISSÍDIOS INDIVIDUAIS, classificam-se em:
 Ações de Conhecimento: buscam a solução de um conflito de interesses.
Apenas será assegurado se o direito é devido ou não. Podem ser
condenatórias; constitutivas ou declaratórias.
 Ações Executórias: visam a execução/cumprimento daquilo que já foi
determinado na fase de conhecimento.
 Ações Cautelares: visam a concessão a certa pessoa de uma providência
jurisdicional acautelatória, de cunho processual, visando ser possível a
propositura de futura ação principal, na qual será discutido o mérito da questão
(arresto, sequestro, produção antecipada de prova).
 Ações Mandamentais: visam que a autoridade cumpra uma ordem, fazendo ou
deixando de fazer algo.
DISSÍDIO INDIVIDUAL
 Art. 786/787 – Reclamação Trabalhista pode ser apresentada de maneira
verbal ou escrita (Fase Postulatória: P.I.).
 Distribuição antes da redução a termo (art. 786), devendo o Reclamante,
dentro de 5 dias, apresentar-se à Secretaria para redução a termo, sob
pena de perda pelo prazo de 6 meses, do direito de reclamar na Justiça do
Trabalho (parágrafo único do art. 786 cc 731).
 No processo do trabalho a defesa do Reclamado será apresentada em
audiência.
• Art. 847 - aberta a audiência, se não houver acordo, o Reclamado terá 20
minutos para aduzir sua defesa (forma oral). Parágrafo único. A parte
poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial
eletrônico até a audiência
 Princípio da Impugnação Especificada, sob pena de serem presumidos
verdadeiros os fatos articulados na inicial. Princípio da Eventualidade =
toda a matéria de defesa deve ser arguida na contestação, sob pena de
preclusão (compensação, prescrição, exceções).
DISSÍDIO INDIVIDUAL
 Art. 844 CLT – ausência do Reclamado na audiência gera efeitos da revelia
(material: presunção de veracidade; processual: fatos não precisarão ser
provados).
§ 1º Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o julgamento, designando
nova audiência.
§ 2º Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das
custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da
justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu
por motivo legalmente justificável.
§ 3º O pagamento das custas a que se refere o § 2º é condição para a propositura de
nova demanda.
§ 4º A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se
I – havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação;
II – o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à prova do ato;
IV – as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis
ou estiverem em contradição com prova constante dos autos.
§ 5º Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos
a contestação e os documentos eventualmente apresentados.
DISSÍDIO INDIVIDUAL

 A doutrina majoritária admite a reconvenção na Justiça do Trabalho,


principalmente em função dos princípios da economia e celebridade
processual.

 PROVAS = livre convencimento do julgador/persuasão racional. Somente os


FATOS devem ser provados. O Juiz conhece o direito (exceção: direito
estrangeiro, municipal, estadual, convenção coletiva, acordo coletivo, sentença
normativa ou regulamento empresarial).

 Art. 818 CLT = ônus da prova incumbe a quem alega. Tendência = inversão
do ônus da prova (Exemplo - SUM 338: empresa com + de 10 empregados
sem controle de ponto ou com cartão britânico).
Art. 818. O ônus da prova incumbe:
I – ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II – ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do reclamante.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o
encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova
do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso,
desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2º A decisão referida no § 1º deste artigo deverá ser proferida antes da
abertura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da
audiência e possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito
admitido.
§ 3º A decisão referida no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente
difícil.
DISSÍDIO INDIVIDUAL
 Possibilidade de produção antecipada de prova: interrogatório da
parte ou testemunha, quando tais pessoas forem ausentar-se por
longo período ou forem portadores de doença grave ou terminal.
 No processo do trabalho as testemunhas comparecerão independente
de intimação (art. 825 e 852-H,§2º, CLT). As que não comparecerem
serão intimadas pelo Juízo, ficando sujeitas à condução coercitiva e
multa (art. 730, CLT), caso, sem motivo justificado, não atendam à
intimação.
 Procedimento Ordinário: 3 testemunhas (art. 821, CLT). Inquérito
para apuração de falta grave: 6 testemunhas (art. 821); Procedimento
sumaríssimo: 2 testemunhas (art. 852-H, §2º, CLT)
 Art. 828 CLT e 457 CPC: contradita da testemunha: logo após a
qualificação, antes do compromisso.
 Menor de 18 anos só pode ser ouvido como informante, não como
testemunha (não será apenado por falso testemunho).
DISSÍDIO INDIVIDUAL
 O Documento oferecido como prova (escrito, gráfico, fotográfico, vídeos etc)
poderá ser declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua
responsabilidade pessoal (art, 830, CLT). Documentos comuns às partes não
autenticados serão aceitos se não forem impugnados (OJ 36 – SDI-I, a parte
que impugnar deve comprovar a falsidade).
 Os documentos deverão ser apresentados com a Inicial (art. 787) e em
audiência (art. 845). Súmula 8 TST: juntada de documentos posteriormente,
mediante comprovação de justo impedimento ou fato novo.
 Exames periciais serão realizados por perito único, do Juízo. As partes
poderão indicar assistente técnico cujo laudo deverá ser apresentado no
mesmo prazo assinado para o perito, sob pena de desentranhamento (lei
5.584/70, art. 3º: revogou 826 CLT).
 AUDIÊNCIA UNA: 849, CLT. Tripartição: conciliação; instrução e julgamento
(art. 765 e 849 – liberdade na direção do processo).
 Juiz não compareceu, após 15 min. = direito de retirada (art. 815,§Ú).
 O empregado deve comparecer pessoalmente à audiência OU comparecerá
outro empregado em seu lugar, apenas para justificar/redesignação (art.
843,§2º).
 Empregador – Preposto – Súmula 377 TST (deve ser empregado – salvo
empregado doméstico ou contra micro e pequeno empresário). Art. 843,§ 1º,
CLT: qualquer preposto que tenha conhecimento.
• Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e
o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes
salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento,
quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua
categoria.
§ 1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro
preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o
proponente.
§ 2º Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado,
não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se
representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu
sindicato.
§ 3º O preposto a que se refere o § 1º deste artigo não precisa ser
empregado da parte reclamada.
 Advogado não pode atuar como patrono e preposto – revelia (Sum. 122 TST).

 Não comparecimento do Reclamante = arquivamento; 2 arquivamento


seguidos, perempção: art. 731 e 732 CLT.

 SÚMULA 9: ausência após a audiência de conciliação e contestação não gera


arquivamento.

 SUM 74 TST: ausência de qualquer as partes na audiência de instrução =


confissão ficta.

 Art. 850 CLT: alegações finais. Após, o Juiz renovará a proposta de


conciliação.

 Após as razões finais, o juiz proferirá a SENTENÇA (nova audiência). As partes


são intimadas da sentença na própria audiência (relatório; fundamentação,
dispositivo).
DISSÍDIO COLETIVO
 Os DISSÍDIOS COLETIVOS podem ser divididos em ECONÔMICOS
(ou de interesse) ou JURÍDICOS (ou de direito).
 Os de NATUREZA ECONÔMICA têm por objeto a criação de novas
condições de trabalho ou a modificação das já existentes.
 Os de NATUREZA JURÍDICA visam interpretar certa norma,
declarando-se seu conteúdo ou sua aplicação correta.
 Os Dissídios Coletivos, também, poder ser divididos em conflitos de:
 Natureza Constitutiva: com o objetivo de criar novas condições de
trabalho: a Sentença Normativa tem natureza constitutiva.
 Natureza Declaratória: o objetivo é apenas declarar a existência ou
inexistência de uma relação jurídica, que ocorre nos dissídios de
natureza jurídica ou de interpretação. Ex.: declaração da legalidade ou
ilegalidade da greve.
 A SENTENÇA NORMATIVA não tem natureza condenatória, apenas
cria ou interpreta certa norma, que vai, posteriormente, ser objeto de
AÇÃO DE CUMPRIMENTO na Vara do Trabalho.
 Art. 114, §1º, CF – frustrada a negociação coletiva as partes poderão
eleger árbitros (falta de recursos, clima de desconfiança entre as
partes).
 Dissídio Coletivo – Pronunciamento do Poder Judiciário do Trabalho:
fixando novas normas ou condições de trabalho para determinadas
categorias OU interpretando normas jurídicas preexistentes.
 Suscitante X Suscitado (Sindicatos, Federações, Confederações)
 Sentença Normativa = normas gerais e abstratas de conduta, de
observância obrigatória para as categorias profissionais e econômicas
abrangidas pela decisão, repercutindo nas reações individuais de
trabalho.
 EC 45/2004 – alterou §2º, do art. 114, da CF: limitou o poder normativo da
Justiça do Trabalho: só haverá dissídio coletivo se a tentativa de
autocomposição for infrutífera.
 EC 45/2004 – incluiu §3º, no art. 114, CF: em caso de greve em atividade
essencial (lesão do interesse público), MPT pode propor o dissídio.
 Quando a base territorial dos sindicatos envolvidos estiver inserta na
jurisdição territorial de somente um TRT, este será competente, de
forma originária, para julgamento do dissídio. Se abranger mais de um
TRT, a competência será o TST.
 A P.I. do dissídio coletivo será apresentada em tantas vias quantos
forem os suscitados e deverá conter a designação e qualificação dos
suscitantes e suscitados, a natureza do estabelecimento ou serviço, os
motivos do dissídio e as bases de conciliação, devendo ser ESCRITA.
 Havendo Convenção Coletiva, Acordo Coletivo(art. 614,§3º) ou
Sentença Normativa (art. 868, §Ú) em vigor, o dissídio coletivo deverá
ser instaurado dentro dos 60 dias anteriores ao respectivo termo final,
para que o novo instrumento possa ter vigência no dia imediato a esse
termo, conforme art. 616,§3º, CLT.
 Recebida e protocolada a P.I. do dissídio e estando esta devidamente
instruída, o presidente do Tribunal designará audiência de conciliação,
dentro o prazo de 10 dias, determinando a notificação postal dos
dissidentes.
 No entanto, se a instância instaurada for a de greve, a audiência
deverá ser realizada o mais brevemente possível, com notificação as
partes envolvidas, muitas vezes, via telefone ou fax.
 No dissídio coletivo não há que se falar em contestação, reconvenção,
revelia, confissão ou intervenção de terceiros, uma vez que na
instância não há pedido, mas sim PROPOSTAS DE CRIAÇÃO DE
NOVAS NORMAS, estando em debate o interesse abstrato de toda
uma categoria profissional ou econômica.
 Havendo acordo, o presidente o submeterá à Homologação do
Tribunal na 1ª sessão (art. 863, CLT) e a decisão que homologar o
acordo também será considerada uma decisão normativa.
 Após o parecer do Ministério Público do Trabalho, o processo será
distribuído ao relator, mediante sorteio. Elaborado o relatório, o
processo é encaminhado ao revisor e depois submetido a julgamento
pelo Tribunal, que proferirá a SENTENÇA NORMATIVA.
 Art. 873, CLT: Decorrido 1 ano após a vigência da sentença normativa, se
tiverem sido modificadas as circunstâncias que a ditaram, de modo que tais
condições se hajam tornado injustas ou inaplicáveis, a sentença poderá ser
revista (cláusula rebus sic stantibus).
 A Ação de Cumprimento é uma ação de conhecimento de cunho condenatório
proposta pelo sindicato profissional ou pelos próprios trabalhadores
interessados, perante a Vara do Trabalho (art. 872, parágrafo único, CLT), cujo
procedimento é semelhante ao do dissídio individual, não sendo permitido às
partes discutir questões de fato ou de direito já apreciadas na sentença
normativa, ainda que não transitada em julgado.
 Embora o art. 872, da CLT indique a necessidade de trânsito em julgado da SN
para ajuizamento da Ação de Cumprimento, a Lei 7.701/98, no art. 7º, §6º,
admite a Ação de Cumprimento a partir do 20º dia subsequente ao julgamento,
fundada no acórdão ou na certidão de julgamento.
PRÓXIMA AULA:

• Teoria Geral dos Recursos


• Dos Recursos Trabalhistas em Espécie

Referencial: SARAIVA, Renato. MANFREDINI, Aryanna.


Processo do Trabalho.

Referencial: MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do


Trabalho.
www.unifran.edu.br

Av. Dr. Armando Salles Oliveira, 201


14404 600
Franca SP Brasil
T 55 16 3711 8888
F 55 16 3711 8886

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